Anjo da Noite escrita por MsWritter


Capítulo 7
Capítulo 7.Desconforto


Notas iniciais do capítulo

Ooooooooooooooooooooooooo!

Olha que interessante, eu descobri que tenho escrito um capítulo focando na Integra e um na Celas, alternadinho, bonitinho! hahahahah, acho que a partir do próximo isso vai mudar, já que a Celas está totalmente sem torcida! Capítulo bem simples, então não me matem!



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             Integra passou as mãos por debaixo dos óculos, apertando com as pontas dos dedos as pálpebras contra os olhos. Já estava cansada.

            Sempre foi um “pouco” workaholic e agora não via mais motivos para parar o que fazia, sem Walter para lhe obrigar a parar de trabalhar, e sem Alucard para lhe apurrinhar os nervos quando ficava muito tarde, atitude aliás, que ela desconfiava ser cuidado mascarado de sadismo.

            Respirou fundo, tentando afastar o pensamento. De qualquer forma já tinha acabado o que tinha que fazer. Já tinha descoberto a origem e o motivo dos ataques à mansão, listado e documentado tudo da forma como devia, livrado-se dos policiais e da investigação acerca da tentativa de assassinato do rapaz, que aliás, não tinha documento nenhum. Esse último item ainda faltava resolver. De certo compraria algum falso, já que registrar alguém com o nome de Vlad Dráculea, ou Vlad Tepes seria extremamente penoso. Quem sabe Vlad Hellsing? Integra riu-se da ideia.

            É, já podia ir dormir. Ela só ia até seu quarto verificar que se estava tudo bem com o rapaz, pegar algumas coisas como roupas e shampoo que haviam ficado naquele banheiro, e tomaria um bom banho antes de ir para a cama. Ah sim, um banho um pouco menos luxuoso do que estava acostumada, pois o faria no banheiro do quarto de hóspedes, e iria para uma cama um pouco menor que a sua, pois dormiria no referido aposento. Apesar de não gostar de mudanças, não estava se importando muito com isso.

 O quarto de hóspedes era muito confortável, mas alguns detalhes acabavam faltando por sua falta de uso.  Foi justamente por esses detalhes que ela acabou acomodando Vlad no próprio quarto. Era só por uns dias mesmo...

Ora, ora, se ela queria dormir antes de amanhecer era melhor começar logo o cronograma recém planejado, ou não ia conseguir. Não que fosse assim tão tarde... bom, era sim, mas o fato é que mesmo sem todos os sais, espuma e velas, ela ia ficar horas mergulhada na banheira! Ou alguém achou que teria uma mísera suíte sem uma banheira na mansão Hellsing?

Encheu-se de coragem e se levantou de trás da mesa. A cadeira era tão confortável, e ela já estava lá há tanto tempo, que se sentia parte do móvel. Aliás, do móvel, da decoração, do escritório... Realmente precisava de um banho!

Saiu do escritório e em pouco tempo estava se esgueirando por dentro do próprio quarto, evitando fazer qualquer barulho muito alto.

Ouviu um sibilo provocado pelo vento, na janela aberta. Tudo bem que a noite estava abafada, mas se aquilo era um indício da chuva que viria, podia-se esperar muito frio depois da tempestade.

Foi até a janela, mas antes que pudesse completar o movimento de fechá-la algo lhe chamou a atenção. Já estava se preparando para responder secamente qualquer besteira que Alucard lhe dissesse quando finalmente resolvesse sair das sombras de seu quarto quando se lembrou que o vampiro não faria isso. É difícil se acostumar com certas coisas. Respirou fundo, e ao se virar, ignorando a janela aberta, deu de cara com os olhos âmbar de Vlad lhe fitando.

 Apenas os olhos se destacavam sob a fraca luz que vinha da janela, mas Integra pode constatar que ele estava sentado na cama, afundado nos travesseiros.

– Eu te acordei? – Ela perguntou, irritada consigo mesma por não ter simplesmente ido buscar a droga do shampoo.

– Não.

Integra deu alguns poucos passos, e parou aos pés da cama.

– Não? – Ela perguntou, esperando que ele lhe dissesse o que fazia acordado àquela hora.

– Não. – Ele disse, simplesmente.

Integra inspirou o ar, longa e lentamente. Talvez precisasse se esforçar mais se quisesse manter uma conversa com Vlad.

– O que faz acordado a essa hora?

– Que horas são? – Ele perguntou, com aqueles malditos olhos se destacando na escuridão.

– Quase quatro.

– Entendo.

Integra se conformou um pouco com o fato de que talvez aquela conversa fosse ser mais longa e complicada do que ela pretendia se quisesse levá-la adiante, mas depois de tudo que tinha acontecido, e da “certeza” de quem era o rapaz, ela se sentia extremamente propensa a continuar com aquilo. Depois de anos de sentimentos reprimidos, confusos e mal interpretados, fora a solidão súbita que a abateu naqueles quase dois anos, ela já se sentiu atraída apenas pela semelhança do rapaz com o vampiro. E o cuidado que o rapaz lhe inspirava a ter com ele era um grande catalisador. E naquele exato momento, deitado em sua cama, recuperando-se após se ferir gravemente protegendo-a? É, melhor continuar com a conversa ou não conseguiria dormir.

– Então? – Ela perguntou, puxando uma cadeira e se sentando ao lado da cabeceira dele.

