Bella Pov

Eu estava dormindo. Bom, pelo menos eu deveria dormir. Aquela história de que a gente deve dormir pelo menos cinco horas diáriamente e tals. Mas aquele barulho me acordou. E olha que pra me acordar era preciso muita coisa, pois eu não dormia, eu "morria".

Mas o fato é que eu acordei de madrugada com o barulho que tinha ouvido. Parecia que tinha sido no telhado da varanda em frente à janela do meu quarto. Mas isso não seria possível. Levantei e saí do quarto para tomar um copo d'água.

Levei um susto quando vi a luz da cozinha acesa. Merda, mais alguém acordara com aquele barulho maldito! Fui pé ante pé até a porta da cozinha e espiei para ver quem tinha tido a mesma ideia que eu.

- Mas que merda! - ouvi Josh dizendo enquando jogava uma sacola bag em cima da mesa. - Devíamos ter agido mais rápido, Walker! Agora teremos de ir atrás dele novamente!

Jason entrou no meu campo de visão e automaticamente olhei para suas mãos. Elas estavam cobertas de sangue. Mas que merda eles estiveram fazendo?

- Ele não vai poder se esconder por muito tempo, Josh. Nós o pegaremos mais depressa do que ele imagina. 

- Mas agora será mais difícil. Ele já sabe o quê somos.

- Não há problemas. Ele não viverá muito mais tempo quando o encontrarmos.

Eu estaquei, gelada. De quem eles estavam falando? Eu notei que Josh havia falado que ele, seja lá quem fosse, já sabia o quê eles eram. E não quem. Tudo estava muito estranho e o que meu irmão fazia andando com um assassino?

- Eu vou subir e tomar um banho. Odeio ficar sujo de sangue. - Jason disse e pude ouvi-lo se movimentar na cozinha.

Ele ia me pegar ouvindo atrás da porta, fatão! Corri o mais silenciosamente possível e me escondi atrás da escada no momento exato em que ele saía da cozinha.

Ok, eu não gostava do que estava acontecendo, mas ia descobrir tudo custasse o que custasse. E ia em cima do lado mais fraco: meu irmão.

Saí do meu esconderijo e fui para a cozinha. Josh estava com a cara enfiada na geladeira e já tinha queijo, presunto e peito de peru equilibrados precariamente na sua mão. Sério, aquela pessoa tinha uma lombriga na barriga.

- Acordado essa hora, maninho?

Ele deu um pulo de meio metro derrubando tudo que tinha na mão. Encostei na porta e tentei fazer uma cara ameaçadora tipo eu-sei-o-que-você-fez-uma-hora-atrás. Mas acho que não colou por que ele se abaixou e catou as coisas do chão com maior naturalidade.

- Fazendo um lanchinho. E você, dona Bella, não me diga que ia atacar meu amigo no meio da noite!

- HaHaHa, engraçadinho. - Sentei na banqueta que ele havia desocupado e puxei casualmente a sacola para perto de mim. - O que é isso, Josh? Trouxe isso para fazer um lanchinho também?

Ele virou-se para mim e fechou a geladeira com o pé. Olhou de relance para a bolsa e colocou tudo aquilo que segurava na mesa.

- Nada que te interesse, Bella.

- Hum.. Mas sabe, me interessa... e muito!

- Garota, você não devia estar dormindo?

- Josh, acho bom você abrir o bico ou vou contar pro papai que você saiu de casa sem permissão e voltou com o seu amiguinho tarde da noite e sujo de sangue!

Dessa vez eu consegui alguma reação de Josh. Ele ficou lá parado de boca aberta me olhando. É, eu sabia, maninho, abre o bico agora!

- Eu vou repetir, Isabella, isso não te interessa!

- Me interessa sim quando meu irmão idiota se envolve em alguma merda!

- Eu não me envolvi em nada! Agora quer o favor de sair da minha frente?

Eu fiquei magoada. Droga, eu só estava preocupada com aquele imbecil cabeça dura. Eu não queria que alguma coisa acontecesse com ele, mas Josh não queria me contar nada.

Olhei para ele uma última vez e pude detectar raiva no seu rosto e eu não sabia porque. Sai da cozinha antes que ele pudesse me atingir novamente. Que ele se ferrasse sozinho.

