Lá dentro outros animais apareciam onde o Rato estava, o mesmo ficou olhando na direção para onde a menina havia corrido, a portinha se fechou e chave deu uma volta sozinha trancando-se novamente, sem permitir que mais ninguém passasse por ela.

—Que pena, ela realmente se esqueceu. —Falou para os outros animais. —A lagoa de Lagrimas que se formou na primeira vez em que ela veio ainda está aqui, é onde ela iria preferir ter tido seu fim logo na primeira vez em que aqui esteve, mas a menina se esqueceu, lembro-me que ela não hesitou em falar comigo naquela época.

—Mas ao que parece ela não se lembra mais, realmente e se agarrou aquela fétida realidade de seu mundo na superfície, embora ela muitas vezes vague entre a realidade e os pesadelos de seu passado, ela apagou este mundo de suas lembrança, mas na verdade desde antes daquela época ela já havia deixado aquela garotinha aqui. —Completou um pássaro cinzento e velho com um bico de um laranja escuro e apagado quase da cor de sua plumagem, com olhos brilhantes e estranhos, o Dodô.

—Sim é, foi aqui da mesma forma que deixou, ela deveria tentar encontrá-la, antes que seja realmente tarde, pobre Alice. —Dizia novamente o Rato em tom melancólico e sombrio com sua voz rouca.

Alice ainda caminhava, havia uma estrada de pedras cinzentas por onde ela seguia, iluminada por postes parecidos com aqueles o qual havia perto da porta, só um pouco mais altos, ela caminhou por um tempo que não contou, mas parou de repente ao ver a sua frente um grande portão de ferro, era alto, escuro as grades de ferro se erguiam com pontas afiadas apontando para o alto, como se estivessem desafiando o céu e acima um nome se fazia visível, escrito em letras trabalhadas “Wonderland”, mas estava mal tratado e escuro, plantas se enroscavam subindo em algumas partes com ferrugens, estava fechado.

—Com certeza não estou perto de casa...—Disse encarando aquele portão, Alice caminhou até ele não havia tranca nem nada parecido, e viu que poderia abri-lo com um empurrão, mas não com o tamanho que estava, colocou o par de sapatos de lado, então pegou o pedaço do bolo que ainda estava com ela e comeu mais um pedaço, cresceu mais um pouco, até estar a uma altura a qual achava ser possível mover o portão, pegando os sapatos novamente agora com mais facilidade ainda eram um pouco grandes mas os colocou no pé, conseguindo isso ela o atravessou e fechou em seguida, a estrada de pedras se estendia a frente em uma descida, e logo subia de novo acompanhando as curvas e ondulações da terra, que lhe sumia das vistas. Ela seguiu por este caminho até que sem perceber este sumia sob seus pés e por fim havia chego a outro lugar, onde tinha uma casa velha, parou de repente se esquecendo de onde realmente tinha vindo, aquela casinha já gasta pelo tempo lhe havia feito quase lembrar-se de algo, como se já tivesse estado em um lugar como aquele, e a lembrança de um quarto,  estar crescendo e pedaços de bolo.

—Por que me lembraria de um lugar desses? Duvido muito que mamãe me traria em algum lugar sequer parecido com esse...!—Balançou a cabeça negativamente, como aquelas lembranças desconexas poderiam aparecer ali? Foi até lá por curiosidade, mas antes de entrar percebeu pisar em algo em meio à grama, baixando o olhar viu um pedaço de madeira marrom acinzentado, com alguma coisa escrita, afastou um pouco a grama vendo que era uma espécie de placa onde se lia “C. Branco” embora estivesse quase apagado, não ficou se indagando sobre isso e andou por perto da casa, mas não entrou, e quando ouviu algumas vozes, vindo do outro lado algumas imagens de animais vieram a sua mente do nada, mas logo ela as afastou, então saiu correndo,  sem olhar para onde ia, até que as vozes soassem fracas e longe, e por fim não podia mais ouvi-las correu até estar muito cansada e sem ar, sem saber  quanto tempo havia se passado, quando deu por si já estava em uma floresta densa.

—Estou novamente no bosque perto de casa...talvez só precise andar até sair dele... –Falou Alice apoiando-se em uma arvorezinha para descansar.

—Eu quase me esqueci que tenho que crescer novamente, ainda não estou em meu tamanho normal!—Falou um tanto surpresa consigo mesma, e levou a mão ao bolso, mas seu contentamento desapareceu ao não encontrar nada nele, procurou no outro, mas nada.

—Onde está? Será que caiu pelo caminho quando eu corri? Maldita porcaria o que faço agora?—Fazia mil perguntas, para as quais não encontrava resposta enquanto vagueava pela floresta, se indagando se teriam percebido o sumiço dela, se estariam procurando ou preocupados, também poderia ter dormido e estava sonhando em seu quarto, ou mesmo se estava tendo mais uma alucinação e poderia acordar em um quarto de Rutledge .