The Butterfly escrita por Lonely Looney


Capítulo 5
Capítulo 5 - Muito Barulho por Nada




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Capítulo 05 – Muito barulho por nada

A noite do "quase enforcamento de Juan" parecia não ter fim. Todos já haviam se recolhido, inclusive Clopin e Keira, que não conseguiam dormir.

'Ui...' reclamou Keira, esfregando as têmporas. 'Estou com uma dor de cabeça terrível... A noite de hoje foi extremamente desgastante...'

Clopin nada dizia. Só ficava lá, parado, emburrado. Keira sabia que a Visão não era necessária para saber que a situação não era boa. Clopin emanava hostilidade de longe.

Quando ela se aproximou dele e tentou dar-lhe um beijo, ele se esquivou.

'Não pense que isso vai apagar nada do que você fez hoje Keira!'

Ela olhou para ele com uma expressão interrogativa, mas Clopin falou, antes que ela dissesse qualquer coisa:

'Não finja, Keira! Dessa vez, não vai funcionar! Não vou mais cair nos seus ataques de histeria, nos seus—'

'O quê? Como pode! Você sabe que eu jamais brincaria com algo assim!'

'Essa não é a questão! Estou falando de outra coisa, agora! E no momento, o abuso se tornou insuportável!'

'Onde quer chegar?'

'Já chega, Keira! Você deve estar ciente de quem é o líder aqui! E eu não vou mais permitir que você me trate como se eu nem existisse e faça as coisas do seu jeito! Quem você pensa que é? Acha que é melhor que todo mundo?'

'Eu nunca disse isso!'

'E precisa? E precisa? Agindo como se fosse alguma divindade, mandando e desmandando... Você é apenas a mulher do líder, isso não faz de você uma "deusa"...'

Keira tentava não piscar, pois podia sentir lágrimas brotando de seus olhos.

'Clopin, melhor você ir dormir. Acho que você não está mais fazendo sentido...'

'Vê? Esse é o seu problema! Você acha que sabe tudo! E no momento essa é a única coisa que faz sentido para mim: eu lhe dei espaço demais!'

'É mesmo? Mas pelo que eu me lembro, você mesmo disse que eu seria tão líder quanto você, a partir da hora em que o aceitasse como marido!'

'Cale-se, Keira! Eu já mandava aqui antes de você! E descobri meu erro! As coisas vão mudar!'

'Pela Deusa, Clopin! Está com tanto ódio porque não conseguiu matar alguém hoje?'

'Você não entende nada mesmo, não é, mulher? Mas eu já decidi que não vou me dar ao trabalho de lhe explicar coisa alguma.'

'Tá tú glan as do mheabhair! Ciach ort! Nunca mais quero vê-lo! Fique com sua liderança e com seu acampamento, mate quem você quiser! Não me interessa!' ela disse, recolhendo suas coisas.

'Pare com isso, Keira! Aonde você vai?'

'Não é da sua conta! Solte-me, maldito!'

E saiu.

De manhã, Keira não olharia para a cara dele.

Éadaoin acordou assustada, com um movimento estranho em seu vagão.

'Máthair?'

'Shhh... Quietinha... Mamãe hoje vai dormir por aqui, certo?'

'Hã...?' a garota perguntou, sonolenta.

Mas Éadaoin não conseguia dormir devido aos soluços abafados de sua mãe. Irritada, a garota se mexia inquieta, tampava os ouvidos, mas nada parecia adiantar. Aquele barulho perturbador parecia ecoar em sua cabeça...

"Pare com isso!", pensava a garota.

Ela nem viu a que horas conseguiu pegar no sono.


 

Ao acordar, Éadaoin percebeu que sua mãe não estava mais lá. Ficou deitada mais algum tempo, refletindo.

Keira passeava pelo acampamento, irritada. Ao passar por Clopin, ignorou-o completamente.

'Keira, Keira, espere! Espere, por favor...' ele a segurou.

'O que você quer, Clopin?'

'Quero que você me perdoe, Keira. Eu fui... Tão ignorante ontem com você! Não vá embora, por favor. Não me deixe.'

