Rascunhos de Um primeiro Amor. escrita por villarino


Capítulo 6
Capítulo 6 - Kissing you, Loving you.


Notas iniciais do capítulo

desculpem a demora para postar! Espero que gostem.,



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Capítulo 6 - Kissing you, loving you. 

Era exatamente o que eu queria dizer. Eu a amava. Era essa a palavra. Eu a amava, incondicionalmente. Inexplicavelmente. Pela primeira vez, eu amara alguém. Eu poderia beijar alguém. Sentir o calor do corpo de quem eu amo. 

- Exatamente. -respondi.

- Era isso que eu tinha que te dizer à alguns dias atrás. Eu... Te observava, por algum tempo antes de falar com você. Eu precisava te conhecer. Eu me apaixonei por você.

- Sei que isso é estranho, por sermos duas garotas. Mas eu não me importo em te amar.

- Muito menos eu. Você consegue coisas incríveis de mim. Me deixa totalmente sem fôlego. 

Silenciei a conversa. Eu precisava olhar nos olhos dela, para saber se era a mais pura verdade. Olhei. Profundamente. Mergulhei naquele chocolate dos teus olhos e finalmente vi, eu vi o amor que ela tinha por mim. Meus olhos queria lacrimejar mais uma vez, o nó da garganta queria extravasar. Agora eu entendia o porque que ela ficou machucada quando falei que o tempo estava acabando.

Eu queria beijá-la, porém achava muito cedo para isso, mesmo que agora eu pudesse. Eu não conseguia acreditar que me apaixonei pela primeira vez por uma garota. Sempre imaginei um menino normal ou então, meu destino seria mesmo o casamento arranjado. E, ainda era. Judeus, segundo algumas tradições, não podem casar com o mesmo sexo, porém eu estava pouco ligando para a minha religião forçada. Eu amava pela primeira vez. E, não me importava se era menino, se era menina. Era algo melhor, era ela. Nathalie. Nathalie. Nathalie. 

- Agora você entende porque eu não posso te perder, não é?

- Sim, perfeitamente. E, será o mesmo para mim agora. -respondi.

- Que bom.

- Você não parece feliz por saber que te amo. Porquê?

- Eu estou mais do que feliz, Alana! Muito mais do que feliz. Só que há poucos dias para aproveitar. Você sabe disso. Você é judia, Alana. Se souberem, nós nos separamos. Eu moro na França! Você no Brasil. É longe. É caro. 

- PARE DE PENSAR NO FUTURO, NATHALIE. - disse, me levantando. 

Ela se levantou e seus lábios ficaram a poucos milímetros dos meus. Entrelaçou uma de nossas mãos novamente, e levou-me à um lugar onde ninguém pudesse ver. Um penhasco, onde poucos pulavam ao mar. Era... Adrenalina pura. 

- Quer que eu aproveite, não é? -perguntou.

- Sim.- Então... Me beije. Ou eu me jogo de costas. -ameaçou.

- Não faça isso. 

- Então me beije. 

- Eu não posso. 

Ela deu um passo para trás. E outro. Não conseguia largar as mãos dela. Não conseguia parar de olhar para ela. 

- Porque quer tanto que eu te beije?

- PORQUE EU TE AMO. VOCÊ PEDIU PARA QUE EU APROVEITASSE NÃO FOI? ENTÃO, ME BEIJE, ALANA!

Comecei a chorar novamente. A religião não permitia. Eu tinha medo de que alguém visse. Alguém da minha família visse. Alguém conhecido. 

- Me beije. Só isso. -disse, dando mais dois passos para trás. 

Respirei fundo. Fechei os olhos. Estava a milímetros de seus lábios. Sentia a sua respiração, eu senti sua mão subindo pelas minhas costas até a nuca. Aproximei-me um pouco mais, eu sentia perfeitamente que seus lábios colariam com os meus. 

Até que ela me puxou e nós pulamos do penhasco. Meu grito foi estrondoso, ela gargalhava por ter me dado um susto. Não agüentei, comecei a rir também até que caímos na água. Calças compridas e tênis. Dentro d’água. 

Nathalie gostava dessas brincadeiras. Porém não suportava ver minhas lágrimas. Sempre que elas cismavam em cair, ela inventava alguma coisa que parasse. E, funcionava. Como uma criança que precisa de um doce. Ou como alguém tentando passar com alguma dor insuportável. Ela era o meu calmante.

