Um Inferno Te Amar! escrita por Mari
Notas iniciais do capítulo
Desculpem-me os erros e por estar mal escrito. Mas escrever de sabado é horrivel, toda hora vem alguem me interromper.
Enfim, espero que gostem.
Eu ainda estava furiosa quando entrei debaixo do chuveiro. Quem ele pensava que era? Como seria possível trabalhar com um homem daqueles? Ainda assim, as datas das anotações da secretária efetiva sugeriam que eu trabalhasse para ele por um bom tempo.
A água quente surtiu um efeito relaxante, eliminando a tensão de meus músculos. Raphael estava testando minha paciência, só podia ser isso.
Escolhi um vestido preto de mangas compridas e um colar de rubis, elegante o bastante para ser usado à noite e discreto para uma secretária. Sapatos pretos de salto completavam o elegante visual. Ao ouvir a campainha, olhei o relógio. Seis e meia em ponto. Sem hesitar, peguei a bolsa e o casaco e fui abrir a porta. Raphael olhou-me de alto a baixo, arqueando uma sobrancelha irónica.
— Muito apropriado — foi seu único comentário. — Vamos.
Ele conduziu-me até o Mercedez SL preto. Permiti-me um leve sorriso enquanto ajustava o cinto de segurança. O carro ajustava-se perfeitamente à minha ideia do tipo de veículo perfeito para um "cavaleiro do século vinte". Um cavaleiro de armadura negra. A analogia era tão apropriada que não pude deixar de sorrir.
— O que é tão engraçado? — Raphael me questionou.
— Nada — balançei a cabeça.
Então ele me olhou como se eu estivesse maluca. Por fim, deu de ombros e ligou o carro. Durante o trajeto, ele explicou o que eu teria de fazer e qual a finalidade do encontro.
No caminho de volta, Raphael tornou-se muito pensativo. Era como se houvesse esquecido de que eu estava ao seu lado. Fiquei surpresa quando vi que ele parou o carro no estacionamento da Collins House.
— Preciso dessas anotações ainda esta noite, Mary. Quando tempo acha que levará para transcrevê-las? - Apenas olhei-o, sem acreditar no que acabava de ouvir.
— Sua secretária efetiva costumava trabalhar até essa hora? — indaguei.
— Acha que é muito por um dia? Não conseguirá dar conta? – preferi ignorar a insinuação.
— Qual o problema com ela?
Ele franziu o cenho, sem entender a pergunta.
— Sua secretária — expliquei. — Milene me disse que ela está de licença médica.
— Então você encontrou Milene.
— Ela foi me ver. Teve a gentileza de me explicar onde estavam algumas coisas e dizer os nomes de certas pessoas que eu precisava saber.
— Ironias não levarão a nenhum lugar, minha cara. E sei que você não teve tempo de almoçar. Por tanto, pedirei que nos sirvam uma refeição lá em cima. Poderá comer enquanto termina o trabalho.
— Muito obrigada — respondi num tom seco.
Assim que chegamos ao vigésimo primeiro andar, fui direto para o escritório. Estranho, mas sentia-me prestes a explodir em lágrimas. Fora um dia muito cansativo.
— Quando tempo mais acha que levará? - Ele trocara o terno preto por um suéter e uma calça jeans que salientava ainda mais suas formas perturbadoramente másculas. Me ocupei em olhar para a impressora.
— Alguns minutos — respondi.
— Então deixe-a imprimindo.
Segurando-me pelo braço, levou-me até uma parte do andar que mais parecia outro mundo. A sala de estar era bastante ampla. Tapetes persas cobriam parte do chão meticulosamente polido e os móveis faziam o ambiente se assemelhar a uma elegante galeria de arte. Parei à porta, emudecida com a beleza da decoração.
— E então...?
— Eu... — Não consegui pensar em nenhum comentário que não parecesse banal diante da visão. Preferi apenas sorrir para Raphael . — Estava me perguntando se você também espera um polimento no chão nas minhas horas de folga. - Um brilho perigoso surgiu nos olhos dele.
— Não terá nenhum tempo livre, Mary.
— Ahn? — Forçei um sorriso. — Está lembrado de que eu ganho por hora?
— Claro, e dobrado depois das seis. Prometo pagar todo o dinheiro a que tiver direito — Ele acrescentou.
Levou-me até a mesa posta para dois e puxou a cadeira para que eu sentasse.
— Sirva-se, Mary.
Não perdi tempo em servir-me com arroz, salada e uma generosa porção de strogonoff. Ele encheu dois cálices com vinho. Comi devagar, com total concentração.
— Sente-se melhor agora? — Raphael parecia diverti-se com minha atitude.
— Muito — assegurei-o.
— Transmitirei seus comprimentos ao chefe da cozinha.
Após o jantar, sentamos diante da lareira acesa. Aos poucos, um clima de maior intimidade surgia entre nós.
Ao se dar conta do perigo da situação, comecei a pensar que talvez isso também fosse parte do relacionamento que ele tinha com a secretária efetiva. Porém, havia um limite do quanto eu aceitara substituir Milene. Raphael estava muito enganado se pensava que eu também me tornaria sua amante.
— Acho melhor verificar se a impressora não está sobrecarregada. – Raphael segurou-me pelo braço quando fique de pé e fez-me sentar em seu colo. Olhei em seus olhos, como que hipnotizada.
— A impressora sabe se cuidar — Ele sussurrou próximo ao meu pescoço, fazendo minha pele se arrepiar.
— E eu também, Raphael. Entretanto, gostaria de levantar sem ter que agredi-lo.
Ele não respondeu de imediato. Percebi um brilho de desejo em seu olhar e acabei estremecendo. Há muito tempo que não sentia vontade de estar nos braços de um homem. A morte de Gustavo acontecera há quase sete anos e em todo esse tempo ninguém conseguira transpor a barreira que eu erguera em torno do meu coração para me proteger. Movida por uma onda de apreensão, tentei me desvencilhar, mas Raphael me manteve no mesmo lugar. Claro que não teria como escapar se ele decidisse manter-me ali. Pior era ter de encarar a inquietante verdade de que, se Raphael insistisse em me beijar, talvez eu nunca mais quisesse sair de seus braços. Por um momento, o olhar dele desafiou-me a enfrentá-lo, dando o primeiro passo para compartilharmos novamente o súbito desejo que surgira entre ambos, quando ele me beijara no restaurante.
Contive a respiração. Difícil resistir. Mais difícil ainda ignorar o calor do corpo dele próximo ao meu, o desejo de ser tocada por aquelas mãos firmes. Mais um segundo e seria tarde demais. Então, de súbito, Raphael levantou-me nos braços, ficando de pé. Uma exclamação de surpresa escapou dos meus lábios. Ele sorriu, colocando-me no chão com gentileza.
— Tem razão, Mary. É melhor verificar a impressora. Depois vou levá-la para casa.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!