Alice S Memories escrita por Yako-chan


Capítulo 16
Capítulo 15 Cogumelos


Notas iniciais do capítulo

Nassaaa fiquei um tempinho sem postar aqui um cap XD



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A idéia de estar em Rutledge era mais aceitável que a realidade, de toda forma sempre foi.

—Mas se isso não for mais um de meus surtos, ninguém vai me procurar em um maldito buraco e longe de casa, quer dizer uma “toca de coelho”! Nem devem saber pra onde vim, merda. —Dizia a si mesma, batendo com a mão na testa, quando de repente sentiu um cheiro adocicado, virando-se um pouco pode ver que era seguido de uma fumaça colorida que pairava fazendo círculos no ar, franziu a testa para aquilo, mas como não sabia mais o que fazer a seguiu de forma curiosa ignorando suas palavras, procurando sua fonte, no caminho grandes raízes ressecadas precipitavam-se para fora da terra e voltavam a mergulhar nela ao redor de Alice, seus pés se afundavam em pouco no chão coberto de musgo verde escuro, que tinham um cheiro de mofo, flores secas tombadas  pareciam possuir rostos disformes, cheios de dor e agonia, assim como cogumelos aqui e ali, ela foi seguindo até encontrar um grande cogumelo sozinho e cercado pela grama alta, muito pouco da luz do luar conseguia atravessar as folhas espessas das arvores e entrar no interior da floresta, mas um filete alcançava o cogumelo, era grande mesmo para os padrões normais, lembrava uma velha torre inclinada que ruía lentamente, ao castigo do tempo,  Alice caminhou devagar afastando a grama alta e arbustos que ainda estavam em seu caminho até chegar um pouco mais perto, teias de aranha muito espessas se emaranhavam ao redor, e antigas teias abandonadas de estações passadas jaziam no chão e nas folhas, imóveis pareciam pedaços de nuvens congelados, onde asas de insetos ainda estavam presas mesmo depois do resto de seus corpos ter desaparecido, tudo convergindo para forma um cenário incomum, Alice tropeçou em algo que se espatifou com o impacto enquanto olhava ao redor, mas evitou a queda conseguindo se equilibrar, era a casca oca de algum inseto estranho, não havia mais nada dentro, e a casca de seu copo havia ficado ali por muito tempo esquecida abaixo da grama no fundo da floresta, virando-se novamente para frente iria continuar seu passo quando de um momento a outro pensou ter visto uma lagarta azul sobre aquele cogumelo, que não estava ali um momento atrás, sentiu uma leve dor de cabeça quando da mesma forma imagens dessa mesma lagarta vinham de perspectivas distintas, seguidamente em sua mente, como flashes em preto e branco, algo muito antigo, e irreal.

Sacudiu a cabeça querendo afastar isso  e não disse nada, mas insistiu em apenas ficar olhando, e a imagem a sua frente reapareceu, agora um pouco mais nítida, em cima do cogumelo havia uma lagarta que fumava um narguilé, Alice sorriu de lado não acreditando muito no que via, e franziu o cenho quando percebeu que poderia ser ela quem produzia toda aquela fumaça, embora não tivesse certeza do que seus olhos viam, a criatura estranha direcionou seu olhar para a menina, fitando-a por um tempo, mas se podia ver um brilho solene em seu olhar, quando afastava o narguilé da boca dirigindo-se a ela.

—Você, eu me lembro de você...—Hm sim, faz muito tempo.—Mas você voltou Alice, só que se atrasou demais. —Pronunciou calmamente, ao ouvi-lo continuou estática, e quando a estranha criatura pronunciara seu nome Alice ficou mais surpresa do que antes, e imóvel continuava a olhá-la sem dizer nada, com inconfundível expressão de espanto na face, a lagarta não parecia mudar de expressão e dando mais uma tragada falou mais severa depois. —Perdeu os modos? Deve dizer algo quando alguém lhe direciona a palavra, Alice, mesmo nestes tempos perdidos.

Mesmo com a segunda vez em que a lagarta se pronunciava a menina continuava calada então baixando seus olhos com ar de severidade para ela, a lagarta encheu o peito dizendo com rispidez em um tom que pouco usava.

—Fale, quando alguém lhe pergunta, eu não tenho tempo!—E levava o narguilé à boca novamente com rugas bem visíveis em sua testa, nesse momento Alice saiu de seu estado estático, dando um passo para trás, nesse instante a imagem da lagarta desapareceu de cima do cogumelo e Alice procurou por ela olhando em varias direções, mas logo estava lá novamente, no mesmo lugar com a mesma expressão reprovadora.

—O que estou vendo.—Falou a sim mesma insegura.—E você perguntou que...?—Balbuciou encarando a figura da lagarta, piscando varias e varias vezes para constatar o que via, estava ali mesmo? Então engoliu em seco, aquela criatura continuava a olhar para ela, se lembrava que não gostava de lagartas sempre as achou asquerosas com aquele monte de patas, corpo peludo e cara feia, mas sabia que ela estava esperando uma resposta, então ela resolveu parar de tentar fingir que sabia controlar o que as passava em sua mente ou sonhos, e deixou a idéia de se manter “normal” de lado e resolveu mergulhar de vez nesse “sonho de louco” que pensava estar tendo de novo e falou a lagarta.

—Bem, me desculpe eu estava...—Ela tentava dizer qualquer coisa quando a lagarta a interrompia deixando de fumar para falar.

—Estava, estava...onde você estava? –Perguntava a lagarta voltando aquele ar sonolento.

—Onde eu estava? Onde eu estava... onde...  antes? Bom, eu não sei onde estava antes, mas acho que isso não importa, mas se for antes de vir para este lugar eu estava em casa.—Ela tentava responder de alguma forma.—Mas quem é você?

Com essa pergunta a lagarta soltou uma baforada de fumaça lentamente no ar, Alice podia ver desenhos se formando nela, como formas compridas serpenteando no ar e teias de aranha que moviam-se suavemente levadas como bandeiras fantasmagóricas.

—Quem sou eu?—A lagarta apontava para o peito, parecia estar se referindo a si mesma, Alice não entendia o aquela criatura esquisita queria dizer, mas não era a primeira vez que lidava com esquisitices, por um momento se lembrou dos sonhos, mas a voz era diferente.

—Quem é você? Não me pergunte algo assim, porque como é que vou saber nunca te vi.—Falou seria quase ríspida, a lagarta levantou uma sobrancelha.

—Esqueceu?—Falou com o narguilé no canto da boca, Alice olhou de soslaio, não gostava daquele jeito preguiçoso da lagarta, isso estava começando a incomoda-la.

—Céus estou falando com uma lagarta...—Murmurou em voz alta, cruzando os braços e olhando com uma expressão de desagrado.—Pois bem, eu esqueci ou não esqueci, quer dizer...como eu poderia ter me esquecido de um lagartona azul,  falante e que fuma?—Ela tentava perguntar de forma grossa, e a lagarta com seu ar de descontentamento continuava fumando, interrompendo algumas vezes para falar.

—Não? Então quem sou eu?—Perguntou e Alice disse que não sabia tentando ser educada novamente.—Não sabe nem quem é você...—Parava para dar mais uma tragada.—E eu tive de voltar aqui, estar aqui, e não estar aqui, nesta forma para esperar, e você nem se lembra, explique-se!

—Explicar? Mas que... mas... —Ela tentava segurar a língua e até tentava se explicar mesmo com algo que não compreendia, quando era novamente interrompida.

—Então você mudou. —Falou mais em tom de pergunta, e Alice sentou-se na grama parecendo vencida, aquilo tudo era tão irreal e também irritante, mas que havia mudado algo isso era verdade, e começou a perceber isso de forma quase inconsciente no inicio, mas que já começava a se agitar dentro dela.

—Creio que sim, diabos, isso é tão fora do comum que eu começo...—Começava a falar consigo mesma de novo quando voltava a lagarta.—Me desculpe, mas eu não consigo lembrar dessas coisas que fala, na verdade não consigo me lembrar de muitas coisas. —Respondia por fim.

