" Então Crona, entende o que houve? Você não vai poder trabalhar por enquanto... "

Crona suspirou, abaixando a cabeça. Não conseguia mais olhar nos olhos dele de novo - sempre tinha a sensação, ou esperança, que seja, que ele ia se aproximar como fez no festival das Sakuras. Já se passou um bom tempo desde aquilo, e ele não tinha dito uma palavra sobre o acontecimento. Vê-lo todo dia soava rude, de fato, porque sabia que sua reação estática áquele beijo transmitia a mensagem de rejeição, mesmo não tendo sido a intenção. Com certeza, não foi a intenção.

{ Uma Pequena Nota - Primeira de Muitas Outras }

Após Crona voltar para a Shikedai, sua documentação e registros de trabalho, em serviços de comunidade geral e etc, sumiram misteriosamente.

Uma renovação de todos os documentos é necessária para que Crona volte a ser vista como uma cidadã de Death City, capaz de trabalhar e se sustentar por conta própria.

{ Fim da Primeira Nota }

" Eu entendo. Desculpe... E-Eu não queria depender de ninguém, mas.. "

Kid deu ombros, e disse pela milésima vez que ela não estava dependendo de ninguém, principalmente pela ajuda que ela dá em serviços domésticos ou aguentando Liz e Patty com suas particularidades. Nada muito convincente, já que ela estava mesmo sendo extremamente dependente, sem documentos, trabalho, histórico, ou grandes talentos no que pode ajudar, podíamos dizer que só era considerada uma pessoa dentro dos limites daquela casa. Do lado de fora, Crona nunca existiu. Os vizinhos podiam tê-la visto sentada no jardim, mas ninguém nunca perguntou seu nome. Ninguém nunca se interessou além daqueles três.

Como ela deveria se sentir?


XXX

Medusa cobriu o rosto com um lenço negro, enquanto lágrimas falsas desciam pelo seu rosto descaradamente. A moça com o tapa olho engoliu em seco, sem uma resposta satisfatória para a mulher. Medusa era uma mulher bonita e com uma fala mansa que podia fazer uma moça jovem e ingênua como Marie cair em seu encanto facilmente. As roupas de um falso luto que carregava, eram para acentuar a farsa que contava para a pobre enfermeira de hospital.

" Minha filha... Minha filha sumiu! Já faz tanto tempo, ela estava tão fraca pela sua doença, eu temo tanto o pior... Ah, o pior! ... Deve ter sido aquele menino que a persegue. Sim, tem que ser aquele menino que a persegue! Ele é um psicopata! Tem de ser ele! Oh, Deus, ele enganou Crona tão facilmente... Sim... Aquele cínico! "

Fez cenas dramáticas, o sorriso bem escondido pelo lenço. Ela tinha vindo perguntar se, por acaso, uma menina de cabelo rosa curto repicado e vestido negro tinha chegado ao hospital, viva ou morta. Ela teria marcas de agressão porque, supostamente, seu irmão batia muito nela, tinha problemas mentais. Além disso, extremamente magra, graças a uma anemia que tinha desde que era um bebê.

Mas como ninguém tinha aparecido por lá, Marie só negou, explicando que dificilmente desaparecidos aparecem nas mesmas condições descritas aos hospitais, então ela poderia dar uma volta pela ala de pacientes recentes.

{ Segunda Nota - Longa, Tenha Cuidado }

Marie tinha 29 anos quando conheceu Stein, naquele hospital. Ele tinha acabado de ser admitido e trabalhava apenas casos mais raros, pela sua curiosidade e excêntricidade extremas. Em suma, namoraram por 2 anos, tiveram um de noivado, até que se casaram. Hoje, Marie carrega um filho do mais velho e ambos tem uma vida instável.

Antes de chegar ao hospital, Stein teve um pequeno affair com Medusa. Um caso de uma noite só. Só depois que ele já era casado, que Medusa apareceu em sua porta com uma criança de seis anos de idade. Ele não caiu em suas mentiras, e fechou a porta de sua casa. Não queria uma crise com sua esposa, não disse uma palavra sobre isso com ela. Mas, todo mês, ele manda certo dinheiro para o endereço de Medusa, pois não queria conviver com a dúvida e não queria fazer escândalo com um teste de DNA. Se Marie soubesse, sua vida acabaria ali.

Ponto final.

{ Fim da Segunda Nota }

Medusa se negou, dizendo que tinha certeza que ela estaria da mesma forma. Ela não teria condições ou vontade de mudar. Então, Medusa deixou a descrição com Marie. Quem sabe, ela esbarrava com Crona por aí?

{ Terceira e Mais Fundamental Nota }

Marie e Stein são os vizinhos da frente da Shikedai.

E Medusa sabe disso.

{ Fim da Terceira Nota }


XXX

" Crona! Está perfeito! Você está linda! " 

Kid exclamou, com os olhos brilhantes. Liz tinha feito a benção de cortar seu cabelo, e ela estava maravilhosa agora. Já a achava uma menina linda antes, mas agora, é perfeita. Crona ficou com o rosto vermelho, desviando. Kid só continuou olhando para ela, vendo cada centímetro da maravilhosa simetria. Crona murmurou algo sobre não saber lidar com o novo penteado, então Kid parou de a olhar daquele jeito, lembrando do que aconteceu no festival.

Sabe, aquilo foi um bom separador de águas. Para deixar claro que ela tinha a sua própria opinião, entende? Não é porque ele fez aquilo que Crona de repente vai começar a gostar dele. Não como ele gosta dela.

Devia esquecer o que houve... Talvez evitá-la fosse melhor.

Ele saiu do quarto dela, dando boa noite e a deixando confusa.