Anos Dourados escrita por Pipe


Capítulo 6
Prata da Casa




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CAPÍTULO 05 – A PRATA DA CASA

 

_ Planejamos um truquezinho de mágica, Kanon e eu, aproveitando da nossa condição de gêmeos...

_ Por dois anos seguidos – riu Aioros – Opa, desculpa aí, a história é sua.

_ Ah, bom... Então vamos lá, está o aprendiz de Gêmeos aqui no palco, se apresentando, comunicando à platéia atenta que vai desaparecer aqui e aparecer lá, no fundo do público. Eu ia me esconder embaixo da mesa e o Kanon deveria aparecer, nada mais prático e simples.

_ Sim, e daí? – perguntou Shiryu

_ Oras, aquele cabeça oca a quem chamo de irmão, na primeira vez ficou assistindo de boca aberta e se esqueceu de ir para o lugar que combinamos. Da segunda, uma menina que ele estava xavecando apareceu bem na hora em que eu “desapareci”. Ele parou para namorar e perdeu a deixa. Nunca mais me apresentei...

Risadas. Aioros se lembrou que o único ano em que participou, ia levar Aioria junto com ele. Leão quase chorou de rir:

_ Eu me lembro. Íamos fazer a cena famosa de Guilherme Tell.

_ E fizeram? – Shun arregalou os olhos. Seiya se debruçou perguntando ao Shiryu que cena era essa.

_ Minha mãe não deixou, na última hora. Acha que eu ia errar a flecha?

_ Pelo sim, pelo não, mudaram a apresentação para “Aioros, o garoto que acerta três flechas na mosca!” E a cabecinha do Leão aqui, aos quatro anos, foi salva pela ansiedade materna.

_ Heya! Mas o melhor Seu talento foi na nossa época. Milo foi um grande acrobata, vocês não sabiam? – brincou Shura.

_ Principalmente quando se joga um pouco de serragem no nariz dele... – riu Máscara da Morte.

_ Sabotadores! – rosnou Escorpião. – Mas eu sei até hoje fazer aquilo, querem ver? – E pegou três laranjas, demonstrando seu talento infantil não reconhecido, recebendo aplausos.

_ E o senhor, Mestre Camus, participou desse show de talentos? – perguntou inocentemente Hyoga, que espantou ao vê-lo ficar vermelho de vergonha.

_ Ah, hm...eu... declamei alguns poemas...

_ Oh, sim. Rimbaud, Baudelaire e Victor Hugo. Aquela vez do Desejo ficou em minha mente até hoje – Afrodite piscou seus sonhadores olhos azuis. – Assim como Shurinha declamava Garcia Lorca e era ótimo ator de teatro.

_ Putz! Lembrei do “Romeu & Julieta” – riu Máscara da Morte. – Escutem essa, que seria uma comédia, senão fosse uma tragédia. Em um ano, Saga quis que os cavaleiros de ouro fizessem uma coisa só e escolheu uma peça de teatro, essa caca romântica. Até eu entrei no rolo, fazendo o papel do padre que mata os babacas... Mas o melhor de tudo foi que o escolhido pra fazer o Romeu foi o Camus...

_ Es la más pura verdad, hermanitos... Um Montecchio que falava francês, primo de um grego safado que não decorava uma fala, né, señor Milo?

_ Idéia horrível. Imagine a desgraça que é para um moleque de doze anos fazer teatro...

_ E você nem era a ama da Julieta... – resmungou Shaka do seu canto, fazendo todos rirem.

_ Agora espere. – Shiryu olhou em volta da mesa. – Quem era a Julieta? Não me digam que era... – Seu olhar cruzou com olhos azuis piscinas divertidos – Afrodite?

_ Seria a glória, meu amor, mas não. Eu era a mãe da Julieta. O pai era o Shura. O Aldebaran era o pai do Romeu, o Aioria o outro pretendente da Julieta...

_ Mas quem era a Julieta? – gritou Seiya impaciente... – Se não era Afrodite, então... então...

Todo mundo já estava há muito tempo olhando para um Mú vermelho de vergonha, que sorria constrangido.

_ Era eu, com uma trança enorme, feita com aplique e um vestido em que eu vivia pisando na barra, caindo nos ensaios e desesperando nosso diretor... Oh, Romeu, Romeu, onde estás?

_ Je suis ici, ma belle Juliete... Daí tem uns troços de rouxinóis que cantam e cotovias que anunciam o dia... – Camus abanou a mão, descartando o supérfluo. – Bom, então, no dia, essa Julieta estabanada já conseguia andar com o vestido sem cair, o padre já xingava menos, Mercúrio já falava algo na seqüência. Tudo tres chic, tres parfait, até que chegou na cena da morte da Julieta. Eu só tinha que colocar meu rosto próximo do dele, fingindo que o beijo, foi assim que ensaiamos...

