Amigos e Amantes escrita por Najayra


Capítulo 11
Capítulo 11 - Teste de Coragem virou um inferno...




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Eu tentava conter minha alegria (desespero) em fazer dupla com o Eric. Que legal! Iríamos ficar no meio de uma floresta... À noite... Sozinhos... Foi quando desesperei de vez que ouvi a voz baixa de Lutt, ao meu lado, sussurrando algo com uma expressão quase tão séria e perturbada quanto a minha.

 

- Vou sair logo depois de vocês... Não se preocupe. -  eu apenas assenti com a cabeça, não conseguia dizer nada, a voz estava congelada em minha garganta.

 

- Venha, Desirée. É nossa vez. – Eric disse pegando em minha mão e me puxando para longe de Lutt. Viviam viu a cena com uma pontada em seu olhar, mas eu não conseguia identificar de que tipo de sentimento era aquela tal pontada. Estava muito ocupada tentando não entrar em pânico.

 

Eric pegou uma lanterna e me entregou outra. Começamos a adentrar a floresta que, até poucos minutos atrás, me parecia interessante, mas aquele espírito de aventura havia desaparecido. Eu devia estar a, no mínimo, um metro de distancia de Eric. Eu não conseguia entender por que eu estava tão histérica... Ok, eu não gostava dele, mas isso não era um motivo razoável para eu ter toda a extensão de meu corpo tremendo! Talvez fosse pressentimento, sei lá! Só sei que ele percebeu e começou a conversar comigo. Eu tinha certeza de que se eu dissesse algo, sairia completamente tremido, então tentei responder a quase tudo com monossílabos. Eu caminhava olhando para o chão, não fazia ideia de onde iria parar, só sabia que uma hora ou outra, eu teria de parar!

 

Após alguns minutos de caminhada, ele parou e eu, como segui meu caminho, o deixei para trás, mas não fiquei muito distante, apenas dois ou três passos à frente. Parei para olhar para ele, mas quando fiz o pequeno movimento de levantar o rosto, percebi que havíamos saído da trilha. Eu estava conseguindo me acalmar, mas ao ver apenas árvores e mais árvores ao meu redor, o pânico voltou. Tentei acender a lanterna que desde o início eu mantive desligada, só senti Eric chutar a lanterna em minha mão. Na verdade, ele chutou minha mão que começou a doer com o coice.

 

- Eric, isso não tem graça! – virei de rompante para ele. Ele tinha uma expressão demoníaca e mantinha a lanterna acesa, porém apontada para baixo.

 

- Gosto de ser o único a ver graça em coisas desse tipo.

 

- Gosta de ser um idiota, então? – ele riu e ignorou minha pergunta. Apenas jogou a lanterna no chão, ainda acesa.

 

- Sabe por que você é assim? – ele dizia se aproximação muito lentamente.

 

- Assim como? – eu ainda tremia, mas o pânico sumiu de minha voz, dando espaço para a raiva e a cautela. Eu me controlava com relação as minhas emoções por causa disso!!! Quando eu deixava escapar algum sentimento de meu controle, APENAS UM, o resto vinha à tona! Eu perdia totalmente a noção e misturava tudo que estivesse sentindo no momento com tudo o que eu PODERIA VIR A SENTIR AINDA (sim, bem pleonástico)!

 

- Petulante. Prepotente. Acha-se a poderosa. Nada nem ninguém podem te atingir. Pensa que tem o controle de toda e qualquer situação... Surpresa, Desí! Não é bem assim que funciona!

 

- Eric, calma! Pense bem no que você pretende fazer. Pode prejudicar só a si mesmo.

 

- Será? Eu acho que posso fazer um estrago legal em você antes... – ele se aproximava cada vez mais. Parei de perder tempo pensando, meu sangue já tinha ido para as pernas, a adrenalina já tinha feita seu trabalho no meu organismo, por isso corri, sem pensar no depois.

 

Tentei não passar perto de Eric, mas ele era mais rápido que eu. Mesmo tentando correr para me afastar dele, ele me alcançou. Por trás de mim, um de seus braços agarrou minha cintura, não com força mas com brutalidade, enquanto a outra mão vinha tapando minha boca. Eu me rebatia, tentando me soltar, mas era inútil. Quanto mais eu tentava me livrar dele mais ele apertava seu braço contra meu diafragma. O que eu consegui foi tirar sua mão de minha boca, mas de nada adiantou, eu estava engasgada, sem ar por causa da pressão em minha barriga. Vendo com eu tossia, ele me soltou e eu caí aliviada no chão. Finalmente respirando! Levei cinco segundos para pensar em me levantar e sair dali, tarde demais... Ele se ajoelhou no chão se colocando sobre mim e prendendo meus pulsos dessa vez.

 

- Eric, por favor, não faça isso! – minha voz agora estava, no mínimo, duas oitavas acima e eu já estava desesperada de verdade.

 

- Vou te ensinar uma coisa, ruiva.

 

- Por tudo o que é mais sagrado! Eu lhe imploro! – agora as lágrimas escorriam freneticamente por meu rosto.

 

- Você chorando?! – ele estava rindo! Do meu desespero!

 

Ele tentou me silenciar com um beijo abrupto e violento. Dei um jeito de morder seu lábio o mais forte que eu pude, ele se afastou me xingando:

 

- Ai!! Sua vadia! Cansei de pegar leve! – ele segurou meus pulsos sobre minha cabeça com uma das mãos e com a outra rasgou minha blusa, de cima até embaixo. Com o puxão suas unhas arranharam minha pele e gritei com a dor.

 

- Calminha, Desí. Você vai adora nosso momento. Vai até querer contar pro Lutt. – ele riu e começou a beijar meu corpo. Aquela boca nojenta dele (como eu havia mordido para arrancar pedaço) deixava um rastro de sangue sobre minha pele. Eu me contorcia por vários motivos: tentava me livrar, estava enojada, agoniada e muito desesperada.

 

- Lutt! Socorro! Lutt!! – ele disse que estaria bem atrás de nós. Onde ele estava neste exato momento? A mão livre de Eric me tocava em todos os lugares possíveis. Eu iria vomitar com aquilo, não, eu iria MORRER com aquilo! Meu Deus, o que eu faço?! As lágrimas escorriam mais e mais, até que o vi desabotoando sua calça. Só pensei em uma única coisa: Gritar com todas as minhas forças, já que a adrenalina não estava me ajudando! Ele gritou em resposta:

 

- Cale a boc... – mal terminou sua fala e levou um soco na cara. Ele não estava mais sobre mim, levantei imediatamente e tentei correr. Dois braços me envolveram e eu dei mais um grito histérico.

 

- Calma, calma! Desirée! – aquela voz que eu tanto ansiava. Era Lutt. Ele me salvou, agora estava tudo certo. Não tinha com o que preocupar.

 

- Lutt! – eu me virei para ele e o abracei com toda minha força.

 

- Pronto, já acabou. – ele me abraçava da mesma maneira enquanto me tranqüilizava. Eu estava em prantos ainda.

 

- Desirée!! – Viviam gritava preocupada. – Senhor! O que fizeram com você?!

 

- Está tudo bem agora... eu acho...

 

- Aquele canalha chegou a fazer algo sério? – agora ele me segurava pelos braços e seu olhar era colérico.

 

- N-não. Você chegou na hora... – percebi seus olhos me analisando. Acompanhando o trajeto de sangue borrado e a marca das unhas de Eric, enquanto tentava achar um machucado pior. Ele me soltou às pressas e avançou na direção dele. Na verdade ele havia me jogado em cima de Viviam, que me segurou em um abraço.

 

Eric acabara de se levantar segurando o maxilar machucado quando Lutt o pegou pela camisa.

 

- Eu avisei! Se você TOCASSE nela, eu mataria você!

 

- Você não costuma cumprir com suas promessas idiotas...

 

- Mas essa é uma exceção! – ele largou Eric e deu outro soco, só que do outro lado agora.

 

Os dois começaram a pancadaria. Socos pra lá e pra cá, empurrões, cotoveladas... Acertando rosto, barriga, garganta... Viviam e eu gritávamos para que parassem. Eles iriam se matar ali! Fomos até eles na tentativa de impedi-los.

 

- Lutt, por favor, chega disso! – segurei seu braço.

 

- Desirée, eu vou acabar com ele, me larga!

 

- Eric, pare com isso! – Viviam segurava seu namorado.

 

- Não se meta nisso, Viviam!

 

- Lutt, você já está todo machucado! Pare já com isso! – ele pareceu entender meu recado ao ver as lágrimas em meu rosto.

 

- Humpf! – ele bufou furioso, mas me pegou no colo e deu meia-volta.

 

- Lutt, você está machucado, não precisa me... – fui interrompida.

 

- Apenas fique quieta! Se você ainda não percebeu, você quase foi estuprada! Preocupe-se com você! – calei imediatamente. Entendo que ele estivesse preocupado e nervoso, mas não precisava gritar comigo.

 

Andamos alguns metros e ele (um pouco mais calmo) disse:

 

- Pretende ficar quanto tempo com esse bico?

 

- Quero descer... – ele me colocou no chão.

 

- Ok. Fala.

 

- Não precisava gritar comigo!!

 

- Certo. Desculpe.

 

- Vocês homens só sabem sair na porrada! Parecem animais!

 

- Ok! Da próxima vez, estarei preparado com refri e pipoca... – aquela piadinha me deixou realmente nervosa. Quando eu iria dizer algo legal, quem aparece? LAILA!!! Cara... PRA QUÊ??

 

- Desirée, o que houve com você? Ai, meu Deus! Lutt! – ela correu para ele e até me afastou, empurrando-me discretamente. Eu já estava possessa! Com minhas emoções ainda todas misturadas! Eu estava realmente louca!

 

- Laila! Vá embora!

 

- O quê? Você ficou louca?!

 

- Sim! Eu estou muito enlouquecida! Saia agora se não quiser levar na cara!

 

- Ah, é? Tenta, pra você ver se eu não arranco esses seus olhos!

 

Pronto! Estopim! Avancei em cima dela. Ela revidava com puxões de cabelo e tapas. Lutt tentava separar a gente, mas em briga de mulher... Há! Não se mete que ainda sobra pra você! Dito e feito. Ele levou uma unhada no olho. Ficaria com pena se não estivesse tão ocupada com aquela oxigenada. Joguei a vadia no chão e fiquei em cima dela. Nunca bati tanto na cara de alguém! Tapas nos dois lados daquela carinha ridícula! Lutt cansou daquilo e me puxou pela cintura.

 

- Me solta!

 

- Sua louca, pare com isso!

 

- Louca, eu?! Ela passou o dia inteiro se oferecendo pra você!

 

- E o que você tem a ver com isso? – ela dizia pedindo para apanhar mais.

 

- E daí? E se ela se ofereceu para mim e eu aceitei? – eu olhei para ele incrédula.

 

- Realmente, Lutt. Não tem nada demais! Quer saber? Fica com ela! Vocês se merecem! – saí urgentemente para não acabar batendo nele também.

 

Eu não tenho noção de quanto andei, aliás nem dava para calcular, minhas passadas eram largas e rápidas demais. Gastei por volta de quatro minutos até chegar ao acampamento.  Passei direto indo para a casa das meninas, nem dei bola para todos que olhavam minha blusa rasgada, meu sutiã à mostra e/ou o sangue e os machucados em meu corpo, apenas entrei em nossa acomodação.

Eu estava muito irritada com Lutt, Laila e qualquer um que chegasse perto naquele momento. Eu não tinha cabeça para ficar traumatizada, eu iria tomar um banho (eu me sentia suja) e voltar como se nada tivesse acontecido. Então quem me aparece no quarto?

Exato, Lutt! Eu não queria dizer nada que me fizesse arrepender depois, por isso tentei me livrar dele.

 

- Lutt, não quero conversar agora.

 

- Vou perguntar só uma vez: O que você tem na cabeça?

 

- Não começa!

 

- Laila se preocupou com você e você avança nela?!

 

- Claro que se preocupou! Por meio segundo até ver que você estava ferido! Tadinho de você, ter todo o carinho e atenção da oxigenada.

 

- Se tem ciúmes dela... – eu interrompi nesse instante.

 

- Ciúmes?! Eu disse que você podia ficar com ela! Seja feliz com aquele silicone ambulante.

 

- Desirée, você está sendo mesquinha e petulante! – quando ouvi os adjetivos que ele usou para se referir a mim, lembrei da cena na floresta. Eric se aproximando cada vez mais e dizendo: “Petulante. Prepotente. Acha-se a poderosa. Nada nem ninguém podem te atingir”. Eu só queria que aquele pensamento desaparecesse de minha mente, mas o Lutt não parava de falar. A imagem de Eric ainda me assombrava. Quando o ouvi dizer meu nome de novo eu cometi um dos maiores erros de minha vida...

 

- Vá embora daqui! Suma da minha vida! Deixe-me em paz! – aquela reação exagerada não era para ele. Era para a terrível cena em minha cabeça, mas eu não estava sã... Ele não reagiu, se manteve calado e os olhos arregalados em minha direção. Quando me dei conta do que realmente havia feito, era tarde demais, aquilo o havia machucado. Ele se virou lentamente e abriu a porta, saindo desnorteado e sem dizer uma palavra sequer de protesto.

 

Eu me odiei naquele momento. Fui até banheiro, ainda processava o fato, quando finalmente e de uma vez por todas caiu a ficha. Ele nunca mais iria olhar para mim, nunca falaria comigo, ele iria realmente sumir da minha vida. Minhas pernas tremiam e não conseguiam me sustentar em pé. Dentro do box, eu encostei à parede e só conseguia chorar. Chorar de tristeza, de raiva, de ódio de mim mesma, de desespero, de tudo!


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Notas finais do capítulo

Não sei se ficou bom >.
Admito que sou péssima com esse tipo de cena de horror...



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