Rascunhos de Um primeiro Amor. escrita por villarino


Capítulo 1
Capítulo 1 - Find a Way.


Notas iniciais do capítulo

Algumas traduções deste capítulo (vocês encontrarão coisas em grego):
1- Giagia (iáiá): Avó.
2- O Theós, pós aftó to korítsi koimátai!: Meu deus! Como essa garota dorme!
3- entáxei: está bem?
4- pappoús: avô.
Bom, espero que gostem e boa leitura! (:



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Prólogo: -

Amor não é algo que você simplesmente cria. É algo que quando menos se espera, aparece. Alguns, disseram que não viram o amor. Outros, o rejeitaram. Eu simplesmente o esperei. E muitos não acreditam que ele é realmente assim.

Capítulo 1- Find a Way.

Era madrugada quando ouvi meu irmão sair com meu avô para o porto. A partir dali, não consegui voltar ao meu respectivo sono. Não poderia levantar, não há nada a se fazer às cinco da manhã nas suas férias de verão na Grécia.

Resolvi pensar. Pensar em tudo o que pudesse pensar. Logo pegarei no sono e minha avó me chamará mais de duas vezes com a tentativa de me acordar, palpitei, fazendo expressões que podia ver em meu reflexo do espelho.  

Logo senti um vazio. Uma solidão. Era completamente estranho sentar-se em uma casa e olhar as paredes enquanto o sol não aparece. Talvez essa solidão pudesse ser substituída por um amigo, por um amor. Por até um bicho de estimação, no qual eu pudesse acariciar e que pudesse dormir ao meu lado.

Travesseiros já não me adiantavam de nada a não ser apoiar a cabeça. Eu queria alguém ao meu lado, alguém que eu pudesse abraçar, que eu pudesse beijar, que eu pudesse apenas apreciar enquanto dormisse. Uma companhia. Devo ser a judia menos tradicional desse mundo. Do que adianta querer parar se no final de tudo, sua família lhe olhará torto? pensei, ajeitando-me novamente na cama para forçar o sono. Se havia um assunto pelo qual me abalava era sobre alguém. Qualquer que fosse o alguém. Alguém que ao menos me deixasse bem, confortável.

Fechei os olhos a fim de fazer com que o sono voltasse e eu sabia que não demoraria muito para acontecer. No mais profundo dos sonhos entrei e mais uma vez, jardim. Era típico dos meus sonhos serem em jardins. Talvez porque na casa dos meus pais há um deslumbrante. Porém de todos que já imaginei, nenhum era como o deles. 

Um homem de cabelos escuros, olhos claros como o mar e pele clara como a minha apareceu. Ele me lembrou Nikos, meu irmão. Assim que ia perguntar o nome, seu indicador silenciava meus lábios, os fechando. Logo, seu dedo foi substituído por seus lábios, agora selados aos meus. Um beijo. Um iludido beijo.

- Alana Gadelha! Será que vou ter que chamar seu avô para avô para arrombar a porta e te encontrar de camisola? -resmungou do lado de fora. 

- Hã? Já vou, Giagia¹. -disse, grogue.

- O Theós, pós aftó to korítsi koimátai!² -resmungou sozinha, na cozinha.

Levantei e me olhei no espelho. Remela no canto dos olhos, cabelo bagunçado e completa preguiça. Posso ter dezenove anos, mas ainda sou gente. Uma boa lavada no rosto no pequeno banheiro que havia em meu quarto, ajudou para que eu acordasse. Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo, mudei de roupa e fui até a cozinha.

- Acorde mais cedo amanhã, Alana.

- Desculpe vovó. Ouvi meu irmão sair com o vovó para o porto e depois disso demorei a pegar no sono. -expliquei.

- Vamos, me ajude com o café da manhã. Depois de comermos vamos à feira, comprar alguma coisa para o almoço, entáxei³? -avisou.

Balancei a cabeça, confirmando. Sentei-me à mesa com a cesta de pães e ela vinha com uma jarra de suco gelado em suas mãos, sentando-se ao meu lado. Enquanto eu despedaçava o pão e o comia, avistei Nikos com uma cesta tampada com um pano de secar pratos. Devem ser os peixes que pappoús traz para Giagia, pensei. Até hoje não sei como ele agüenta subir todas essas escadas até chegar em uma das casas brancas no morrinho. Eu nunca consegui me acostumar.

A sorte, é que a vovó já está um pouco mais cansada do que antes. Assim podemos ir um pouco mais devagar.Assim que terminei de comer, varri com a mão algumas das migalhas que deixei cair no pano da mesa e fui para a cozinha, recolhendo o que havia sujado. Nikos abriu o pequeno portão e deu bom dia à Giagia. 

- Bom dia mana! -disse ele, que rapidamente já estava ao meu lado na pia.

- Bom dia, Nikos. Logo senti seus lábios frios e sua respiração ofegante juntarem-se para beijar a minha face. Eu recebia esse beijo molhado todos os dias das minhas férias, desde que nós dois decidimos vir para cá.

- Alana, vamos à feira? -perguntou Giagia.

- Sim.

Apressei-me secando os pratos e subi para pegar meu caderno de desenho, com um lápis qualquer que eu achasse numa mesinha de centro onde fica o telefone. Nikos apenas assistia a minha pressa, sorrindo do quão atrapalhada eu sempre fui.

- Você não tem que ajudar o pappoús não? -reclamei.

- Já estou indo. Sua chata. -rebateu.

- Vamos? 

- Vamos, Giagia.

Nikos saiu primeiro e desceu as escadas tão rapidamente que acabei me perdendo de qual caminho ele havia pego. Não tentei achá-lo e me concentrei onde minha avó estava indo. Enquanto ela ia à feira comprar os ingredientes que precisava para fazer o almoço, eu sentava-me ali por perto e desenhava. Eu gostava, pelo menos ninguém me perturbava com nada. 

O porto estava calmo, porém era um horário em que a feira enche. Era normal ver as pessoas de mais idade e seus netos ou filhos. Os feirantes eram mais novos;

De repente vi tudo que estava em minha mão cair. O caderno, ficou completamente manchado por ter caído em uma poça, o lápis estava sem ponta ao lado oposto que estava o caderno. Olhei para cima, com raiva de quem havia feito aquilo. Uma garota. Seus cabelos eram lisos, mais lisos que o do meu irmão. Curto. O cabelo para o lado, como se fosse um garoto, só um pouco maior atrás. Olhos amendoados cor de chocolate, a pele clara e da mesma altura que eu. Ela estava assustada assim como eu.

- Qual é o seu problema? Que merda! -perguntei.

- Me desculpe, não foi culpa minha. 

- Não foi culpa sua? Olha só, meus desenhos estão completamente arruinados. -falei, mais calma.

- Desculpe. Sério... Olha, nós podemos comprar um novo caderno e você desenhar novas coisas. -sugeriu.

- Esquece, tudo bem? Eu vou dar meu jeito. -disse, pegando as coisas do chão arrependida.

- Hã, meu nome é Nathalie.

- Alana.

- Mora aqui?

- Não, vim passar as férias de verão... Afinal, o que você quer com essas informações? -perguntei, desconfiada.

- Eu vim da França, me desculpe. Vim passar as férias por aqui também e... Só estou perguntando. -explicou.

Por alguns segundos, olhei para ela diferente. Como se... Sentisse algo diferente pela primeira vez e por uma garota que havia acabado de conhecer. Balancei a cabeça, tentando acordar de um breve sonho acordada. Senti-me como se ela fosse a companhia que eu precisasse. 

 


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado!