Depois de eu praticamente narrar minha vida para Edward eu pedi:
- Agora... fale algo sobre você.
O Cullen me analisou por um momento.
- O que você quer saber? - perguntou ele, parecendo desconfortável.
Pensei em perguntar o que eu vinha perguntando a semanas, entretanto resolvi que não valia a pena estragar seu humor, pelo menos não por enquanto.
- Vejamos... Jéssica disse que você é adotado, verdade? - perguntei
- Sim.
Hesitei um pouco, talvez ele não gostasse de falar sobre isso.
- O que aconteceu com seus pais?
- Morreram, a muitos anos. - disse ele, eu murmurei um 'sinto muito' - Eu não me lembro deles muito bem. Mas Carlisle e Esme são as melhores pessoas que eu já conheci.
Eu sorri junto com ele.
- Bella, infelizmente eu tenho que ir. Meus irmãos não vão gostar nada de ficar na chuva me esperando. - falou ele enquanto levantava-se da minha cama - Vejo você.
Eu o acompanhei até a porta, e depois o vi caminhando para longe.
Então eu subi correndo até o meu quarto, ansiosa para ver o que meus amigos tinham escrito na carta.
O que, afinal, estava acontecendo com o mensageiro dos Deuses?
Peguei o envelope na mão e o abri. A carta tinha uma caligrafia inclinada para o lado, sinceramente parecia letra de médico, o que era tão ruim para minha dislexia quanto letras em neon. Concerteza não foi nenhum meio-sangue o autor da carta; frustrada admiti para mim mesma que teria que pedir para Charlie ler para mim, maldita dislexia.
Suspirando peguei a caneta, cliquei (ela não tinha tampa), e automaticamente não estava mais segurando uma caneta, e sim uma espada de bronze celestial, totalmente equilibrada.
Sorri e fiz a espada voltar a ser uma caneta, guardando-a no bolso da calça. Pensei por um momento e notei que precisava urgentemente de compras. Não é como se eu ligasse para moda, não. É que meu guarda-roupa está em um estado crítico de poucas roupas, sem falar que eu iria precisar do maior numero de calças com bolsos possíveis.
Até parece que eu tinha tempo para fazer compras antigamente, mas por que não tentar?
Com esse pensamento feliz, me estiquei na cama e acabei pegando no sono, só acordando um pouco antes de Charlie chegar (por sorte, deu tempo de fazer uma janta).
Durante o jantar eu pedi:
- Pai... Thalia veio aqui, trazer uma carta. A letra é horrível, você poderia me ajudar? - perguntei a contra gosto.
Charlie sorriu e disse que não tinha problema. Eu lhe entreguei a carta que estava comigo e ele leu em voz alta:
- Bella,
Percy pediu para mim (Rachel) escrever essa carta explicando sobre o "desaparecimento" de Hermes.
Veja bem, Hermes não está desaparecido, ele ainda está por aí, totalmente confuso, pois ninguém consegue ve-lo. É uma magica de Morfeu, antes desconhecida.
Annabeth acha que é uma espécie de "brincadeira", para ver o Olimpo em meio ao caos da não-comunicação. De qualquer forma, Bella, nossos amigos estão tentando o  "achar" e assim reverter a magica de Morfeu, só que isso é... potencialmente problemático, tendo em vista que ninguém consegue ve-lo. Quer dizer, quase ninguém.
Nico disse que Hades disse que existe uma garota, que seria capaz de ver através dos véus do presente,passado, futuro e... ver coisas que mais ninguém conseguiria. O problema é que a garota não é humana. Nico disse que seu pai não falou mais nada, só isso.
Agora, Annabeth, Percy e Nico estão atrás da dita cuja,para ela os instruir quanto a Hermes. Não espalha não, mas Apolo está dando uma forcinha.
Annabeth conseguiu deduzir tudo que se podia apenas com você falando sobre seus sonhos. Ela não te assusta um pouco?
Bom, Bella, se você tiver alguma dica, por favor entre em contato.
Cuide-se.
Beijos, Annabeth, Percy, Nico e é claro, eu, Rachel.
P.s: O nome da garota é Alice. Você conhece alguém chamada Alice?
- Meus Deuses. - arfei
- Bella, Bella. - murmurou Charlie - Você vai ter que ir de novo?
A nota de tristeza na voz dele me surpreendeu.
- Não, tenho certeza que eles vão conseguir. Mas, pai, você sabe que se as coisas se complicarem eu terei que ir. - respondi docemente
- Vamos torcer para que nada se complique. - disse Charlie tentando fazer graça.
