Nine Months escrita por Anny Taisho


Capítulo 11
A arte da guerra




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Cap. XI – A arte da guerra

Os olhos azuis por detrás das lentes corretivas arregalaram-se mediante a surpresa de ver quem estava comodamente sentada no sofá da sala. Na verdade, as duas que estava comodamente sentadas no sofá. Kyouraku Shizuka-sama estava a sua frente com nada mais, nada menos que Wakashi Juu, a herdeira da família nobre Wakashi... Amiguinha de infância de seu adorado capitão.

Só podia ser uma brincadeira sem graça do destino, afinal, ela não esperava enfrentar a sogra sem a presença do filho da mesma. Aquela mulher não se deslocaria de sua residência apenas pra fazer uma visitinha de cortesia, aquilo não era nada legal.

- Shizuka-sama... – a voz da Ise tinha um tom perdido – Que surpresa! – a morena se recompôs –

- Eu imagino que não me esperavam... – disse altiva a mulher enquanto dava a última baforada na cigarrilha longa e luxuosa – Vim fazer uma visita a Yamamoto-san e resolvi passar aqui antes, por quê? Incomodo?

- Oh... Não, apenas me surpreendi com sua presença. Aceitam chá?

- Agradeço, você quer, Juu querida? – ela virou para mulher ao lado –

Juu era uma mulher mais velha que Nanao e isso podia-se notar pelas delicadas marcas do tempo, nada assombroso, na verdade, quase nulas, mas que existiam. Cabelos profundamente negros e lisos cortados perfeitamente retos pouco acima dos ombros e com uma franja, uma delicada presilha de aparência cara jazia do lado direito. A Yukata era negra e de seda com um bordado de dragão que começava na barra e terminava na gola.

A Ise sentia-se até acuada perto das duas mulheres, porque Shizuk também não ficava atrás. Possuía os cabelos castanhos presos por um pente de madrepérola com detalhes em seda e pedras preciosas. As marcas da idade nela eram muito mais profundas do que em Juu, mas não tão fortes quanto as do Comandante. Sua Yukata era de um amarelo ouro e também de seda pura, toda trabalhada com detalhes bordados com fios de ouro e prata que formavam quase que uma pintura o tecido. Uma mulher de traços fortes, mas não masculinos, pele morena como a do filho e olhos analíticos que sempre pareciam estar a procura de falhas.

- Sim, ouvi falar muito bem dos chás que prepara, Ise-san. – Juu sempre muito cordial, muito bonita e tinha idade para ser mãe da Ise –

- Não fui eu quem preparou, acabei de chegar, mas o terceiro encarregado faz um ótimo chá verde. – Nanao ajoelhou-se na mesinha a frente do sofá para servir o chá como deveria ser feito –

- Eu estranhei mesmo não encontrá-la aqui, é sempre tão pontual, aconteceu algo? – Shizuka a encarava de uma maneira que fazia Nanao sentir-se quase desconfortável apesar da educação –

- Passei um pouco mal de manhã, nada preocupante.

As duas mulheres pegaram suas xícaras de porcelana e tomaram um pouco do chá, pela expressão pareciam ter gostado, mas isso não diminuiu a tensão que se apossou do corpo da jovem shinigami. O ar parecia tão pesado... Nanao queria poder sair e só voltar quando as duas tivessem se retirado.

- Não vai se servir, Ise-san?

- Não gosto de chá verde, mas não se incomode comigo, Wakashi-san. Está bom?

- Muito, uma ótima safra. – a mulher sorriu –

- O que a Ise faz é melhor, uma pena não ter sido ela quem preparou.

- Se quiser, posso fazer, Shizuka-sama. Dê-me apenas alguns minutos.

- Não é necessário, esse chá está bom. Não queremos depreciar o trabalho daquele jovem...

- Oh... Claro. – Nanao caminhou te a ponta do sofá onde sentou-se com a postura o mais impecável possível –

As mãos pequenas estavam geladas e a mulher as contorcia levemente sobre o colo. Era como se o coração fosse sair pela boca e o estômago voltou a ficar enjoado, mas de uma maneira diferente. Nanao sentia-se quase mal perto daquela mulher, Juu não era realmente um problema, das poucas vezes que a encontrara  nobre sempre fora muito educada e gentil de uma maneira que parecia sincera.

Só que a shinigmi não era boba, sabia que não deveria ser a pessoa preferida daquela mulher, afinal, sabia que os planos de Shizuka eram de casá-la com Kyouraku e assim a nobre havia sido criada com esse intuito.

