Crônicas Dracônicas escrita por Rizon


Capítulo 2
Ghyps




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Tinha algo errado naquela linda manha ensolarada. Ghyps não sabia o que era, mas esse sentimento crescia dentro dele.

Bem, Ghyps era um ser extraordinário, um legitimo dragão, um dos poucos restantes em Kishimatsu. Ele era jovem ainda, cerca de 5 metros de altura e 15 de comprimento, sua couraça na cor verde brilhava com os primeiros raios do sol.

Ao sair da caverna onde repousara repara uma movimentação estranha na vila que ficava ao pé da montanha. Não demorou muito descobriu do que se tratava, um dragão vermelho surge e começa a aterrorizar a cidade, ele já um dragão adulto, com o dobro do tamanho de Ghyps.

A diminuição populacional dos dragões ocorreu por dois fatores, os caçadores que não se importavam com nada, viam um ser gigante que voa, cospe fogo e tem dentes e garras afiadíssimos e sem pensar tentavam matá-lo. E a constante guerra entre dragões que tinham consciência e queriam viver pacificamente com as outras formas de vida, e os que destruíam tudo.

Ghyps se segurou, suas garras contraíram a rocha sob suas patas formando um arranhão e esfarelando toda pedra. Queria fazer algo, mas não podia, ainda era muito novo e fraco. Simplesmente não entendia como um ser tão inteligente e sábio como os dragões podiam fazer aqueles atos de barbárie. Para ele e muitos outros não há sentido em matança desnecessária, e um dragão pode fazer uma alimentação bem balanceada apenas com animais de médio porte ou grande porte.

 Os humanos haviam evoluído muito, hoje em dia tinham varias artimanhas que podiam abater um dragão, engenhocas que lançavam flechas gigantes, armadilhas e venenos.  Mas não é fácil acertar um dragão em pleno ar, e muito menos penetrar a dura couraça. O que realmente era uma pedra no sapato era os mágicos, pessoas que aprenderam a dominar algo tão misterioso quanto a magia, que não por acaso flui pelas veias de um dragão.

A vila já estava metade em chamas quando um relâmpago atravessou o céu e acertou em cheio o dragão vermelho, que tonteou um pouco, mas não chegou a cair. O dragão ficou olhando para a nuvem de onde surgira o relâmpago sem entender, aquilo não era uma nuvem de tempestade.

Então a nuvem esvoaçou e dos restos dela veio em um rasante um imenso dragão dourado, lançando raios para o vermelho.

Ghyps reconheceu na hora seu velho amigo, um ancião da Ordem dos Dragões, Kuhl. Provavelmente vocês conhecem as historias onde os dragões apenas cospem fogo, mas esta não é a realidade, alguns dragões têm dons especiais, Kuhl pode gerar relâmpagos mais fortes que as piores tempestades, e nosso jovem Ghyps, pode usar a força da natureza ao seu favor, ou se fortalecer, ou se curar. Apenas poucas linhagens de dragões possuem esses dons, e nem todos da linhagem o desenvolvem.

Agora era a hora, Ghyps abre suas asas e farfalha se preparando, alça vôo e faz um rasante rente as arvores ao redor da vila.

- Trew! É aqui que você perecerá! – Rosna Kuhl com uma voz gutural.

Trew nem se da ao trabalho de responder, apenas investe no imenso dragão dourado, lançando fogo ininterruptamente, ao se aproximar os dois se entrelaçam  e começam a despencar em queda livre, trocando golpes e arranhões, e Ghyps apenas observa tudo de baixo, esperando a hora certa, seria um insulto se meter na luta do ancião.  

Kuhl durante toda queda mantêm uma corrente elétrica passando entre os dois, mas Trew só se irrita mais e aumenta a potencia de seus golpes. Quando faltava pouco para se estatelarem entre as arvores eles se separam e cada um voa para um lado.

Eles se distanciam e se encaram por alguns momentos.  Flechas são atiradas em ambos dragões, mas ou nenhuma atinge seu alvo, até que finamente eles voam para o alto, como se tivessem apostando corrida, chegando a uma certa altura os dois partem um em direção ao outro e o choque foi tão forte que uma onda de ar se deslocou até o chão derrubando atônitos os arqueiros e caçadores da vila.

Mas nesse segundo embate as coisas estavam mais difíceis para Kuhl, pois Trew também tinha um dom, apesar de que geralmente passava despercebido, seu sopro de dragão é radicalmente mais forte que dos outros dragões, e ao usar o sopro na direção de Kuhl, mantendo ele firmemente preso as garras, conseguiu enfraquecer e baixar a guarda, e a corrente elétrica é cortada, Trew não perde a chance e usando o ferrão do seu rabo perfura a asa e faz um ferimento mortal em Kuhl, mortal pois agora ele não poderá mais voar, e estará a mercê do demônio vermelho. Trew agarra com mais força e se prepara para dar um rasante na vila, mas antes de poder soltar, Kuhl banha seus dentes com eletricidade e em uma mordida feroz consegue perfurar a couraça e arrancar um pedaço de carne do seu pescoço. No mesmo momento Trew solta um rugido de dor e solta Kuhl que cai nas proximidades da vila se arrastando e rolando algumas vezes.

Agora era a chance de Ghyps, agora ele podia vencer aquele dragão vermelho. Mas antes ele da um rasante na cidade, agarra Kuhl e o leva para a floresta, os caçadores e aldeões já estavam começando a tentar cortar e acabar de vez com a vida do dragão. Assim que o deixou em segurança, viu Trew pousando na mata e avaliando seu ferimento, parece que ainda passou despercebido.

Ghyps alçou vôo e reuniu toda energia que pode da mata que sobrevoava rasante, quando Trew percebe já era tarde, Ghyps estava sobre ele e enfia sua garra dentro do ferimento o mais fundo que pode. Trew no susto lança um sopro de fogo que joga Ghyps no chão. Mas ele estava claramente fraco, e sabendo disso tentou fugir alçando vôo, ele achou erroneamente que Ghyps levaria algum tempo para se recuperar e poder voar, já que o fogo chamuscou suas asas. Mas quando olhou para baixo, já em fuga, procurando pelo jovem dragão verde nada viu. Aumentou a velocidade, não deixaria ser derrotado e humilhado assim.

Quando menos percebeu, um dragão estava sob suas costas arranhando suas asas, normalmente teria percebido sua aproximação, mas estava muito fraco. Ghyps encosta a boca no machucado e lança um sopro de fogo dentro do machucado, Trew cai no chão arrastando arvores e desabando sem vida.

Ghyps volta para Kuhl, mas percebe que já era tarde, uma faca estava cravada na língua, algum caçador havia envenenado ele. Kuhl foi levado para a Ordem dos Dragões onde teve seus rituais funerários.

E essa foi a primeira vez que Ghyps mata um dragão adulto, e toma realmente parte na guerra entre dragões assassinos e dragões coexistentes.  

 


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, por favor deixem review com opiniões para melhorias e erros de ortografia tambem.
Portugues não é meu ponto forte. "



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