Crônicas Dracônicas escrita por Rizon


Capítulo 1
Klein




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Lúcia acorda feliz ao sentir seu cachorrinho de estimação, Pepi, lambendo feliz seu rosto. Se levanta, corre para o banheiro e depois de dar um bom dia alegre aos seus pais, se senta para tomar o café da manha.

Ela era uma garotinha de seis anos, e com certeza a alegria da casa, corria, berrava, cantava e quebrava coisas. Seu pai era um marceneiro, possuíam uma casa humilde, mas eram felizes, principalmente com a pequena Lúcia na casa.

 

- To saindo para ver as flores! – Anunciou Lúcia, como fazia todas as manhãs, ela saiu para dar uma caminhada e apreciar o campo de flores que ficava no limite do vilarejo.

Mas o que seus pais não sabiam, é que ela ia escondida todo dia visitar um amigo na floresta. Lúcia apesar de ser pequena nunca teve medo de se embrenhar na floresta, inclusive sempre foi uma paixão sua explorar a mata, foi assim que ela conhecera seu amigo. Sem falar que ela tinha Pepi correndo feliz aos seus pés.

Próximo ao vilarejo existia uma caverna gigantesca, formando um buraco que entrava fundo dentro da terra, todos camponeses evitavam aquela área, diziam que algo maligno existia ali. Mas novamente Lúcia nada temia, parou em frente à enorme boca da caverna, Pepi olhava atentamente para dentro, solta um latido e um rosnado. Algo se meche lá dentro, e uma cabeça de algum monstro aparece, quando ela saiu a luz do sol deu para ver claramente, era um dragão azul enorme, mas quando digo enorme, era realmente enorme, devia ter uns 15 metros de altura, estava agachado para caber dentro da caverna. Sua cabeça se aproxima de Lúcia que estava imóvel, a boca se abre mostrando fileiras de dentes afiadíssimos que fariam qualquer marmanjo desmaiar. Sua língua sai da boca e o enorme dragão azul em um golpe cruel da uma lambida no rosto de Lúcia que a derruba no chão.

Risadas. Sabe aquela risada infantil, alegre, que te contagia e parece que te enchem de animo.

- Como está minha pequenina?

- Estou bem Klein, olha só o que o papai fez pra mim! – Lúcia tira de uma bolsinha uma miniatura de dragão entalhada na madeira.

- Que lindo. Seu pai tem talento.

- Sim! Um dia ele vai me ensinar a ser uma grande marceneira como ele!

- Espere um momento. – Klein entra na caverna de ré e retorna com uma coroa de flores em cima do focinho e despeja em cima da cabeça de Lúcia. – Fiz para você ontem de tarde.

- Wooooooooooooooow! Que lindo, que lindo!!! – Lúcia dava pulinhos e Pepi imitava ela correndo e pulando ao redor.

Lúcia se sentou nas pedras e conversou com o imenso dragão azul por um tempo que ela perdeu a conta. Ela amava Klein, e Klein amava sua companhia.

- Adeus Klein! Até amanha! E cuide-se.

- Você também. Se cuide mocinha.

 

Você deve estar se perguntando “ué, mas dragões falam? Nunca vi um falando!” , mas é claro que falam, por acaso você já tentou falar com um? Ou apenas correu e fugiu ou tentou matá-lo sem motivo nenhum?  Mas mesmo que você tente falar com um, eles apenas falam com quem acreditam ser dignos de ouvirem suas palavras. Entre eles se comunicam com grunhidos e rangidos, mas se assim quiserem podem pronunciar qualquer palavra de qualquer língua.

Outra coisa que devo observar aqui antes de continuar minha narrativa, é que Klein foi um verdadeiro mestre do ar. No seu auge não tinha dragão que se comparasse, e usando de seu dom hereditário, já congelou muitos inimigos, ele foi um dos dragões mais poderosos de Kishimatsu, mas isso foi a centenas de anos atrás. Geralmente dragões não vivem a ponto de ficarem idosos, morrem antes em alguma batalha. Mas Klein foi um dos poucos que atingiu esse feito, e para um dragão chegar a sua terceira idade, é preciso no mínimo dois milênios. Agora já não possuía seu vigor de sempre, e suas juntas doíam em medida ao esforço. Mas continuava com sua imponência draconica. E a cada dia sua sabedoria apenas aumentava.

