The Chosen One escrita por Ducta


Capítulo 6
Never Quite Awake




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Conforme as horas se passavam, eu podia sentir o calor aumentar até que eu estivesse totalmente úmido de suor.

Minha mãe estava passando uma toalha molhada em água gelada no meu rosto, mas isso não aliviava, o calor ainda era mais forte.

Alethia havia parado de se mexer e falar um hora atrás. Ela estava deitada, imóvel e eu cheguei a achar que ela estivesse apenas dormindo agora, mas a temperatura dela ainda continuava mais alta que a minha, 47º enquanto eu permanecia nos 43, 5º.

Eu segurava sua mão enquanto tentava ignorar a dor de cabeça que estava mais forte que nunca.

Eu me aproximei de Alethia e senti as ondas de calor que emanavam dela, me deixando com a garganta seca outra vez.

- Eu te amo. - Sussurrei em seu ouvido.

Mas ela continuou imóvel. Sua mão ainda presa entre as minhas.

Eu tentei tirar Anaklusmos de sua mão, mas Alethia apertou opunho da espada quando eu puxei.

De repente, uma onda de calor extremamente forme subiu pela minha espinha me deixando tonto.

Eu não conseguia ver nada, tudo estava girando em uma velocidade terrível tornando tudo a minha volta um borrão disforme.

A única coisa que parecia real agora era a mão de Alethia que eu segurei com mais firmeza.

Não senti quando meu corpo bateu no chão gelado. Mas as ondas de calor eu sentia.

Elas subiam cada vez mais fortes em intervalos cada vez menores. Fechei meus olhos para ver se o borrão desaparecia, mas isso só atenuou meu enjoo.

E de repente eu estava queimando.

De dentro pra fora, de fora pra dentro. De todos os jeitos.

Eu ouvia os gritos de minha mãe e de minha tia, ouvia Alethia gemendo dolorosamente em algum lugar acima de mim, ouvia meus próprios gemidos enquanto cada um dos meus órgãos carbonizava.

O ar ficou rarefeito, eu não conseguia tomar controle do meu corpo que se contorcia por conta do fogo.

Alethia enterrou as unhas nas costas da minha mão e gritou de dor. Minha mãe tinha as mãos no meus rosto e no meu cabelo enquanto gritava meu nome, mas eu não conseguia responder.

Meu corpo ainda se retorcia queimando, eu só sentia o fogo brotar de dentro de mim e se espalhar por meu corpo despedaçando até minha alma. Desejei que aquilo acabasse logo, desejei com tudo o que havia restado de mim, que a essa altura já não era muito.

E foi no ápice da minha dor que eu a vi.

Minha visão entrou em foco em um único ponto, exatamente onde estava aquela garotinha.

Eu nunca a tinha visto antes, mas ela estava lá, parada olhando enquanto eu me retorcia. Ela tinha grandes olhos castanhos com olheiras fundas, o cabelo escuro, a pele pálida e seu uniforme escolar estava manchado de sangue por todo o lado. Ela não parecia ter mais do que seis anos.

Eu estiquei minha mão na sua direção e pude vê-la tremer violentamente. A garota deu as costas e correu corredor a fora.

Quando minhas costas foram arqueadas involuntariamente eu pude ver um rapaz, pouco mais velho que eu, parado atrás de mim. Assim como a menina, ele correra quando tentei tocá-lo.

E eles voltaram trazendo mais deles, pálidos, feridos e tristes. Mortos.

Eles eram pelo menos doze espalhados pelo quarto, me olhando.

Tentei chamá-los, perguntar o que queriam, mas a única coisa que saiu foi um gemido.

Eu estaria morrendo, era isso? Eles vieram me buscar, me mostrar o caminho?

Eu fui arrancado com violência de meus pensamentos quando uma onda forte de água me atingiu acompanhada de um grito particularmente alto de Alethia.

Mas água não possuiu efeito nenhum sobre o fogo, ele continuava a subir, minha cabeça continuava a doer e os estranhos ainda me olhavam e eram apenas eles que eu podia ver.

Eu não conseguia mexer um músculo sequer, todos os meus movimentos era involuntários assim como os gritos e gemidos produzidos no fundo da minha garganta.

Tentei me concentrar na voz da minha mãe. Não foi fácil, mas eu a achei.

- 53º. - Ela disse chorosa.

- Eles vão morrer. - Eu ouvi meu pai, sua voz mórbida.

- Não! - Gritaram Angie e Annabeth juntas.

- Eu estou perdendo a aura deles.

