Eu vou conseguir escapar, eu tenho que escapar!

Continuo correndo nessa mata fechada, não escuto mais eles vindo de trás. Meus pés latejam, algumas câimbras me atingem, mas não tenho tempo para isso. O suor escorre por meu rosto, a sede me consome, mas também não posso pensar nisso. Se eu me esconder mais para frente, quem sabe não consigo viver!

As árvores fechadas começam a diminuir, isso me preocupa. Aonde eu irei? Vou pela direita, onde restam algumas árvores, tropeço em alguns galhos, ralo meus joelhos, mas isso tem que ser irrelevante. Tomara que eu tenha despistados eles, eu preciso disso, preciso!

Não suporto mais essa vida, mas quem disse que há outra opção? Sou a única humana sobrevivente, preciso me esforçar, preciso continuar! Não posso deixar eles me vencerem, não posso!

Mudei de direção, agora eu diminuo o passo, com certeza eles já se foram, desistiram das buscas. Eu sou sortuda, ainda bem, isso é bom! Agora vou poder comer as pequenas bolachas dentro do meu bolso, as bolachas que causaram essa confusão.

Oh Não! Achei um lugar bem perigoso para me esconder, por que fui burra assim? Encontro um lugar aberto, sem árvores para esconder, o que farei agora? Preciso sair daqui o mais rápido possível, será que eles ainda me perseguem?

Eu não podia ir para trás, não de novo, precisava correr em frente! Por mais perigoso que pareça, as opções foram embora, preciso encarar esse caminho. Criei forças que eu não sei de onde vieram e caminhei  o mais rápido que pude. Eu precisava fugir.

Será que eles ainda estão atrás de mim?

Eu não tinha coragem de olhar para trás, por mais que a curiosidade aflorasse dentro de mim. A única coisa que eu tinha nesse momento era a audição, e ela me avisou de algo. Clique, clique.

Esse barulho não é bom, eu o conhecia, era barulho de arma, eles estavam se preparando para atirar.  Ah não, eles estão vindo atrás! Por que fui pegar esse caminho?

Olhei para ver qual era a minha desvantagem, eram oito contra mim! Não tinha como, eles corriam bem mais rápido... Aonde vou esconder nesse campo aberto? Para onde eu vou?

Vejo algo na minha frente, uma depressão, quem sabe eu não consigo me esconder nessa baixada? Não parece ser um penhasco, talvez se eu fingisse que morri... parecia de longe uma erosão.

Outro erro, esse é imperdoável! Corro depressa para o espaço, mas sou parada por uma força maior, estou bem próxima de cair. A depressão é um penhasco, é uma masmorra! O que faço agora?

Eles me cercaram, sabiam do caminho melhor do que eu. Por que sou tão burra? Não há mais solução, eu não quero morrer, não posso me jogar, por mais que eu não queira ser possuída, eu não tenho coragem para o suicídio!

- Calma garota, não pule! – Um deles grita para mim.

- Renda-se, por favor! – dessa vez é uma mulher.

Eu não penso duas vezes, me abaixo, encolhendo meu corpo. Quero ficar o menor possível, eles que me levem, mas que façam logo! Sempre fui assim mesmo, fraca, não era dessa vez que eu ia mudar.

- Eu me rendo! Por favor! – Minhas palavras saem como um gemido.

Eles não dizem mais nada, noto que alguém se movimenta para perto de mim, tomara que ele não me bata. Ele espirra algo no meu rosto, algo doce, com sabor de menta. Sinto aquele cheiro e não vejo mais nada... Eu estou morta!