_ E? – perguntou um Shun ansioso, a mesma dúvida nos olhos de todos os cavaleiros de bronze.

_ E que nos ensaios não tinha um pentelho chamado Misty de Lagarto. – bufou Afrodite. – Ao ver o Camus fingindo beijar o Mú ele deu um grito na platéia e disse alto: “Oh, minha deusa! Porque não me chamaram pra ser a Julieta? Eu beijaria você, meu lindo francês, sem problemas!”

_ Daí essa outra biba ciumenta respondeu, lá do canto dela: “Acha que ele ia se rebaixar a tanto? Ele é um cavaleiro de ouro, ramelenta. Se fosse o caso, eu o beijaria!” – Aioria ria, ao se lembrar. – Logo Misty e ele estavam batendo boca na beirada do palco, logo o outro encardido tinha subido e pulado em cima de Afrodite, querendo arrancar os seus cabelos arrumados e de repente, já estavam rolando pelo palco, se tornando o verdadeiro espetáculo da noite.

_ Ai, Afrodite... – Shun balançou a cabeça... – Seus mestres ficaram muito bravos?

_ Bem... – Afrodite mordeu o lábio inferior... – Digamos que eu andei comendo em pé por algum tempo. O Mestre Shion horrorizado por essa rivalidade entre cavaleiros de ouro e de prata, ainda mais porque os Mestres não ajudavam a terminar com ela.

_ Não tinha música nesse show de talentos? – perguntou Hyoga.

Shura engasgou com o queijo que tinha posto na boca... Os outros riam, Máscara da Morte passou um gole de suco pro espanhol enquanto batia em suas costas. Foi a vez de um cavaleiro de virgem ficar vermelho. Milo batia no braço de Shaka:

_ Claro que havia. Havia Shaka de Virgem e suas cordas mágicas...

_ Bárbaros! Vocês nunca souberam apreciar uma boa música.

_ Conta você, Shaka! Cala a boca, Milo! – mandou Aioros, se encostando na cadeira.

_ Bem, teve um ano em que eu fiz uma apresentação de música regional indiana, tocando cítara.

Shiryu abriu a boca, surpreendido. Os outros rolaram os olhos.

_ E ninguém gostou? – perguntou o dragão, horrorizado.

_ Digamos que ninguém reclamou.

_ Lógico! – riu Milo. – Não tinha ninguém acordado quando você acabou de tocar.

Risos. Mas a história não tinha acabado.

_ Daí, para o ano seguinte eu resolvi inovar. E ensaiei uma música com algo mais moderno.

_ Oh, sim. Ele toca guitarra que é uma maravilha. Mas ficaram poucas pessoas pra ouvir o final do seu solo...

_ Era ruim? – perguntou Shiryu.

_ Era Stairway to Heaven. Não acabava nunca. Esse daí se empolgou e resolveu improvisar em cima também...

_ Deu pra ir ao banheiro e fazer um lanche – lembrou Shura.

_ Deu pra dar uma boa cochilada...- lembrou Saga, rindo.

_ Deu pra repassar uns dois poemas... – sorriu Camus.

_ Hereges! – resmungaram Afrodite e Milo. – Nós ouvimos até o final! Acho que o Dante, o Asterion e o Capella também. Bom, aplausos teve...

_Zeus que está no Olimpo! – Aioira se levantou, dando uma boa espreguiçada. – Não agüento mais, nem comer, nem dar risada... Meus músculos da barriga doem...

_Nós também... – cada cavaleiro foi levantando e se espreguiçando, uns ajudando a tirar a mesa, outros guardando a comida que sobrou (para uma boquinha mais tarde, talvez...).

Depois se reuniram no terraço, se esparramando pelo chão, encostados na pilastra ou nas paredes da casa de Áries... Saga olhando pra casa de Touro e comentando:

_ Onde anda nosso armário?

_ Na casa da mamãe...Se entupindo de sarapatel e feijoada... – respondeu Camus, preguiçosamente.

_ Hmm... feijoada...- Milo lambeu os lábios...- Com aquele matinho fininho e farofa...

_ Couve, ignorante... Se bebesse menos e comesse mais verdura saberia o nome dos matos que come. – brincou Shaka

_ Deixo essa história de comer mato pros coelhos feito você e o Mú.

_ O que é feijoada? – perguntou Seiya.

_ É um prato típico da terra do Deba... Uma vez a mãe dele veio até aqui conhecer o Santuário e resolveu trazer algumas coisas da terrinha... – lembrou Aioria

_ Mangas, bananas, cocos verdes, pitangas... e pra nos agradar fez uma feijoada de almoço... e convidou todos os amigos do filho... – começou Shaka, sorrindo...

 


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