In Your Dreams escrita por Lirium


Capítulo 2
Ghost.




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Um novo dia tinha começado. “Novo”, ao menos no vocabulário de Riku isso sequer existia. Era bem cedo, o céu ainda ganhava aquele tom de cor meio rosa, como todos os dias que se começam.

E ele já estava de pé e caminhava para a praia em um traje quase que tradicional. Uma calça jeans ficava quase escondida por baixo de protetores, em um tom bem próximo aos seus tênis azuis. Estava sem camisa, e ia em linha reta para o mar, onde segundos depois de trilha ele se jogou na água, nadando e sumindo.

 

Mais passos eram ouvidos, enquanto duas pessoas chegavam, esmagando as areias da praia de Destiny Islands. O casal observava atentamente o jovem de cabelos prateados nadar com avidez, então um destes, o de cabelos castanhos, gritou e acenou para o mar.

— Ei, Riku! – E agitava a mão avidamente, até que o amigo, já bem longe da costa da praia, parou de nadar e retribuiu o distante cumprimento. Voltou a nadar, o que já era um hábito deste todas as manhãs.

O começo do dia passava rapidamente, e todos os dias os amigos se encontravam ali, de modo (ao ponto de vista de Riku) rotineiro. Juntou-se ao dois, após um tempo, molhando-os um pouco sem querer. Não gostava de estragar o clima do casal, por mais que fossem seus amigos.

— Riku, ta sabendo? – Sora chamou a atenção do garoto.

— Encontraram um barco, tamanho médio, velho e desgastado ancorado no lado leste da terceira ilha! – Completou Kairi.

— Um barco? – Não que isso fosse grande coisa, achava Riku. Mas tentou se entrosar no assunto. – E velho? Vai ver é de alguém e resolveram colocar no mar de novo, nunca se sabe...

— O que? Todos querem saber de quem é o barco! Não é de ninguém! Simplesmente apareceu tem cerca de seis dias na praia da terceira ilha. Noticias estranhas vem se espalhando por aí, sabe, tem gente que acha que a casa abandonada tem algum espírito e que quer fazer o caos aqui. – Replicou Sora.

— Eu moro perto da casa abandonada e nunca vejo nada por lá. Sinceramente, eu não engulo isso. Deve ser alguma nova do Tidus aprontando, esperem só.

— Não... O Tidus mora ao lado da casa da Selphie, Riku. Ela é linha dura com o garoto e logo eu saberia de alguma coisa, já que somos amigas. – Persistiu Kairi.

— EI PESSOAL! – E uma voz feminina soou vindo da trilha de plantas que desembocava na praia. – Está quase no horário da escola! E se eu fosse vocês, me apressava, alguma coisa está acontecendo por lá!

— Selphie! – Disseram os três juntos.

— Que tipo de coisa? – Indagou o garoto de cabelos castanhos.

— Não sei, quero me arrumar logo pra escola e ir com vocês descobrir, o Tidus e o Wakka já foram à frente. – E então ela se dispôs a correr, abandonando-os na praia. O trio se entreolhou e rapidamente se levantaram, correndo também, cada qual para a sua casa e se aprontando para a escola.

Que novidade seria essa?



Encontravam-se prontos. Estavam Selphie, Sora, Kairi e Riku. Os quatro em meio a fonte no meio da praça. Os portões da escola ainda estavam fechados, era muito cedo. O jeito era esperar, pelo menos até ouvirem os berros de um garoto loiro chegar.

— V-VOCÊS! – Tidus arfava meio sem ar. – Não sabem da maior!

— O que houve, fala logo garoto! – Selphie praticamente gritou, lançando um olhar angustiado para o garoto.

— Eu falo por ele. – E Wakka tomou a frente. – Sabem a casa abandonada? Realmente existe um espírito nela! E é o espírito de uma garota, mais ou menos do tamanho de Kairi e você, Selphie. Ela atacou a escola! Pelo menos testemunhas viram-na adentrar as propriedades do colégio!