Edward Pov

Não conseguia ficar mais naquela casa então saí. Não conseguia imaginar o que acontecera para que Priscila ficasse com tanto medo de alguma coisa. Nunca em minha existência eu acharia que ela tinha medo de alguma coisa.

Caídos. Eu não fazia idéia do que era aquilo. E Priscila estava nervosa demais para que eu arrancasse qualquer coisa dela e mesmo se eu tentasse James não permitiria. Entrei na floresta e sentei nas raízes nodosas de uma árvore. Eu precisava pensar.

Não havia nada que eu quisesse mais do que ficar em paz. Eu devia isso a minha família e a mim mesmo. Toda onda de comportamento macabro que envolvia um clã de vampiros do tamanho do nosso. Só queríamos viver a nossa vida em paz e tranquilidade, sugando uns pescoçinhos de vez em quando.

Senti alguém se aproximando mas não precisei me virar para ver quem estava chegando. Os passos leves só podiam ser de Marcella. Ela sentou ao meu lado e deitou a cabeça do meu ombro. Não tinha forças para me afastar, então a deixei ali.

- Edward, você está bem?

- Estou - respondi a contra gosto. Não queria falar.

- Eu gostaria de ajudar, mas não sei sobre o que Priscila estava falando.

- Tudo bem, Marcella,quando ela se acalmar vai contar tudo.

A lua apareceu por trás das nuvens e ouvi Marcella suspirar. Merda. Agora que eu via que tudo era muito romântico. E aquela vampirinha do meu lado era a mais romântica de todas. Me afastei devagar, mas Cella segurou meu braço.

- Por que, Edward?

- Porque não quero me aproveitar de você, Cella.

- Você não vai se aproveitar de mim. Eu quero isso, sempre quis.

Suspirei cansado e olhei para ela. Os imensos olhos verdes dela eram hipinotizantes e a boca... nossa, a boca era tentadora demais.

- Não quero que você faça algo que se arrependa depois. Eu simplesmente não quero me envolver.

- Sou imortal, Edward. Não vou me machucar.

Tá bom, né? Puxei ela para o meu colo e a beijei. Marcella não era qualquer uma, eu a trataria com carinho. Ela gemeu quando eu aprofundei o beijo. Bom, eu só posso dizer que o beijo dela também era perfeito.

Apertei Marcella para mais junto do meu corpo sentindo uma reação involuntária do meu baixo ventre. Foi aí que a ficha caiu.

Merda! Eu estava beijando Marcella Cullen! Minha irmã, alguém que eu amava e respeitava mais que qualquer outra pessoa. Eu não poderia fazer aquilo com ela. Desgrudei dela e a recoloquei na grama ao meu lado.

- O que foi, Edward? - Ela perguntou confusa com as mãos ainda nos meus ombros.

- Eu não posso fazer isso, Marcella.

- Não acredito que vamos ter essa conversa novamente!

- Pare, Cella!

Eu me levantei e dei as costas para ela. Não conseguiria olhá-la nos olhos nesse momento sem sucumbir ao meu lado másculo. Eu odiava ser um canalha com uma irmã minha.

- Você é uma das pessoas que eu mais considero, Cella. Não quero estragar uma amizade assim agindo de forma estúpida e impensada.

Marcella não fazia movimento algum, mas ainda assim podia ouvir sua respiração acelerada. Eu sabia que a estava magoando, mas se eu não fizesse isso agora seria muito pior no futuro.

- Entenda, Marcella, você é muito importante para mim. É como uma irmã e tenho certeza de que vai encontrar alguém que a ame como merece. Mas esse alguém não sou eu.

Ouvi um ruído estrangulado e logo em seguida um farfalhar na grama. Ela havia ido embora. Suspirei e olhei para a lua de novo. Não parecia mais tão grande e mágica, uma nuvem agora a encobria parcialmente.

Eu não conseguia pensar direito. Até saber o que era aquilo que estava ameaçando nosso território eu não iria descansar. Estava com um pressentimento sobre o que iria acontecer. Não era nenhuma Alice, mas suspeitava que o que viria a seguir não teria um fim muito bom.