Eu sorri e comecei a recolher a louça.
Fui dormir cedo naquela noite e não tenho muito o que falar sobre isso. Realmente nada demais aconteceu.
O dia seguinte foi tediante, motivo: Edward Cullen não foi a aula.
Então o sábado de nossa "viajem"a La Push chegou.
- Você veio! - exclamou Mike quando me viu chegar. - Eu disse que hoje ia fazer sol.
Ele tinha razão, Apolo - finalmente - deu as caras.
- Eu disse que viria, não é? - respondi sorrindo
Muitas pessoas estavam na loja dos Newton, todos ansiosos para um pequeno mergulho em La Push.
A viajem de 15 minutos foi animada e quando finalmente chegamos a praia eu lembrei de minha infância; antes de descobrir que eu era uma meio-sangue, Charlie me levava seguidamente para a praia.
Mesmo assim fiquei sem fôlego. Não tinha nem explicação, aquele lugar era de uma beleza estonteante.
Havia um vento frio, mas ele não estragava em nada a beleza daquele lugar.
Mike ascendeu uma fogueira na areia, o fogo era azul.
Depois de um tempo eu e meus amigos fomos dar uma volta, e quando a fome apertou voltamos para onde o resto do pessoal estava e eu notei que o grupo tinha aumentado consideravelmente.
Me sentei perto de Angela, uma garota que eu considerava bem amiga. Ela era sossegada, e ao contrário de Jéssica, conseguia ficar de boca fechada por mais de 2 minutos.  
Não demorou muito até eu notar uma presença familiar; Me aproximei cuidadosamente do garoto e perguntei:
- Jacob?
O garoto se virou para mim, sorrindo.
- Oi, você é Bella, certo? - disse ele  - Charlie comprou a sua picape do meu pai.
Eu sorri.
- Billy, não? - Jacob assentiu.
Jogamos papo fora sobre minha picape e como ela não ultrapassa os 90 por hora, até que Lauren (uma garota que tinha uma certa hostilidade comigo) perguntou:
- Conheceu a Bella, Jacob?
- Nós já nos conheciamos. - respondi por ele, sorrindo.
Jacob sorriu também.
- Bella, - disse Lauren - eu estava falando com os garotos... é uma pena que nenhum dos Cullens tenha podido vir aqui hoje. Ninguém pensou em convida-los?
Trinquei os dentes.
- A familia do Dr. Carlisle? - perguntou um garoto da tribo, que parecia ser o mais velho dentre os que estavam na praia - Eles não vem aqui.
Algo em seu tom de voz me chamou a atenção.
Olhei para Jacob, ele havia me convidado para dar uma volta na praia; eu aceitei.
- Então... - perguntei eu, sem cerimônia - o que aquele garoto quis dizer com "os Cullens não vem aqui?"?
Ele me analisou por um momento.
- Eu não teria permissão para falar sobre isso, mas acredito que você é de confiança. - eu fiz que sim com a cabeça, surpresa com seu tom - Existem muitas lendas sobre os quileutes, uma delas, diz que nós descendemos dos lobos. E outra conta sobre os frios.
- Frios?- perguntei confusa
- É. A uma história recente, que diz que meu bisavô conheceu alguns e fez o acordo que os manteve longe de nossas terras. - disse ele, revirando os olhos. - Ele era um ancião da tribo. Veja bem, os frios são os inimigos naturais dos lobo... bem, não do lobo, mas dos lobos que se transformam em homens, como nossos ancestrais. Você pode chamar de lobisomens.
Pisquei.
- E eles, os lobisomens, tem inimigos? - perguntei
- Só um. - respondeu - Por tradição, os  frios são nossos inimigos, mas  aquele bando que veio para o nosso território era diferente. Eles não machucavam as pessoas como os outros faziam... não deviam ser perigosos para a tribo. Então meu bisavô fez o acordo.
- Ual. - falei eu, com verdadeiro fascínio - Mas e o que isso tem a ver com os Cullens? Eles são iguais aos frios que seu bisavô conheceu?
Jacob sorriu de lado antes de responder:
- Na verdade, eles são os mesmos.
Pisquei, atonita.
- Mas e o que exatamente são os frios? - perguntei
- Bebedores de sangue. - respondeu Jake, em uma voz que me fez ter arrepios - Vampiros.
- Nossa. - disse eu, e foi só.
Eu e Jacob continuamos conversando até que Mike veio me chamar e eu tive que ir, não sem antes convidar Jacob para uma visita; estava devendo uma para ele.
Quando cheguei em casa, me joguei na cama decidindo que nunca mais duvidaria de meus sonhos.