- Parece desconfortável, Ise... – os olhos altivos demais de Shizuka alcançaram a face delicada – Algum problema? Sente-se mal ainda?

- Não, não... Eu só estou pensando que esqueci de buscar alguns papéis no arquivo.

- Eu imagino que deva estar com a mente cheia... – aquelas palavras tinham um duplo sentido – Vamos Juu-chan, acho que estamos forçando-a a fazer sala quando tem muito trabalho a ser feito.

- Mas não queria ver, Shunsui-kun?

Aquela expressão soou ruim aos ouvidos da mulher, era irritante lembrar que aquela perfeita esposa tinha tanta intimidade com seu Shunsui. Mas a Ise não via nenhum sinal de provocação, na verdade, notou até uma pequena ruborização por parte da mesma.

Só não podia dizer o mesmo da sogra, Shizuka parecia muito satisfeita com aquilo, como se estivesse mostrando que nem todos os seus planos estavam perdidos. A mulher a sua frente possuía uma astucia incomum, jamais fazia algo que realmente lhe colocasse na linha de fogo, era mais do tipo fazia tudo de maneira velada, não precisava de que mais ninguém soubesse.

- Meu filho não deve aparecer tão cedo... E não queremos atrapalhar o dia da Ise-san, quem sabe não o encontramos pelo caminho?

- Tudo bem, vamos então.

As duas se levantam, mas antes que pudessem se encaminhar para a saída a porta do escritório se abriu revelando um certo capitão que não pôde deixar de se surpreender ao ver as pessoas que ali se encontravam.

- Mãe!! Juu-chan!! – disse sorrindo –

- Shunsui, meu filho, pensei que iria embora sem te ver!

- Eto... Não me lembro de ter combinado alguma coisa.

- Não combinamos, mas uma mãe não pode fazer uma surpresa?

- Claro que pode, só estou surpreso! E você arrastou a Juu-chan!!

- Estávamos um pouco entediadas, por que não nos leva para dar um passeio, parece que muita coisa mudou por aqui.

- Claro, claro... – cada uma das mulheres se postou de um lado do capitão e ele olhou para trás – Não vem, Nanao-chan?

- Eu tenho que organizar uns papéis, vão sem mim. – a mulher deu um sorriso amarelo –

- Okay, qualquer coisa é só chamar.

E assim os três saíram da sala conversando animadamente e finalmente a garota pôde respirar. Foi como se o ar da sala agora voltasse a ser leve e pudesse assim ser respirado com mais facilidade.

Ela sentia-se assim e a mulher não tinha falado nada, imagine quando resolvesse soltar os cachorros?? Sair viva seria uma vitória e tanto... Mas agora tinha papéis para cuidar, não se desesperaria antes da hora.

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Kyouraku, Shizuka e Juu caminharam pela área verde da Hachi Bantai e por fim sentaram-se abaixo de um damasqueiro. Shizuka acendeu sua piteira e recostou-se sobre o tronco pomposo da árvore. Shunsui deitou-se de lado com seu quite de sakê à mão. E Juu apenas sentou-se confortavelmente do lado oposto ao de Kyouraku.

- Está tudo tão lindo aqui, Shunsui-kun... Já faz quanto tempo que não venho?

- Hum... Acho que uns trinta anos, Juu-chan. Você se perdeu na Seireitei e acabou aqui. – disse levando uma dose de seu precioso sake aos lábios –

- Eu me lembro, deveria ter ouvido Shizuka-sama e ter pedido ajuda à alguém. – a mulher riu baixinho –

- Com certeza, ou então ter me avisado, não me importaria de acompanhá-la.

- Algumas coisas mudaram nas últimas décadas, talvez fosse meio inconveniente. – ela falava a respeito da relação dele com Nanao –

- Juu-chan é minha amiga, Nanao-chan não teria ciúmes. Ela é uma mulher centrada, não uma maluca histérica... – o capitão falou com um tom vago como que se lembrasse de ter “namorado” com alguma louca histérica –

- Não vamos falar sobre coisas tão... – shizuka soltou fumaça – Sem propósito. Porque não falamos de coisas agradáveis, esses dias achei algumas fotos de vocês dois com Unohana-san e Ukitake-san.

- Eu me lembro, Shizuka-sama, nossa... Parecia que foi ontem, quando você foi levado para a academia shinigami, Shunsui-kun! Aquele dia... Peculiar. – a mulher riu comedidamente –

Kyouraku lembrou-se de tal dia e não pôde deixar de não rir. Fora carregado até as dependências da academia de artes espirituais que fora inaugurada a pouco. E quando era usada a palavra “carregado” não existia nenhuma figura de linguagem e sim uma expressão ao pé da letra.

