Crônicas Dracônicas escrita por Rizon


Capítulo 7
Renegado




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O céu estava muito movimentado naquela tarde nublada, em um vasto planalto três figuras subiam e desciam, atravessavam as nuvens, investiam e esquivavam. Para olhos humanos eram apenas dois borrões verdes e um marrom.

Myndi dá um rasante forçando Giulo a se aproximar do chão para investir, mas espirais de terra tentam continuamente acertá-lo enquanto persegue sua oponente, Ghyps observando de cima intercepta Myndi caindo os dois no chão e rolando por alguns metros. Giulo pensou que era a chance de acabar com Myndi e Ghyps, mas quando estava a pouco de acerta-los com sua garra, bate com tudo em um paredão de terra. Segundos depois estavam os três rindo deitados um do lado do outro olhando as nuvens.

– Será que o mestre vai demorar muito?

– Ah, você sabe como aquelas reuniões do conselho são chatas. – Giulo disse com claro tédio no rosto, Myndi e Ghyps começam a rir dele.

– Tudo para você é chato irmão.

– Ah, nem tudo... ei, vocês ouviram isso?

– Hã?

– Não ouvi nada... espera, agora ouvi, parecem cavalos. – Ghyps olhava atento ao horizonde até finalmente conseguir ver uma carruagem a distancia.

– Parecem com pressa... eu se fosse ele não iria tão rápido em um terreno assim...

Ghyps se levanta e exercita suas asas. O jovem dragão já tinha crescido e aprendido muito desde o começo do treinamento. Já era quase um dragão adulto. E ele estava com um mau pressentimento. Ghyps levanta vôo sendo logo seguido por seus companheiros, e do alto eles acompanham a corrida frenética da carruagem, até que uma roda quebra jogando a carruagem de lado e derrubando o cavalo com o tranco, a carruagem ficou lá parada, virada de lado, meio destroçada por ter sido arrastada alguns metros pelo embalo.

Um choro começa, cadente, cada vez mais alto, um choro desesperado, um choro de mãe.

Khul nunca gostava que eles se envolvessem com humanos, eles com seus medos são simplesmente imprevisíveis, e tudo o que queriam era coexistir sem que nenhum saísse machucado, mas Ghyps não aguentou ouvir aquele choro. Sem pensar duas vezes ele mergulhou e quando quase alcançou o chão abriu suas asas e deu uma forte batida, fazendo voar terra pra todo lado e pousando suavemente.

Com sua pata retira delicadamente a cobertura da carruagem e se depara com uma mãe chorando em cima de um garoto sangrando. Assim que a senhora percebe o enorme dragão verde ela solta um berro desesperado, e coisas ininteligíveis, fazia gestos com a mão para se afastar mas o dragão foi se aproximando e deixou a boca a uma distancia mínima dos dois, a mãe segurava o filho desesperada, crente que chegara a sua hora. O dragão abre a boa e toma fôlego, a mãe fecha o olho e espera pelo ardente fogo, mas pela suas surpresa sente uma leve brisa, e quando abre os olhos um vento verde sai do dragão. Era como se saísse de dentro daquele monstro a mais gentil e suave brisa dos campos mais puros do céu, como se fosse uma dádiva dos deuses. E quando olha para seu filho, não lhe restava um único arranhão. E olhando para o dragão ela sussurra ‘obrigado’.

– Não tem de que senhora. Fico feliz em ajudar, mas me diga, porque motivo corrias tão rápido por estas terras? Não sabes que não é seguro?

– Oh, eu corria porque tem um dragão que provavelmente vai querer nos perseguir. Do nada um enorme dragão vermelho atacou o nosso vilarejo, ele queria exterminar tudo. Eu e mais alguns conseguimos escapar, mas eu vi que depois de ele terminar com a vila foi atrás dos sobreviventes. Por isso tive medo de você, temi que fosse um aliado dele.

Myndi e Giulo pousaram durante a explicação da senhora e não estavam muito felizes, mas Ghyps parecia obstinado.

– Pois então ficarei aqui e a protegerei.

– Eu lhe agradeço muito nobre dragão, mas, sem ofensas, ele tinha o dobro do seu tamanho...