Abalo total. Até mesmo Riku estava impressionado. Um espírito? Mas que espírito é esse que sai em plena luz do dia e ataca uma escola embaixo do nariz de todo mundo? Bom, eles só conseguiriam descobrir assim que a escola abrisse de vez, já que a notícia se espalhou tão rápido e trancaram os alunos do lado de fora, afim de evitar confusões e rebuliços. Eram quase 9hs da manhã e esse era o horário de entrada matinal deles. Estavam tensos, em contagem regressiva. Correram para o portão do colégio, mas o que mais tinha ali era rios e mais rios de alunos, todos comentando o fato ocorrido de que “uma fantasma havia atacado o colégio” e a cada vez que recontavam os fatos, exageravam ainda mais, o tal ser já havia sido até nomeado, “A donzela fantasma” era o nome pseudônimo da criatura.

Nove horas em ponto.

O portão foi aberto e a diretora do local anunciou, enquanto se encontrava debaixo da árvore que ficava no meio do pátio, tentando chamar a atenção de todos.

— SEM rebuliços, pessoal! TODOS direto para as suas salas!

Bom, pra tudo estar tão calmo e em perfeito estado, isso devia significar que era uma mentira, um boato de mau gosto espalhado por aí. Já tinha gente comentando que isso possivelmente era culpa de Tidus ou Wakka, já que eram conhecidos pela fama de “arteiros” e visitarem a diretoria uma vez por semana. Tudo seguiu “calmamente”, tirando que os corredores estavam mais animados que o normal, com pessoas conversando em todos os lados, mas grupinhos ainda lançavam mais teorias até que enfim mais uma notícia surgiu: A diretora havia conseguido prender o fantasma em sua sala e não queria ninguém com medo, protegendo a todos desse modo. Pelo menos, foi o que disse um garoto que espiou através das persianas da sala da mulher, dizendo que tinha realmente visto o corpo de uma garota perambulando o local. Mas daí surgem as “contra-teorias”, de que provavelmente já tinham pegado quem inventou o boato e seria punido, mediante a alguma decisão da diretora.

Sora, acanhadamente despediu-se de Kairi, dizendo que iria vê-la no horário do intervalo após a aula. Acompanhou Riku e ambos tomaram seus lugares, o garoto localizava-se bem próximo do meio da sala enquanto o jovem de cabelos prateados ficava bem ao lado da maior janela, com vista para o mar. O professor de matemática mais uma vez tomou o seu lugar e preparava a matéria do dia, quando Sora já mandava outro bilhete “Ta com os deveres de casa?” Mas daquela vez Riku se esquecera dos próprios deveres, pois assim que chegou em casa praticamente apagou e deixou o resto de lado. Mas não ligava, teria sido apenas aquele dia em que vacilou, então respondeu o bilhete do amigo enquanto tentava se salvar fazendo os exercícios pedidos naquele instante.

A aula corria do modo mais entediante possível. E estavam apenas no meio dela, faltando uma hora para o almoço. Porém outras turmas, como era de costume, já estavam trocando de professores. Mas isso só permitiu que o rebuliço daquela manhã prosseguisse, pois a conversa nos corredores apinhados de alunos inquietos era cada vez maior. Mas o que chamou a atenção até mesmo das turmas que ainda estavam com os mesmos professores fora um grito repentino e o silêncio súbito no corredor. Passos podiam ser ouvidos como estalos, de tão claros que eram. Até que então, finalmente eles pararam. Na sala de Sora e Riku a maçaneta girou, enquanto uma tensão resplandecia na turma, até que a porta se abriu.

Alguém tinha entrado. “Mais um aluno atrasado.” Pensou Riku, terminando de escrever e passando a folha para a mesa de Sora. Virou o rosto para a janela, observando o céu mais uma vez. Estava quase sonhando acordado, vendo as nuvens dançarem lentamente enquanto eram empurradas pelo vento. Como podia ignorar o fato de que a turma ainda estava tão tensa?

Ouviu apenas uma voz feminina soar, era inclusive uma voz suave, e esta parecia se dirigir ao professor, até que ele assentiu, dizendo alguma coisa confusa. Mais alguns passos, até que a voz falou em um tom bem claro e alto.

— Bom dia a todos! – Em sua voz um leve tremor foi descoberto. – O meu nome é Nina, eu sou uma aluna nova nesta escola e acabo também de me mudar para esta ilha.