Seu irmão mais velho, Arima o carregara para o lugar e o jogara no chão do lugar. Foi quando caiu aos pés do homem que viria a ser seu melhor amigo, Juushirou Ukitake, ou simplesmente: Shirou-san. Dai-senpai também estava lá, com cabelos curtos e amarrados, já era aluna há algum tempo. Havia sido uma entrada “triunfal”.

- No mesmo dia você levou-os para o jantar e nós tiramos aquela foto no jardim. – ela sorriu meiga – Soube que os dois têm um filho, quero fazer uma visita assim que possível.

- O Nihon-kun é um bebê ótimo, deveria visitar mesmo, Juu-chan.

- Sabe... Essa coisa de ser saudosista pode ser piegas, mas olhando aquele álbum eu me lembrei de histórias muito boas. Eram bons tempos, vivíamos saindo juntos para os festivais e passear... Nos divertíamos muito, Arima-kun vivia tendo que ir atrás.

- Hehehe... Com certeza eram bons tempos. Lembra da vez que eu levei a juu-chan em uma casa de chá? – ele riu alto –

- Como não?? – ela não se continha - A única mulher que não era uma queixa ali, era eu. Acho que você não sabia a definição de um lugar para homens.

- Eto... O que tem demais? Você queria ver dançar uma queixa que só se apresentava ali e eu te levei!!

- Só que as casas de chá, tradicionalmente, são lugares só para homens... Arima-kun quis te matar quando nos achou lá.

- Eu lembro... – o capitão coçou a cabeça – Arima-kun é muito irritado, deveria ver a vida de uma maneira mais leve.

- Você não vai mudar nunca, não é? Acho que ninguém mais vê o mundo como você... É quase como se vivesse num universo paralelo, não é, Shizuka-sama?

- Com certeza, Shunsui não vê a vida de uma maneira comum.

- Está tão calada, Shizuka-sama, estamos te incomodando?

- Claro que não, estou apenas ouvindo as histórias, não me recordava desse episódio da casa de chá, mas também foram tantos... – a nobre não soltava sua cigarrilha –

- Juu-chan lembra daquele festival de inverno que eu te derrubei dentro do tanque em que haviam peixes para serem pescados...?

- Como não? – (N/A: Eu usaria uma carinha divertida, mas como não posso mais fazer isso imaginem, por favor!) – Eu estava jogando e você chegou meio alegre demais e me deu um tapa nas costas... Só que eu estava apoiada na beirada do tanque curvada e acabei lá dentro.

- Juu-chan ficou brava e quis me bater! Começou a gritar comigo... Eu nunca tinha visto aquele lado maligno seu.

- Claro!! Você me derrubou num tanque com um quimono que já era pesado sozinho e ainda no inverno! – a mulher agora estava mais solta –

- Mas eu te levei para casa com um shunpou, nem deu tempo de sentir frio!

Os dois continuavam a rir lembrando de velhas histórias e Shizuka apenas olhava e sentia-se satisfeita. Kyouraku era cerca de trinta anos mais velho que Juu e por isso devido a proximidade dela estar sempre em casa isso causou uma relação muito próxima de proteção dele com ela.

Os dois dividiram muitos momentos há mais de dois séculos atrás, quando ainda não existiam certas shinigamis. A nobre não podia dizer que desgostava da Ise, na verdade, achava-a muito honrada e uma boa moça. Só que ela entrou no meio de um caminho que já estava traçado a muito tempo e mudou o curso.

Talvez se ela quisesse abandonar a vida de shinigami para viver como a esposa do filho, como uma nobre, ela pudesse relevar, mas não haviam chances disso e Kyouraku precisava, até mesmo pelo tipo de personalidade que tinha, de uma esposa sem tanta... Atitude. Que não fosse tão altiva e alto-suficiente.

E a Ise era o tipo de mulher que cedo ou tarde descobriria que a vida com um homem que via a vida da maneira que seu filho, não seria o ideal. E nesse ponto fazia-se pesar muito o fato dela não ser uma nobre.

Agora tinha que mostrar como a adorável Juu era perfeita e vendo que Nanao começou a se aproximar, mas se afastou antes de ser percebida era um bom começo.

- Vou buscar um pouco de chá, vai querer, Shizuka-sama?

- Gostaria sim, querida, e se encontrar a Ise-san, traga-a.

- Claro.

Quando Juu se afastou Kyouraku virou os rosto para a mãe e suas feições não estavam exatamente amigáveis e sim sérias, o que não era muito comum.

