Chance escrita por Haku Shishi


Capítulo 3
Chance #3




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Chance #3

Matsumoto: Nomura-san, aqui está o relatório das pessoas que têm relação com Tetsuya Tezuka e foram interrogadas. Esse outro é um relatório das pessoas que fizeram algum mal para Tetsuya Tezuka. O garoto não era popular, não há muito o que ler aí...mas não me surpreende ele não querer vingança depois de tudo que sofreu.

Matsumoto colocou exatamente 35 pastas de relatório na mesa do detetive. Nomura olhou com canto de olho, estava desinteressado, meio abatado, sentia o ferimento como se ele nunca fosse sarar, mesmo com a cabeça enfaixada e os fortes medicamentos que sempre tomava. Estava sentado, compenetrado, via e revia as duas maiores evidências que tinha, as Fitas do Fantasma, como ficou conhecida na delegacia. Aquelas fitas eram o quebra-cabeça da sua vida, sorte não ter família, ao contrário de Matsumoto. Em casa sempre via essas fitas, no trabalho e até na hora do almoço. Mesmo depois de tudo que viu e sentiu ontem, convenceu a si mesmo de que aquilo era um truque, conhecia truques parecidos, conhecia psicopatas que adoravam brincar com a mente das pessoas, mas Nomura não era vulnerável, estava sempre um passo a frente do assassino, era sempre assim, sempre resolveu seus casos no período de tempo mais curto possível, sempre foi...sempre foi.

Nomura: Obrigado Matsumoto – Suspira, passando as mãos no cabelo, logo em seguida pegando a primeira folha de relatório para ler – pode descansar agora...

Matsumoto: Nomura-san, você deveria tirar uma folga. Faz 12 dias que Tetsuya não mata ninguém, apesar do caso ainda está sendo discutido na mídia, o garoto sumiu, ninguém sabe onde ele está, mas quase toda a população está mobilizada atrás dele.

Nomura: Matsumoto, esse caso é meu, entende? Eu vou resolvê-lo, não importa se o garoto decidiu tirar “férias” do crime, vou pegá-lo, essa agora é minha razão pra viver e da minha vida, não abro mão tão fácil.

Nomura começa a passar os olhos nos relatórios, até que percebe algo que não se encaixa. Ajeita-se na poltrona cinza e volta a ler, gesticulando para que Matsumoto se aproxime.

Nomura: Eu vejo que esse amigo do Tetsuya menciona o professor de kendo da escola, Yuusei Shisui, e ele fala barbaridades sobre ele, mas não vejo o relatório de investigação desse professor.  – Faça mexendo nos papeis –

Matsumoto: É, algumas pessoas dessa lista nós não conseguimos contactar, mas hoje mesmo eu ia procurar eles, como eu o avisei ontem.

Nomura: Sim sim, só não deixe de pegar todas as informações possíveis, esse é um caso onde não podemos deixar uma brecha sequer.

Matsumoto concorda e sai da sala, caminhando até um polícial, falando baixo com ele. Matsumoto e o policial agora estão na estrada, indo em direção a casa de Yuusei Shisui.

Matsumoto: Não sei, Nomura está obcecado...nunca o vi assim..

Policial#1: Tem razão...ele é conhecido por ser um detetive bastante “cabeça fria”, calculista...e agora...não sei...

O centro da cidade sempre foi conhecido por seus belos prédios, de arquitetura moderna e desafiadora. Arranha-céus quase impedia o sol iluminar o asfalto lisinho, pessoas transitavam como formigas operárias, fábricas trabalhavam a todo vapor. Mas o centro da cidade também abrigava ruas sombrias, ruas que pessoas que ainda tinham um pigo de carater e medo, não ousava chegar lá. Tetsuya estava por lá, no ultimo andar de um edifício abandonado e condenado. Parecia impaciente, enquanto deslizava o olhar pela parede, lendo o que Second escrevia.

