Asuna imediatamente compreendeu. As meninas estavam em perigo, e correu em direção aos dormitórios, enquanto os outros continuavam guerreando entre si. Negi continuou filtrando a quantidade de pessoas, jogando explosivos em cada pequeno ou grande grupo de magos que se formavam. Konoemon e os outros professores continuaram fazendo feitiços tentando retardar ao máximo a aproximação deles, e desacordando-os com golpes de luz.

O ministro já havia passado pelos estudantes que ficaram responsáveis pelo 1º andar, verificara os dormitórios a procura da jovem silenciosamente, e agora partia para enfrentar os do 2º. Todos os alunos dos dormitórios pareciam bastante assustados com o barulho, e alguns cardíacos ou simplesmente muito feridos haviam até mesmo sido medicados pela enfermeira, para não saber do que acontecia. Para todos os acordados, o ministro se apresentava, fingindo-se de bonzinho, e assim que percebia que a maga não se encontrava no lugar, passava para o próximo.

Quando finalmente seguira para enfrentar os estudantes do 2º ano, ouvira um barulho vindo do corredor anterior. Olhara, e nada vira. Era Asuna, que tentava achar um jeito de passar por ali sem ser vista. O ministro continuou seguindo em frente, e encarou os estudantes, que logo foram nocauteados. Apenas um, entretanto, continuou firme, enfrentando Tezuka. Se chamava Hitochi Kimura, e tinha 18 anos. Asuna aproveitou esse momento para passar despercebida por Tezuka, indo em direção ao 3º andar aonde estaria Konoka. Hitochi jogou raios de luz em direção a Tezuka, que as capturava, e as enviava de volta, levando o rapaz a precisar se esquivar delas.

– Você é bom. - Instigou Tezuka.

– E você deveria ser melhor. - Provocou o jovem rapaz, que continuava se esquivando dos ataques do velho senhor.

– Oh, meu jovem, eu até poderia passar mais tempo aqui com você, mas preciso terminar com isso.

Tezuka lançou um rápido feitiço mudo e jogou no rapaz uma lança de cordas que se prenderam instantaneamente em Hitochi. Preso, ele não conseguia mais reagir, e Tezuka seguiu destino por todos os dormitórios do 2º andar.

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Asuna chegou finalmente ao dormitório, e encontrou Setsuna e Konoka sentadas na cama, tensas.

– Sou eu, está tudo bem. - Disse, ao ver a expressão assustada de todos. - Que bom que você está bem, Kono-chan. O ministro está vindo pra cá. Temos que sair daqui.

Konoka se aproximou de Asuna, e disse.

– Deixa eu ir até ele. Termino essa guerra de uma vez.

– Não recomece com isso, Konoka-san. - Falou Kamo, já entendiado.

– Você está doida? Você sabe que minha função é protegê-la, e isso é tudo que irei fazer. E além do mais, você é minha melhor amiga. - Admitiu Asuna, corando. - Preciso te entregar isso.

– O que? - Disse, tocando no teletransportador, que lhe dera uma súbita recordação de sua infância, no qual o avô lhe mostrara o objeto e lhe explicara que algum dia aquilo poderia ser necessário para mantê-la protegida.

– Mas isso... - Tentou lembrar Konoka.

– Sim. - Confirmou Asuna, com os olhos marejados. - Agora vamos sair daqui.

Asuna abriu a porta e observou o corredor que ainda continuava vazio, fugiu com os três para o 5º e último andar, onde se situava a biblioteca do colégio.

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Instantes depois, Negi e os outros conseguiram finalmente eliminar os últimos guerreiros que restava no salão principal. Porém, quando pensou que estava ganho, Yoshiyuki Tomino despertou do sono profundo, e se transformou em um animal enorme, do tamanho de um dragão, e começou a soltar fogo por todo o lugar.

Konoemon subiu as escadas correndo, preocupado com a demora de Asuna, já que naquele momento eles precisariam da força dela para competir à altura com aquele animal. Negi e os professores tentavam sem sucesso se desvencilhar do rabo do animal que os atingia a todo momento, jogando-os de um lado para o outro. Lá em cima, o diretor encontrou Hitochi, e o desamarrou.

