Escolhas escrita por naathy


Capítulo 8
7. Boa intenção


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, por favor!
Estou em uma correria de trabalho e provas na faculdade. =S

Muito obrigada por todos os reviews, apoio e carinho!

Beijo ;*



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                Estranhei ao ver Eduardo encostado em sua moto na frente do colégio com os braços cruzados me esperando. Ouvi alguns comentários de algumas alunas sobre o quanto ele era bonito e sexy. Eu as entendo, por conta dessa atração que ele causa no sexo feminino estou vivendo um inferno na terra. Aproximei-me dele calmamente, seus olhos estavam fixos em mim, quando cheguei perto o suficiente ele me puxou e me beijou. Estranhei ainda mais, mas assim que ele encerrou aquele beijo exibicionista, olhei rapidamente ao redor e constatei que aquilo era mesmo apenas uma exibição, uma demonstração de que eu pertencia a ele. Ele me entregou o capacete e me mandou subir na moto, e assim eu fiz. Dei mais uma olhada rápida para o portão e lá estava ele, parado, me encarando. Eu não entendia por que ele agia diferente dos demais alunos que simplesmente se afastavam de mim quando eu era grosseira com eles. Eduardo ligou a moto e em poucos minutos estávamos no apartamento.

                Ainda pensava no garoto e nos seus motivos, por um momento uma frase que li em algum lugar, acredito que tenha sido naquele livro que virou filme, “Eu queria confrontá-lo”. Eu realmente queria fazer isso, mas não podia. Era preciso continuar me mantendo indiferente.

                - O que você tanto pensa, hein?

                - Em um trabalho que eu preciso fazer. – disse virando as costas, mas ele me impediu me puxando com força pelo meu braço esquerdo.

                - Eu não gosto nada dessa sua forma de falar. – ele disse calmamente cada palavra e apertando cada vez mais o meu braço. – Acho que você não tem noção do perigo, não é? – disse sussurrando em meu ouvido.

                - Por que você não acaba com isso de uma vez?  - Ele, com força levantou o meu queixo com uma mão, apertando-o.

                - Por que ainda tenho coisas a extrair de você. – Mordeu com força meu lábio inferior, imediatamente senti dor e o gosto de sangue na minha boca.

                - Eu não vejo o que mais você tem a extrair de mim...

                - Você me deve muito. Afinal, eu sempre te dei tudo desde que você veio morar comigo. Sua conta está alta, gatinha. – Me debati tentando me soltar. – Quietinha! Você sabe que rebeldia só piora a tua situação.

                - Eu odeio você! – disse com raiva tentando dar um tapa em seu rosto, porém ele me impediu e eu que acabei apanhando e muito. Aquela tarde/noite fora de tortura, pois além de ter sido agredida de muitas formas, tanto verbalmente, quanto fisicamente, fui obrigada a satisfazer os desejos daquele monstro mesmo sem a mínima condição para tal.

                Quando acordei, sentia muita dor. Levantei-me da cama, olhei para ela e o vi deitado dormindo tranquilamente, mais parecia um anjo. Quem dera se ele fosse algo próximo a isso. Caminhei até o espelho que se encontrava no local, parei em frente dele e a imagem me chocou. Eu estava pior do que imaginava, meu olho direito estava roxo e bastante inchado, meus lábios também estavam inchados. Olhei para meu corpo e diversos hematomas estavam espalhados pela minha pele. Olhei novamente para cama e pensei em como eu pude me apaixonar por ele. Como? Mas eu tinha consciência de meus atos e que a minha infelicidade hoje era fruto de escolhas que eu mesma fiz. Ele só era fruto de uma escolha, afinal eu que decidi meu futuro, por mais que hoje eu me arrependa amargamente de ter escolhido isso, eu só estava sofrendo as conseqüências de minhas decisões. Não poderia aparecer na escola nesse estado, porém eu teria uma importante prova de português naquele dia.

                Fui até o banheiro, tomei um demorado banho e quando saí, peguei minha caixa de maquiagem. Sequei bem meu rosto, enrolei a toalha ao redor do meu corpo e comecei a tentar esconder as marcas da minha face com a maquiagem. Quando terminei, fiquei feliz com o resultado, lógico que não consegui esconder por completo, porém o tinha ficado melhor do que eu imaginava que conseguiria fazer.

                - Resolveu se arrumar hoje? – Olhei através do espelho e lá estava ele parado atrás de mim, encostado na batente da porta me olhando.

                - Não estou me arrumando, e sim escondendo as marcas que você me deixou.

                - Hum... Deixe me ver. – disse aproximando-se e me virando. Analisou lentamente meus braços, passando pelo meu colo, pescoço até chegar em meu rosto. – É, você ficou repleta de hematomas, mas no seu rosto você fez um bom trabalho, quase não consigo ver o roxo dos seus olhos, apenas o inchaço deles e de sua boca. – olhei para o lado. As vezes eu me perguntava, por que não fugia de tudo isso. Por quê? Dane-se os capangas, dane-se a minha vida, qualquer coisa seria melhor do que essa tortura diária.

