Sonhadora escrita por AnnaHeimer


Capítulo 9
Capítulo 9




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- Confie em mim. – murmurou ele saindo do quarto para eu poder trocar de roupa.

Suspirei. Que droga! O que poderia acontecer? Em resposta, minha barriga roncou alto, fazendo Gustav rir do outro lado da porta. Grunhi. Teria que aguentar ainda Tiffany e Liz me perguntando o motivo de eu ter saído correndo da casa delas sem dar nenhuma explicação e nem ao menos ligar dizendo que estava bem. Merda. Tinha me metido numa baita encrenca. E o que elas diriam ao ver meu reflexo? Ou simplesmente, não ver mais ele? Eu sairia correndo? Seria eu capaz de guardar aquele segredo só pra mim?

Porque isso ficava me pressionando contra a parede, martelando minha cabeça, fazendo com que a loucura me dominasse completamente? Parecia que algo ou alguém queria me alertar algo. Escovei os dentes e saí do quarto, quando Gustav sorriu quando me viu. Respirei fundo e andei até o meu carro com Segui em direção ao carro e Gustav ainda me seguia. Entrei, liguei o som e nem dei bola para a estação estúpida que estava. O som extremamente alto me dava uma puta dor de cabeça, mas me fazia esquecer a outra dor de cabeça: eu estava virando espírito.

Entramos na estrada e Gustav arregalava os olhos para cada curva arriscada que eu fazia. Quase passei por cima de um pedestre, bati num poste e um motorista completamente sem noção passou voando por mim gritando e me xingando.

Nem pensei duas vezes. Abri a janela bruscamente, tirei a cabeça pra fora mandei ele pra longe e mostrei o dedo médio pra completar a operação. O cara saiu revoltado e acelerou saindo da minha vista. Deu pra pegar as últimas reações de Gustav. Ele balançava a cabeça tristemente.

Ri por dentro. Aumentei mais um pouco o volume do rádio, ensurdecendo ele. Ele esticou a mão e abaixou o volume. Aumentei novamente e ele (com poderes de espírito - que eu um dia vou ter) desligou o rádio sem mover um músculo só. Franzi a testa, irritada, e continuei dirigindo.

- Qual é o problema? – perguntou ele puxando meu rosto e olhando fixamente nos meus olhos quando a sinaleira fechou.

- É isso que acontece quando se passa uma noite sem dormir só pensando dos problemas "espiritistas": mau humor. – respondi revirando os olhos.

- Ei! Olha só! Seus olhos estão azuis. – falou alucinadamente encantado.

- Aham. – concordei sem dar atenção

Eram verdes. O que é? Ele estava ficando daltônico agora, é? Aí a problemática era eu...

- Mas é sério. Estão azuis. – insistiu e a sinaleira abriu

- São verdes. – ponto final.

Pisei no acelerador.

- Olhe. – falou apontando para o espelho retrovisor.

Abaixei-o e olhei-me. Berrei.

- Olha pra frente! – gritou Gustav quando eu quase bati o carro num motoqueiro.

Me olhei novamente no espelho. Estavam realmente verdes.

- O que aconteceu? – perguntei ajeitando o espelho e tornando a dirigir calmamente, mas meio estressada ainda.

- Você está quase praticamente Espírito. É estranho. O meu olho ficou meio acobreado. Ele não mudou completamente de cor. Gostei.

- Cale a boca.

Ele se reencostou no banco e tornou a ligar o rádio. Assim era melhor. Chegando na escola, com os meus novos olhos verdes, eu desci do carro e o problema começou ali. Liz e Tiffany vieram correndo em minha direção. Droga! Dei um sorriso azedo (dei o melhor que eu consegui) e elas abanaram felizes da vida (Sim. Essas eram Liz e Tiff, sempre retardamente felizes - pra mim isso se chama falsidade). Gustav saiu (visível) do carro comigo e sorriu para elas, fazendo elas se cutucarem e comentarem quem era ele. Revirei os olhos ainda dando o sorriso meloso. Andamos até elas e o papo começou por aí.



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