Era noite, e Setsuna estava no jardim em frente aos dormitórios, posicionando-se frente à Árvore do Mundo. Lembrara de Konoka, e seu rosto corara.

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Perto do meio dia, logo após almoçarem, Konoka chamou Setsuna, de repente, para um canto do quarto, afastando-se de uma pequena discussão de Asuna com o professor Negi. Asuna o chamava de criança, e fazia ´carícias´ na sua cabeça, afastando todo o seu cabelo da testa de forma agressiva. Tudo por Negi ter dito que as comidas que Konoka fazia era muito melhor do que as dela.

Setsuna havia estranhado o olhar da garota por todo o almoço.
Ela pareceu preocupada com algo.

Após se deixar ser levada pelo doce braço da amada, Setsuna sentiu a expressão de Konoka transformar-se da água pro vinho, e pôde perceber uma angústia saindo da sua voz, rouca e gaguejante.

- S-set-chan, eu...

- Tem algum problema, Kono-chan? - Interrompeu a garota, já preocupada.

Konoka a encarou docemente. Essa preocupação da garota por ela era uma das coisas que mais lhe agradava. Era tão meiga, sempre solícita, e querendo desesperadamente seu bem. Se preocupando até demais, pelas coisas mais bobas. Setsuna a amava muito, e ela sabia disso. Só não imaginava o quanto, e a intensidade desse amor.

Konoka sentira na casa de banho todo o calor de Setsuna em seu corpo, e isso a abalou. Ela não mais sentia a garota como uma amiga, mas como alguém que ela queria estar perto para sempre. Como alguém que ela queria que estivesse ao seu lado para sempre. Seus sentimentos ainda lhe pareciam confusos, principalmente em relação ao súbito desejo que teve de beijar a garota no seu reencontro. Aquele toque macio de sua pele... Konoka estava evidentemente confusa.

Mas, visto a preocupação da sua Se-chan, apenas sorriu, acalmando a protetora.

- Está tudo bem.

Konoka, não-intencionalmente, mordeu suavemente os lábios, e Setsuna, que a encarava inocentemente sentindo-se feliz por percebê-la com o doce e habitual sorriso de sempre, típico da família Konoe, desviou imediatamente seu olhar. Sua mente ficou paralisada naquela linda imagem.

Konoka não percebendo a reação da outra, continuou.

- Eu estou tão feliz que você está de volta.

Konoka não resistiu ao impulso de abraçá-la novamente.
Setsuna ficou atordoada com as reações de sua amada.

 "Ela parece ter algum problema... mas porque não me conta?"

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Asuna observou a cena, e atraiu a atenção de Negi e Kamo para que não percebessem o que estava acontecendo, para evitar assim um constrangimento geral.

Um tempo depois, ao ver Konoka levar os pratos para a cozinha, pediu que Setsuna esperasse na sala, que ela precisava falar com Konoka. Entrando na cozinha, viu a amiga entretida em seus pensamentos.

- Konoka.

- Oi, Asuna.

- Amiga, eu... Preciso te dizer algo.

Konoka olhou, frizando a sombrancelha. De repente ficara preocupada.

- E eu preciso te agradecer por ontem.

Konoka sorriu, tentando aliviar o clima. Asuna, que estava séria, sorriu também, corando-se bruscamente. Se forçou a esquecer o que houve, para não se lembrar da momento vergonhoso que passou, dormindo abraçada com a amiga, mas Konoka acabou trazendo suas lembranças de volta.

- Ah... v-você p-p-percebeu. E-está tudo bem, amiga é para essas coisas.

- É que eu estava... sem a Se-chan... eu... fiquei insegura...

Asuna sorriu, aliviada. Sentiu a quase declaração de amor de Konoka por Setsuna, em suas palavras, e usou-as como deixa para prosseguir seu assunto.

- É sobre isso que quero conversar. Eu vi... vocês... hoje de manhã.

Foi a vez de Konoka corar violentamente, desviando o olhar de Asuna, que estava com um ampliado sorriso no rosto.

- E-e-e-eu... f-fui no b-banho a-ai a e-e-encontrei, e...

Asuna se aproximou de Konoka, e pegou em sua mão. Com o carinho da amiga, ela se acalmou aos poucos. Konoka estava evidentemente sem graça, e nervosa, porém não teria motivos para isso. Estava assumindo ainda mais suas intenções por Setsuna, já que na realidade nada acontecera realmente.

- Eu já havia percebido. Fica calma... Está tudo bem.