– Aonde Ozamu foi?

– Subiu.

– Asuna! - Disse, enquanto corria até o próximo andar, sendo seguido pelo bravo estudante.

O ministro já estava seguindo para o 4º andar, quando Konoemon chegou para enfrentá-lo:

– Você não é páreo para mim, Konoemon. Sabe disso.

– Porque eu não sou uma má pessoa, amigo. Não faço coisas com a intenção de machucar os outros.

– Nem eu. Apenas quero o que me pertence. A força suprema, que se encontra em sua neta.

– Você não irá tocar um dedo nela, terá que passar por mim primeiro.

– Pode ter certeza que passarei. E vejo que você já está de volta. - Falou, referindo-se ao jovem Hitochi, que dera um salto mortal, e se colocara em direção às escadas que davam ao último andar. - Não costumo deixar quem briga comigo vivo, sinta-se honrado.

E assim, a luta com o Ministro recomeçou, enquanto Asuna desceu as escadas, os viu e se escondeu. Não poderia ser vista. Geraria mais suspeitas daonde Konoka estaria. Foi quando ouviu um grande barulho e um tremor violento vindo do pátio principal, quando avistou Negi tentando fazer com que um grande dragão se afastasse do Colégio.

Agora era o momento de agir, seu amigo precisava dela. Pulou janela abaixo, se segurando nos astros. Tinha apenas alguns instantes para chegar lá, Negi não conseguiria resistir por mais tempo, acabara de ser jogado em direção à floresta. Logo Asuna chegou até eles, e estabeleceu parceria com Negi, ficando mais poderosa. Em seguida, fora até o monstro, e lutara com ele de modo violento, até conseguir derrubá-lo. Yoshiyuki Tomino, bem mais fraco, retomara sua forma normal, e Asuna continuara tentando lutar contra ele.

Enquanto isso, Konoemon havia sido atingido no braço por Ozamu e caiu no chão, enquanto Hitochi fora jogado escada abaixo com um forte golpe de varinha que recebera. E, assim, o ministro seguira até onde estaria Konoka e Setsuna.

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Kamo, que estava observando tudo acima da escadaria, veio até Konoka e Setsuna, que estavam sentadas um pouco atrás da porta da biblioteca.

– Eles estão lutando, Konoka-san. Eles estão lutando.

– E quem está ganhando? - Perguntou Setsuna, preocupada.

– Não demorará muito para o Ministro subir. Me perdoe a sinceridade, mas o diretor está muito velho, e muito fora de forma, enquanto o jovem rapaz... tem talento, mas é muito inexperiente. O ministro tirará de letra, e virá até nós.

– Que venha. - Desejou Konoka, sinceramente. - Vou terminar com isso, e tendo a mim, ele não precisará fazer mal a vocês.

– O que é isso que Asuna te deu? - Perguntou Setsuna vendo assustada todas as imagens que passava da vida de Konoka no teletransportador. Inclusive imagens com a espadachim.

– Um teletransportador. - Disse, entregando-o a Setsuna. - Veja. Ele mostra imagens de sua vida.

Setsuna o tocou, e de repente vira cenas de sua vida, sempre ao lado de Konoka. Fosse quando pequenas, chorando em desespero e jurando protegê-la, fosse já mais adulta, abraçando-a no banheiro após retornar de uma viagem de reconhecimento. Uma forte luz branca saíu do mecanismo, e Setsuna sentira um forte arrepio na espinha, ao mesmo tempo em que ouvira o relampejar de um golpe que fora capaz de jogar a porta da biblioteca longe.

– Konoka, em carne e osso. Finalmente. - Ironizou o ministro, recebendo um olhar sério e frio da maga. - Ora, ora, ora, se não é a sua querida espadachim. Imaginei que estivesse morta. Pelo visto Konoemon não é um velho tão inútil como imaginava, ele é capaz de umas boas mentiras. - Disse, rindo, enquanto direcionava sua varinha para Setsuna.

