- MÃE! – eu gritei desesperada. Fiz um feitiço para levitar ela e levei ela até o sofá da sala. Fui à cozinha e peguei um copo de água. – HUGO, PAPAI! VENHAM AQUI!

- Estou delirando. Só posso! Estou ouvindo a voz da Rose. – ouvi Hugo murmurar para si mesmo. Com o tempo, fui treinando minhas habilidades para ouvir coisas, como a da leoa. – Só pode ser uma piadinha. Vamos papai.

            Eles desciam as escadas. Papai descia primeiro as escadas.

- Mione o que... – mas parou no meio da frase, quando ele me viu. Estava caindo para trás. Estava desmaiando.

- Papai, o senhor é um homem! Não vai desmaiar também vai? – perguntei brincando com ele com as mãos na cintura.

- Rose... é você mesmo? – perguntou Hugo confuso

- Claro que sou. Quem mais seria? Merlin disfarçado? Hugo, filho de quem é, imaginei que seria inteligente ao ponto de reconhecer a própria irmã!

- ROSE! – gritou meu pai de repente. Ele desceu as escadas correndo e veio me abraçar. Seu abraço forte e paternal me completou. Senti-me segura naquele abraço. – Sentimos tantas saudades...

- Rose?! – eu ouvi Hugo me chamar. Ele estava no pé da escada. Olhava-me hesitante. Abri meus braços e o puxei para um abraço.

- Hun... Rose? – eu ouvi mamãe murmurar. Ela olhou para mim. – Rose, é você mesmo?

- Sim.

- Oh minha filha. – mamãe disse, abrindo os braços e me puxando para um abraço Ela começou a chorar. Afastamos-nos. Ela segurou meu rosto entre suas mãos, que ainda eram as mesmas. Seus olhos iguais a uma cachoeira. – Minha filha, sentimos tanto sua falta. Ainda mais ontem. Que foi o nosso 5º ano sem você. Minha filha, mas como...

- Eu tenho um amigo, que veio com um objetivo. E este objetivo era me salvar... – contei. Tudo. Absolutamente tudo.

- Minha filha. – disse minha mãe me puxando para seu colo. Deitei e quase dormi ao sentir suas mãos mágicas

- Mamãe, senti tanta saudade de vocês.

- Quanto tempo faz que você... bem, voltou?

- Faz um mês. Marcelo queria que... depois de um assunto pendente, que eu tinha que resolver, eu viesse falar com vocês.

- E que assunto pendente era esse? – perguntou meu pai curioso

- Ron! O importante é que ela está conosco. – ralhou mamãe. Sorri para ela. – Então filha, voltará a morar conosco, sim?

- Eu não posso mamãe. Eu estou morando no apartamento de Marcelo, segunda feira vou Ministério, depois, tentarei trabalhar lá. Então, vou comprar minha casa. Mas, até lá, vou ficar com o Marcelo.

- Minha filha... Amanha é domingo, vamos almoçar com a sua avó. Todo domingo ela nos convida para almoçarmos lá. Você vai, né?

- Claro que vou. Mas, agora eu preciso ir. – eu disse me levantando do colo da minha mãe. Ela me olhou com uma cara de pidão. – Eu volto.

            Levantei-me, dei um beijo na minha mãe, pai e irmão.

- Eu amo vocês. Até amanha. – e dizendo isso eu sai pela porta. Fechei a porta e aparatei. Cheguei ao apartamento e encontrei Marcelo andando de um lado para o outro.

- ROSE! Onde você estava até agora?

- Com minha família.

- Até agora? – perguntou ele desconfiado. Fiquei revoltada. Estava estressada demais para um só dia.

- SE VOCÊ TIVESSE MORTO POR CINCO ANOS, E APENAS HOJE PODE VER A SUA FAMÍLIA, SENDO QUEA ULTIMA VEZ QUE VIU ELA FOI NUMA GUERRA, APOSTO QUE VOCÊ TERIA FICADO MAIS TEMPO DO QUE EU!

- Calma Rose.

- NÃO! EU NÃO TENHO MAIS CALMA! – eu respirei fundo. Acredite, foi mais difícil ainda. – Olha, eu não quero brigar com você. – eu decretei. Dei meia volta e fui para o quarto. – Eu vou me arrumar par o jantar.

            Ouvi ele engolir em seco. Fechei a porta do meu quarto. Fui ao banheiro. Tirei a roupa e transfigurei o mesmo vestido que eu estava horas antes. De um vermelho longo, eu transformei em um vestido um pouco acima dos joelho, vermelho... simplesmente lindo. Com um laço também, mas este era na frente.