Konoka de repente percebera o quanto era importante a presença de Asuna em sua vida.
Sempre tão amiga, companheira e leal, era uma pessoa que não gostaria de perder nunca.

- Eu estou tão confusa. - Disse Konoka, virando-se para os pratos, evitando o olhar de Asuna - Eu senti tanta a falta dela, foi como se meu coração tivesse se partido no meio... e como se ela tivesse levado uma parte com ela. Ficava lembrando, pensando... Nela. Era ela... Sempre ela. E quando eu a vi, hoje, eu...

Asuna percebera pela voz de Konoka que ela estava extremamente nervosa. A voz falhava, e ela evitava de todas as formas encarar a amiga enquanto conversavam. Asuna resolveu ajudá-la, radicalmente - como é do seu feitio -, fazendo-a perceber diretamente o 'problema'.

- Você está apaixonada por ela?

Konoka nada respondeu. Apenas acenou timidamente com a cabeça ainda virada para os pratos, concentrando-se obcessivamente no movimento de lavar os pratos, na inútil tentativa de esquecer o que estava dizendo.

"O que eu estou dizendo? Apaixonada... por Se-chan. Por uma garota... Eu... Se-chan... Sim... É verdade... A forma que eu... Eu a amo..."

- Quando eu a vi hoje, eu... me senti tão segura novamente. Tão feliz. Meu coração acelerou de uma forma que nunca tinha sentido antes. E eu a abracei... E simplesmente não conseguia mais soltá-la. Por mais que minha consciência dissesse que podia parecer meio estranho, eu não conseguia... E, falando a verdade, eu também não queria. O meu coração queria mais.

- Fico feliz em ouvir isso.

- Feliz? - Virou o rosto para Asuna, instantaneamente, devido ao seu susto. - Como você pode estar feliz? Eu estou apaixonada pela minha melhor amiga! E, pior... Nem sei se ela sente o mesmo por mim.

Asuna, irritada, pensara "BAKA, BAKA, BAKA!!! Agarre-a logo, sua BAKA!!!", mas, estranhamente controlada, disse pausadamente:

- Feliz. Por que ela é louca por você. Só você que não percebe.

As palavras de Asuna lhe impressionaram. De repente em sua mente só vinham lembranças dela com Setsuna. Coisas que ela não havia percebido antes mas que agora lhe faziam todo o sentido. Realmente Asuna poderia estar certa. Mas não tinha certeza...

Asuna continuara.

- E eu não vejo nenhuma pessoa ser melhor para você do que ela. A forma como ela cuida e quer você, é admirável. Eu a admiro por isso. Ela é carinhosa, amorosa com você, e na hora de protegê-la, arrisca a própria vida, insanamente. Tudo pelo amor que sente. Mesmo que você nem se importasse mais com a sua existência, ela continuaria te protegendo. E tudo isso porque... Ela te ama, Konoka.

Konoka sentira um arrepio na espinha. Lembrar dos perigos que Setsuna enfrenta para defendê-la, sempre lhe parece como uma agressão à faca. Mas embora não goste de pensar nisso, percebera aonde Asuna quis chegar, e que até fazia sentido.

- E como você sabe?

Asuna sorriu.
"Ela é verdadeiramente uma BAKA!"

- Quantas vezes ela pareceu rosada quando você pulava em seus braços, impulsivamente? E quando ela gaguejava quando você pedia que ela não te deixasse nunca? Você não lembra mesmo daquele rostinho de cachorro abandonado que ela fazia pra você toda vez que você passava por algum perigo? E a força... daonde você acha que ela tira a motivação quase insana em protegê-la, a ponto de arriscar sua vida, sem nem pensar no risco. Konoka! Ela te ama!

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E assim o dia se passou. Setsuna estava à espera de Konoka que tinha marcado um encontro com ela às 8 da noite em frente à arvore do mundo.

Konoka precisava vê-la ainda hoje. Tinha planejado formas para tentar sentir a intensidade do amor de Setsuna. Precisava sentí-lo. Melhor ainda, precisava sentí-la por perto. Precisava responder às suas dúvidas.

Maquiavélicas e astutas, Asuna e Konoka haviam combinado uma forma de descobrir se o sentimento de Setsuna era o mesmo que o dela. Konoka exitara, mas acabara concordando com a idéia da outra.

Fora a única maneira que Asuna achou de colocar na cabeça da amiga a verdade, de uma vez por todas. Impaciente, ela não aguentava mais o drama daquele casal.