– Não! - Konoka gritou, e se posicionou na frente de Setsuna, em sua defesa - Eu vou com você. Me leve. Acabe com isso de uma vez. Mas não faça nada com ela.

– Vejo que o seu amor por ela é realmente verdadeiro. A ponto de preferir sua própria destruição, a perdê-la.

– É. Eu amo Set-chan acima de tudo.

– Kono-chan. - Expressou Setsuna, em uma voz abafada, que foi ignorada por todos em sua volta.

– Você não fará nada a ela. Eu me rendo, e vou até você pacificamente. Por favor, não a faça nada. Ela nunca fez nada para merecer essa vida. Tudo que ela sempre fez foi querer me proteger por amor.

– Te dou a minha palavra, embora não ache que ela valha de alguma coisa, nessas condições.

– Realmente não vale. - Falou Setsuna, saindo de trás de Konoka repentinamente, e partindo em uma velocidade absurdamente rápida até o Ministro e o golpeando com sua espada.

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Yoshiyuki Tomino finalmente caíra no chão desacordado. Com muito esforço, e com a ajuda de Negi que finalmente recobrara a razão e lhe aplicou um feitiço para deixá-lo paralizado por alguns instantes, Asuna conseguira lhe atingir.

– Finalmente... eliminamos o braço direito do ministro.

– O ministro! - Lembrou Asuna, assustada. - Tenho que ajudar o diretor! Negi, fique aqui cuidando desse cara. Lembre-se que ele é um animago, ele pode tentar se camuflar por aqui, não o deixe fugir.

Antes de sair, Asuna correu até o amigo, e lhe deu um rápido abraço que o deixara vermelho. Em seguida, correra em direção ao castelo, enquanto Negi a observava ainda lhe faltando o ar, de tamanha exaustão. Aquela batalha havia sido a mais dolorosa e cansativa que já havia enfrentado, sem dúvida alguma.

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Ozamu se levantou da queda, e viu Setsuna que agora se posicionava de frente à Konoka, protegendo-a.

– Vejo que aqueles machucados não foram o suficiente. Você ainda quer mais.

– Eu não vou deixar você fazer mal a Kono-chan nunca mais!

– Set-chan, você voltou? Lembra de tudo? - Perguntou Konoka, angustiada. Sabia que não era o momento, mas precisava compreender o que acontecera.

– Sim, Kono-chan. Aquele mecanismo de algum modo me fez lembrar de tudo que havia esquecido. - Respondeu, sem tirar os olhos do Ministro, não poderia perdê-lo de vista.

– E você acha que é capaz de me enfrentar? Eu sou o Ministro da Magia, sua ninfeta.

Setsuna voltou a se dirigir com velocidade até o ministro que dessa vez, preparado, reagiu, jogando-a de volta, perto de Konoka. A jovem maga fora até ela e a abraçou, gritando.

– Me leve, mas não a machuque mais! Por favor!

– Kono-chan, não. Para com isso.

– Não quero mais te fazer sofrer, Set-chan.

– E quem te disse isso? Eu sou feliz apenas por ter você. - Setsuna beijou Konoka no canto da boca, e depois se levantara, com toda sua força.

Era evidente a diferença de forças entre os dois lutadores, porém Setsuna tinha uma vantagem a seu favor. O sentimento que nutria pela maga, e o medo de perdê-la, a deixava mais forte para enfrentar quem quer que fosse. Talvez por isso ela fosse uma espadachim tão poderosa, porque Konoka lhe transmitia essa força, com sua simples existência.

Setsuna abriu suas asas, e sua espada brilhou, em sinal de força total. Fora em alta velocidade em direção a Ozamu Tezuka, e antes de se aproximar, mudara de direção para enganá-lo, e quando o ministro a procurou, confuso, retornara e lhe golpera com a espada. Sangrando, o homem finalmente caiu no chão, abatido. Konoka fora até Setsuna, e a abraçara bem forte.

– Você me salvou mais uma vez, Set-chan! - Disse, enfiando a cabeça no ombro da espadachim, e beijando-a no pescoço. Setsuna ruborizou, obviamente.