'Eu não vou deixá-lo, seu idiota. E sabe, acho que eu também lhe devo desculpas, afinal... Nunca quis... "abusar do poder"... Ou tomar o seu lugar... Sinto muito se não estou lhe dando espaço. Eu na verdade, gostaria que caminhássemos juntos...'

'Eu sei, meu amor, eu sei. È que você é tão... Eu não sei explicar... Mas a maneira como você age faz com que eu me sinta tão inferior! E não sei, talvez eu seja realmente inferior a você, mas não gostaria que isso transparecesse tanto... Não, não diga nada Keira... Eu sei que essa não é a sua intenção.'

'Sabe, amor' continuou ele 'Eu estive pensando... Se você estiver infeliz aqui, podemos ir embora. Eu não me importo em largar tudo por você, juro que não me importo! Nomeio outro líder, e garanto que todos ficarão bem!'

'Oh, mo chroí...' ela disse, segurando a mão dele 'É claro que não estou infeliz aqui!'

'Verdade...? E outra coisa... Você sabe que também manda aqui, não é? Eu só falei aquilo porque estava com raiva...'

'Grá mo chroí... Tá mé chomh mór sin i ngrá leat...'

'Bem, seja lá o que isso quer dizer, tenho certeza de que o teor é bem diferente do que o que você me falou ontem... Que diabos você disse ontem? Vamos, não seja cruel...'

E os dois ficaram lá, se abraçando, enquanto Éadaoin observava entediada.

'Eu sabia. Muito barulho por nada.'

'Brigas fazem parte de todo relacionamento, acho.' disse uma voz conhecida, que fez a garota se virar de repente.

'Ah, Zephyr...'

'Gostaria que brigas não fizessem parte do nosso relacionamento...'

'Zephyr, nós não temos um relacionamento. E realmente, também não gosto de brigas.'

'Ah, é mesmo? Não temos? E o que você me diz do que aconteceu entre nós no dia da sua festa? Ou melhor, ontem?'

'Zephyr, aquilo foi um momento de loucura e nunca mais deve se repetir. Se eu soubesse o que estava fazendo, jamais teria acontecido. Mas agora eu presumo que seja um pouco tarde para lamentar, não é?'

'Como pode ser tão cruel? Acha que os sentimentos alheios são algum brinquedo? Eu não lamento o que aconteceu, mas lamento ter entregue meu coração a uma garota tão fria e indiferente!'

'Perdão, Zephyr, mas não posso dar o que você quer!'

E ela saiu correndo, antes que ele dissesse qualquer outra coisa.


 

'Quasi!' gritava Zephyr, à procura do sineiro. 'Quasiii, você tá por aí?'

"Puxa vida, será que ele ainda está chateado comigo...?"pensou Zephyr.

'Oh! Olá, garotinho! Está procurando o Quasímodo? Chefe! Chefeeee!'

Quasímodo veio imediatamente.

'Já ouvi, já ouvi, Juan. Oh! Olá, Zephyr! Meu Deus! Como é bom ver você por aqui!'

O garoto olhava incrédulo para tudo aquilo.

'Quasi... O que ele está fazendo aqui?'

'Bem, na verdade eu precisava de um ajudante... E ele cuida da limpeza.'

Zephyr riu.

'Você não existe. Por que ajudá-lo? Ainda mais depois de tudo o que ele fez!'

Quasímodo deu um risinho.

'Não queria dizer isso, mas assim você soa como Éadaoin. Aliás, como ela está?'

Zephyr ficou tão triste de repente que Quasímodo se arrependeu de ter perguntado.

'Então, Zephyr... Que tal algo para beber...?'

'Não, obrigado, Quasi. Na verdade, eu vim aqui para conversar com você sobre isso... Quer dizer, sobre Éadaoin...'

'Ah... Olha, Zephyr... Eu sei o que você ainda está pensando. Mas eu e Éadaoin, por Deus, nós nunca tivemos nada. Eu juro—'

'Eu sei, Quasi. Eu esperava que você já houvesse esquecido a última vez em que eu estive aqui... A maneira imbecil como me comportei... Não sei como pedir desculpas...'

'Ora, Zephyr, não se preocupe. É claro que eu já esqueci. Só não queria que houvesse suspeitas entre nós.'

