Os dias se passaram. E as aulas começaram. Fui mandada para um outro internato. Não tive noticias dele, desde a despedida no ônibus eu nunca mais o vi. Estou na escola, ao lado de uma estátua, sentada. Sem lugar para ir. Acordei cedo suando frio. Novamente, eu sonhei com a nossa despedida. Durante as férias eu sonhava com ele, e agora sonho novamente. Fico pensando se ele pensa em mim, como eu penso nele. Olho para o anel. Conhecia cada detalhe daquele anel, de tanto que eu olhava para ele.

            Bateu o sinal e me levantei e comecei a andar. Uma multidão passou por mim, e por um momento, eu podia jurar que eu tinha visto ele. Imaginação. Senti o celular vibrar. Peguei ele.

- Alô?

- Oi. – era ele.

- Oi. Como você está?

- Bem melhor agora. – disse ele.

- Por que?

- Por que eu estou olhando para a garota que eu amo. – respondeu ele do outro lado do celular.

- Onde você está? – perguntei. Não queria mais saber dele e nem da guria que ele amava.

- Na escola.

- E por que você me ligou?

- Por que eu queria saber onde você estava.

- Eu estou na escola.

- Eu sei. Eu tenho uma surpresa.

- Qual? – perguntei curiosa.

- Vire-se. – pediu ele.

- O quê?

- Vire-se. – pediu ele novamente. Uma piadinha. Típico. Me virei e vi ele. Ele estava a passos de mim. Sem pensar duas vezes, desliguei o celular e fui correndo até ele. Ele me apertou e me beijou.

- O que você está fazendo aqui?

- Estudando. Meus pais me transferiram para cá. – disse ele. Sorri e o apertei num abraço. – Lembra que você me perguntou se eu ti amava como você me amava?

- Lembro.

- Eu não ti amo.

- Como assim?

- Não como você me ama. Eu ti amo mais. – disse ele. Sorri novamente e o abracei. Ele me apertou. – Lembra, no dia que eu peguei o remédio para você?

- Sim.

- Eu disse que você me devia uma grande.

- Sim. Já pensou no que vai querer? – perguntei. Ele sorriu para mim, com um sorriso de quem aprontava alguma.

- Sim. Eu quero que você seja minha namorada. – pediu ele. Eu sorri e o beijei.

            Eu o amava e ele me amava. E isso era o que importava.

FIM