 

E a sandália de preta, eu transformei em uma prata, com o salto vermelho.

 

            Tomei um banho, coloquei a roupa e fiz um coque com alguns fios caindo, igual ao de hoje mais cedo. Sai de lá. A bolsa era a mesma. Apenas tirei o convite, deixando a varinha. Bateu 8:30, dei tchau para Marcelo, novamente ele ficou de boca aberta. Muito fofo. Aparatei na Mansão dos Malfoy’s.

            Quando cheguei lá, Aparatei na sala. Encontrei Scorpius de terno preto, com a gravata verde e prata. Muito parecido com a de Hogwarts. Jake também estava lá. Usava um terno preto também, mas com a gravata preta e prata. Muito... Diferente. Os dois conversavam em uma poltrona. E num sofá, Isabelle e Lilian.

- Hun hun. – eu pigarreei para me notarem. Os rapazes se levantaram e se viraram igual ao um filme, as meninas apenas se levantaram. Estavam muito elegantes.

            Lílian usava um vestido verde escuro com desenhos feitos com linhas da mesma cor. Usava um cinto mais escuro. Usava sandálias prata.

 

 

Isabelle, também usava verde. Um vestido de alça, com um verde mais fraco, e um cinto na cintura também.  Ela usava um sapato prata... Muito estranho de descrever.

 

            Muito elegante. Olhei para Lilian. Seus olhos marejados. Tinha um sorriso de tristeza. Ela veio correndo até mim e me abraçou.

- Senti tantas saudades. – dissemos juntas. Sorrimos uma para a outra.

- Pessoal, vamos? – perguntou Scorpius nervoso.

- Olá para você também. – eu falei brincando. Ele olhou para mim surpreso. Como se eu não fosse uma pessoa de fazer aquele tipo de brincadeira.

- Ah! Olá. – ele me respondeu. Mas, ele me respondeu de uma maneira diferente. Um tom estranho. Não parecia dele. Apenas tive certeza que foi ele que falou aquilo para mim, pois eu vi a boca se mexer. – Vamos. – ele disse e aparatamos.

            Chegamos a um restaurante muito chique. Eu não teria condições de jantar ali. Era um lugar amplo. Era um lugar bem iluminado. Tinha um espaço vazio no meio do salão. E no diagonal á direita de quem entrava um palco. Lá tinha uns músicos, eles agora estavam tocando um Jazz. Reconheci aquela música. Highway Blues. Uma musica bem legal. Fomos indicados para uma mesa. Ampla para nós cinco. Nos sentamos, os garçons puxaram as cadeiras e enquanto sentávamos, eles empurravam a cadeira, tinha visto isto em filmes. Acho um barato. Apareceram três garçons. Um para o casal Malfoy, uma para os Stones e um para mim. Eles nos entregaram o cardápio. Pelo amor de Merlin! As coisas são caras! Não sei como vão conseguir pagar a conta de todos nós.

- Nós vamos querer camarão a milanesa. – pediu os Malfoy’s.

- Lílian o que você vai querer, meu amor? – perguntou Jake carinhoso com a esposa.

- Hum... Batata frita! – ela disse. Dei um sorriso. Só podia ser uma grávida mesmo.

- Camarão a milanesa, batata fria e para a senhorita? – o garçom perguntou para mim. Engoli em seco. Aquelas comidas pareciam formidáveis e maravilhosas, mas, eu não gostava de dar muito prejuízo. Fui à primeira coisa que vi na lista.

- Filé de garoupa. Grelhado.

- Sim senhora. E o senhor?

- Eu vou acompanhar minha esposa.

- Certo. E para beber?

- Champanhe! – disse Scorpius, decidindo por todos. – Para todos. Iremos comemorar.

- Sim senhor. Com licença. – disse o garçom.

- Então... Lilian, meus parabéns. – eu disse para termos um assunto.

- Por? – perguntou ela confusa.

- Por ter se casado, e... por estar grávida.

- Como você soube?

- Scorpius. - eu falei. Ela me olhou confusa. - Ele que manteve informada até agora. Então, vai ser menino ou menina?

- Menino.

- Menina.

            Eu sorri. Lílian acha que é menino, Jake acha que é menina. De repente, todo o cenário muda. Apenas, para mim. Para os outros, eu apenas estava olhando um ponto fixo no outro lado do salão. Então, eu olhei para minhas mãos, elas seguravam um papel. E este papel era assim.

