In Your Dreams escrita por Lirium


Capítulo 3
Bleeding.




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Clarisse havia desferido um soco com tudo, apoiando a maior parte do peso no braço que voava na direção do rosto de Nina. Mas o que era esperado aconteceu: Um desvio muito simples fez com que a maior passasse direto. A aluna nova era pequena e leve, o que dava a vantagem de grande agilidade desta. Sucessivamente, Clarisse ia tentando golpeá-la, enquanto os alunos iam saindo do caminho, já que esta era tão agressiva que nem se importava de acertar os outros. Nina surpreendia a cada ataque, desviando de modo tão simples que chegava a ser elegante. Em um breve momento, Clarisse pegou uma cadeira e desceu violentamente, ou seja, a coisa estava começando a ficar feia. Nina dera um mortal para trás e alguns alunos se assustaram com a leveza da mesma. Porém a mais velha ia atacando de todos os momentos, enquanto a outra só podia recuar e desviar. Era pequena, leve e ágil, porém esse tipo de coisa não dava margem pra força, golpear uma garota parruda e do tamanho de um garoto de 17 anos no auge da juventude era desperdício de tempo.

Estava começando a ficar sem espaço.

Ia recuando, mas já estava no fim do refeitório. Um inspetor surgiu e gritou para cessarem a baderna, mas a terceiranista lançou um olhar quase mortal a este que no mesmo instante ficara quieto. Nina estava a menos de 5 metros pra ficar encurralada na parede do lugar. Lina, a amiga da garota, gritava para dar um jeito de pular fora, estava alerta, mas Roxas pôs a mão no ombro da garota e disse:

— Vou ter que me meter nisso, ou a Nina vai apanhar e eu não vou gostar de ver e ficar sem fazer nada.

Um metro de distancia da parede e... Bam! Ela estava encurralada. Clarisse passou a língua nos lábios, umedecendo-os e demonstrando estar satisfeita com a situação. Nina podia ser ágil, mas Clarisse parecia ser bem mais rápida com aquele corpanzil de atleta africano que vai pras olimpíadas.

Ela ia finalizar com uma cabeçada, tava escrito na cara dela. Queria terminar de modo “rápido” e sucinto, e lá ia ela, marchando igual a um animal feroz pronto pra pegar o seu café da manhã.

Desceu a testa com velocidade. Nina se encolheu e tudo passou de modo bem rápido. O barulho de pancada praticamente ecoou e muitos olhavam praquilo assustados “Oh” vinha de vários lugares do refeitório e então tudo esclareceu.

Nina havia sido jogada de lado ao chão, no momento em que devia levar a cabeçada de Clarisse, sendo substituída por outra pessoa. Três gotas de sangue caíram no chão, após escorrer no rosto daquele que foi atingido. Nina, caída no chão, olhava a cena horrorizada, até tomar coragem pra perguntar.

— Por que...?

Riku havia se jogado e levado o golpe. Um filete de sangue saia de sua testa e se dividia na altura do nariz, indo um pra cada lado como uma bifurcação. Lambeu o sangue e sorriu sarcasticamente, coisa que nem mesmo Sora já tinha visto. Sua nuca também sangrava, pois com a força da cabeçada, ela também tinha batido com a cabeça na parede. Incrivelmente, o garoto de cabelos prateados estava animado, mesmo estando machucado. Kairi pôs-se de pé e estendeu a mão instintivamente na direção do amigo, a boca aberta como quem queria falar algo, mas não conseguia.

— Por que você não compra briga com alguém do seu tamanho, hein Clarisse? Quer dizer, até mais alta do que eu você é, né?

Isso deixou a mais velha totalmente ababacada. Não que Nina ficasse atrás, já que sequer conhecia o seu protetor e fora pega desprevenida, sendo protegida por Riku.

Agora a cena se desfazia. O sinal que indicava o fim do almoço tocou, mais dois inspetores chegaram, ajudando o primeiro que havia sido intimidado pela aluna encrenqueira e a levaram para a diretoria. Nina foi acudida por Roxas e Lina, enquanto Riku era puxado por Kairi e Sora pra enfermaria cuidar dos machucados na cabeça.



O dia estava chegando a mais um fim. O tradicional pôr-do-sol deixava Destiny Islands em uma morna cor alaranjada, enquanto os alunos guardavam o material. Riku, que estava com uma gaze no meio da testa, observava a bela paisagem que surgia a sua frente. Sora o chamou e eles seguiram andando para casa, logo encontrando a ruiva, amiga deles.

Já estavam no meio da praça, e comentavam sobre o acontecido naquele dia. Tinha sido movimentado do começo ao fim, e o casal notou que obviamente o rapaz de cabelos prateados parecia animado, agitado de alguma forma. A briga no refeitório havia se tornado motivo pra fofocas em toda a escola, e Riku saiu como quase que um herói, título que este sinceramente não sentia nem um pouco de atração.

— Vou deixar Kairi em casa. Qualquer coisa, já sabe. Ou eu passo lá ou você vai lá em casa, certo Riku?

— Beleza! Boa volta pra vocês, falou?

— Sim, boa tarde, Riku!

