“Eu não posso perder. Eu não irei perder!” – Ela pensava enquanto caminhava a duros passos.

 

Estava indo para o trabalho mais cedo já que novamente havia pedido uma dispensa da aula. Ela não era de fazer algo do tipo, mas tudo estava sendo muito drástico para seu gosto. Não queria ficar na sala e ter que aguentar os olhares e comentários insistentes de Usui. Sabia que não iria tolerar. O melhor seria voltar para casa.

 

Mas acontece que Suzuna não estava lá.

 

“O que essa garota anda fazendo?” – Perguntou-se.

 

Em tão ficou pensando para onde iria. Se ficasse sem fazer nada, obviamente que só iria se desmotivar. O único lugar que ficaria ocupada seria o Maid Latte. E era justamente para lá que ela estava se encaminhando.

 

– Misa-chan? O que faz aqui tão cedo? – A Gerente indagou surpresa assim que Misaki entrou no estabelecimento.

 

– É que eu saí mais cedo do colégio – Ela sorriu. Não precisava contar toda a verdade.

 

– Ah, pois veio em ótima hora! As cozinheiras sumiram!

 

– Como assim sumiram?

 

– Não faço idéia... Ambas ligaram para mim dizendo que não poderiam vir hoje. Agora eu não sei o que fazer... Será se seria mais cabível fechar o Maid Latte por hoje? – Ela perguntou.

 

– Não! – Misaki retrucou – Eu posso cozinhar!

 

– Tem certeza? – A Gerente indagou hesitante. Todos conheciam muito bem os “dotes” culinários de Ayuzawa... E não eles não eram nada louváveis.

 

– Claro! Estou ao seu dispor!

 

– Ham... Então, conto com você! – Ela decidiu apostar, afinal o que poderia ser pior do que não ter comida?

 

A garota sorriu e pegou o avental que a Gerente lhe estendia. Foi para cozinha e pegou o livro de receitas a sua frente.

Tudo parecia grego. Mas não poderia voltar atrás agora. Deu uma rápida lida e visualizou mentalmente os pratos. Não parecia tão difícil assim...

 

– Misa-chan! Temos clientes. Prepare um Onigiri com ameixa!  - A Gerente avisou.

 

–O-Onigiri? – Tinha certos traumas com esse prato – Mas quem foi o imbecil que pediu algo assim?!

 

*No lado público do Maid Latte*

 

– Será que a Misa-chan vai atender nosso pedido de Onigiri com ameixa? – Kurotasu se perguntou sorrindo que nem bobo.

 

– Misa-chaaaaan! – Gritaram os outros dois idiotas.

 

*Na cozinha*

 

– Droga! Isso é um monstro! – Misaki rugiu enquanto amassava os bolinhos.

 

– Hm... Quer ajuda? – Honoka perguntou.

 

– Ah, não não... Está tudo sob controle! – E sorriu olhando para seu bolinho extremamente duro e não comestível.

 

–Pois se precisar de algo, avise-me!

 

–Claro, claro! Ah, droga! Prato dos infernos! Se ao menos o Usui estivesse aqui para cozinhar! – Ela lamenta.

 

Que? Acabara de pensar? Usui agora era da linha inimiga, não poderia pedir sua ajuda.

 

– É só pedir “por favor” que eu cozinho.

 

Um arrepio percorreu o corpo da moça. Por que ele sempre aparece dessa maneira?!

 

– Como apareceu aqui?! – Ela gritou.

 

– Você saiu assim repentinamente e então eu vim atrás de você – Falou indiferente.

 

– Pare de ser cínico e caia fora das minhas vistas, baka Usui.

 

– Calma, eu só vim adiantar as boas notícias.

 

– Que boas notícias? – Indagou Misaki.

 

– Primeiro: Eu cozinho se você vier para minha casa com esse uniforme.

 

Ela corou violentamente.

 

– IMBECIL!

 

– É... Parece que não.

 

– E segundo?

 

– Hm... Estou pensando em fazer um pouco de suspense... Acho que você vai adorar... – Disse dando ênfase na última palavra.

 

“Boa coisa isso não é”

 

– Anda, Usui! Conte logo.

 

– Ah, Kaichou... É só você vir com esse uniforme e...

 

– Pare com esses pensamentos pervertidos, seu imbecil, e conte logo de uma vez!

 

Mas Usui apenas limitou-se a rir.

 

– Me dá esse arroz aqui.

 

O rapaz deu uma volta completa na cintura de Misaki para pegar o ingrediente. Obviamente, fazendo-a corar de propósito.