 

“Sra. Stone,

         Temos a alegria de lhe informar, que a senhora está grávida. De cinco meses de gêmeos. Um menino e uma menina. Qualquer dúvida ou problemas, por favor, pedimos que consulte o seu médico.

Atenciosamente.

Hospital St. Mungus.”

            O cenário voltara ao normal. Agora todos olhavam para mim preocupados.

- O que foi?

- Você olhava um ponto fixo. Ficamos preocupados. – disse Isabelle.

- Lilian, - eu comecei a falar, ignorando a preocupação de Isabelle. – Eu soube qual sexo é o bebe.

- E qual é? – perguntou Jake e Lilian entusiasmados.

- Os dois estão certos.

- Como assim? – perguntaram eles confusas. Ou era menina ou menino.

- Você vai ter um casal de gêmeos.

- Gêmeos?

- Sim.

- Jake! São gêmeos! – vibrou Lilian feliz da vida. A ruiva começou a chorar de felicidade.

- Eu sei ruivinha. – Jake abraçou feliz da vida.

- Senhor, o champanhe.

- Muito obrigado. – agradeceu Scorpius assim que o garçom serviu as cinco taças. – Pessoal, eu e Isabelle queremos comemorar uma novidade. Isabelle.

- Obrigada. Bom, eu estou grávida! – ela disse. No momento em que ela declarou, eu deixei a taça cair no chão, se quebrando em mil pedacinhos. Eu estava tendo mais uma visão.

 

“Estávamos na sala de espera. A bolsa de Isabelle tinha estourado. Ela estava dando a luz. Os médicos pediram que ninguém entrasse na sala. Eu estava sentada numa cadeira havia vários minutos. Scorpius andava de um lado para o outro. A porta da sala se abriu. Revelando um médico temeroso.

- Sr. Malfoy a sua esposa, pediu que vocês dois entrassem agora.

            Entramos como dois furacões. Ela estava ofegante. Sua respiração mais desacelerada.

- Scorpius... Rose... Meu amor... Minha amiga... – sorri para ela, ao ouvir isso. – Prometem... Que vão cuidar do nosso filho? Vocês dois?

- Claro que sim. – dissemos juntos. Ela sorriu para nós.

- Eu amo vocês... Três. – então, ela encostou sua cabeça no travesseiro. Fechando os olhos, vendo pela ultima vez a luz, e o rosto dos seus fieis escudeiros. Pela ultima vez. Sim. Isabelle morrera dando a luz á um herdeiro.

            Fomos até o berço do herdeiro. Era um menino. Como eu previra entes. Ele era muito pequeno. Enrolado sobre uma manta azul. Muito pequeno. Peguei primeiro. Senti uma felicidade por estar segurando o bebe da minha amiga. Imaginei se eu fosse a mãe do herdeiro que repousava sobre meus braços. O pequenino estava muito estranho. Não se mexia. Scorpius o tirou de mim. Segurando em seus braços com uma energia paternal, invejável para qualquer um. Suponho que ele também estranhou. Colocou o pequenino no berço e abriu o manto. Colocou a mão do seu pequenininho coração. O pai ao meu lado ficou mais pálido ainda. Não tivera sofrimento demais por um dia? Já perdera a esposa, agora tem que perder o filho? O seu único herdeiro. Não. Era castigo demais. Mas, por algum motivo, a vida e o destino resolveram castigar, duas vezes a mesma pessoa. Scorpius perdeu a esposa e o único herdeiro (n/a: Caso não tenham percebido,  é a Rose que narra a previsão).”

            Ela voltou ao normal. Aquela visão foi em questão de segundos.

- Rose está tudo bem? – perguntou Isabelle. Deve ter pensado que a noticia de sua gravidez foi algo horrível para mim. Nunca me odiei tanto na minha vida, como me odeio agora.

- Tudo bem. Quantos meses?

- Um mês. – ela respondeu feliz. Olhando para a barriga. – Hoje completa um mês.

- Um brinde aos filhos. – disse Jake. Engoli em seco. Brindei. A menina, jovem, de 20 anos, tinha apenas 8 meses de vida?! Eu não vou dizer isso. Não mesmo.

- Isabelle, eu sei o sexo do seu bebe.

- Sabe?! – perguntou ela empolgada. – E qual é?

- É... um menino.