– Nunca consegui dormir por muito tempo.

– A noite deve ser solitária. – A frase saiu assim, sem raciocinar muito.

– É. – Ele respondeu, baixando a cabeça em direção ao próprio peito. Movimento que parou assim que dois fatores entraram em ação: a dor no pescoço causado pela pressão, e as faixas que o impediriam de qualquer forma.

Integra já estava achando que aquela conversa era uma péssima ideia. Resolveu acender o abajur que estava do se lado, para pelo menos andar sem trombar em nada pelo quarto, pegar o que precisava e sair logo dali.

A luz do objeto inundou o ambiente. Nem parecia ser uma lâmpada só. A loira apertou os olhos, tentando se acostumar com a luminosidade – que nem era tanta assim, mas ela já estava se acostumando com o escuro.

Quando finalmente foi capaz de focar o que quer que fosse a sua frente, reparou que as faixas que envolviam o pescoço de Vlad estavam completamente encharcadas de sangue. Será que foi na hora que tentou baixar a cabeça?

– Conde? – Ela tentou chamar sua atenção.

Vlad sorriu. A história do conde era só brincadeira. Não que ele não fosse mesmo um conde, mas Integra não precisava se importar em chamá-lo daquela forma.

– Eu disse que podia me chamar de Vlad não foi?

Integra assentiu com a cabeça, reiniciou a pergunta:

– Você reparou que precisa trocar esse curativo?

– Sim. – Ele respondeu.

Integra ergueu as sobrancelhas. Não que ela esperasse que Vlad o trocasse sozinho, longe disso, mas por que ele não disse nada?

Vlad demorou um pouco, mas percebeu a verdadeira pergunta de Integra.

– Rose disse que o trocaria pela manhã. Estou esperando amanhecer.

– Rose? – Integra estranhou.

– Sim.

– Quem é Rose? – Integra já estava se acostumando com o fato de ter que perguntar a mesma coisa várias vezes.

– A enfermeira que contratou, Sir Hellsing.

A sim, claro, a enfermeira. Parando pra pensar era meio óbvio que só podia ser mesmo.

Integra se levantou e pegou uma bolsa branca de cima do criado mudo. Aproximou-se novamente da cama, sentando-se na cabeceira, bem próxima do corpo do rapaz, que apenas a olhava.

Tirou algumas gazes e um frasco de anti-séptico de dentro do objeto. Em seguida, com cuidado, retirou o curativo já vencido do pescoço de Vlad. Embebedou uma gaze no líquido, e começou a passá-la suavemente sobre o ferimento.

Vlad não se moveu um milímetro sequer.

– Quando fui conhecê-lo em Adams St. John, disseram-me que você não fazia nada sozinho. E não falava.

– Entendo.

– Então Vlad, por que não falava?

– Eles não estavam realmente interessados no que eu tinha a dizer. – Foi uma frase forte para a mulher, que sentiu o coração bater um pouco mais pesado. Ali era o lugar dele, tinha mais certeza disso a cada instante.

– E quanto ao banho, comer...

– Não sei dizer ao certo Sir Hellsing, mas não tinha forças.

– E isso mudou quando chegou aqui?

– Sim, Sir Hellsing.

Integra respirou fundo. Já imaginava o que tinha acontecido:

– Eles te davam algum tipo de remédio em Adams St. John?

– Uma pílula amarela e uma branca, três vezes por dia.

É. Aqueles malditos estavam tratando Vlad de alguma doença que ele não tinha e o tinham incapacitado com alguma droga forte. Típico.

Ela terminou de colocar a gaze, e a prendeu com um pedaço de fita adesiva. Provavelmente seria o suficiente até a tal Rose trocar todos novamente pela manhã.

– Sir Hellsing? – Vlad perguntou, desviando os olhos para um ponto ao longe do quarto.

– O que Vlad?

Integra percebeu que o rapaz estava um pouco desconfortável, então achou melhor dar mais espaço a ele. Afastou-se um pouco, e perguntou novamente. – O que Vlad?

– Por que as pessoas não perguntam o que querem saber?

Será que ele estava se referindo àquelas perguntas que todo mundo faz para manter uma conversa amigável, ou para saber algo trivial, do tipo “tem horas” ou “você viu tal pessoa”? Não estava entendendo as perguntas que faziam para ele?

– Temos que ser capazes de perceber o que querem dizer nas entrelinhas. – Ela respondeu, sem saber muito bem o que dizer.

– Pode ser. Mas às vezes eu acho que elas mesmas não sabem o que querem realmente perguntar.

Integra reparou que o olhar de Vlad estava um pouco triste e distante. Estava se sentindo tão deslocado assim?

– Vlad. Eu vou tomar um banho, e ir dormir um pouco. – Ela disse, se levantando.

– Sim, Sir Hellsing.

– Vlad?

Ela olhou para dentro dos olhos dele, esperando que sua total atenção estivesse voltada para si.

– Pode me chamar de Integra.

– Obrigado Sir Hellsing.

Integra acabou sorrindo sem querer. Talvez amanhã as coisas fossem diferentes. Por enquanto, ia mesmo tomar o tal banho, que já estava muito atrasado. Pelo menos, tinha sido uma noite menos solitária.


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Notas finais do capítulo

Vocês já sabem qe o caminho mais curto para o céu é um review né? So.... hahahaha, até o próximo gente!