A Mansão 2 - o Retorno de Koltar escrita por Kurt


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/92890/chapter/1

A mansão. Lembro-me como se fosse ontem. Agora, anos depois, aqui estou novamente, frente-a-frente a ela. Pensei que nunca mais voltaria ali, depois de tudo o que me ocorrera dentro da mansão. Mas a verdade era nova.

Eu sou Koltar, e agora estou com 15 anos de idade. Daniel e Ricardo mudaram de cidade, e Matheus de escola. Mas, depois de minhas aventuras na sinistra mansão, enfrento (praticamente) qualquer desafio. Ainda mantenho contato com minha antiga turma, mas nossas conversas são cada vez mais raras.

Ah, tive curiosidade, e procurei na internet o verdadeiro nome do proprietário da mansão: James Ricarten. E as fotos coincidiam com o quadro que eu vira na mansão, no salão de entrada, e com a face do vampiro, que lá se encontrava.

Minha vida se transformara muito daqueles tempos para cá. Agora, eu estava mais extrovertido, amigo, mesmo que alguns alunos, dois anos mais velhos que eu, quererem “arrebentar-me” a cara, por um motivo por mim desconhecido. Eu tinha uma nova turma de amigos: Paulo, Rafael e Lucas. Não podia comparar minha turma antiga com a nova, mas a nova era bem legal. Acho que porque eu era uma espécie de líder, e todos confiavam e acreditavam em mim, o que eu adorava.

Paulo, Rafael, Lucas e eu estudávamos na mesma classe, o que nos unia ainda mais. Mas, o que lhes impressionara, foram as aventuras por mim vivenciadas entre as paredes medonhas da mansão. E ela era muito bem-assombrada.

- E o que você fez para escapar dos zumbis? – eles perguntavam, ansiosos, como eu nunca estive lá dentro. E eu respondia as perguntas, orgulhoso.

Agora, aqui estou eu novamente, frente-a-frente a ela. Há cerca de meia hora atrás, ainda na escola, Roberto, um dos que mais me odiavam, resolveu rabiscar os cadernos de Luís, líder da “Gangue”, como era conhecido um dos grupos de amigos dois anos mais velhos que eu, e que tanto me odiavam também. E Roberto ainda conseguiu imitar minha assinatura!

Claro, Luís chamou seus amigos assim que descobriu o feito, e os pôs a correr atrás de mim, furiosos, na saída da aula. Eu corri em disparada, seguido pelos meus amigos e pela “Gangue”, em direção qualquer. Não queria chegar em minha casa cheio de hematomas e com o olho arroxeado, e, ainda por cima, humilhado!

Sem notar, eu me vi em um afastado bairro. Meus amigos ofegavam, e a “Gangue” nos seguia, a cerca de 500 metros atrás de nós, a distância aumentando, pois éramos ágeis e rápidos.

As ruas ali eram sombrias e estreitas. De repente, percebi uma rua meio familiar... Ao fundo... lá estava ela, imponente e amedrontadora... lá estava a mansão! Fiquei chocado, mas tive uma ideia no mesmo instante. Sim, era uma ideia louca, mas, se eu já tinha escapado dali uma vez, por que não escaparia novamente? Bom, era a única opção. Dali para frente, rua sem saída.

Meus amigos me seguiam, atenciosos na distância entre nós e a “Gangue”.

- Pessoal... – eu, então, parei. – Essa é... A mansão!

Meus amigos, virando-se para ela, permaneceram imobilizados, completamente assustados.

- Calma, vai dar tudo certo – eu disse à eles, tentando acalmá-los, e seguindo em direção à porta de madeira da construção. Acompanhei de perto meus amigos, para que eles não se aterrorizassem tanto quanto eu em minha primeira vez.

Voltei então minha atenção aos detalhes do interior da mansão, enquanto a porta atrás de nós se fechava... Cada um ainda permanecia ali, intacto: as quase incontáveis teias de aranha, a mobília de madeira, o belo conjunto da tapeçaria, os quadros cobertos de teias, quase camuflados na parede, a poeira bailando no ar. Tudo era mágico.

Então, a risada maléfica e sinistra ecoou por toda a mansão, estremecendo a todos nós.

- Peço que vocês não entrem em pânico, turma. Eu já passei por tudo isso mais jovem, e sozinho!