                - Eu estou atrasada. – murmurei.

                - E eu com isso? – disse arqueando uma sobrancelhas e puxando a minha toalha, analisou meu corpo e acabou por fixar o olhar em minha barriga lisa, que estava repleta de manchas. – Você teria tido o bebê?

                - Sim. – um sorriso perverso surgiu em seus lábios. – Mas ele me odiaria quando visse o pai que eu lhe dei. – seu sorriso aumentou e ele olhou pro meu rosto. Senti medo, muito medo.

                - Então você tem muito que me agradecer por ter feito você perdê-lo, não é?

                - Aonde você quer chegar com essas perguntas?

                - É só para te demonstrar que eu não sou tão mau assim. – ironizou. Agachei-me e peguei a toalha do chão, e saí dali.

                Entrei no quarto, me vesti rapidamente, peguei meu material e saí do apartamento o mais rápido que pude. Ainda sentia dores, porém praticamente corri até o colégio. Quando cheguei, me encaminhei direto para a minha sala de aula, sem olhar para os lados ou para alguém. Sentei na última classe, a sala estava praticamente vazia, apenas algumas garotas que sentavam sempre na primeira fila já se encontravam no local. Cruzei meus braços em cima da mesa e os fiz de travesseiro, deitando minha cabeça, esperando enquanto a aula não começava.

                Cada disciplina possuía uma sala especifica e era normal ter colegas diferentes em cada aula. Percebi que alguém havia se sentado no lugar a frente do meu, mas não dei importância para isso.

                - Oi! – levantei minha cabeça para ter certeza de que aquela voz era mesmo de quem eu pensava. E assim que o fiz tive a confirmação disso. Não o cumprimentei, apenas o olhei com uma cara de poucos amigos. Sua expressão de “bom dia” se transformou em uma de preocupação. – O que houve com você? – disse tentando aproximar sua mão do meu rosto, porém me afastei.

                - Não toque em mim. – o repreendi. – E não aconteceu nada comigo. – disse abaixando a minha cabeça e voltando para a minha posição.

                - Foi o seu marido? – Como ele sabia? Ah, sim ele havia nos visto ontem. Levantei minha cabeça.

                - Garoto você é muito intrometido, sabia? Não é da sua conta a minha vida.

                - Lógico que foi ele, e é por causa dele que você tenta afastar as pessoas de perto de você. – ele bufou. – Mas realmente isso não é da minha conta.

                - Olha, desculpa ser grossa, mas é melhor você ficar longe de mim.

                - E por que eu deveria ficar longe de você?

                - Acredite em mim, é o melhor. – Ele riu e negou algo com a cabeça.

                - Eu não sei por que insisto tanto em ser seu amigo. Acho que talvez pelo fato de você parecer triste e infeliz e também por tentar afastar todos da sua volta, me intrigue e me faz querer te ajudar.

                - Eu não quero a ajuda de ninguém.

                - Tudo bem, mas caso um dia você precise fale comigo! – ele piscou, sorriu e se virou para a frente.

                - Como um adolescente de, sei lá, dezesseis anos poderia me ajudar em algo?

                - Dezessete. – me corrigiu. – Bom, eu não sei, mas sempre tem algo que possamos fazer, se eu fosse você não duvidaria disso.

                - E se eu fosse você não seria tão confiante enquanto a isso. – murmurei baixinho, mas mesmo assim parece que ele havia me escutado, pois me olhou por cima de seus ombros. Então ele se virou para trás e me encarou sério.

                - Algo muito sério deve te prender a esse cara, pra você agüentar apanhar e continuar com ele. Sendo que parece que você não o ama.

                - O que você entende de relacionamentos e da vida, garoto?

                - Talvez mais do que você imagine, mas não preciso entender muito sobre isso para perceber o quanto você parece infeliz.

                Fiquei perplexa com a sua resposta, quando ia responder o professor entrou na sala e logo iniciamos a prova. No intervalo, fui direto sentar embaixo da “minha” árvore com meu livro, eu o vi com seus amigos conversando e rindo. Ele era feliz e foi inevitável não me lembrar do quanto eu era feliz com os meus amigos e pais, antes daquele monstro em forma de anjo aparecer na minha vida.

                 Depois daquele dia, fiquei uma semana sem ir às aulas, não estava em condições de ir. Uma pelo tormento psicológico diário que sentia e outra por que havia esquentado e usar blusas de manga curta estava fora de cogitação no momento e talvez a proximidade e insistência daquele garoto, estava me atormentando. Ajudar, ele não podia me ajudar! Mas como eu queria que alguém pudesse sem se machucar, mas cada vez mais isso parecia impossível. Por um momento sorri pensando  na inocência daquele garoto em achar que podia me ajudar.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não?

Estou pensando em continuar mesclando os pontos de vista da Gabriela, com um narrador em terceira pessoa,este mostrando uma visão mais ampla, mas mais focado nos pensamentos e atitudes do Gabriel. O que vocês acham?

Beijo ;*
Naathy



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