Recomeço escrita por Rosa Scarcela


Capítulo 7
Eu já não era uma criança




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Meu pai segurou minha mão.

- Nessie, filha, você ficou mocinha. Não tínhamos certeza de quando seria este momento... Se seguiria o ritmo de sua idade física ou de sua idade mental. Ao que parece foi a física – a mamãe começou me explicando.

- Você lembra das aulas de biologia no bimestre passado. Nós estudamos isso, Nessie. O corpo das mulheres de modifica em certa idade. Seu corpo de menina está se transformando no corpo de uma mulher – o papai ajudou a mamãe.

- Uma mulher linda, por sinal – a mamãe sorriu para mim. - Estas mudanças preparam você para a maturidade. Sei que não é a hora de falar sobre isso, mas agora sabemos que possivelmente você poderá ter filhos. Seu corpo demonstra isso.

Senti a mão de meu pai se apertar sobre a minha. Eu não tinha palavras, apenas tentava absorver as novas informações.

- Todos os meses você ficará menstruada... Esse é o nome do que está acontecendo neste momento. Sei que pode ser desconfortável... Eu passei por isso.

- Vou ter que usar os absorventes para sempre? – as pequenas fraldas não eram nenhum pouco animadoras.

- Bem, não sempre, mas pelo tempo em que você estiver menstruada. Uns cinco dias a cada mês. Nós vamos experimentar outros modelos para ver o que te deixa mais a vontade. – Era tão natural a maneira como minha mãe falava comigo. Tão mãe.

- São tantos assim?

Meu pai sorriu. – Você nem imagina o quanto. Tem uma sessão no mercado só para eles. – vi a mamãe olhando disfarçadamente para o papai. Devia haver alguma estória por trás deste comentário.

- E a dor? – a dor também me incomodava.

- Bom, a dor não deve ser frequente. Mas o vovô pode receitar um remédio para amenizá-la. Também vamos conversar com ele sobre os exames que você deve fazer para sabermos se está tudo bem. E com o tempo, - ela olhava novamente para ver a reação do meu pai – ele vai receitar um anticoncepcional-

Meu pai rosnou baixo.

- O que é isso? – o nome não era simples de pronunciar.

E foi o papai que explicou. – Os anticoncepcionais têm várias funções. O nome significa, basicamente, que é um medicamento para evitar a gravidez, mas também pode ser utilizado para regular o ciclo menstrual, para garotas que sofrem com acnes – que não é o seu caso -, enfim... Sobre isso não temos que nos preocupar agora.

- Edward! – a mamãe o censurou. – Ela tem que saber. Está na hora. Foi o que nós combinamos, não foi?

Abracei meu pai. – Eu quero continuar sendo sua menininha, pai. Não escolhi crescer.

- Vou ligar para seu avô e perguntar o que você pode tomar para as cólicas. – o papai levantou do sofá e foi para a cozinha, ainda bastante sério.

- Pega leve com ele, mãe – pedi.

Ela não respondeu.

- Ele ainda é meu pai. E te ama. Eu sei que você também o ama... Já sou uma mulher – sorri largamente – e lembro perfeitamente sobre os sentimentos dos vampiros.

Me abaixei até o ombro de minha mãe e sussurrei em seu ouvido. – São eternos... – ela se levantou quando o papai entrou de volta na sala com o nome do remédio anotado em um papel.

- Vou buscar o remédio para as cólicas.

Eu tinha que aproveitar esta oportunidade. – Pai, fica comigo? A mamãe pode ir a farmácia, não pode, mãe? – tentei pensar em qualquer coisa que não fosse o que eu estava tramando.

Ela pegou o papel da mão dele sem olhá-lo e saiu pela porta. Quando percebi que era seguro o suficiente o encarei. Ele já esperava que eu dissesse algo diferente dos meus tranquilos pensamentos.

- Pai, se eu te fizer uma pergunta, você será sincero na resposta?

- Basta que você pense, Nessie.

Fechei meus olhos e pensei com toda a força que pude. Queria que o papai soubesse que não era uma simples pergunta. "O que você faria se descobrisse que a mamãe está saindo com alguém?"

Ele deu um salto para longe de mim. – Ela está? – as palavras saíram com dor.

Levantei e o abracei. – Não sei bem... Ela disse que é apenas um amigo.

- Não sinto o cheiro de nenhum humano.

- Ao que parece, ele é mais semelhante a ela e... a você.

- Um vampiro? – meu pai me puxou pelos braços para olhar meu rosto.

- Eu não o conheço, pai. Só sei que é alguém que está trabalhando com ela. A mamãe disse que vai convidá-lo para vir aqui em casa.

Tenho certeza que, naquele hora, se meu pai pudesse chorar, estaria em pratos - se tivesse um coração ele estaria partido.

Ele buscou algo em que se apoiar. Nunca tinha visto um vampiro precisando se escorar em algo para não cair e eu, sim, senti meu coração se dilacerar.

- Pai... – eu não sabia bem o que dizer, então apenas o abracei... Ficamos ali por um tempo até que ouvimos o motor do carro da mamãe ser desligado. Ele tentou se recompor e foi para a cozinha. Eu estava na sala quando a mamãe entrou. Como era de se esperar, ela estranhou que meu pai não estivesse ali comigo.

"Pai, eu também não quero que ela escolha outra pessoa", pensei para tentar confortar o meu pai.

- Ele foi para a cozinha...

Ela estreitou os olhos. – O que está acontecendo, Renesmee?

- Nada, mãe. Ele já volta. – olhei para o remédio em sua mão. – Vai me dar?

- Oh, sim. Hummm... Você precisa tomar um comprimido a cada 6h. Talvez seja melhor engolir com um pouco de água. Você nunca precisou de medicamentos... – minha mãe lembrou. Parecia sentir saudades.

- Sempre tem uma primeira vez. Devo tomar o primeiro agora?

- É bom. Vou buscar água.

No momento que ela se virou para ir a cozinha a segurei pelo braço. Não que eu tivesse força suficiente para mantê-la no lugar, mas geralmente eles paravam ao meu toque.

- Pode deixar que eu faço isso. – disparei para a cozinha sem ao menos olhar para trás.

Meu pai estava sentado no chão, encostado no batente da porta que dava acesso ao quintal dos fundos. Estava abraçado aos joelhos e com a cabeça baixa. Ele sequer se deu ao trabalho de olhar para mim quando entrei. Aposto que também não se moveu quando minha mãe voltou para casa. Fui até seu lado, me abaixei e passei a mão em seus cabelos. Eu queria que o papai levantasse de lá, que não se deixasse abater.

"Só você pode convencê-la e deste jeito você não terá forças. Pai, eu preciso de você inteiro". Eu não podia dizer em voz alta porque, até então, minha mãe não sabia que meu pai sabia sobre ela e o tal vampiro do trabalho.

Ele ergueu os olhos para me encarar. – Me desculpe, filha, mas eu preciso ir embora.

"Quer que eu ligue para a tia Alice ou para o vovô? Eles podem vir te buscar".

- Não se preocupe, meu amor. – Ele fingiu sorrir – Vou correr.

Meu pai se levantou e me ofereceu a mão para que eu fizesse o mesmo. Ao nos virarmos, percebemos a mamãe nos observando na outra porta. Ela estava muito séria.

- Vocês vão me contar o que está acontecendo ou vou ter que descobrir sozinha?


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