A noite passou tranquilamente. Sem sonhos. Logo pela manhã, fui acordada por leves batidas em minha porta.

_Anna, querida. Como está seu pé? -  minha mãe, entrou em meu quarto perguntando.

Por um breve momento, me esqueci completamente do que havia acontecido no dia anterior. Na verdade, nem mesmo sabia se tudo o que eu havia ouvido de Lucas era verdade.  Meu coração dizia que sim, porém minha mente dizia que tudo o que eu ouvi , mesmo sendo verdade, só faria mal para mim. Mas eu não entendia isso.

_ Sim, mamãe. Está bem melhor. Agora eu preciso me arrumar para ir ao colégio.

Minha mãe saiu do meu quarto e eu caminhei ao banheiro. Tomei um longo banho, e me vesti com o uniforme de sempre. Mas naquele dia eu queria estar diferente. Mais bonita.

Sequei meu cabelo, o que o deixou mais esvoaçante do que de costume, fiz um make mais produzido, porém sem exageros, e me sentindo mais bonita, saí de casa.

Cheguei no colégio e logo na entrada o vi . Sim, ele estava parado, mais belo do que nunca (acho que todas as vezes que o vir ,pensarei isso) trajando as vestes do colégio, e o verde de sua camisa tornava ainda mais intenso o verde de seus olhos. Ele sorriu ao me ver e não pude deixar de sorrir com ele.

Passei em sua frente, indo em direção à sala de aula, e pude ouvi-lo murmurar:

_ Está linda hoje.

Sentei-me em minha cadeira e logo ele entrou, seguido do professor.

A aula passou rapidamente , de maneira logo chegou o intervalo.

Caminhei até a cantina a fim de comprar alguma coisa para comer, estava faminta.

_Gabriella,- chamei a menina da cantina, acho que nunca mencionei-a.Ela era mais alta do que eu, mas não muito. Tinha longos cabelos pretos e cacheados, olhos verdes e um belo corpo. Muitos meninos se matariam para tê-la. – Por favor, quero duas daquelas barrinhas de cereal. E um suco de laranja.

Ela me olhou e disse:

_ Sinto muito, mas aquele menino- ela apontou para um garoto que estava sentado em uma mesa qualquer ali perto.- ele acabou de comprar as últimas.

Agradeci e peguei meu suco de laranja. Ma dirigi até o garoto. Ele era novo no colégio pois nunca tinha o visto.

Puxei uma cadeira e me sentei , já que era a única mesa vazia.Ele me olhou perplexo e eu sorri.

_ Acho que você acabou de comprar a últimas barras de cereal. E ocupou a única mesa vazia.

Ele sorriu e empurrou uma barra de cereal para mim.

_Desculpe-me mas pensei que fosse o único que comia elas aqui.

_ Você é novo ,não é?- disse abrindo uma barra e mordendo um pedacinho.

_Sim. Cheguei hoje.

_ Bem vindo. Qual é o seu nome? – estranhei minha atitude. Não era assim. Era tímida e não fazia amigos facilmente .

_ Jake. E o seu?- ele sorriu e pude ver que seu sorriso era lindo. Seus dentes eram retos e brancos.

_Anna.

Fez-se silêncio entre nós . Virei minha cabeça para desviar o olhar de Jake e vi Lucas me encarando. Sua expressão não era amigável. Voltei meu olhar para o garoto à minha frente.

_E então... qual é sua próxima aula? Ele quebrou o silêncio para meu alívio.

_Calculo. E a sua?- perguntei apenas para aumentar o assunto.

_ Também. Posso ir com você? Não sei ao certo onde fica a sala.

_Claro. – respondi e voltei a olhar Lucas que ainda me encarava.  Não sei como nem porquê, mas sabia que ele estava prestes a fazer alguma coisa.

Logo o sinal tocou, indicando o fim do intervalo. Jake e eu levantamo-nos e em silêncio fui guiando-o até a classe.Quando cheguei à porta, lembrei-me de que não tinha pego meu material , que seria necessário para esta aula.

_Jake, esqueci meu material. Preciso voltar até os armários e pegar. Nos vemos em breve.

Ao dizer isto, não dei chance de ele responder e corri até meu armário.

Apanhei todo o material e quando fechei a porta, para minha “ surpresa” ele se encontrava lá. De braços cruzados , um pé apoiado na parede e com um olhar nada doce.

Lucas me encurralou, colocando seus braços na parede e me prendendo entre eles. O corredor estava vazio, todos deviam estar na aula, o que por acaso eu deveria estar fazendo também.

_Lucas, me dá licença. Vou chegar atrasada na aula.

__Quem é ele? – ele perguntou sem sequer ligar para o pedido que eu fiz.

_Ele quem?

_ O carinha do intervalo. Você o conhece? – ri debochadamente ao ouvir isso. Lucas estava com ciúmes?

_Sim ,agora eu o conheço. Mas, porque mesmo te devo explicações?

_Eu não gostei dele. Muito menos do jeito que ele te olhava.

_Você não gosta de ninguém .- fiquei séria ao dizer.

_ Sim. Eu gosto de você.

_ Por favor, não minta. Odeio mentiras.

Eu estava odiando dizer isso. Minha vontade era que tudo o havia acontecido ontem fosse verdade. Mas eu não como fui acreditar nele. Lucas não consegue gostar de alguém de verdade.

_Não estou mentindo Anna. Fiquei com ciúmes ao ver você com ele. Eu gosto de  você.

Meu coração saltou quando ouvi isso. Era belo demais e romântico demais para vir de um garoto como ele. Quer saber de uma coisa? Ele estava me confundindo. Dizia palavras bonitas, mas fazia gestos que não me agradavam.  Ele definitivamente estava me deixando louca.

_ Então prova.- pedi de um jeito que eu nem sabia que era possível vindo de mim.

Ele se aproximou ainda mais de mim, fazendo com que nossos corpos se colassem. Seu hálito de menta roçava em meu rosto. Ele tomou meus lábios em um beijo, calmo, mas que foi se tornando preciso e desesperado. Deixei meu material cair, mas não me importei. Essa não era eu. O que estava acontecendo comigo?  Me agarrando num corredor de colégio, matando aula para fazê-lo. Definitivamente eu não era mais a mesma Anna de antes. Lucas havia conseguido transformar a filhinha cuidadosa de um pai descuidado em rebelde.

Suas mãos passeavam pelo meu corpo enquanto as minhas puxavam levemente seus cabelos.

Ouviu-se então uma tosse forçada, como se para chamar a atenção. Separamo-nos rapidamente, Lucas segurou minha mão com força quando vimos que estava em pé na nossa frente. Era Sr.Davis , o diretor.

_ Para minha sala, os dois. – nenhum de nós se mexeu ao ouvir o diretor. – Agora! – ele quase gritou.

Lucas ainda segurando minha mão, não guiou à frente do diretor a caminho da sala do mesmo.

_ Eu amo você.- Lucas sussurrou em meu ouvido enquanto caminhávamos. Não pude deixar de rir com o comentário e apertei ainda mais sua mão.