- Não saiu de casa só para ouvir histórias minhas e de Juu-chan, o quer mãe?

- Nada, querido... Apenas saudades. – ela sorriu –

- Há alguns dias não cansou de tentar me convencer sobre como a Nanao-chan não era a mulher certa e agora está toda amigável? Não me convence e espero que não tenha nenhum plano por trás de tamanha simpatia.

- Me ofende saber que meu filho não acredita em minhas boas intenções. – a mulher soltou a fumaça branca com cheiro de acre –

- Não me importo em ouvi-la discursar sobre como deveria levar minha vida e também não me incomoda receber a Juu-chan para conversar, mas se tentar algo contra a minha Nanao a coisa vai mudar de figura.

- E o que eu faria contra aquela menina?

- Eu não sei, mas conheço muito bem suas técnicas de persuasão... Eu não sou idiota e notei o clima pesado que estava na sala quando cheguei e você sabe que a Nanao-chan não virá sentar-se conosco. Por que criar um clima desnecessário?

- Como você disse, Juu é sua amiga e não se importa em passar um tempo com ela, Nanao terá de se acostumar com a presença dela, pois Juu é presença constante em nossa casa e como sua companheira ela terá de se acostumar.

- Não vou levar Nanao na sua casa até ter certeza de que ela é bem-vinda. Mesmo que não goste do que escolhi, foi a minha escolha e terá de se acostumar. Não precisa gostar dela, apenas respeitar e tentar ser minimamente agradável.

- Nunca destratei ninguém que foi a minha casa e não vou começar agora, mas se ela se sente desconfortável no seu mundo, isso prova de que existe algo errado, não?

- Fale logo o quer falar, eu sei porquê está aqui.

- E o que eu teria para falar? Por acaso estou perdendo alguma coisa?

- Mãe... Sem joguinhos.

- Eu não posso saber de coisas que não me foram ditas.

Nesse instante, Juu voltou com uma bandeja de chá.

- Ise-san disse estar ocupada e lamenta não poder vir.

- Bem, nós também já vamos, não queremos deixá-la trabalhar sozinha prendendo Shunsui aqui conosco.

- Mas e o chá?

- Tomamos com Shikeguni-san, Shunsui deve ter mais o que fazer.

A nobre mais nova não entendeu muito bem o que se passou ali, mas também achou que não valia a pena forçar nada, afinal, o clima parecia meio tenso agora.

- Tudo bem, então até mais Shunsui-kun, mande minhas recomendações a Ise-san.

- Eu mando sim, voltem mais vezes, eu gosto de recebê-las.

- Voltaremos. – disse Shizuka –

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Kyouraku demorou ainda alguns minutos para voltar ao escritório e quando chegou viu que sua adorável Nanao não estava ali. Pelo horário ela deveria ter ido almoçar. O capitão suspirou e procurou pela reaitsu dela. Ela estava no bosque que tinha ali, a Ise gostava de almoçar ali de vez em quando.

Usando um shunpou, Kyouraku chegou lá e viu encostada em uma árvore saboreando seu bentou que para ele mais parecia comida de coelho.

- Que bom ver minha lovely comendo direitinho!

- Hum? – a Ise virou o pescoço – Não iam tomar chá?

- Minha mãe resolveu ir embora, será que tem dessa comida de coelho suficiente para mim também?

- Pensei que não gostasse da minha comida de coelho.

- Eu gosto de coisa com mais sustança, mas eu posso fazer um esforço.

Shunsui sentou-se ao lado da Ise e pegando um hashi sobressalente começou a comer com ela. Não parecia haver nada de errado, talvez Shizuka ainda não tivesse resolvido destilar seu veneno.

- Por que não foi sentar com a gente? Senti falta de você.

- Alguém tem que trabalhar, Shunsui. – ela sorriu, mas na verdade, só sentiu-se completamente deslocada ao tentar aparecer –

- Sei... – ele virou o rosto em direção a ela – Minha mãe não foi grosseira com você, né?

- Não, não! Ela foi muito gentil comigo... – apesar dela ter sentido-se mais acuada com isso do que com qualquer outra coisa –

- Que bom! – ele beijou o topo da cabeça dela –

Aqueles seriam longos meses... Nanao se perguntava até onde iria tamanha gentileza ou o motivo disso.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Amores perdoem se houverem alguns errinhos. Sabe, termnei esse cap hj cedo para poder postar hj e estava com pressa. Sabe como é... num tenho net em casa e tive que teminar correndo para bater com a hora que fosse na lan!!!
kiss kiss e espero que comentem!!!
Ps: Uhuh!!! Mais um leitor em procura-se um amor!!!