 

Klein esperava sua pequena amiga vir lhe fazer uma visita em uma manha nublada. Pela demora suspeitava que seus zelosos pais não deixaram sair com medo de cair uma chuva. Mas infelizmente ele estava errado.  E percebeu isso quando ouviu um berro agudo de uma menina do meio da mata, seguido por um “KLEEEEEEEIN!”. Era ela! Estava na hora daquele velho dragão agir. Ele colocou seu corpo para fora e esticou suas asas. Farfalhou em um ensaio de vôo, mas acredite, um dragão nunca esqueceria como voar majestosamente, não importa quantos anos tenha nem quanto tempo faça que ele não voe. E lá se vai Klein em busca do som, voando rente as copas das arvores vasculhando cada centímetro em busca de sua amiga.

Aquele cheiro característico invadia suas narinas, um cheiro forte, eram orcs, acredito que o segundo maior defeito de um orc – o primeiro é a burrice – é seu fedor, é como se você juntasse carne podre, estrume, e suor e exalasse esse odor constantemente. Você poderia sentir o cheiro de uma emboscada de orcs de longe, se bem que suas emboscadas nunca eram muito bem elaboradas, mas o suficiente para capturar uma menina indefesa.

Rastreando pelo cheiro, Klein logo encontra cinco orcs caminhando no meio da mata, um deles carregava um saco que não parava de se debater. O imenso dragão azul pousa na frente dos orcs derrubando muitas arvores e solta um rugido espantando vários pássaros da região, formando um circulo debandando ao redor daqueles seres. Como esperado de um orc, os cinco em reflexo sacam seus machados de batalha,  machados com dois fios e com um metal brutamente trabalhados. Logo eles já estavam em cima do dragão, deixando o pequeno saco se debatendo no chão. Mas mesmo Klein já com idade avançada, cinco orcs eram moleza para ele, derrubou dois com uma patada, voando longe, outro da uma mordida decapitando a cabeça, mas logo se arrepende quando o cheiro invade a narina e cospe a cabeça no chão tossindo por causa do gosto dele. Ele sente uma fisgada logo abaixo da pata dianteira esquerda, um orc achara uma falha na sua couraça e o sangue escorria pelas escamas azuis. Klein se irritou e com duas patadas seguidas, uma para cada lado destroça os últimos orcs.

Klein corre até o saco e delicadamente rasga com uma unha, e a pequena Lúcia abraça a cabeça de seu salvador. Mas as coisas não acabaram bem não. Pois logo em seguida Dighu, pai de Lúcia aparece correndo com uma espada na mão. Ele ouvira o berro de Lúcia e veio correndo ajudar. Ao ver a cena, um dragão enorme ao lado de sua garotinha, Dighu pensa ter entendido tudo.

- Oh não! Saia de perto de minha filha! Ou eu te garanto que nosso vilarejo ira esquarteja-lo! – Dighu brandiu a espada com uma coragem tola que apenas pais desesperados conseguem ter.

- Pare pai! Ele me salvou! Ele é meu amigo! – Lúcia se meteu entre o dragão e o pai e chorava copiosamente.

- O que? Você deve ter tido uma impressão errada filha, com certeza...

- NÃO! ELE ME SALVOU! EU AMO O KLEIN!

Então Dighu percebeu que o dragão havia se posto carinhosamente ao lado de sua filha. Será? Aquele dragão era bom?

- Desculpe por assustá-lo, mas não tenho nenhuma má intenção com sua filha. E devo pedir desculpas pois ela foi atacada enquanto estava indo me visitar.

- Ok, agora vá! Se esconda onde sempre esteve escondido antes que os aldeões te descubram, você fez muito barulho a pouco.

A partir daquele dia, Lúcia parou de visitar Klein sozinha, seu pai sempre a acompanhava durante o percurso. E cada dia mais a amizade entre os três aumentava.     

 


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Notas finais do capítulo

e ai? o que estão achando dessa historia onde dragões são personagens principais?
gostaria de ler a opinião de vocês.



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