Um ano havia se passado. Tudo continuava igual. Eu ainda namorava Jacob, e ainda amava Lucas. No entanto, já havia aprendido a conviver com a saudade que sentia dele.

Estávamos prestes a nos formar, faltava algo como uma semana para que isso acontecesse.

Lucas havia sumido. Não ia para o colégio a duas semanas, e sim, eu estava preocupada com isso.

Logo pensei em procurar Hector e perguntar por ele, mas hesitei em fazê-lo.

Talvez Lucas só estivesse cansado, ou talvez viajando. Quem sabe?

Esta dúvida estava acabando comigo.

Na sexta-feira daquela semana, eu caminhava para minha sala. Jacob já havia ido para sua sala, eu estava sozinha e encontrei Hector no caminho.

Não resisti e me aproximei.

_Hey Hector- cumprimentei-o.

_Anna? Tá tudo bem?- ele se surpreendeu, afinal, nunca havia falado com ele, muito menos depois da aposta.

_Er... sim está. Na verdade, eu queria te perguntar uma coisa. Pode ser?

_Claro. Mas, er... Anna, eu queria te pedir desculpas por... aquela, aquela aposta idiota. E eu queria te falar que o Lucas, bem ele se arrependeu de verdade de fazê-la.

Ele despejou essas palavras. E logo eu continuei.

_Tudo bem... Eu... eu queria mesmo falar com você sobre ele.

_Aconteceu alguma coisa?

_Você tem visto ele, Hector? Lucas, bem, ele sumiu.

_Na verdade, a última vez que falei com ele foi a uns três dias, e ele me pareceu bem.Me disse que estava um pouco cansado, apenas isso.

Suspirei aliviada internamente. Eu não podia deixar que Hector percebesse, mas acredito que minha expressão mudou de preocupada para aliviada.

Antes fosse somente cansaço.

_ Hum... então ta bem.- eu sorri em agradecimento.

O sinal tocou, e o movimento no corredor aumentou.

_Obrigado por me dizer, Hector.

Ele sorriu em resposta, e eu saí sentindo que minha preocupação havia ficado para trás.

A aula passou rapidamente. Na saída, Jacob me esperava na porta do colégio.

_Olá minha linda.  - ele sorriu e me beijou.

_Olá – respondi- como você está?

_Bem. Anna almoça comigo hoje? Eu soube que abriu um restaurante super legal no shopping.

_Claro, vamos sim. - eu respondi automaticamente, meu pensamento estava em outro lugar. Ou melhor, em outra pessoa.

Logo chegamos ao tal restaurante. Não havia muita gente, nos sentamos em uma das primeiras mesas que encontramos e fizemos nossos pedidos.

Almoçamos e entre conversas, muitos risos aconteceram.

Jacob me divertiu, e por alguns momentos esqueci-me da minha preocupação. Meu pensamento que há semanas parecia estar distante pareceu voltar.

Passamos o resto da tarde em sua casa, assistindo filme.

Eu me deitei em seu colo, e em meio a carinhos, cafunés e beijinhos carinhosos acabei dormindo.

Quando acordei novamente, estava em uma cama macia, quente e confortável.

Jacob dormia do meu lado, e uma de suas mãos repousava sobre minha cintura.

Eu pude perceber ao longo desse ano que se passou o quanto ele gostava de mim.

Ele me deu carinho, atenção. Jacob me deu amor.

Só não conseguia entender porque eu não era capaz de amá-lo da mesma maneira. Eu adorava estar com ele, adorava sua companhia, nossas conversas. Mas Jacob era como um bom amigo que estava ali, sempre, para o que eu precisasse. Um bom amigo que me ajudava e sempre estaria pronto para isso.

Tudo o que eu gostaria de saber era o motivo de a vida ser assim.

Porque ela fazia com que me apaixonasse por alguém que simplesmente não foi feito para mim?

Eu deveria amar a Jacob, da mesma maneira que ele me amava, e com toda certeza seria muito mais feliz.

Mas afinal, o que eu poderia fazer? Eu me fazia essa pergunta todos os dias.

Mexi-me na cama, na intenção de me levantar sem acordá-lo. Minha tentativa foi falha.

Ele abriu os olhos e sorriu. Espreguiçou-se e disse:

_Como é bom acordar e poder te ter aqui. Eu te amo, sabia?- ele disse segurando minha mão.

Eu o amava também.

No entanto, eu não o amava da mesma maneira. Eu o amava como um amigo ama o outro. Não queria mentir a ele, não queria dizer que o amava da mesma forma que ele. Mas se não o fizesse, poderia magoá-lo.

Simplesmente sorri e beijei-o.

_Se você quiser, - ele continuou- pode dormir aqui, no quarto de hóspedes. Já é tarde.

Passei a mão em seus cabelos.

_Acho melhor ir para a casa. Logo meus pais chegam, e acredito que seja melhor estar lá quando isso acontecer.

Jacob fez um biquinho, e eu ri.

_Queria ter você comigo está e todas as outras noites da minha vida.

Eu o beijei, novamente. Essa era minha saída para respostas difíceis de serem dadas.

Ele riu e se levantou. Vestia apenas uma calça jeans, e seu cabelo estava bagunçado.

Jacob era lindo, no entanto não me sentia da mesma maneira vendo-o como me sentia simplesmente ao olhar  Lucas sorrir.

Ele se vestiu, calçou seu sapato e nós saímos.

Não demorou quase nada e estávamos em frente a minha casa.

Despedi-me e nos beijamos. Foi um beijo calmo, suava. Como todos os outros beijos que Jacob me dava.

Assim que nos separamos, Jacob sorriu e acariciou meu rosto.

Depositei um selinho em seus lábios, sai do carro e entrei em casa.

Logo, pude ouvir o som do carro saindo.

Subi até meu quarto, e depois de tomar um banho e me preparar para dormir, me deitei.

Eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser Lucas.

Será que eu nunca o esqueceria? Um ano já havia se passado e eu não conseguia esquecê-lo. Não deixava de amá-lo. Eu esperava que com o passar dos anos eu pudesse assim fazê-lo.

Afinal, ele já havia me esquecido e disso eu não tinha dúvidas.

Em todo caso, naquela noite, eu não fui capaz de dormir.