Minha kriptonita. Minha respiração descontrolada. Meus batimentos desordenados. Meu colo quente. O suor frio da minha mão. A saliva que demorava para engolir quando a vida. Sim, ela me dava água na boca! Porém, não do jeito de achá-la gostosa, mas sim, pelo nervoso. Ela era as borboletas que faziam cócegas no meu estômago. O soluço das risadas que eu tinha com ela. Ela era tudo. Ela me fazia querer tudo. E o tudo, era simplesmente Nathalie.

Ela me deixava masoquista. Masoquista por querer alguns sofrimentos, e conseguir meu calmante. Vê-la e não vê-la era a mesma coisa que se salvar e se matar. Eu pensava vinte e três horas por dia nela. A vigésima quarta, eu ficava ao seu lado. Uma hora, por dia. Ou até... Duas. Nada mais que isso. Doía por ser apenas isso. Só alguns minutos. Só... Uma hora. Uma hora por dia com os melhores momentos com o amor da minha vida. Sim, doía. As férias logo logo iriam acabar para ela. Para mim, havia ainda um pouco mais de tempo. E, nós nos separaríamos.

Nathalie iria embora sem eu poder provar seus lábios? Sem poder abraçá-la todos os dias? Sem poder mais dizer que a amo? Eu entraria em depressão profunda, e se nunca mais a visse, me suicidaria. Não é drama. É amor. Um amor... De vida ou morte. Um amor que não pode ser separado. Não tem mais como ser apenas Alana. Eu preciso da Nathalie. Comigo, sempre. 

Ela cuidava de mim, gostava de cuidar de mim. Ela ria quando nós não tínhamos assunto. Assumia que me amava. Que amava uma garota. Assumia que não tinha medo do que as pessoas iriam pensar. Do que as pessoas iriam falar. Ela só... Queria a mim. Não pensava em mais nada. 

Não me convencia disso. Eu sentia isso. Era totalmente diferente de algo que possa se esperar talvez que outro alguém. Era bonito de ver. Era fofinho. Talvez fosse até mais bonito de se ver do que um garoto grego, conhecido por serem românticos. Talvez a França pudesse me ajudar no assunto. Ela era francesa. Há coisa mais romântica do que o próprio país? 

Porém, além de todos os sentimentos demonstrados à mim, ela era fria. Ela se passava por fria. Nathalie tinha medo de demonstrar. Ela não queria se machucar. Principalmente comigo, uma garota. Onde as coisas podem se complicar. Para os dois lados.

- Nathalie, posso te fazer uma pergunta? -pedi, nadando em meio do mar aberto para chegar à margem.

- Pode. 

- Você já amou alguém antes? -perguntei.

- Hã, sim. Porém não foi tão intensamente como está sendo com você. -respondeu.

- Foi uma...

- Uma garota? Não. -disse ela, completando a minha frase.

Continuamos nadando, até que chegamos com as ondas ajudando. Meus tênis ficaram completamente encharcados de areia. Minha calça jeans estava mais pesada do que nunca. Por um momento achei que ficaria sem ela. 

Sem nojo nem importância de se sujar, Nathalie sentou-se na areia com as mesmas calças encharcadas que eu, e começou a fitar as magníficas ondas do mar da Grécia.

- Foi um garoto? O que ele fez?

- Não correspondeu. Foi completamente humilhante. A partir daí, não quis mais saber sobre o amor. Até passar as férias aqui. Meus pais começaram a achar que eu estava deprimida demais. Eu não queria ir mais ao colégio, eu preferi mudar e não ver mais os meus amigos do que tentar ajeitar as coisas. Eu preferia fugir de tudo. E, desde então, não fui muito provida de amigos. -explicou.

- Nossa...

A conversa parou. Eu, estava pensando como era a vida dela, uma vida completamente feliz até que por um simples amor, que a marcou pela vida toda. Que a humilhou na frente de todos. E, a partir daí, nunca mais quis amar. 

Enquanto eu, procurava até nos filmes de desenhos animados pelo amor. Fazia de tudo para encontrar. Ela, não pensava nem mais em vê-lo. As diferenças são grandes.

Quis fitar seu rosto como fazíamos antes, e ela observava o mar. Queria pegar seu rosto com meus dedos, e virá-lo para mim. Não tinha coragem. Depois de tudo que contamos uma a outra. Não tinha coragem. Eu era uma idiota, uma sem coração. Uma travada. Pelo que acontecera, ela pegou minha mão e a entrelaçou com a dela. Ela sabia que eu estava fitando-a. Ela sabia que eu queria mais do que certos olhares. Eu queria o nosso primeiro beijo. Aquela tensão toda que eu tinha antes, sumira. E, a adrenalina só subia mais e mais. 

 


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