E foi nesse momento que eu senti as lágrimas se formarem sob meus olhos. Eu não tinha medo da morte, mas não queria morrer agora, nem daquele jeito. Eu não queria ser um daqueles estranhos...

Mas a essa altura eu já estava totalmente carbonizado, não havia mais nada o que fazer.

- M-m-mãe! - Eu gritei, finalmente encontrando minha voz.

Ela se ajoelhou ao meu lado e eu a vi, através de uma névoa branca, eu deveria estar morrendo mesmo. - Eu não... Eu não qu... Quero mor... Morrer!

Eu pude ouvir opróprio desespero em minha voz e mais ondas de fogo me atingiram.

- Você não vai. - Minha mãe disse com voz quebradiça.

O fogo finalmente chegara a meu coração. Era como se alguém o apertasse com toda a força entre as mãos. Ele começou a martelar pesado e extremamente doloroso. Senti - novamente em movimentos involuntários - quando minhas unhas arranhavam meu peito tentando rasgá-lo para tirar meu coração doloroso de lá.

Agora eu não conseguia respirar.

Eu tentei puxar o ar desesperadamente, mas ele vinha. Eu não conseguia mais ver minha mãe,nem ouvi-la.

E se o fogo já doia terrível antes, ele piorara, se multiplicara.

Eu não respirava, não via nem ouvia, já não sentia minhas mãos tentando me rasgar, só o fogo me consumindo e meu coração batendo mais devagar cada vez que ele era comprimido.

E então acabou.

Eu me mantive deitado enquanto respirava aliviado, todos os meus sentidos voltaram, eu até sorri. Mas porque meus pais choravam abraçados?

Eu me levantei com os olhos nos estranhos que anda estavam no quarto. Fixei meus olhos na garotinha, mas nada disse.

E quando u me virei de volta para meus pais, entendi seu choro.

Lá estava eu, deitado no chão, enxarcado, o corpo largado frouxamente, os olhos vidrados. Morto.

Eu podia ter gritado, mas não o fiz.

Olhei para Alethia em cima da cama, ela se contorcia. Mas no momento seguinte, ela voltou a ficar imóvel.

E então ela se levantou, deixando o corpo para trás, exatamente como eu.

-Onde você pensa que vai? - Perguntei desesperado.

Ela me olhou curiosa.

- Volta pra lá agora!- Eu ordenei.

E então ela se virou e viu o próprio corpo e o meu, ela gritou, mas nenhum dos vivos do quarto pareceu ouvi-la. Meus tios começaram a chorar.

- Volta pra lá, Alethia. - Eu pedi.

- Nós morremos.- ela disse chocada.

- Nós temos que ir.- A garotinha disse entrelaçando seus dedos nos meus.

- Pra onde? - Perguntei.

- Acho que você sabe.

- Eu não quero ir.

Ela não disse nada enquanto me puxava pelo corredor.

A escada agora não dava para a sala, mas sim para um buraco escuro com portões enormes no final, eu já estivera naqueles portões.

- Eu não vou. - Eu disse e corri de volta para o quarto.

Alethia ainda olhava seu corpo, as mãos depositadas no ombro da mãe.

- Volta pra lá. - Eu disse apontado seu corpo.

- Nós não pertencemos a isso mais. - Ela disse sem me olhar.

- Pertencemos sim! Volta pra lá.

Ela me olhou.

- Por favor. - Implorei.

Ela subiu na cama e deitou-se sobre seu corpo, mas eu ainda podia ver sua alma fora do corpo.

Me ajoelhei ao lado de meu pai.

- Pai, eu estou com medo. Que eu faço? - Eu sussurrei com a mão em seu ombro. Ele não me olhou.

- Não tenha medo, vão.

- Não.

- Eu não sei o que fazer.

- Eu amo vocês. - Eu disse me levantando. - E não vou deixá-los tão fácil.

Eu fui até o corpo de Alethia.

- Fica, por favor, fica! Não é nossa hora ainda. Fica! - Eu sussrrei freneticamente.

- Não posso.- Ela disse.

- Pode sim! Você vai ficar!

- E você?

- Eu vou também.

Mas eu não via como isso podia dar certo. Nós estávamos condenados.

- Nós não podemos ficar Justin.

- Então que venham me levar a força. - Eu disse e encaminhei para meu corpo.

Sentei ao meu lado e me olhei. Não queria que enterrassem meu corpo com aquelas marcas por todo o corpo, nem as olheiras roxas.

Só queria saber o que havia acontecido comigo.


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