Tetsuya: Por que eu fiquei fraco durante esses dias? – Tetsuya olhou para o chão: “Você consumiu muito de minha alma, você ainda é fraco para isso. Vá com calma, não tente usar tanto seus...”Poderes”. -  Eu tive que colocar aquele detetive fora do nosso caminho. – Tetsuya desvia o olhar para o teto: “É, mas o tiro saiu pela culatra. Ele está cada vez mais interessado no caso. Mas tudo bem, você tem forças o suficiente para continuar a sua vingança. O próximo da lista é Yuusei Shisui, seu professor de Kendo.” - ...Shisui-sensei...- Sorri, ficando de pé e caminhando até a porta, bocejou – Com prazer.

Matsumoto aproximou-se da casa de Shisui, tocou a campanhia mas ninguém atendia. Deu uma volta pelo local, ficando de ponta de pés e olhando através das janelas, tudo embassado, estranhou o fato e decidiu entrar na casa, empurrando um pouco a porta com o ombro, não precisou forçar muito, ela já estava aberta.

Matsumoto: Shisui-san? Aqui é da polícia...Shi...?! – Matsumoto empunha a arma no mesmo instante que escuta um grito agonizante de dor, ele corre em direção ao som e se depara com uma cena...no mínimo...nojenta –

Shisui estava sentado no chão, sangue espirrava para todo lugar, não tinha mais braços, os dois foram decepados. Ele gritava de dor enquanto Tetsuya erguia a katana e golpeava a cabeça do velho instrutor, cortando ao meio fazendo a mesma abrir em duas “fatias”, o cérebro escorria dessa abertura, acabando por cair no chão, ao pés do professor morto. Tetsuya vira suavemente o olhar para Matsumoto, não sorri, não expressa nada, apenas um encara, como a morte encara um moribundo. Matsumoto tremia, não sabia se olhava para o corpo ou se olhava para Tetsuya. Percebeu que Tetsuya deu um passo lento em direção a ele, empunhou a arma, tremendo, apontando diretamente para a cabeça do garoto, que voltou a dar mais um passo, dessa vez, apontando a ponta da katana para o coração de Matsumoto.

Matsumoto: Parado! Polícia! Tetsuya você está preso! – Matsumoto agora não tremia como antes, teve coragem inclusive de se aproximar mais do menino, ainda apontando sua arma para ele –

Tetsuya: Policial...saia daqui, você não está na lista... – Tetsuya se aproxima mais um pouco, observando cada movimento de Matsumoto, atento... –

Matsumoto: Parado! Solte essa arma agora! Você está preso!...O que?! – Matsumoto estranhou o fato de Tetsuya olhar fixamente para o teto, olhou também, por imenso deslize –

Matsumoto sentiu a lâmina fria atravessar seu coração, deu um passo para trás, caiu sentado, segurou forte o cabo da katana mas já era tarde, seus olhos iam fechando, estava escuro e frio, largou a arma, relaxou os pés, gemeu baixo com a dor fina que a lâmina causava, tentou não se mover, observar mais Tetsuya nem que seja pela última vez.

Tetsuya: Oguro? ... Entendo, Second-sama, estou a caminho.

Nomura sentiu o bolso arder, enfiou a mão dentro e sentiu o caderno quente como brasa, logo o largou no chão, dando um grito de dor e segurando a mão. O caderno caiu aberto na lista de nomes, essa página estava toda rabiscada, ao lado das escritas, havia uma relação de possíveis nomes que estariam escritos ali, uma relação feita a muito custo por Nomura e Matsumoto. Nomura observa mais um nome ser riscado, lentamente, com aquele rastro de sangue seco. Mais uma derrota para o detetive, mas um quebra-cabeça e mais um problema.

Nomura: Merda... – Agaixa para apanhar o caderno, até que não acredita no que vê, mas na última linha, aparece um nome, não estava lá agora pouco e o nome está escrito em japonês mesmo: “Matsumoto Okada”. Riscado. Nomura sente um aperto no coração e larga o caderno no chão e corre em direção ao carro da central, simplesmente pulando nele e indo em direção a casa de Shisui, sentia que o parceiro estava lá.

Nomura: Droga! Você está brincando comigo desgraçado! Eu vou te pegar! – Dirigia totalmente estressado, bufava no volante –

Não demorou a chegar e a arrombar a casa de Shisui, pegou a arma e revistou os cômodos da casa, um a um. Caiu de joelhos com as mãos nos olhos, tremia, mas tremia de uma maneira quase que compulsiva, largou a arma no chão e saiu engatinhando, até o amigo, sacudindo ele.

