Não, não poderia ser uma tatuagem. É impossível um vampiro normal ter uma tatuagem antes dos 16 anos, muito menos uma meia vampira igual á mim. Bom, ninguém nunca tinha visto um meio-sangue antes, sendo assim, talvez seja normal uma tatuagem ter aparecido antes dos 16 anos, como a professora disse – pelo menos eu espero.

Aquelas duas aulas que duravam somente umas duas horas, pareciam ter levado dias para acabar. A aula inteira a professora ficou discutindo com a classe sobre as tatuagens e como foi quando ela ganhou sua própria. O sinal tocou, todos se levantaram e começaram a conversar. A professora já havia saído da classe, agora teríamos uma aula de Matemática, o intervalo, uma aula de Química e duas de Educação Física.

A aula de Matemática passou voando, já que era boa em fatoração e fiz as lições antes de todos. O intervalo: Normal. O pátio do colégio era bem amplo, tinha uma área coberta onde ficava a cantina e algumas mesas, na parte descoberta havia um grande gramado com árvores e um piso cimentado passando bem no meio, levando á outra parte do pátio, onde havia mais mesas e um pequeno lago. Bah, escola de riquinhos. Eu fiquei bem separada de todos, me sentei em baixo de uma árvore um pouco distanciada da multidão e fiquei só observando até acabar o intervalo.

A aula de Química era exatamente igual á Ciências: Chato. Só ficamos misturando e misturando uns líquidos coloridos, e o pior foi que eu tive que fazer par com uma garota nerd, aquela que respondera a professora na aula de Ciências, acho que se chamava Marcela. Pelo menos ela fez toda a lição, enquanto eu observava Alice mais se divertindo com Michael do que fazendo a lição. Demorou um pouco até a aula acabar.

Cerca de uns 10 minutos depois do professor de Química ter saído, o professor de Educação Física chegou. Ele era alto, um pouco moreno e tinha cabelos bem curtos. Ele parecia muito com meu antigo professor em Genemise.

– Desculpem pelo atraso, tive alguns imprevistos. – ele falou, colocando suas coisas sobre á mesa – Bom, hoje vamos aprender uma coisa que vocês gostarão muito, acho que tanto os meninos quanto ás meninas.

– Epa, hoje agente só vai aprender coisas legais é? – Falou o mesmo menino que Caleb praticamente chingou ao chegar atrasado.

– Oras, já que estamos no meio do ano as matérias ficam mais interessantes – o professor foi até a lousa e pegou um giz – OK, vou explicar. Esse trimestre nos focaremos em aprender... – ele escreveu uma frase na lousa, “Armas Invocacionais Vampíricas”.

Houve uma algazarra geral na sala, todos falavam animadamente com seus amigos, imaginando como seria sua arma ou fazendo qualquer tipo de pergunta ao professor, que parecia estar ficando tonto no meio de tanto falatório.

– Silêncio! – o professor gritou, todos se calaram imediatamente – iremos descer até a quadra para eu poder explicar melhor.

Todos se levantaram e saiam da sala em grupinhos seguindo o professor, até a sala ficar quase vazia, só restando eu e aquele menino rebelde, o tal de Caleb.

Ele ficara me observando um tempo, eu fingia que não estava vendo, até que ele seguiu e saiu da sala, descendo para a quadra.

Segui-o, passamos pelo pátio do intervalo até uma grande quadra, rodeada por árvores e sem nenhuma rede de proteção em volta.

Todos os alunos estavam concentrados no centro da quadra, onde o professor explicava mais sobre as Armas Invocacionais Vampíricas, nas quais todos estavam ansiosos em descobrir. Cheguei no meio da explicação, mas consegui acompanhar.

– Um vampiro não pode escolher sua arma, a arma que escolhe o vampiro. Ensinarei-lhes como invocar tais armas agora. Dêem-me espaço - depois de todos se afastarem, o professor fechou os olhos e respirou fundo, segurou o pulso direito firme e praticamente bateu a mão no chão – Arma Primária, INVOCAR! – um círculo mágico rodeou o professor, tinha um brilho verde escuro, então a arma se materializou em sua mão, via-se com o professor com uma bela espada samurai – Viram? É assim que se faz as coisas.

Cinco segundos depois, só ouviam-se vários “Oooooh!”s e “Uoooou!”s vindos dos alunos, todos estavam ansiosos para tentar isso, principalmente os garotos.

– Bem, vou explicar como funciona para descobrirem sua arma – o professor colocou sua espada encostada no chão e apoiou-se nela, parecendo que queria fazer tipo – Primeiro Passo: Concentre-se, isso é um passo fundamental para achar a arma. Segundo Passo: Encontrar sua própria forma de invocar sua arma, ela tem de ser definida por você. Terceiro Passo: Concentre sua magia em sua mão, então fale “Arma Primária, INVOCAR!”, logo em seguida a arma aparecerá. Simples, não?

Há, legal. Agora os vampiros podiam usar magia? Ninguém me avisou que ia virar uma MagaVamp ou algo do gênero.

No momento em qual o professor terminou de explicar, só dava pra ver um arco-íris de invocações em todos os lugares da quadra. Nunchakus, Espadas, Arcos-e-flechas, Lanças... Apareciam todo tipo de arma possíveis, algumas que eu nem sabia que existiam.

– Bem, vamos lá – Disse eu. Fiz o que o professor mandou, me concentrei e tentei criar uma posição para a invocação. Estiquei os braços na frente do corpo e cruzei-os, formando um X e com as mãos abertas. Foi a primeira posição que me veio em mente. Abri um pouco o olho direito e vi Alice invocando uma Balista, que era algo como uma arco-e-flecha em tamanho GG. Concentrei-me de novo na minha invocação, fechei os olhos e tentei manter a tal “magia” que o professor falou na área dos braços. Esperei até ficar pronta, então – Arma Primária Vampírica, INVOCAR! – gritei com convicção, várias pessoas olhavam pra mim enquanto o circulo na cor roxo claro me rodeava, esperando que uma arma ridícula aparecesse, como um estilingue ou algo do tipo. Senti um peso em minhas mãos, abri os olhos e vi duas espadas aparecerem, elas eram de tamanho mediano e tinham pingentes de estrela pendurados em sua base.