Crônicas Dracônicas escrita por Rizon


Capítulo 5
Sarah




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Sarah estava enrodilhada em cima de uma cama de colchas. Cochilava tranquila enquanto Juan trabalhava na forja e Jiulia fazia uma janta.

Jiulia de principio não havia gostado da idéia, mas foi incrível como a pequena Sarah conquistou o casal, é como se fosse um filho de verdade. E qualquer um percebia que Sarah os amava do mesmo jeito.

Três anos se passaram e Sarah já tinha um metro e meio de altura e dois de largura, considerada um bebe para os padrões dracônicos. Mas as coisas não iam exatamente como Juan gostaria. A cada martelada no metal que estava tomando a forma de uma espada ele se lembrava do acontecido. Teria que tomar muito cuidado a partir de agora.

Depois que Sarah estava atingindo quase um metro Juan não conseguiu mais segura-la em casa, então começou a levá-la escondida para a floresta, o mais isolado possível. Sarah lá aprendeu a voar e a caçar, tudo com seu instinto e com o pouco que Juan poderia colaborar.  Sarah com um ano já conseguia se comunicar,  Juan ensinava tudo que podia para ela; geografia, matemática, química e um pouco de escrita. Sarah adorava ficar observando Juan trabalhar, e absorvia cada pequeno detalhe com sua inteligência privilegiada.

Certo dia, poucos antes do dia que Juan forjava preocupado, ele e Sarah voltavam de um passeio. Como sempre Juan usava sua carroça lotada de feno com Sarah metida lá dentro. Não tinha como descobrirem. Era o que ele achava.

Se você já foi uma criança assim como eu, deve lembrar como gostava de brincar fingir ser outra coisa, brincar de herói e vilão, brincar de reis e plebe, brincar de mercenários atacando Barões ricos em suas pomposas carruagens...

 E para aquele bando de crianças, todos empunhando imponentes espadas feitas de galhos e elmos de folhas, uma carroça de feno se parecia tanto com uma carruagem. E foi nessa situação que Juan se encontrou, um bando de garotos e garotas pulando do nada e parando seu jumento, alguns pulando na traseira e sem misericórdia desferindo golpes contra o feno, até que...

- Ahhh! Uma cobra!

- Muleques! Forá já da minha carroça!!!!

- Espera tio! Deixa eu mata a cobra – o garoto acerta com tudo o pedaço de pau no que era o rabo de Sarah, que por sua vez não aguenta e solta um grunhido se revirando dentro do feno. Todas crianças pararam e encararam o feno. E quando um garoto ameaçou atacar novamente, de dentro do feno as crianças boquiabertas viram sair um dragãozinho branco que rugiu para elas. Em cinco segundos todos já estavam no meio do mato correndo desesperados. E Juan olhando para a bagunça de trás da carroça sabia que vinham problemas pela frente.  

 

- Juan, tem uns guardas querendo falar contigo!

Juan leva um susto e deixa cair o martelo batendo na bigorna e fazendo um baque surdo ao cair no chão de terra. Sem perder nem um minuto ele tira a luva e com a roupa de proteção mesmo entra pela porta lateral da casa e se dirige à porta, onde dois guardas com armaduras completas aguardavam.

- Pois não? – Jiulia assim que deixou Juan com os guardas entrou e escondeu Sarah em uma porta falsa dentro de um armário no porão, que dava para um buraco onde Sarah podia confortavelmente aguardar.

- Nos temos uma ordem de busca para sua casa.

- E o que estão procurando?

- Um dragão.

Juan riu com a afirmação. Mas temeu ter passado um pouco do nervosismo que estava sentindo, ele riu para disfarçar, pois qualquer homem normal acharia graça da idéia de alguém escondendo um dragão dentro de casa. Algo impossível.

- Como poderia haver um dragão dentro de minha casa? Fundada em que esta ordem de busca foi?

- Alguns garotos relataram que você carregava um em sua carroça.

- Agora dão ouvidos a brincadeiras de garotos?

- Não, mas se tratando de dragões, o monitor ordenou que pelo menos examinássemos.  – monitor era o cargo dado pelo rei ao homem que cuidaria da vila, tendo que enviar relatórios e manter a palavra suprema do rei em absoluto em cada vilarejo. Pois um rei não poderia estar em todos os lugares.

- Tudo bem. Só tentem não bagunçar muito!

Os guardas entraram e vasculharam tudo, tudo mesmo, mas cada cômodo que entravam mais duvidavam que achassem um dragão, e cada vez menos alerta ficavam. Esta foi a sorte do casal, pois quando o guarda chegou no porão apenas abriu o armário por obrigação, nem deteve o olhar, nem procurou nada direito. E saíram de lá rindo junto com Juan da possibilidade de haver um dragão dentro de uma casa.

Ao fechar a porta Juan suspirou fundo, como se tivesse segurado a respiração todo tempo que os guardas faziam a revista. Juan foi até o porão e abriu o esconderijo deixando Sarah pular em cima dele.

- É garota, é melhor começarmos a ficar mais alerta.

- Eu sei, desculpa por isso. – Sarah abaixou a cabeça, arrependida de ter se mostrado antes.

- Tudo bem, qualquer um se estressaria com aqueles filhotes de humanos.

- Mas e agora? Como faremos? Não poderei mais sair?

- Eu vou dar um jeito, não se preocupe. Se preocupe com o dever de matemática! Já terminou aqueles problemas?

Sarah animada começa a dizer os resultados que Juan não sabia. O fato era que agora ele usava livros emprestados de um velho professor aposentado. Tudo que ele sabia ela já havia aprendido em três anos.

 


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam do capitulo?
Espero que gostem e aguardo criticas e opiniões. XD



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