Os primeiros raios de sol entraram pela janela entre aberta.Uma brisa fria fazia com que as cortinas brancas dançassem com delicadeza.Era a segunda vez que eu via o sol nascer,e segundo Carlisle,só me restava mais um dia de transformação.Para ser sincera,eu não via a hora desse inferno acabar.

A dor era forte,muito forte.Por todo o meu corpo,mas eu consegui me manter “consciente” durante todo esse tempo.Eu conseguia controlar os meus gritos sem dificuldade,e ate mesmo falar e raciocinar sem dificuldade.Carlisle estava muito surpreso por eu conseguir fazer isso.Eu não deveria conseguir pensar em nada alem da dor insuportável por todo o meu corpo.Mas como Esme disse,eu era forte e conseguiria suportar tudo sem choramingar.

O que ate certo ponto esta certo.Eu só reclamei nas primeiras horas.E depois eu consegui ficar firme,mas não por causa que a dor era suportável.Mas sim por causa da Esme,ela não tinha saído nem por um segundo do meu lado,e eu não queria fazê-la sofrer por mim,então por ela eu estava me mantendo.

-Mas um dia,querida.-Ouvi a voz de Esme ao meu lado.

A voz dela assim como as dos outros já parecia diferente aos meus ouvidos.Ela era mais sedosa,mais maternal do que nunca.Mas também eu tinha certeza que ela poderia ter sussurrado isso do lado de forra da casa que mesmo assim eu teria a ouvido com total clareza.Sem duvida eu estava mais forte,e os meus sentidos mais sensíveis.

-Não vejo a hora disso acabar.-Eu sussurrei fechando os meus olhos com força para segurar os gritos que tanto lutavam contra mim.

Esme esfregou a minha mão.Pude ouvir um barulho nas escadas.Passos.Me concentrei neles por alguns segundos,ate que os passos se aproximaram mais e enfim eu ouvi a porta ser aberta.

-Alguma mudança?-Alice murmurou desanimada.

-Não.-Esme suspirou.

Eu reabri os meus olhos a procura de Alice,e sem dificuldade eu a encontrei.Ela estava com um beicinho e olhava pela janela.Ela assim como os outros estavam tristes por mim.Ah,como isso me irritava.Eu as vezes,mesmo com a dor,eu tinha vontade de levantar daquela cama e dar um chaqualhão em todos.Eu odiava velos assim.

-Alice?-Esme a chamou  com uma preocupação extra na voz.

Alice não respondeu de imediato,ela permaneceu olhando pela janela por alguns segundos ate que ela finalmente se virou para Esme.Os olhos dela estavam arregalados.

-Eles estão a caminho.Os Volturis estão vindo buscá-la.Eles chegaram amanhã,logo depois da transformação acabar.-Ele murmurou tudo com muita calma.

-Como?O acordo não dizia que ela ficaria conosco ate que ela já pudesse se controlar?-Esme murmurou enquanto se levantava da poltrona ao lado da minha cama.

-Sim.Mas eles decidiram fazer uma pequena mudança nos planos.-Alice murmurou novamente com muita calma.

Alice estava tão estranha,não parecia ser ela.E...Os Volturis não suportaram esperar mais alguns dias,ou anos.Alec devia estar atrás dessa,sem duvida.

Era essa parte que mais me assustava.Eu tinha medo do que me aconteceria estando com ele tão longe dos Cullens.Eu estava com muito medo,principalmente do que Alec poderia fazer comigo.

Eu fui tirada dos meus pensamentos por uma pontada de dor no meu peito.Essa foi tão forte,que rompeu toda a minha concentração em não gritar.E eu gritei muito alto,um de dor e angustia que foi interrompido por outra pontada ainda mais forte.Parecia que estavam me abrindo e tirando o meu coração,sem anestesia.

As pontadas continuaram ficando cada vez mais fortes,cada vez mais dolorosas.Gritar não me ajudava muito,então eu mordi os meus lábios com força.

Parecia loucura,mas a dor das extremidades do meu corpo começou a subir para o meu peito.A transformação não podia estar acabando,ainda me restava mais um dia de agonia.Mas em segundos os meus pés já não doíam mais,a dor subiu rapidamente pelas minhas pernas e indo diretamente para o meu peito.O mesmo aconteceu com os meus braços.Isso não estava certo.O que estava acontecendo?

A dor no meu peito se concentrou no meu coração.Se antes parecia que estavam arrancando o meu coração,agora parecia que estavam derretendo ele com soda,queimando ele com lava e o dilacerando com garras afiadas.Essa explicação não parecia ser a mais adequada para explicar o que eu sentia.Ate os meus pensamentos estavam esquisitos.

Não sei quanto tempo eu fiquei sobe essa tortura.Era difícil pensar com tanta dor.Então eu decidi deixar a minha mente vagar sem destino.Mas ela se concentrou na batida forte do meu coração,estava muito mais fácil ouvi-lo agora.

Eu podia ouvir varias vozes a minha volta,mas nenhuma me prendia a atenção.Apenas as batidas do meu coração me distraiam.

Quando isso acabaria?Esse pensamento surgiu varias vezes em minha mente.E com um pequeno esforço eu pude perceber que já havia escurecido,e que na verdade o sol já começará a nascer preguiçosamente atrás das arvores.Agora eu podia começar acreditar que o fim estava próximo.