No mesmo dia eu fui correndo arrumar minhas malas mesmo sabendo que só iríamos viajar em uma ou duas semanas, que por acaso, passaram muito devagar.

Ali estávamos, eu na janelinha do avião, minha mãe do meu lado, Wanessa ao lado de minha mãe, meu pai na poltrona ao lado do corredor e a Sophie dormindo no colo de nossa mãe. Finalmente eu estava voltando para minha Salt Lake. Finalmente eu reencontraria o Dan, caso ele ainda morasse lá, claro.

- Senhores passageiros, por favor, apertem os cintos e desliguem os aparelhos eletrônicos. Já vamos pousar. Obrigada.- a voz extremamente  fina da aeromoça me acordou, me assustando.

Descemos do avião e entramos no aeroporto. Ele estava exatamente como eu me lembrava, com restaurantes e lojas com portas e paredes de vidro, as cadeiras macias em azul marinho, e o chão incrivelmente branco e limpo. Levamos algum tempo para acharmos nossas malas – que não eram poucas – e atravessar o saguão principal e achar algum taxi disponível.

Fiquei pensando em como seria nossa nova casa em todo o percurso até ela, mas mesmo assim eu observava a paisagem, cheia de arvores, com folhas secas e avermelhadas no chão, dignas da outono, parques, escolas, igrejas, entre outras coisas dignas de uma cidade.

Me surpreendi ao ver a casa. Não era nada como eu havia pensado, exceto pela cor da grama do jardim: verde. Mas era estranho, pois eles normalmente gostavam de casas pequenas.

- Foi a única da cidade que gostamos – explicou minha mãe.

Respondi um sim com a cabeça, e segui Nessa para dentro da casa, já que ela estava com a chave.

Passamos pela cozinha, pela sala, subimos as escadas. Tinha um corredor gigante, cheio de portas, e em cada porta havia uma plaquinha com nossos nomes ou então, com o que tinha ali dentro, por exemplo, tinha uma plaquinha que estava escrito academia, na outra biblioteca, e assim por diante.

Entrei onde havia meu nome escrito e fiquei maravilhada. A casa já era digna de filme, o quarto era digno, sei lá, de uma rainha, ou princesa? Eu só iria mudar alguns detalhes, como roupa de cama, deixaria as janelas maiores, cortina, e provavelmente os moveis,colocaria uma TV e algumas prateleiras pra colocar minhas coisas, que eu não deixava de levar para nenhuma casa que eu me mudasse, deixando o quarto mais moderno, ou algo do tipo.

Depois de ficar uns 2 minutos estática, observando o quarto e de ouvir um grito de alegria de Wanessa, eu fui em direção a outra porta, o que significava que meu quarto era uma suíte, tinha até uma jacuzzi dentro do meu banheiro! O que mais uma pessoa pode querer?

Normalmente eu ficaria irritada por eles gastarem tanto dinheiro em uma casa, mas eu simplesmente me apaixonei por ela.

Depois de ver o banheiro, abri a maior cortina que tinha ali, e atrás dela, havia uma porta de vidro dando na varanda. Quando fui até a beirada, fiquei maravilhada com a piscina que era metade coberta e metade descoberta, com um escorregador para a Sophie.

Fui guardar minhas roupas e meus badulaques, e depois fui tomar banho. Me vesti, desci as escadas, e procurei a cozinha que eu tinha esquecido onde era, mas que eu achei sem muito esforço. A mesa já estava posta, tinha pães, leite, yogurt, requeijão, manteiga, frios, suco de laranja e frutas, como morango, banana, maçã, pêra, entre outras. Aquilo não parecia um jantar, mas sim um café da manhã.

Era domingo, no dia seguinte eu iria para a escola, então pensei em ir direto para cama, mas como eu havia dormido no avião, eu coloquei meu pijama já ficando pronta para dormir, e fui para o jardim. Pelo tamanho do terreno, ali deveria ser uma chácara das grandes, ou um sitio dos minis. Tinha varias arvores e depois tinha uma cazinha como se fosse a de um caseiro. Ela parecia abandonada.

Cheguei bem perto dela, e aquilo não me parecia mais uma casa, me parecia um estábulo. Era estranho ele estar ali - ja que pelo preço da casa, o morador normal não teria um cavalo, mas como eu não era normal, eu pediria um, ou dois, ou três, enfim, encheria aquele estábulo de alegria – escondido atrás das arvores, onde não dava para ver da casa. Voltei

para onde tinha um banco de pano –tipo uma rede - que balançava, mas que não era um balanço, pois cabia umas três pessoas. Fiquei ali por algum tempo, observando as estrelas até o sono vir. Quando ele veio, fui dormir.