Eles já estavam começando a se dividir, quando se lembrou de falar algo.

— Ah, antes que vocês partam... Lembram me perguntaram o que eu achava a respeito da nova garota, e eu respondi que não sabia nada a respeito dela? Bom... Depois daquilo, apenas aquela confusão, eu já posso falar a minha primeira impressão: Ela é realmente alguém bem corajosa.

Kairi e Sora entreolharam-se e logo sorriram.

— Quer saber... Eu acho que você tem razão, Riku.



E eles se separaram, cada um indo pra uma direção da fonte.

Riku ia caminhando tranqüilamente até em casa. O céu já revelava uma ou outra estrela, mas isso não importava. Algo dentro da sua vida, dentro do seu peito, uma engrenagem começou a rodar, como se tivesse finalmente lembrando que precisava passar óleo lubrificante, ou nada mais funcionaria. Sentia, de algum modo bem estranho, estar com a sensação de que fora revigorado após muito tempo. Já estava no fim da rua, procurando as chaves do portão de casa, quando uma voz feminina soou em suas costas.

— O seu nome é Riku, não é?

Congelou. Ele havia esquecido completamente da teoria da garota morar da casa abandonada. Virou-se para ela e pelo visto era verdade. Morariam agora bem próximos um do outro. Por algum estranho motivo, Nina estava acanhada, levemente vermelha. Não entendia muito bem aquele tipo de reação, mas assustadoramente ela ficou bem próxima do rapaz. A diferença de altura dos dois era notável, 1,77 x 1,58. Ela esticou o braço e pousou a mão delicadamente sobre a testa do rapaz, fazendo uma expressão de pesar. Ela suspirou e abaixou o olhar ao mesmo tempo em que seu braço.

— Eu sinto muito por isso... E sequer pude agradecer por me ajudar.

Agora quem estava levemente ruborizado era Riku. Ele assentiu e sorriu.

— Primeiramente, sim, meu nome é Riku. E além do mais, eu não iria deixar a machona da Clarisse bater em você, é covardia. – Parou por um instante e repensou a frase. – Sem ofender, é claro. Ela é atleta e tudo o mais, além de que...

— Eu entendi o que você quis dizer. E devo concordar, força não é o meu forte. – E ambos riram do trocadilho. Pararam por alguns segundos, até que ela observou a casa do garoto e ficou acanhada de fazer uma pergunta tão óbvia. – Por acaso mora aí? – Disse, observando o muro e o portão de grade, pintados ambos de branco.

— Ah, sim, sim. – Respondeu sorrindo. – Quer entrar e beber água...? Ou qualquer outra coisa, se preferir. – Ele achou que este seria o momento certo pra conseguir a brecha e perguntar pelo menos parte das muitas dúvidas que estavam se acumulando desde o começo da manhã.

— Ah... Desculpe-me, agora não posso. Minha família ainda está desfazendo muitas caixas, arrumando a mobília, sem falar em muitos objetos que estão no barco e precisam ser transferidos pra cá.

— Entendo... Bom, a qualquer momento, pra qualquer coisa, minha casa e eu estamos a sua disposição.

— Agradeço, mas... Eu gostaria de me responsabilizar pelo machucado em sua testa. Se eu puder fazer algo em troca... – E Nina abaixou a cabeça, o sentimento de culpa crescente por ferir mesmo que indiretamente alguém a deixava obviamente mal.

— Ei, eu fiz isso por que quis. Ia me sentir pior se não tivesse feito. – Riku sorria, e isto deixou a garota sem graça, mas ela retribuiu o sorriso até ouvir alguém chamar a dois muros de distancia.

— NINA! Está aí? Vem dar uma ajuda pra sua mãe, ela está no quarto.

— Bem... Eu tenho que ir.

— Tudo bem, nós conversamos outra hora! – E este se virou para o portão, indo procurar mais uma vez as suas chaves para entrar em casa.

— Certo, até mais! – Ela também se virou, mas deu meio volta querendo perguntar algo. – Bom... – Riku virou o rosto, observando-a. – Se não for incomodo, é claro, como moramos perto e estamos na mesma classe, poderíamos ir pra escola juntos. Eu não conheço o lugar muito bem...

— Ah, é claro! Seria um prazer. – E ele fixou seus olhos verdes na garota com certa intensidade. – Bom, as três ilhas são meio grandes, mas nada de assustador. Mesmo quando não estivermos indo pra escola, posso lhe mostrar todo o resto.

— Mesmo...? Eu agradeceria e muito... De qualquer forma, agora eu tenho que ir, preciso ajudar em casa. – Disse um pouco desanimada.

— Certo. Te encontro aqui as 8:30 da manhã? Aproveito e te apresento os meus amigos, com quem eu vou todos os dias... Nina.

— Claro! – E ela olhou para o céu, que a essa altura já estava escuro, as ruas sendo iluminadas por postes e milhares de estrelas davam um show, brilhando fortemente na escuridão. – Agora eu vou mesmo. – E ela riu. – Boa noite!

— Boa noite!...

 

Os dois, cada qual adentrou a sua própria casa, pois a partir de amanhã, novas experiências iriam começar a surgir.


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