Silêncio total. Uma aluna nova. O que isto poderia significar?

— Eu tenho quatorze anos, moro agora no lado oeste da segunda ilha e pretendo ficar aqui até me formar. – Ela suspirou. – Minha família costuma viajar bastante, mas resolvemos ficar aqui de vez. Espero que possa me dar bem com todos e agradeço a hospitalidade de muitos para comigo e o restante de minha família.

Após a declaração da garota, ela se reverenciou diante da turma.

Pausa total. A turma parecia finalmente ter descoberto o oxigênio na sala de aula, pois o clima finalmente descontraiu um pouco. Mas só um pouco. O estranho professor disse qualquer coisa sobre a recém-chegada sentar-se atrás de Sora, e assim ela caminhou.

Via tudo apenas de relance. Riku voltou a olhar para a sala de aula quando notou a garota passar a cerca de uma fileira de carteiras de distância. Algo finalmente chamou a atenção deste, ao notá-la. O corpo da garota era relativamente pequeno e magro. Usava o uniforme da escola, branco e azul xadrez, enquanto seus cabelos castanhos claros eram presos em duas mechas por duas fitas azuis. A garota sentou, e estava apenas a uma carteira de distância do garoto de cabelos prateados. Ele agora a observava com total interesse, mas ao mesmo tempo não assimilava a idéia direito. Alguém novo. Alguém que viajava... Isso dera finalmente uma idéia. A de que... Existia realmente “algo” depois do mar. Que ele poderia descobrir o que fazer da vida dele, já que não queria afundar em tédio o resto da vida.

Ela finalmente virou o rosto para o lado, para poder olhar e pegar sua bolsa, no intuito de retirar um novo material escolar, ganho aquela manhã.

Seu rosto era bastante branco pra alguém que viajava no mar por tanto tempo. Sua franja levemente repartida ao meio realçava os seus interessantes olhos: o da direita era um azul profundo, enquanto o esquerdo era absurdamente verde. Seus lábios eram rosados e parecia bastante delicada. Ao menos era essa a impressão que tinha da garota. Ela ergueu a cabeça e olhou na direção da janela, bem ao lado de Riku. Sem graça, desviou rapidamente o olhar, fingindo estar centrado na aula. Mas a verdade é que ela ficou observando o céu, assim como o garoto fazia.

A aula passou rapidamente. O professor de matemática se retirou e nisso entrou a professor de literatura, seguindo a hora restante, até dar o sinal de meio-dia e todos serem liberados para o almoço. A turma comentava sobre a garota que havia chegado. Então não existia mais fantasma, o barco abandonado provavelmente pertencia à família desta e a casa abandonada obviamente havia sido ocupada por eles. Ou seja, ela agora morava perto de Riku.

Queria, sentia a estranha necessidade de falar com ela. Queria perguntar sobre as viagens que fez, como fora parar em Destiny Islands além de outras coisas. Mas ao se levantar da carteira e tentar ir na direção desta, Nina fora mais rápida, e retirou-se da sala de aula. Duas pessoas pareciam esperá-la na porta. Um rapaz de altura mediana, cabelos loiros e espetados, de modo bem rebelde. E acompanhado de uma segunda garota, os cabelos castanhos desta iam até os ombros, aparados com muito cuidado, formando um belo conjunto com seus olhos também castanhos, mas tão intensos que pareciam ser levemente vermelhos. Riku não sabia quem eram ambos, mas pela forma distraída com que este andava ultimamente e sem falar com muitas pessoas por aí além de Kairi e Sora, era difícil reconhecer alunos de outras turmas.

O trio seguiu andando pelo corredor abarrotado de gente, todos olhando para a aluna nova. Os cochichos aumentavam e mais boatos por aí surgiam, de donzela fantasma, já a chamavam de alien que veio dominar a terra. Riku saiu da sala e pretendia segui-la, queira uma pequena oportunidade que fosse para trocar uma palavra... Pelo menos.

— Ei, Riku! – De fato, a sorte não estava com ele. Sora o havia impedido de seguir Nina e assim a perdeu de vista na multidão. – Vamos almoçar, a Kairi já deve estar esperando na cantina!