'Nunca haverá, amigo. Você nunca me deu motivo para suspeitar de você, e eu nunca lhe darei motivos para suspeitar de mim.'

Quasímodo sorria, e Zephyr continuou:

'Bem, Quasi... As coisas estão indo mal... Além de não parecerem estar indo bem entre meus pais (mas eu espero que seja só impressão), estão piores entre mim e Éadaoin...'

'Piores?' Quasímodo tentava mudar de assunto, pois qualquer coisa que tivesse a ver com Esmeralda o interessava mais até mesmo que o incêndio da própria Catedral. 'Mas o que houve com Éadaoin?'

'Nada! Esse é o problema!'

Quasímodo olhou para o rapaz claramente sem entender.

'Sabe, Quasi... No dia do aniversário dela... Não sei se você percebeu que nós sumimos... Bem, fomos para a meu vagão e... Bem...'

'Aaaaaaaah...!' Quasímodo tentou não rir. 'Já entendi. Depois de todos esses anos, Zephyr, estou menos "lento", sabe...'

'Erm, bem. Como eu dizia. E desde aquele dia, que por acaso foi ontem, ela anda mais indiferente do que nunca!'

O garoto ficou olhando para Quasímodo, ansiando por uma resposta.

'Bem, Zephyr... Infelizmente não poderei ser de grande ajuda... Mas, bem... Você conhece Éadaoin. E parece-me que ela está apenas confusa.'

'Mas, então, Quasi! O que eu devo fazer?'

'Sinceramente não sei, Zephyr. Essa decisão não é só sua, infelizmente. E às vezes, é melhor dar tempo ao tempo... Não a pressione.'

'Quasi, você não entendeu ainda? Eu AMO aquela mulher! Não sei o que eu não faria por ela! E não sei o que farei sem ela!'

Quasímodo sentiu pena do rapaz. Ainda mais porque esse tipo de sentimento desesperado de Zephyr não lhe era estranho. E ele sabia que sofrimento atroz isso causava. Era realmente um tormento, mas o que não tem remédio...

'Nossa!' disse Juan de repente, e os dois se deram conta de que ele estava lá. 'De onde vem todo esse amor, jovenzinho? Aquela lá, Éadaoin? Ela é simplesmente intragável!'

Zephyr estava lívido. Quasímodo vociferava:

'Juan! Maldito seja! O que faz aí? Volte ao trabalho, ou simplesmente, suma daqui! Ande logo! Quer que eu o atire lá embaixo?'

Juan saiu correndo. Zephyr se levantava, pronto para ir embora.

'Muito obrigado, Quasi... Mas preciso ir...'

'Não vá por causa daquele infeliz. Ele não poderia fazer nada contra você.'

'Não, não é isso. Tenho que ir, mesmo.'

'Bem, você é quem sabe... Mas Zephyr, eu estou aqui, certo?'

'Eu sei, Quasi, obrigado. Pode contar comigo também. Até mais.'

'Tchau, Zephyr.'

'Tchau, garoto! E não se esqueça, você está entre amigos!' gritou Juan.

Zephyr riu do absurdo e se foi.

'E então, hein, Quasi! Que garoto bonitinho! Amigo seu? Acho que me lembro dele...'

Quasímodo não respondeu.

'Pois é! E apaixonado como está, coitadinho... Olha, eu bem poderia ter dado uns bons conselhos a ele...'

'Não sei o que a Madellaine viu em você...'

Esse comentário tirou o sorrisinho do rosto de Juan.

Logo, Quasímodo ouviu alguém subindo as escadas. Keira sorriu e disse "Olá!" sem perceber a presença de Juan. Mas assim que notou...

'Quasi... Mas o quê...?'

'Por favor, não pergunte.'

'Oh, Quasi! Realmente, eu não estava errada!'

'Sobre o quê?'

Juan ainda estava lá, parado. Quasímodo olhou para ele, e com um "com licença", o cigano se retirou.

'Então? O que houve, Keira?'

'Ah, nada tão grave... É só que... Estou um pouco preocupada com minha filha...'

'O que houve com ela? Ela não está bem?'

'Acho que Éadaoin está apaixonada...'