– Eu sei que ainda não sou adulto, sei que não sou forte o suficiente como um adulto, mas acho que nos três podemos levar vocês para um lugar mais seguro, o que acham pessoal?

Os dois murmuraram contrariados, mas acabaram aceitando, e assim os três voaram em direção do abrigo deles, o único lugar seguro que poderiam ir sem que se percam do seu mestre.

____________


Os dragões tinham uma capital, cujo nome infelizmente não tenho como traduzir com exatidão, pois é na língua antiga dos dragões, mas escrito seria algo como Kulttwar. Ela era uma ilha, mas uma ilha nos céus. Mantinha-se fixa graças as antigas magias dos anciões, e aquele é um lugar simplesmente magnífico, castelos gigantescos, templos, construções, praças, quando você parava para observar um monumento, era como se ele emanasse uma aura de beleza e sabedoria. Um lugar simplesmente esplendido. E era lá que o conselho da Ordem dos Dragões se reunia. O conselho se destinava apenas aos sete dragões mais sábios e fortes da Ordem, anciões, generais de guerra, sábios. Em geral todo dragão adulto é dotado de sabedoria, mesmo os corrompidos. Ah, quase esqueço de comentar sobre o membro mais importante do conselho, o Duhl. Trazendo para o conhecimento humano seria algo como um rei, mas ele liderava de uma forma totalmente diferente dos reis humanos, foi a comunidade Draconica que o escolheu, e o respeito que possuem sobre ele é algo que dificilmente se vê em lideres humanos. Só para terminar a explicação geral e ir aos finalmentes, na Ordem dos Dragões podiam entrar quem quisesse, apenas precisava ter um nível mínimo de força em batalha. A Ordem dos Dragões era como o exercito dos humanos, estava lá para defender a sociedade. Haviam claro os dragões de ofícios com variadas funções, e os dragões renegados, que foram corrompidos pelo mundo e traíram os ideais.

A reunião acontecia em um amplo salão todo de mármore branco, nas quatro paredes entalhes da historia dos Dragões em dourado enriqueciam o ambiente, e formando um circulo os nove dragões do conselho se reuniam, todos deitados com o pescoço levantado, discutindo inúmeros assuntos referentes a tudo sobre a Ordem e a sociedade dos Dragões.

– E por ultimo devo informar algo triste. Nosso companheiro da Ordem, Trew Rardfaire foi corrompido após assistir caçadores torturar e assassinar seu filhote.

Varios murmúrios enchem todo salão, alguns não acreditavam, outros estavam em estado de choque.

– Já tive relatos de duas vilas humanas atacadas. Sem sobreviventes em nenhuma. Temos que Pará-lo, ele virou o membro da lista dos renegados mais ativo. Agora vocês já sabem, caso virem Trew, a ordem é a mesma que para qualquer outro renegado, prisão ou execução. E com isto terminamos a reunião de hoje.

Mas antes do burburinho começar um dragão filhote entra no salão e fala ofegante;

– Trew está atacando mais uma vila! Agora é a vila de Firbo!

No mesmo instante Kuhl sente um mau pressentimento.

– Maldição, meus pupilos estão treinando próximo, que os deuses os ajudem!

E sem mais uma palavra Kuhl sai apressado em direção da área de treinamento.

____________


Um dragão vermelho enorme riscava o céu, nos olhos não se via nada além de raiva, ódio, e ao mesmo tempo era como se tivesse perdido todas as emoções.

Logo ele percebe que a trilha que seguia termina em uma carroça destruída e um cavalo machucado. Ao pousar se sente frustrado, sem marcas de pegadas, sem trilhas. Mas então um sorriso escapou de sua boca.

– Mas que cheiro é esse? Dragões? Três deles. Parece que eles seqüestraram minha presa, não vou deixar isto barato!

Trew solta uma rajada de fogo em direção ao céu nublado, e alça vôo na direção que seus sentidos ordenam.



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Notas finais do capítulo

Peço desculpas aos leitores por demorar tanto para escrever a continuação, mas estava trabalhando o dia todo e não tinha tempo pra nada. Agora tenho um pouco de tempo livre e pretendo continuar com a historia.Espero que gostem desse capitulo, fico no aguardo de opiniões. Obrigado por ler.



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