— Certo... – E assim foram, até chegarem em um amplo lugar com muitas mesas, cadeiras e uma fila imensa de compras para o lanche.

— Esqueci de comprar frutas hoje por causa da tal “donzela fantasma”. – Disse Kairi, enquanto via os amigos se aproximarem.

— Imagino. Mas já soube? A donzela fantasma não existe, é uma aluna nova! – Disse Sora um tanto impressionado. – Surgiu do nada na ilha, assim como você, Kairi! E o mais tenso: ela foi colocada na nossa sala de aula. Está sentada perto de mim e do Riku.

— Eu a vi passar no corredor! Estava tendo troca de professores e o da minha ainda não tinha dado as caras, quando de repente... Ela passou. – Ela comentou impressionada.

— Medo? – Perguntou o garoto de cabelos castanhos para a amiga, como quem quer zombar um pouco que fosse.

— Até parece! É só uma garota comum. – E a ruiva pegou sua bandeja com a refeição, seguindo até uma mesa, acompanhada pelos amigos. – E aí Riku, o que me diz a respeito da nova garota?

— Oi...? Ah, bom, não sei nada a respeito dela, né? Não tenho nenhuma opinião formada sobre ela. – Mas era mentira. Sabia que era. Os olhos de Riku ficaram vivos desde que aquela garota apareceu, e isso não fazia nem uma hora direito. Estava mais atento, ao mesmo tempo em que se encontrava pensativo a respeito dela. Ia comentar algo sobre ela, apenas pra não demonstrar total desinteresse, até que uma confusão começou na porta do refeitório.

 

— Me desculpa! – Disse a voz da nova garota. Uma rodinha havia sido feita, enquanto a amiga de Nina tampava a própria boca com as mãos. A aluna nova havia esbarrado em outra garota, muito maior que ela e derramou o lanche sobre suas roupas. Não havia sido propositalmente, e o loiro ia ajudar a “vítima”, porém ela deu um tapa no braço deste e vociferou.

— ALUNINHA NOVA E JÁ QUERENDO CONFUSÃO? QUER ME PEITAR, É, MAGRELA?

— Já disse, me desculpe, não foi por querer, eu juro! – E Nina estava completamente sem graça, quando recebeu um forte empurrão da encrenqueira. Recuou três passos e seu rosto demonstrava um leve pavor, mas tentou não cair com isso.

— Pensa que me engana? Ta fazendo de tudo pra chamar a atenção da escola toda. Acha que não notei, oh “donzela fantasma”?

— Clarisse, CHEGA! – Gritou o loiro, tentando controlar a maior.

— VÊ SE CALA ESSA BOCA, ROXAS! – Berrou Clarisse. O berro fez a maior parte das pessoas ao redor de afastarem. A amiga de Nina se aproximou, perguntando se tudo estava bem, mas esta fez um gesto, pedindo um tempo.

— Deixa, Lina. Deixa ela, vamos sair do refeitório antes que eu vá ser pega por um inspetor ou coisa parecida. – Mas ao dizer isso, virou-se de costas. Enquanto isso, um sorriso malvado surgiu no rosto de Clarisse. Ela pegou um copo de suco e jogou na garota, molhando toda a costa desta.

— Uh, a covarde não vai nem encarar, é? Ou é elegante e popular demais pra encarar no mano a mano?

Eu, que vós narro, digo: Essa tal de Clarisse não devia ter dito isto.

Nina parou de imediato. Virou-se para a garota, que parecia ter alcançado facilmente os 1,80 cm de altura. Era parruda. O uniforme ficava apertado nela e seus cabelos negros balançavam com uma leve brisa, dando-lhe um olhar sinistro.

O refeitório estava em completo silencio.

Nina a observou, de um modo aparentemente bem analítico e disse da forma mais doce possível.

— Quer briga, feiosa? Cai dentro!

Naquele instante Clarisse voou pra cima da novata com tudo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelas reviews já no capítulo anterior. Elas significam muito pra mim! Gosto de saber o que pensam para que eu possa melhorar. Espero que continue agradando a vocês e que continuem me acompanhando!



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