- Nããããooooo!

Acordei assustada e com o rosto molhado, foi só o tempo de passar a mão no rosto Stephan apareceu no quarto olhando para todos os lados sendo seguido por Rose. Eu ainda estava olhando para a porta ofegante e logo a expressão dele se suavizou.

- Quer que eu a ajude? – perguntou Rose docemente para Stephan que apenas negou com a cabeça e entrou no quarto.

- Outro pesadelo Göre*? – ele perguntou enxugando o meu rosto.

* criança em alemão

- Desculpe pelo susto engel* - disse chorosa e envergonhada abaixei o rosto escondendo as lágrimas.

* anjo em alemão

Stephan sentou ao meu lado e pelo queixo levantou o meu rosto. - Sonhou novamente com aquele homem e o acidente? – sussurrou olhando nos meus olhos intensamente e me perdi por um instante naqueles olhos negros. Pisquei rapidamente saindo daquele olhar.

- Não, eu não sonhei com... Com... Felix...

- Göre, não precisa pronunciar o nome, pois sei com ainda é difícil para ti apesar de todos esses anos – afirmei com a cabeça enquanto ele alisava o meu rosto. – Então foi um sonho diferente... Mas que te assustou... então com o que você sonhou?

- Stephan... eu não lembro direito do sonho me desculpe, só sei que estava num lugar escuro e que estava com medo de algo – menti.

O meu engel me olhou intensamente por alguns segundos para depois suspirar e soltar o meu rosto. O que me fez segurar o suspiro de alivio. Ele levantou calmamente e foi até a porta do quarto.

- Está com fome? – perguntou por cima do ombro.

- Que horas são?

- São oito horas... vai ficar bem? Se quiser...

- Não engel! Agora estou bem. Daqui a pouco vou descer pra comer – disse empolgada “comer” já conhecendo Stephan.

- Então irei preparar num super desjejum pra minha göre – disse com um enorme sorriso, eu não disse que eu o “conheço”.

Esperei mais alguns minutos e respirei fundo.

O que está acontecendo comigo? Que sonho mais louco eu tive! Talvez não seja uma má idéia eu ir para casa de tia Alice. Pode até ser divertido não é mesmo?! Sinto falta de poder perder o controle da minha mente, correr sem destino certo... sei lá... Fazer algumas coisas que perto da minha família “especial” e superprotetora não poderia fazer.

- Aff!

Levantei preguiçosamente em direção ao banheiro para poder descer antes que Stephan sinta a minha falta. Joguei minha roupa no balde de roupa suja e entrei embaixo do chuveiro para organizar as idéias. Por causa da Lua que está crescendo meus dons ficam mais fortes (descontrolados) e um fato de grande importância é minha concentração para não deixar meus pensamentos em “público” se vocês me entendem. Respirei fundo três vezes – como engel me instruiu – e fechei os olhos... Eu consigo os sentir... Duas pessoas na sala de estar, que pelas variações de humor devem ser Tio Greg e Rose; Rico está no quarto treinando e Stephan na cozinha. Este ultimo me surpreende de quase sempre ser transparente para mim. Sorri involuntariamente com este pensamento.

Por causa do clima optei por uma calça moleton cinza com uma camiseta e amarro o meu cabelo num rabo de cavalo alto. Ao sair do quarto ouço os sons de golpes vindo do quarto a minha frente. Vou em direção a porta com a intenção de bater, mas esta só estava encostada. Para não interrompe-lo a abro devagar para apreciar aquele corpo bonito que só Enrico tem.

Ele estava treinando chutes e socos num saco de areia reforçado (tipo que é usado para praticar boxe). Era linda a agilidade de seus golpes e como sua imensa tatuagem de tigre criava vida com os movimentos de seus ombros e braços. Sempre fiquei fascinada com essa tatuagem que passava por seu ombro direito e terminava em suas costas.

Enrico suava muito e estava somente usando sua bermuda prateada. Ele estava tão concentrado que parecia não ter me ouvido entrar, aproveitei esse momento raro e fiz o que mais gosto de fazer... surpreende-lo ou pelo menos tentar né. Muahmuahmuah!

Me aproximei na pontas dos pés atrás dele e me preparei em dar um chute em seus joelhos com a intenção de desequilibra-lo. Mas o feitiço foi contra o feiticeiro. Rico virou no momento em que iria lhe dar o golpe e segurou meu tornozelo no ar antes que o atingisse.

- O que acha que está fazendo petite? - sussurrou com um sorriso maldoso em seus labios. Ai! já conheço esse sorriso.

- ESPERE! Não é isso que está pensando Rico - disse rapidamente já prendendo um sorriso. - E faça o favor de largar o meu pé?

- Já tomou banho? - disse ignorando minha pergunta.

- Sim e estou muito cheirosa se quer saber - falei de um jeito metido como Rosalie empinando o nariz.

- Que pena, pois estou todo suado...

NÂOOOOOOOOOOOOO. Enrico puxou meu tornozelo e me agarrou pela cintura. Ele esfregava insistentemente o seu rosto em meu pescoço e como resposta comecei a gritar pra me largar. Sei que qualquer garota em plena conciencia adoraria ser agarrada por um rapaz como ele, mas gente... ele estava todo suado, eu disse TODO suado.

- POXA RICO! Vou ter que tomar banho novamente - bufei irritada quando ele afastou "só o rosto" de mim.

- Se esse for o problema...

E acreditem ele fez mesmo isso. Me jogou como se fosse um pedaço qualquer de carne por cima do ombro e me levou ao seu banheiro.

- O que você vai fazer seu francês maluco????

- Nós precisamos de um banho quente petite.

Enrico ligou o chuveiro e entrou comigo ainda em seus ombros.

- A água tá gelaaaadaaaaaaaaa.

Fiquei desesperada. Demorou alguns minutos para a maldita água esquentar e Rico só ria da minha cara. Tio Greg colocou a cabeça dentro do banheiro.

- Greg manda ele parar - resmunguei.

- Desculpe princesa, mas só vim pra assistir a cena - e ATÉ ele, sim até meu tio Greg querido (que agora não é tão mais querido assim) começou a rir e saiu da suíte. Estou perdida!