Nomura: NÃO! MATSUMOTO! AAAHH! MALDITO! TETSUYA MALDITO!!! – Larga Matsumoto no chão e começa a atirar em todas as direções, totalmente descontrolado, ficando de pé, chutando as costa da casa, o corpo de Shisui, parecia em frenesi. Demorou para se controlar, olhou novamente para o corpo de Matsumoto e notou algo estranho: um rastro de sangue. Esse rastro seguia a linha do dedo de Matsumoto, fazendo uma espécie de contono no chão, formando dois palavras: “Oguro agora”.   Oguro agora? O qeu quer dizer aquilo? Não entendeu de início...mas logo procurou as informações certas em sua cabeça: “Oguro...Oguro...Tabata Oguro, padeiro patrão do emprego de meio período de Tetsuya. Agora...ahhhh! Droga!” Nomura sai correndo da casa, pulando dentro do caso e falando rápido e firme no radio-comunicador – Preciso do endereço de Tabata Oguro do caso Tetsuya Tezuka! Mande reforços imediatamente para o local! Talvez nós o pegaremos agora! Vá!

Praticamente toda a polícia se mobilizou em frente a casa de Oguro, as forças especiais estavam em posição para invadir a qualquer momento, esperavam uma ordem de Nomura que chegou bem antes no local e estava dentro da casa. Nomura encarava Tetsuya com um olhar de triunfo, os olhos pareciam pular de alegria, a arma apontada para a cabeça do garoto.

Nomura: Onde está...Tabata? – Nomura acompanha a mão de Tetsuya apontar que ele está dentro do forno, assando provavelmente – Entendo...pônha as mãos na cabeça, você está cercado, basta uma ordem minha e praticamente toda a polícia vem te apanhar.

Tetsuya: Parabéns, detetive, você conseguiu descobrir que fui eu quem matou essas pessoas.

Nomura: Eu sempre soube, mas custou a vida de Matsumoto para te capturar, mas ele não morreu em vão, você está em minhas mãos....mas antes...quero que me conte, como fez aquilo?

Tetsuya: Eu não existo, não tenho digitais, não tenho alma, não posso ser fotografado ou filmado. Tenho poderes...

Nomura: Mentira! Mentira! Eu sei que é um truque! Quero saber como você fez aquilo nas fitas!

Tetsuya: Quer que eu mate seus companheiros lá fora, para provar minha força?

Nomura: Não precisa, você vai confessar sob meu interrogatório. – Nomura pega o walkie-talkie e da a ordem  para invadir o local –

O capitão do grupo tático especial da o sinal para a fileira da frente entrar pela porta, a fileira da lateral entrar pela janela e a fileira do fundo invadir arrombando o telhado. Impossível, ninguém conseguiu penetrar naquela casa. As portas pareciam blindadas, apesar de serem de madeira, nenhum tiro ou espécie de arrombamento conseguia botar aquela porta abaixo, as janelas não quebravam, não importava quantos tiros os policiais dessem. A fileira de trás, despencou lá de cima, todos mortos, sem explicação alguma, caíram como frutas podres.

Nomura: Como não conseguem entrar?! O que está acontecendo?!

Tetsuya: Simples, detetive... –Tetsuya sorri, olhando fundo nos olhos de Nomura, o detetive sente um arrepio forte, ouve vozes monstruosas vindas de todas as direções –

Nomura larga a arma colocando as mãos na cabeça, tentando abafar aqueles sons horríveis. Assim que ele olha para a parede, ele vê escrito em sangue: “Eu avisei para não entrar nesse mundo, você não terá a Segunda Chance.”. Pertubado, Nomura corre em direção a saída, mas a maçaneta da porta morde sua mão, ele pula para trás, vendo outros escritos em sangue na porta: “Você entrou em um mundo que não pode sair, você entrou no meio da minha vingança.” Nomura cai de joelhos no chão, já gritando e vendo um desenho que apareceu no chão: era o desenho em sangue do caderno, o mesmo ia tomando forma, cor, formato...até se transformar no próprio caderno que Nomura tinha guardado na delegacia. Ele abriu o caderno e colocou na página maldita, não viu nome algum, a não ser o dele, enorme, com um traço vermelho por cima. Agora por onde Nomura olhava ele via o número 2 ensanguentado na parede, no chão, no teto, no corpo de Tetsuya.

