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-Você nunca vai sair daqui, nunca. Você pertence à essa família, e você sempre ficará nesse lugar.

Essas foram as palavras de minha irmã mais velha antes de vir a falecer. Até hoje me lembro perfeitamente dos traços dela, dos seus cabelos compridos, dos seus olhos penetrantes, do seu temperamento forte. Por via do destino, minha irmã se suicidou.
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Meu nome é Hinata Hyuuga, sou a recém primogênita do clã muito consagrado na vila da folha, o clã Hyuuga. Papai requer muito de mim, isso me assusta, e as palavras de minha irmã nunca sairão de minha mente “você nunca vai sair daqui”.

O primeiro indício de que minha irmã estava certa apareceu quando eu tinha recém feito 5 anos de idade.


Respirava rapidamente, o treinamento havia sido árduo hoje. Meus ombros me pesam, meu corpo se encontra em estado de latência. Por que eu tive que nascer neste clã?

O sensei me olha com um olhar sério, me expressa até mesmo nojo...este homem não desejava ser meu sensei, algo me diz que ele foi obrigado.

-Você ainda não ativou o Kekkei Genkai. Não sairá daqui até ativá-lo, hoje mesmo! –o sensei disse, meus orbes se arregalaram, o que ele queria dizer com HOJE? Senti um novo golpe desferido contra meu estômago, certa quantidade de sangue saiu pela minha boca. Meus olhos lacrimejavam, doce destino sombrio me esperava pela frente.


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Estou eu aqui nesta reunião do clã. Como sucessora, e também como já tenho 15 anos, devo participar de todas as reuniões. Papai disse que iremos encontrar o ramo secundário do clã, isso de certa forma me deixou ansiosa...o que será que virá à acontecer?

-Mande-os entrar. –disse papai. Minha ansiedade só cresce.

-Hiashi-sama. –disse um homem da idade de meu pai e com uma estranha marca na testa.

-Ah, quanto tempo. –meu pai sorrio, um sorriso falso como sempre.

-Então essa é a sucessora. –alguém atrás daquele homem disse, eu queria desvendar mais e mais.

-Não se esconda Neji-san. –disse meu pai, quem seria Neji?

-Não estou me escondendo. –um menino mais ou menos de minha idade saiu de trás daquele velho, algo nele me chamou atenção.

–Hiashi-sama. –ele completou, seus olhos se encontraram aos meus e pude ver sofrimento em sua alma, aquele garoto me odiava.

-Hinata se apresente à eles. –papai me disse, eu corei um pouco, meus cabelos longos soltos, meu quimono lilás. Levantei-me e olhei para todos eles que me observavam, novamente encontrei os olhos daquele garoto, e o medo de me apresentar em público se dissipou, eu não quebrei o contato dos nossos olhares, me curvei diante de todos.

-Hyuuga Hinata, sucessora da liderança do ramo principal do clã Hyuuga. –disse com minha voz demonstrando a confiança que eu não tinha, voltei a me levantar e meus olhos novamente se encontraram com os deles, algo me hipnotizava naquele olhar, e pela primeira vez pude perceber curiosidade vinda daqueles olhos.

-Hajimemashite (prazer em conhecê-la) Hinata-san. –disse aquele velho senhor para mim, sorri. –Agora se me permite Hiasha-sama, quero apresentar o sucessor do ramo secundário do clã Hyuuga. –dizendo isso ele captou minha atenção, nunca pensei que haveria dois sucessores.

-Com todo o prazer, vá em frente. –olhei para papai e depois voltei minha atenção ao homem que sorria, não estava entendendo aquilo.

-Hyuuga Neji, sucessor da liderança do ramo secundário do clã Hyuuga. –voltei rapidamente minha atenção à quem se pronunciava, qual minha surpresa ao descobrir que aquele garoto era o sucessor?

-Agora peço à todos para que se retirem e me deixem aqui apenas com Hizashi. –e assim como meu pai ordenou todos foram se retirando, fiz uma rápida reverência em sinal de respeito e vi o senhor de nome Hizashi sorrindo para mim, dei um pequeno sorriso em retorno e me retirei.

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Ao sair dei de cara com aquele garoto que era o sucessor do ramo secundário, ele me olhou com desdém, que garoto mais insuportável!

Dei as costas e ia me retirar para meu quarto, porém alguém segurou meu pulso e me virou. Descobri que esse alguém era o dito Neji.

-O que você quer? –perguntei com a voz um pouco alterada, meu pulso estava começando à doer.

-...-ele não pronunciou nada, apenas me olhava, como se me analisasse.

-Me solta garoto! –falei alto, e puxei meu pulso, porém ele não o soltou. Percebi que na testa dele havia a mesma marca do que na testa de Hizashi. Com a mão livre toquei de leve naquela marca, ele fechou os olhos, porém não era de dor e sim de um dito prazer entorpecente.

Meu chakra começou a fluir por aquela marca, estava mais e mais perto dele, pude ver suas lembranças, seus temores, e com meu chakra fui amenizando todas as dores que eu encontrava.

A mão dele que segurava meu pulso, a soltou e agora estava enlaçada na minha cintura, meu corpo estava colado com o corpo dele, aquele calor que há tempos não sentia, meu chakra foi deixando de fluir, passei minha mão pelo rosto dele, tão lindo pensei comigo.