Nesse momento, chegou Asuna e um Konoemon ferido para ver o que estava acontecendo.

– Ah, eu sempre chego no final da festa. - Considerou Asuna, parecendo chateada, provocando um quase riso no diretor.

Pouco depois, Negi também apareceu garantindo que o animago havia sido preso pelos amigos de Konoemon do Conselho da Magia, e que já viriam buscar o ministro. Hitochi apareceu também, e o diretor o agradeceu.

– Você foi um valente soldado, e eu tenho certeza que será um bom profissional de defesa contra a magia negra.

– Obrigada, diretor.

– E se você quiser, já tem um emprego de segurança desse Colégio.

O jovem fora recompensado pelo seu leal serviço, e dera um abraço no diretor, e depois em Negi, que não entendeu nada do que estava acontecendo. O diretor vira as meninas juntas, e decidira se afastar dali, para deixá-las a sós. Deixara Hitochi e Negi ocupados, ajudando-o a retirar o ministro da magia do chão, e levando-o para o andar de baixo.

Enquanto isso, ainda no local, Asuna via Kamo se aproximando de Setsuna e Konoka. Estava tão cansada, que até a idéia de ir pegá-lo, não lhe parecia a melhor naquele momento. Tudo que precisava era de uma boa comida, e de uma boa noite de sono.

Konoka e Setsuna se afastaram por um instante, e se observaram.

– Agora você estará a salva, Kono-chan.

– Até quando? Outro sujeito aparecer? Não quero mais te fazer viver assim, Set-chan.

– Mas eu quero isso. Desde criança, jurei te proteger até o fim. Quero ficar com você, e se para isso for preciso morrer, aceito as consequências. Eu te amo, Kono-chan. E eu bem que tentei, mas não sei viver longe de você.

– Eu amo você, Set-chan. - Respondeu, sussurrando no ouvido de Setsuna, que ruborizara violentamente.

– Eu sei. E acho que sempre soube disso. - Setsuna sorriu, muito tímida.

Konoka de repente se aproximou de Setsuna, de modo que os rostos se encontraram, e as duas se entreolharam, vermelhas. E finalmente, Konoka tomara coragem e roçara levemente os lábios nos de Setsuna, que não tivera como reagir de outra forma. Fora o que sempre esperava, e mesmo sabendo que ainda estariam em público, a saudade que sentira da maga por tanto tempo longe, a levara a tomar uma atitude impulsiva. Segurou Konoka gentilmente pelos cabelos, e a conduziu para um beijo um pouco mais rápido, um pouco mais intenso.

Enquanto parava por um instante, decidindo se ia ou não, observara Kamo se aproximando mais e mais das jovens, que de repente se beijaram. Asuna ficou vermelha com o que estava vendo, enquanto Kamo estava pálido de emoção com tudo que via. Foi quando Kamo correu até os pés de Konoka, para visualizar a cena de baixo, que Asuna finalmente conseguira reagir, seguindo-o e pegando-o com toda a força.

A movimentação separou Konoka e Setsuna que começaram a rir da briga da discussão da ruiva com o arminho, que agora o amassava dentro de suas mãos.

– Ahhhh, seu arminho tarado! Eu vou te matar! Você atrapalhou o beijo das meninas? Seu mal educado! .........

E assim, Asuna continuou por muito tempo, mas Konoka e Setsuna não se preocupavam mais com o que estava havendo ao seu redor. Se aproximaram novamente, em outro beijo, dessa vez mais calmo. Sem pressa, sem desespero.

Agora que elas finalmente sabiam do que uma sentia pela outra, as duas entendiam o que desde crianças o coração lhes falava. Lembrara de tudo que o avô lhes dissera quando menores, e compreendera o que queria dizer. O destino delas teria sido traçado, e juntas, elas romperiam qualquer barreira, e o amor delas seria capaz de destruir qualquer obstáculo, qualquer inimigo. E agora, apaixonada, Konoka faria com que aquela vida de perigos constantes de sua protetora valesse ainda mais a pena.