Recomeço escrita por Rosa Scarcela


Capítulo 23
Depois da Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, o último capítulo da Fic. Posto o Epílogo, que é bem curtinho, até o final da semana, ok?



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Eu estava pronta para morrer em seu lugar. Eu daria minha vida se isso significasse que ele viveria. Puxei Renesmee para mim, impedindo-a de continuar vendo Robert carregando partes do corpo de Edward, empilhando no centro de nossa campina.

- Filha, eu te amo demais. – Pausei para respirar. - Você tem que me obedecer sem objeções.

Renesmee assentiu ainda sem se afastar de mim.

- A hora que eu disser, você tem, que correr para a floresta. O vovô está vindo, mas você precisa encontrá-los antes. Eles vão tirar você daqui. Não pare por nada e siga seus instintos. Se voc~e perceber alguém estranho, se esconda.

A virei de frente para a floresta e beijei o topo de sua cabeça, sentindo seu cheiro, talvez pela última vez.

- Agora vai!

Renesmee correu. Quando não a vi mais, me preparei para a luta da minha vida. Mesmo que ao final eu não sobrevivesse, teria valido a pena o esforço se conseguisse adiar o fim de Edward até que os Cullen chegassem para nos ajudar. Liberei o escudo de meus pensamentos e gritei um "Eu te amo, Edward". Não quis pensar que ele não me ouviria.

Vi Robert jogar o que parecia ser a mão do meu marido na pilha de membros e fechei a minha mão direita, sentindo a aliança que Edward me deu na noite anterior.

Eu faria por ele. Corri quando Robert retirou um isqueiro no bolso. Juntei todas as forças do meu ser. Raiva, ódio e amor se uniram me dando uma sensação de invencibilidade que eu só senti uma vez em toda minha vida.

Me sentia como uma massa de força bruta pronta para destruir o que quer que atingisse, mas meu alvo era um só. E assim que o toquei, o empurrei para longe de Edward.

O choque foi tão forte que o som produzido se assemelhou a um meteoro que tivesse atingido a superfície da Terra.

Rolamos pela grama e pelas flores e Robert segurou meu pescoço, apertando forte. Eu começava a ser tomada por um torpor estranho. Não como se fosse desmaiar por falta de ar, mas como se estivesse sendo partida ao meio, tamanha a força empregada.

Sua fisionomia era do pior predador do mundo – o meu predador – prestes a abater sua presa. Estava deliciando-se.

- Nem minha, nem dele – professou.

Eu não me permitiria sucumbir sem lutar. O vermelho tomou a minha visão. Concentrei minhas forças nas pernas e o chutei para longe. Me levantei pronta para avançar contra ele quando fui segura pelos ombros.

- Deixe isso para os homens, Bella – a voz de Rosalie foi reconfortante. Os vi. Carlisle, Emmett e Jasper avançando contra Robert.

A última coisa que me lembro foi de Rosalie me carregar nos braços e tentar me acalmar – Esme levou Nessie para a mansão.

Não sei quanto tempo a escuridão se impôs, mas a sensação de não conseguir acordar mesmo querendo, mesmo estando pronta para isso, me remetia à minha transformação após o parto de minha filha. A principal diferença é que não havia um fogo me consumindo internamente. Apenas o entorpecimento.

As vozes de pessoas ao meu redor não eram compreensíveis nem discerníveis.

Eu queria saber se Edward e Renesmee estavam bem, mas nem isso era possível e me entreguei a escuridão mais uma vez.

Beijos estalados e molhados eram depositados por todo meu rosto.

- Acorda mamãe – a voz suave de Renesmee estava tão perto e tão clara. – Acorda Bela Adormecida.

E os beijos continuavam nas minhas bochechas, pálpebras, testa, nariz. - Acorda, princesa Bella. Você precisa cuidar do príncipe Edward.

Ouvir o nome do amor da minha vida acendeu uma luz no fim da escuridão em que eu me encontrava. Lentamente, eu consegui lutar contra as toneladas que insistiam em manter meus olhos fechados.

Pisquei várias vezes até meus olhos se acostumarem com a claridade e sorri assim que vi aqueles olhos iguais aos meus me encarando com expectativas. Renesmee estava há poucos centímetros de distância e sentir seu calor e seu cheiro era como estar no paraíso.

- Mamãe, você acordou – disse entre lágrimas.

- Por você, meu amor – sussurrei e recebi um abraço bem apertado. Retribui e me sentei na cama com Renesmee me segurando. A apoiei como um bebê e, se eu pudesse, jamais a soltaria.

- Você está bem, amor? – queria ser mais explícita e perguntar se Robert a tinha machucado, mas meu medo era assustá-la de alguma forma.

- Sim. Eu só tive um pouco de medo por não saber onde estava naquele dia. E depois quando você chegou desmaiada – Renesmee falava e brincava com as pontas dos meus cabelos.

- Aquele dia? Quando foi aquele dia? – será que eu estava apagada há tanto tempo?

Finalmente seu olhar voltou para mim. – Quatro dias, mamãe. Há quatro dias que você estava dormindo e há quatro dias não vejo o papai.

Senti meu mundo desabar. Eles não conseguiram salvar Edward. Eu não consegui ajudá-lo. Eu já chorava sem lágrimas, lamentando perder parte tão importante de minha vida, quando minha filha saiu dos meus braços e se ajoelhou na minha frente, passando suas mãos em meu rosto.

- Não fica triste. O papai vai ficar bem. O vovô prometeu.

Renesmee estava me confortando, quando deveria ser o contrário. Foi sempre assim com minha mãe. E agora minha filha assumia meu papel.

Segurei o pavor por ela. - Então porque você não vê o papai há tantos dias?