Quasímodo não respondeu de imediato. Depois de uma pausa, disse:

'É mesmo...? Como você pode saber?'

'Quasi... Eu percebi o que está havendo. E acho que você também. Quero sua opinião.'

'Opinião?'

'É.'

'Olha, Keira... Na minha opinião, Éadaoin é uma garota impulsiva, só isso. Quanto ao assunto "paixão"... Aí já não sei.'

'É mesmo? Podia jurar que você soubesse, ou pelo menos desconfiasse de alguma coisa...'

'O quê?'

'Bem, parece que me enganei?'

'Tudo bem, Keira, tudo bem. Antes que você me acuse de qualquer coisa, só quero que você saiba que não há nada entre mim e Éadaoin, nem possibilidades de qualquer coisa acontecer. Eu sempre disse a ela que ela está confundindo as coisas.'

'Quasi, eu não vim aqui acusá-lo de nada. Mas gostaria de esclarecer algumas coisas... Éadaoin ama você. Se ela está "confundindo as coisas" ou não eu não sei, mas e se não estiver? Se for você... Se ela o escolheu, Quasi, eu aprovo, com certeza. E não se preocupe com o Clopin. Por mais que ele reclame, sei que também aprovaria.'

Quasímodo estava boquiaberto. Não sabia o que fizera para conquistar tanta confiança.

'Puxa, Keira... Ficou muito, muito lisonjeado...' ele pegou a mão da mulher 'Mas não posso aceitar. Desculpe, mas não sinto o mesmo por ela. Não assim... Eu também a amo demais... Mas não dessa maneira. Já há outra pessoa...'

'E isso não lhe trará nada de bom, Quasi. Já faz parte do seu passado, não é? Para quê provocar?'

'Não, não, não é a Madellaine! É outra pessoa...'

'Quasi... Eu não estava falando da Madellaine...'

'Você sabe, então?'

'Mais do que eu gostaria. E me parece sério. Tudo bem, não vou casá-lo com a minha filha para evitar o que quer que seja...'

' "O que quer que seja"? Do que está falando, Keira? Ela nunca ficará sabendo! E seria cruel demais, inclusive com o Zephyr!'

'Eu não queria falar, Quasi... Mas eu vi o beijo... No final da festa da minha filha... Durante minhas Visões, eu vi, eu sabia... E vi outras coisas também... Coisas ruins...Não sei explicar o que vi, foi tudo tão desconexo... Mas eu me senti tão mal...'

'Meu Deus Keira...'

'Cuidado, Quasi! Nós não podemos ter controle sobre tudo, muito menos quando se trata de emoções!'

'É, eu sei, eu sei...'

'Bem, eu já vou. Foi ótimo vê-lo, como sempre.'

Os dois se abraçaram, e Keira ia descendo as escadas. Mas antes de ir embora, disse:

'Quasi... Fique de olho no Juan... E evite, a qualquer custo, trazer o passado à tona...'

' "Ficar de olho nele"? Por quê? Ele é perigoso?'

'Talvez... Por favor... Faça exatamente o que eu pedi. Não sei muito bem o que pode acontecer se você não fizer isso, mas não será bom, Quasi. Nada bom!'

Quasímodo não entendeu muito bem o que Keira estava pedindo e, como sempre, ela não poderia ter sido mais evasiva.

'Quasi, Quasi!' disse Juan, chegando de repente e assustando o outro. 'Eu juro que não ouvi tudo, mas... Como é...? Aquela coisinha linda está apaixonada por você?'

"Fique de olho no Juan..." as palavras de Keira ecoavam na cabeça de Quasímodo, mas mesmo assim, ele tinha vontade de enforcar o cigano.

'Não se meta, Juan. Esse assunto não lhe diz respeito!'

'Ah, mas eu só quero ajudar... Devo essa a você... Quer um conselho? Eu ficaria com Éadaoin, mesmo. Ela deve ser louca por você! E como é bonita! Também, com uma mãe daquelas...'

'Eu não pedi sua opinião, Juan. Não me interessa o que você faria. Mas agora que eu sei, é um bom motivo para eu não fazer.'

'Nossa, Quasi...'

'Para você é"Quasímodo"! E vá procurar o que fazer!'

 


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