- Menino?! – perguntou Scorpius afoito. Ele abraçou Isabelle. Todos estavam felizes, menos eu. Não, eu estava feliz por saber que minha amiga estava grávida, mas triste por saber que ela vai morrer daqui a 8 meses. Só tem uma coisa que acaba com isso dentro de mim. Música.

- Com licença. – pedi. Levantei-me e fui até o palco. Perguntei ao maestro se poderia cantar uma música. Ele concordou e perguntou que música era. Obviamente para acompanhar. Falei que era uma desconhecida e que não precisa se preocupar. Fiz um feitiço e a música começou.

 

Son what you don't understand?
(Filho o que você não compreende? )

My words might never explained
(Minhas palavras podem nunca ter explicado)

So I am hoping that time I will
(Então eu espero que o tempo o faça)

Things may not go as you planned
(As coisas não vão como você planejou)

Dark clouds might bring you pain
(Nuvens negras podem lhe trazer dor)

But I will be in your heart still
(Mas eu ainda estarei no seu coração)

Telling you

(Dizendo-te)

Don't look down
(Não olhe para baixo)

Don't feast your eyes on things that are on the ground
(Não deleite seus olhos com as coisas que estão no chão)

And if it gets hard to focus
(E se ficar difícil focar)

When you're driving almost at the speed of sound
(Quando você está dirigindo quase na velocidade do som)

Feeling nowhere bound
(Sentindo-se limitado)

Remember what I told you
(Lembre-se do que eu te disse)

And don't you dare look down
(E desafie-se a não olhar para baixo)

Don't look down...

(Não olhe para baixo... )

No father wants his son
(Não há pai procurando seu filho)

To repeat the wrongs that is done
(Para repetir os erros que foram feitos)

I want you to get it right child
(Eu quero que você seja uma criança direita)

I won't always be here for you
(Eu procurei sempre estar aqui para você)

So to yourself always be true
(Assim para você sempre verdadeiro)

And if you get lost
(E se você se perder)

Use your inner light child
(Use seu interior brilhante criança)

Shining

(Brilhante)

I won't always be here for you
(Eu procurei sempre estar aqui para você)

So to yourself always be true
(Assim para você sempre verdadeiro)

And if you get lost
(E se você se perder)

Use your inner light child
(Use seu interior brilhante criança)

Shining

(Brilhante)

 

Don't look down
(Não olhe para baixo)

Don't feast your eyes on things that are on the ground)
(Não deleite seus olhos com as coisas que estão no chão

And if it gets hard to focus
(E se ficar difícil focar)

When you're driving almost at the speed of sound
(Quando você está dirigindo quase na velocidade do som)

Feeling nowhere bound
(Sentindo-se limitado)

 

Almost out of control
(Quase fora de controle)

Burn rubber and not your soul
(Queime a borracha e não sua alma)
Because something is within
(Porque alguma coisa está dentro)

That you can count on when
(Que você pode contar quando)

Better let no hand to hold
(Melhor não deixar sua mão prender)

When the world seems dark and cold
(Quando o mundo parece escuro e frio)

Remember what I told you
(Lembre-se do que eu te disse)

And don't you dare look down

(E não se atreva a olhar para baixo)

 

Don't you dare look down
(Não se atreva a olhar para baixo)

Don't look down
(Não olhe para baixo)

When you're driving almost at the speed of sound
(Quando você esta dirigindo quase na velocidade do som)

Don't you dare look down
(Não se atreva a olhar para baixo)

Don't look down
(Não olhe para baixo)

 

            Bem melhor. Desci do palco. O pessoal batendo palmas. Sorri como agradecimento. Voltei para a mesa.

- Rose, o que foi aquilo? – perguntou Lilian assustada

- Tive vontade.

            Terminamos o jantar. A conversa sobre bebes entre os clãs foi esplêndida. Para eles é claro. Para mim foi um terror. E para completar o dia. Tive uma terceira visão. E esta não foi nada boa. Foi assim.

“Sra. Stone.

         É com muito pesar que comunico a senhora, que a sua filha, Marcely Stone, que esteve em observação por um período de 3 semanas, faleceu hoje as 3:50 da manhã. Por favor, venha o mais breve possível.

Atenciosamente.

Hospital St. Mungus.”

            Minha noite piorou apartir disto. Ter três premonições no mesmo dia, sendo duas sobre morte e apenas uma boa, não foi nada fácil. Voltei para casa e amanhã é um novo dia. Amanhã, será uma nova vida. Mas, algo no meu interior me informava o oposto.