- A vovó me explicou que ele sente muita dor e que eu não gostaria de vê-lo sofrer. E eu não gostaria mesmo se eu não pudesse ajudar. E a tia Rose falou que quando você acordasse, você iria cuidar dele e ele ia sarar mais rápido.

Fechei os olhos e soltei o ar que não sabia estar prendendo. Edward estava vivo. Sentia dor e sofria, mas estava vivo.

- Será que eu posso ir até o papai?

Nessie deu de ombros e saiu de meu colo, estendendo a mão para mim. Assim que me levantei, percebi que já usava um vestido azul claro de algodão. Sandálias baixas estavam ao lado da cama, esperando por meus pés. As calcei e, de mãos dadas com minha pequena, saímos do quarto.

Eu ouvi vozes no quarto de Esme e Carlisle. Alice e meu sogro conversavam tranquilamente.

"- Quem bom que ela acordou" – Carlisle mostrou sua satisfação.

Alice suspirou. "– Finalmente posso ver o futuro por completo. Edward está esperando por Bella."

Eu não faria meu marido esperar mais. Peguei Renesmee no colo e corri para o quarto. Entrei sem bater e fui recebida por duas pessoas sorridentes que se viraram em minha direção.

Nessie deitou a cabeça em meu ombro e eu não tive coragem de tirá-la de lá. Ficaríamos juntas até que Edward pudesse se unir a nós. Éramos uma família e assim continuaríamos até o final dos nossos dias.

Carlisle e Alice nos deixaram a sós e sentei com minha filha ao lado da cama.

- Por que ele está tão branco, mãe?

Edward estava pálido. Era como se eu voltasse aos meus dias de humana e olhasse para o meu namorado vampiro, tão branco quanto a Lua. Mas desta vez eu não deveria vê-lo assim.

- Ele ainda está se recuperando, amor. – Peguei a mão de Edward que descansava em cima do colchão e trouxe até minha coxa. Minha filha se uniu em nossa corrente.

Nessie colocou seus medos em minha mente. Vi as mesmas imagens que ela, na campina, quando Robert montava uma pilha com os membros do pai. Suas memórias eram tão vívidas que senti sua dor.

Acariciei sua mão e expliquei o inexplicável. – Nós, vampiros, somos quase indestrutíveis. Quase porque se formos desmembrados e queimados, isso significaria o nosso fim. Felizmente, nossa família chegou a tempo de ajudar o papai. Mesmo que você tenha visto... – parei. Como ia dizer a minha filha que tinha visto pedaços arrancados de seu pai? – Mesmo que você tenha visto aquilo, ele poderá se recuperar porque o Robert não terminou o que planejava.

- Será que doeu? – Renesmee era curiosa como qualquer outra criança. Eu jamais mentiria para ela. Apenas tentaria amenizar a verdade.

- Acho que um pouco, mas é uma coisa que ele vai se esquecer rapidinho com nossa ajuda.

Nessie descansou todo seu corpo contra mim, relaxando. Minha pequena devia estar com tanto medo. Ficar quatro dias sem ver os pais, sem notícias, deve tê-la consumido. E eu jamais permitiria que ela perdesse sua infância. Seus pequenos ombros já tinham suportado peso demais para sua idade.

Assim como Alice previu, Edward estava esperando que chegássemos para acordar. Sua mão, com sutileza, apertou a nossa, fazendo com que o olhássemos instintivamente.

Edward piscou algumas vezes antes de abrir os olhos, tombar a cabeça para o nosso lado e sorrir. Sem preocupação nenhuma, Renesmee saltou do meu colo e caiu em cima de Edward em um segundo, beijando todo seu rosto, assim como fez comigo.

- Que bom que você acordou, príncipe Edward.

Renesmee o abraçou e beijou novamente e novamente, assim como fez comigo, instantes antes.

- Eu amo vocês duas – declarou, com a voz embargada. – Nunca mais quero ficar longe de vocês.

Me juntei aos dois na cama, unindo-nos em um abraço de família.

- Nós também amamos você, papai.

Edward beijou a bochecha de Renesmee e a minha boca. Ficamos os três deitados e abraçados por tanto tempo quanto Nessie aguentou.

Foi justamente ela que quebrou nosso momento família soltando-se dos nossos braços e ajoelhando-se em cima dos próprios tornozelos, momento este que aproveitei para me aconchegar no peito do meu marido.

- Agora que está tudo bem e nos amamos, será que vocês dois – apontou os dedos em nossa direção – podem me dizer qual era a surpresa do final de semana?

"Será que devemos fazer algum mistério, amor?", perguntei em pensamento para Edward, que disfarçou o máximo que pôde, e manteve-se sério ao responder.

- Não houve surpresa, filha.

Automaticamente, a fisionomia de nossa filha desabou em decepção. Discretamente, peguei a mão de Edward e entrelacei nossos dedos de modo que nossas novas alianças se destacassem.

Assim que seu olhar foi atraído pelo brilho do ouro branco, Renesmee arregalou os olhos e começou a pular em cima da cama.

- Vocês vão casar de novo! O papai e a mamãe vão se casar de novo!

Edward sentou na cama e puxou nossa filha pela blusa fazendo-a desabar em seu colo.

- Pare de gritar, pequena barulhenta – e em meio a sorrisos de todas as partes, Edward encheu Nessie de cócegas. Seus gritos e risadas exageradas podiam ser ouvidos do quintal, certamente.

Finalmente, meu lar havia se refeito. Ao permitir um "Recomeço", enxerguei o "Felizes para Sempre" no meu futuro, coisa que eu já tinha desistido de buscar há algum tempo.


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