Os olhos dele foram se abrindo vagarosamente, mais perolados do que nunca, e pela primeira vez pude ver seu sorriso, tão meigo e sincero, me encantei.

Ele colocou uma mão em meu queixo e quebrou o último espaço que havia, sua boca se colocou à minha, no primeiro instante meus olhos se arregalaram, mas depois foram se fechando, a suavidade daqueles lábios em contato aos meus...o seu perfume tão encantador.

Me dei conta do que estava fazendo...ESTAVA ME BEIJANDO COM O SUCESSOR DO RAMO SECUNDÁRIO! Afastei-me brutamente e levei minha mão ao meu lábio, pareceu-me que ele também notou.

Vi-o curvar-se na minha frente, uma curiosidade crescente se estendia por todas minhas células, eu queria desvendá-lo.

-Sumimasen(desculpe-me) Hinata-san. –o sufixo de formalidade quebrou meus pensamentos, o olhei de forma repreensiva, e percebi que ele me olhava de forma desafiadora.

-Não foi nada Neji-nii-san. –brinquei um pouco, que mal havia em deixá-lo bravo? Olhei novamente para ele e percebi que ele estava rubro, sorri baixinho, voltei à olhá-lo e percebi que ele estava me olhando de forma curiosa. Queria conhecê-lo melhor, brincar com os pontos fracos dele, porém a porta se abriu e me virei sorrindo para meu pai.

-Hinata-chan! Neji-san! Exatamente quem precisávamos. –falando isso nos puxaram para dentro da sala e a porta foi fechada. Meu coração disparou de medo, algo me dizia que alguma coisa ruim aconteceria ali.

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Me vi diante de olhos monstruosos, aquilo me assustava...como estávamos sentados, papai e Hizashi de um lado e Neji e eu do outro, senti a mão de Neji tocar a minha, sorri de lado e entrelacei nossos dedos, vi as bochechas dele ficarem róseas e sorri novamente.

-Bem, os chamamos aqui pelo seguinte motivo... –Hizashi começou, aquilo estava me aquietando.

-Resolvemos que está na hora de unificar o clã. –papai disse me chamando a atenção...como assim unificar o clã??

-Para isso os sucessores de cada ramo se unirão no matrimônio... –ah tá, a sucessora do clã principal e o sucessor do secundário irão casar...mal pra sucessora...que inveja dela...PÁRA TUDO!! EU sou a SUCESSORA do clã PRINCIPAL.

Daquele momento em diante não vi mais nada. Apenas uma escuridão crescente.

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Fui despertando, percebi que estava em meu quarto. Tento levantar meu braço mas sinto um peso em minha mão, olho para o lado e encontro Neji adormecido com a cabeça na cama e sentado no chão, sua mão entrelaçada com a minha.

Não pude deixar de olhá-lo com carinho, essa ação dele me cativou. A face pacífica dele dormindo me chamava, tinha vontade de sentir como sua pele é...fui um pouco mais para perto dele e minha mão aos poucos foi se aproximando com o rosto dele...era uma necessidade tocá-lo, quando toquei sua bochecha com as pontas de meus dedos ele acordou e seus olhos voltaram a se encontrar com os meus. Senti minha respiração falhar diante daquele olhar. Até que ele sorriu e isso tirou-me de meu transe.

-Neji-nii-san... –sussurrei para ele que me olhou com falsa raiva.

-Não me chame com esse sufixo. –nos encaramos sérios por alguns momentos depois caímos na gargalhada.

-Posso te chamar de Neji só? –perguntei meio encabulada, ele me olhou com um sorriso zombeteiro.

-Prefiro Neji-kun. –novamente rimos, era agradável estar ao lado dele, ele me fazia sentir tão bem...

Levantei-me da cama e nem tinha percebido que o quimono tinha se aberto um pouco deixando visível metade de meu seio, só percebi isso quando olhei para Neji que estava com as bochechas coradas, sangue saindo pelo nariz, algo elevado nas calças e o olhar fixo para meu tronco, corei na hora e limpei a garganta para cortar o clima.

-Acho que você precisa ir parar o sangramento antes que morra Neji. –gozei dele que saiu de seu transe e me olhou com raiva, se encaminhou rapidamente para o banheiro que tinha em meu quarto.

-Baka. –gargalhei com aquela conduta tão infantil dele, era a segunda vez que ria dessa forma...a primeira...foi com...meu primeiro amor...Naruto.

Sentei-me na cama e abracei meu urso com um carinho e amor...coisas que serviam para mascarar um sofrimento que excede o carnal.

Ouvi a porta do banheiro se abrir mas nem por isso mudei minha posição, quando tornei a abrir os olhos encontrei Neji abaixado e me olhando de forma analisadora.

-Como fomos terminar assim? –perguntei pra ele esperando uma resposta, não a tendo me joguei na cama de costas para ele, senti as lágrimas querendo cair, mas eu prometi nunca mais chorar desde a morte de minha mãe.

Senti um peso de meu lado e um braço contornando minha cintura e me aquecendo, aquele calor humano me fez pensar que eu não estava sozinha, que talvez o passado não passasse nada mais do que...passado.

Adormeci novamente com o braço de Neji em minha cintura, aquele contato me deu a sensação de estar protegida...eu estava me sentindo...amada.