—Não consegue lembrar-se das coisas?—Continuou a lagarta.

—Não.—Falou com uma leve melancolia, sentiu-se um pouco cabisbaixa, mesmo que não conhecesse o motivo afundou o rosto nas mãos apoiadas sob os joelhos, parecendo alguém a se alentar-se.

—Então o que você quer agora? –Perguntou a lagarta depois de vários segundos somente fumando, Alice não se moveu, mas pensou em perguntar se saberia como ela poderia voltar ao tamanho normal, já que era muito difícil andar com roupas e sapatos grandes, queria voltar a sua verdadeira altura, mas ela não proferiu uma palavra, pensando que logo a lagarta falaria novamente, esperou um pouco e nada, nisso a dor de antes voltou junto da imagem da lagarta sob cogumelo que voltou a sua mente, e agora via a si mesma quando pequena correndo e gritando: —“E...ei espere!”— e se aproximando daquele cogumelo, enquanto sem olhar para trás a lagarta que subia em uma ramagem falava com sua voz ríspida.— Um lado faz crescer e o outro diminuir!—Suas ultimas palavras mal puderam ser ouvidas, de forma que Alice levantou a cabeça quase em um susto.

—O que?— Falou surpresa e confusa. —Isso foi um sonho...dentro de outro por acaso?—Se perguntou até que seus olhos se prenderam diretamente no cogumelo a sua frente, mas não havia lagarta alguma sob ele, nem sinal algum disso, além do mais estava diferente do que havia visto em sua mente, era a velha torre arruinada sob a fraca luz da lua novamente, não mais o cogumelo grande e branco que quase brilhava ao sol, não precisava olhar bem para saber disso,  levantou-se e se aproximou da planta, ainda estava sem compreender realmente o que se passava, estava mesmo fora do normal por conseguir sonhar no próprio sonho, então se pôs a analisar o cogumelo de perto, estava escuro e tinha um cheiro ainda mais estranho que o mofo do chão, sua cor acinzentada mostrava o fim de sua vida, ficando ali olhou para cima não podia ver o céu às arvores se juntavam em cima deixando somente aquele fraco fecho de luz entrar ali, ela observava tudo a volta até seus olhos recaírem sobre o cogumelo novamente, nisso imagens de mãozinhas retirando partes de um cogumelo foram trazidas a sua mente, embora Alice não costumasse dar muita atenção a ela, pois sempre lhe pregava peças, mas imediatamente ela fixou os olhos sob aquela planta estranha e percebeu que faltavam pequenos pedaços nas duas laterais que estavam escurecidos, se precipitou a retirar uma pontinha de um dos lados, mesmo se indagando que cogumelos poderiam ser venenosos, mas se aquilo era apenas um sonho e com receio levou a boca um dos pedaços, um gosto estranho e indefinido foi o que pensou quando imediatamente as coisas ao redor pareceram maiores, logicamente nesse momento ficou com medo de desaparecer , mas constatara que era realmente o que a lagarta queria dizer, ou não? Nem tinha certeza se tinha visto ela mesmo, ou se havia estado ali antes, mas ela não estava ali agora.

Ela correu ao outro lado e retirou um pedaço dando uma mordiscada, com isso cresceu um pouco, fazendo uma careta ante aquele gosto esquisito e desagradável, foi dando leves mordidas até crescer ao seu tamanho original.

—Estou normal de novo, acho eu, de tudo mais, isso é ótimo.—Sentia-se aliviada, pelo menos desta vez, arrumou seu vestido agora poderia caminhar melhor, sem tropeçar na barra ou os sapatos saírem do pé, e por precaução pegou um pedaço de cada ponta do cogumelo e guardou nos bolsos, com tudo que havia ocorrido aquela experiência com o cogumelo não pareceu tão estranha assim, como se fosse algo que já tivesse feito.


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Notas finais do capítulo

Peoples humans que tal um coment de vez em quando?
Hiaaaa e logicamente não me esqueço de agradecer aos que já comentam, dando o maior força, amo todos TT_TT peoples maravilhosas!!!