 

– Que perfume você usa mesmo?

 

–USUI! – Gritou.

 

– Hai, hai. Olhe, vou ensinar como se faz um Onigiri.

 

– Não quero aprender nada com você – E virou o rosto.

 

– Ayuzawa... Você vai precisar disso.

 

Ela tornou a virar para encará-lo.

 

– E para que?

 

Por um segundo, Usui pareceu sem resposta, mas parece que algo lhe veio a mente.

 

– Para cozinhar para mim, o que mais seria?

 

Ela meteu-lhe um soco no estômago que o fez se retrair.

 

– Kaichou, sua mão é pesada... – Tossiu.

 

– Saia logo daqui se não tiver nada interessante para me contar.

 

– Ainda não lhe ensinei a fazer o Onigiri.

 

– E nem quero aprender!

 

Usui revira os olhos.

 

– Às vezes você é extremamente insensível, Kaichou. Vai me agradecer depois. Agora pegue uma porção pequena de arroz com a mão.

 

Mesmo não gostando da idéia, a garota viu-se seguindo as instruções do loiro.

 

– Agora amasse levemente... Não, assim não. Mais suave – E tomou as suas mãos e apertou o Onigiri através delas – Assim.

 

“Não está sendo de todo ruim...” – Pensou.

 

– Coloque a ameixa nas “costas” do bolinho. Pronto. Agora é só colocar para assar – E indicou a maquina para Misaki, que depositou o pequeno prato onde lhe foi mostrado – Acha que consegue fazer outro?

 

– A-Acho que sim...

 

E seguindo as instruções de Usui ela própria tentou... Mas se bem que não saiu a mesma coisa. Uma bolota de chumbo maciço com uma ameixa que mais parecia um tumor estava no lugar de um adorável bolinho.

 

– Ah, eu não tenho o mínimo jeito para fazer essa porcaria! – Ela gritou.

 

– Acho melhor você tentar novamente.

 

– Não vou tentar novamente, eu odeio cozinhar.

 

– E o que os clientes do Maid Latte vão pensar? Estão há um bom tempo esperando o pedido.

 

A garota se sobressaltou. Havia esquecido completamente disso.

 

– E agora? – Desesperada indagou.

 

O rapaz soltou um suspiro pegando outra remessa de arroz.

 

– Sente-se, Ayuzawa. Eu termino os pedidos por hoje.

 

– M-Mas...

 

– Vamos fazer o seguinte: Eu preparo e você serve. Ok?

 

Ela apenas confirmou com a cabeça. Usui cozinhava rápido, e quando mais ele fazia, mais pedidos chegava, fora aqueles atrasados. Misaki corria que nem louca por todo o estabelecimento distribuindo e sorrindo. Ela nunca vira o Maid Latte tão lotado. Parece que eles haviam escolhido para vir justamente quando as cozinheiras resolveram sumir.

Ao final do dia, ambos estavam exaustos. A moça desabou em cima da cadeira da cozinha.

 

– F-Finalmente... – Disse sem fôlego.

 

– Muito obrigada pelo seu bom trabalho, Misa-chan! E a você também Usui! – A Gerente agradeceu.

 

– Ah, não foi nada...

 

– Fico feliz em ajudar – O rapaz fez um aceno com a cabeça.

 

– Vou dizer as outras que estão dispensadas, com licença – Disse retirando-se.

 

Ambos estavam a sós novamente. Misaki olhou para Usui e a muito contra gosto disse:

 

– O-Obrigada mesmo...

 

Ele deu um risinho.

 

– Sei o quando é difícil para você me agradecer.

 

Ela balançou a cabeça.

 

– Não quero parecer mal agradecida. Desculpe-me. Eu realmente sou grata por você ter me ajudado, Usui.

 

Ele arregala os olhos, mas em seguida sorri.

 

– Isso para mim basta, Ayuzawa. Vou lhes dizer a segunda notícia.

 

– Diga então...

 

– A prova foi antecipada para daqui a dois dias.

 

– QUE?! USUI, POR QUE VOCÊ NÃO DISSE ISSO ANTES?!

 

– Pensei que você estivesse preparada para tudo... – Mas não conseguiu esconder sua cara de diversão.

 

– Não acredito nisso! Arg, realmente é impossível confiar em você.

 

Ela esbraveja e em seguida pega seu casaco no armário e vai embora, batendo a porta com um baque.

 

As coisas realmente poderiam ficar piores? Pior que poderiam.