De repente, eu pude sentir algo segurando meu tornozelo direito. Não hesitei em confirmar o que minhas lembranças me presentearam: era o esqueleto, com uma de suas mãos me segurando.

- Respirem fundo, e vão rápida e sorrateiramente para a escadaria. Lá todos estarão seguros, e, façam o que fizerem, não olhem para cima! – eu disse, devagar, enquanto os olhos do esqueleto começavam a adquirir um forte brilho azulado, e eu ia junto aos meus amigos para a escadaria.

Por um momento, pensei estarmos salvos. As cobras saíam da boca do esqueleto, assim como em minha primeira vez. Mas ouvi um curto grito fraco: uma cobra alcançara Paulo pouco tempo antes de ele alcançar a proteção da escadaria. Ele fora derrubado ao chão por ela, e estava sendo levado junto às outras, e elas tentavam soterrá-lo.

- Não! – eu berrei, partindo para cima delas, procurando saltar e meu pé atingir certeiramente suas cabeças, esmagando-as. – Vá, Paulo!

- Corra, Paulo! – eu ouvi Rafael e Lucas gritando por incentivo.

Por sorte, conseguimos escapar saltando sobre as cabeças delas, até alcançarmos nosso “escudo”. As cobras restantes retornaram ao esqueleto, cessando o brilho de seus olhos.

- Ufa! Muito obrigado, Koltar! – agradeceu-me Paulo, o coração batendo rapidamente.

- Por nada. É para isso que servem os amigos! – pisquei o olho para ele.

Eu já esperava pelo que iria se prosseguir, e senti uma gota úmida de um líquido avermelhado em minha cabeça.

- Não olhem para cima, não olhem para cima! – eu ia dizendo aos meus amigos.

Eles me obedeceram, e me seguiram escadaria acima até o final do corredor amarelado, com o papel de parede, que aparentava ser azul listrado em seus tempos de “juventude”, intacto. Nesse instante, pude ouvir a “Gangue” chegando à frente da mansão. Eu precisava agir logo.

Adentrando no corredor escuro, alcançamos rapidamente o seu fim. Eu já havia narrado à minha turma todos os momentos e as cenas que eu presenciara ali dentro.

- Pulem juntos. Um, dois, três! – eu disse. E pulamos. Nada ainda.

Assustadoramente, alguns gemidos sinistros ecoaram vindos do início do corredor. Os cadáveres escalpelados que eu vira dois anos antes, respingando sangue fresco, e seus pescoços friamente perfurados pelos grandes ganchos de ferro e jorrando sangue. Percebi as lágrimas percorrendo as faces de meus amigos.

- Aaahhh! – eu gritei, instintivamente, correndo em direção aos zumbis. Eu não era mais aquele garotinho medroso que quase morrera dentro daquela mansão. Eu havia crescido, tanto mentalmente, quanto fisicamente.

Com um golpe de meu pé, tentei atingir o zumbi que prosseguia na frente de todos, mas não consegui. Ele se transformou em areia assim que a sola de meu tênis suavemente tocou nele.

- Vejamos! Isso parece fácil demais! – eu disse, percebendo que meus amigos agora riam, e eu os acompanhei, quase gargalhando. Por sorte, encontrei um pedaço de madeira no chão, e fui atacando-os divertidamente.

Repentinamente, pude ouvir um barulho, enquanto eu desfazia o último zumbi: o assoalho onde meus amigos pisavam rachou-se, fazendo-os cair no que eu chamara, há dois anos, de “lugar secreto”. Meus amigos puderam avistar a luz fraca irradiando, e logo o vampiro, com suas negras vestimentas. Em seus braços, a jovem donzela. Ele estava prestes a cravar seus reluzentes e afiados dentes brancos no pescoço da jovem, quando um barulho soou por todo o salão.

- James Ricarten! – eu pulara buraco abaixo, e gritava com o vampiro. – Deixe-os em paz, são meus amigos!

- Você... – o vampiro examinou-me profundamente. – Foi você, eu me lembro... Você esteve aqui há dois anos, estou errado? – disse o vampiro. A donzela em suas mãos, como eu já imaginava, tornava-se areia e se dissipava pelo ar.

- Sim, sou eu. Eu voltei!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostou? Avalie bem!
Avaliou bem? Deixe um review!
Deixou um review? Indique!
Indicou? Obrigado!