( Diana )

– O que foi, Crystal? - eu disse, como se já soubesse o que estava por vir. Mas provavelmente já sabia. Dava pra perceber.

– A questão é: eu não suporto a Victória, e ela também não me suporta. Então pra que temos que morar na mesma casa? Eu preferia estar em qualquer outro lugar!

Lancei um olhar ameaçador a ela. Queria que ela se arrependesse do que tinha dito. Se não fosse pela Vick, nós estaríamos na rua agora mesmo.

– Tudo bem. Quer saber? Se não quer ficar aqui, pode sair agora mesmo. Mas tenho certeza que vai se arrepender. - disse, e depois me virando para Alice, continuei. - E você... Tem que escolher um lado. Ou vai embora com a Crystal, ou fica aqui comigo.

( Crystal ) 

Droga... Será que tomei a decisão certa?

Eu sei que ficar com a Victória era um inferno, completamente. Mas eu ando, ando, ando e não acho lugar nenhum pra ficar! E se alguém me encontrar? Isso seria bom? Talvez... E se eu nunca mais visse minhas irmãs?

A rua, que até então estava deserta, começou a se movimentar. Um garoto se aproximou, e estava olhando para mim, com muito interesse.

– Oi, gata. - ele disse. 

Mas que desaforo! O que eu mais precisava agora era de um admirador! Ah, eu não sou fácil assim. E eu nunca ia ficar com um menino que achei no meio da rua! E além do mais, eu nunca namorei ninguém...

– Cala a boca, garoto! 

– Irritadinha, hein? - ele disse, e me entregou um papel que tirou do bolso.

No papel estava escrito Thomas, e seu telefone. Como se eu fosse ligar pra ele! 

( Alice )

Nem acredito que estou fazendo isso... Me matriculando numa escola? Por que eu ia querer estudar numa hora dessas? É tudo culpa da Diana... 

Mas não posso me arrepender. Como ela disse, isso aqui é mil vezes melhor do que estar na rua, sozinha e sem lugar pra ir.

Quer saber? Se eu pudesse, ia embora agora mesmo procurar a Crystal. Eu não quero que ela fique sozinha! Mas e eu posso fazer isso? 

– Alice, vou dar uma volta e conhecer a escola. Quer ir comigo? Ainda precisamos de um responsável pra se matricular...

– Não, tudo bem. Eu fico aqui.

Esperei que ela fosse embora para planejar uma fuga. Eu também não ia fugir para nunca mais voltar, então tinha que ser um plano simples. Eu sei que se quisesse podia ter saído agora mesmo. Mas não tive coragem.

– Ai, me solta! - ouvi, mas não soube reconhecer a voz. - O que você quer?

Era Diana. Só podia ser. 

Corri em busca de minha irmã, com a esperança de poder encontrá-la em algum lugar. Até que vi, de longe seus cabelos loiros, sendo puxados por um garoto. Ela estava em apuros, e só eu podia salvá-la.