Nomura: - Abraça o próprio corpo, chorando de medo, se encolhendo no chão, falando baixinho, direcionando o olhar para Tetsuya – O... o... que é você?

Tetsuya: Eu...? – A voz de Tetsuya ia mudando, tomando um tom mais grave, que parecia ecoar por todo ambiente e penetrar nos tímpanos de Nomura, penetrando como se fosse uma faca – Eu sou a Segunda Chance...ou Second.

Nomura arregala os olhos ao ver um semblante escuro atrás de Tetsuya. A sala fica bem mais iluminada e ele tem a visão perfeita do demônio. Tinha quase 3 metros, seu corpo todo era vermelho, espinhos saiam por todos os poros de seu corpo, espinhos pequenos, como pêlos bem afiados. Da sua nuca careca saíam um chifre torto para a esquerda, seus olhos eram opacos, dois chifres saiam da sua testa, apontando para baixo e seus caninos se alongavam até o final do queixo, formando presas enormes.

Nomura: - Põe a mão na cabeça e se desespera, olha para os lados, vendo os 2 de sangue estampados na parede tomar conta da sua mente e agora figura aterradora se aproximando, abrindo lentamente a mão, para engolfar seu consciente no vazio – NÃÃÃÃÃÃOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

A luz virou trevas...a razão virou loucura...a vingança prevaleceu.

6 meses depois do incidente com o detetive Nomura, ninguém quis assumir o caso de Tetsuya, com medo de ter o mesmo destino do detetive.

Casa de Repouso Sakaguchi

O local era no mínimo tranqüilo, árvores e lagos desenhavam a bela paisagem do local, enfermeiras rodeavam vários pacientes da casa de repouso. Parecia uma verdadeira paz.

????: - Entrou no local, mas antes, apagou o cigarro e jogou no lixo, voltando a andar até a recepção – Recepcionista, vim ver Aoki Nomura.

Recepcionista: Ah sim, o senhor deve ser o enviado do filho dele, não é? Por alí, a enfermeira irá levá-lo.

A enfermeira leva o homem de cabelos castanhos lisos e olhos verdes, não tinha feição japonesa apesar de falar muito bem o idioma. Eles entram em um local onde tem escrito: “Acesso Restrito.” Após andarem mais um pouco, eles entram em uma sala fechada, acochoada em todos os locais. Havia um homem sentado, com camisa de força, de costas para os dois.  

Enfermeira: Senhor Nomura? Um representante do seu filho veio ver o senhor, vou deixá-los a sós.

Assim que a enfermeira fecha a porta, o homem ajeita o terno negro e senta-se em um banquinho no canto da sala, olhando fixamente para Nomura.

Nomura: Não tenho filhos. Quem é você?

???????: Eu sei, sabia que você não estava totalmente louco. Vim pedir um relatório completo sobre o caso Tetsuya.

Nomura: - Fica calado...suspira e volta a encarar o homem – O caso foi arquivado, não se tem notícias dele desde que eu...vim parar aqui.

?????: Eu sei. Estou aqui como freelancer, a serviço de um homem. Fui chamado para resolver esse caso aqui no Japão, por isso preciso de informações...

Nomura: ... Poderia fazer o favor de apagar a luz?

Assim que o homem apaga a luz, ele se surpreende. Toda a sala estava com um “2” vermelho fluorescente pintado, paredes, tetos, tudo, só podia ser visto no escuro, parecia um refúgio de Nomura. “2” rodeava os dois, no chão e até no corpo do próprio Nomura.

Nomura: ...Antes de conversamos, me diga, quem é você.

????: Sou um detetive freelancer, nunca trabalhei para nenhuma organização do governo, sou da velha guarda, trabalho para quem me contrata. Mas meu ramo de investigação é diferente, trabalho com o sobrenatural, com o inexplicavel. Sou conhecido como...The Ghost.

Continua


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