A Dança dos Ventos escrita por andreiakennen


Capítulo 4
Capítulo 4




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A Dança dos Ventos

 

História escrita para o Coculto, um Amigo Oculto de fanfics promovido pela comunidade Saint Seiya Superfics Journal.

 

Revisado por Vane

 

Para Érika

 

Capítulo IV

 

Conseguiu chegar a tempo de retirá-lo da linha de fogo do golpe "Explosão Galáctica". Os dois caíram rolando nas areias e se esconderam atrás de uma duna. O cavaleiro de ouro, que ainda estava sob o efeito do poder ilusório de Nefertiti, seguiu à procura deles.

 

- Isso mesmo, cavaleiro de ouro! Encontre-os! – ela exclamou, e acrescentou: - A criança eu quero viva; quanto a esse maldito cavaleiro de bronze, traga-o a mim em pedaços!

 

- Droga! – Ikki esbravejou, limpando o sangue que escorria pelo canto de sua boca com o punho fechado. – Isso porque só estamos no primeiro pilar!

 

O pequeno Seth, que estava amparado rente ao peito do cavaleiro de Athena, sentiu suas bochechas arderem. Não gostava de ser tratado como uma criança; além disso, aquela proximidade o constrangia.

 

- Me coloca no chão, cavaleiro – ele pediu, tentando se afastar do abraço apertado do guerreiro. – Você está me sufocando!

 

- Calma, pirralho. Eu vou soltá-lo, mas você deve usar o seu poder para se esconder daquela mulher.

 

- Você vai combater seu amigo de ouro? Deveria lutar contra ela!

 

- Será que você não percebeu que eu estava tentando fazer isso?!

 

- Você saiu da ilusão dela com facilidade... – o menino comentou, acrescentando sua dúvida: - Como você conseguiu fazer isso? Será que o cavaleiro de ouro não consegue fazer o mesmo?

 

Ikki suspirou. O poder de Nefertiti era muito parecido com seu “Espírito Diabólico”. Uma vez, Hyoga refletira seu próprio golpe contra ele, que se vira preso em uma ilusão que tinha como objetivo destruir seu equilíbrio emocional. Contudo, os anos de tortura que vivera na Ilha da Rainha da Morte deram-lhe imunidade contra qualquer tipo de golpe torturante. Afinal, por que sofreria com ilusões se já sentira na pele o que era viver no próprio inferno?

 

Percebera que Nefertiti também era imune ao seu "Espírito Diabólico", pois esse fora o primeiro golpe que investira contra ela e, pelo que percebera, não surtira nenhum efeito. Deveria haver alguma forma de vencê-la, mas não conseguia imaginar qual.

 

- O selo... – o menino pronunciou-se, como se tivesse ouvido os pensamentos de Ikki.

 

- Hã?

 

- O selo de Seth. Se você conseguir atingir o selo, fará com que ela perca seus poderes e que o guerreiro de ouro desperte do transe.

 

Fênix lembrou-se de quando a mulher elevou as mãos até a parte detrás da cabeça, e em seguida o brilho que a encobrira lhe dera as armas e um poder avassalador.

 

- Você tem razão, pequeno – Ikki afirmou, pensativo – Você acabou de me dar uma ideia e... não é só isso. Já que está disposto a me ajudar, vou precisar da sua força para vencê-la.

 

Os olhos do pequeno Shu brilharam.

 

- Jura, cavaleiro?

 

- Juro.

 

[...]

 

Kanon ajoelhou-se diante da serva de Seth.

 

- Perdoe-me, minha deusa. Eu perdi os malditos espectros de vista!

 

- Não se preocupe, meu cavaleiro - ela esticou o dorso da mão na direção do guerreiro, com a clara intenção de que ele a beijasse. – Está quase amanhecendo. Eles irão aparecer. Afinal, precisam cumprir uma missão...

 

Kanon, que em sua mente visualizava Saori em seu longo vestido branco, segurando seu báculo dourado na mão esquerda - tal como se fosse uma santa -, tomou a mão de sua deusa entre as suas e pousou nas costas desta, de forma delicada, seus lábios. Estava decidido a provar a Athena o quanto era fiel.

 

Colocou-se de pé. Precisava ficar em guarda, pois havia sentido a cosmo-energia hostil que atentara contra sua divindade se reaproximando. Virou-se para encarar o que, na sua mente, era um espectro.

 

- Desgraçado! – ele esbravejou, entre dentes - Vou fazê-lo pagar por atentar contra a vida de Athena!

 

Kanon elevou sua cosmo-energia de uma forma que fez até Nefertiti estremecer. Os cavaleiros dourados eram realmente seres majestosos. Não só na beleza, mas na força avassaladora que possuíam. “Athena é uma deusa de sorte...”, ela pensou, observando o guerreiro praticamente desaparecer no ar, tão fora do normal era sua velocidade. Estava feliz de estar com a vantagem. Afinal, além de o guerreiro de bronze ser mais fraco, ele não iria usar toda a sua força contra o amigo. Era o que imaginava.

 

Ikki esperou Kanon se aproximar o suficiente e deixou-se atingir.

 

A mulher gargalhou alto. Como ela havia previsto, Ikki não fora capaz de erguer seus punhos contra o amigo. Seria injusto atacar alguém que está sob o controle de outrem, que está sendo manipulado.

 

- Bem como eu falei: sentimentais demais – ela desdenhou, guardando suas espadas na cintura. – Acho melhor eu ir atrás do moleque.

 

Mas não foi preciso que a serva de Seth procurasse muito: ao longe, ela viu o menino levantando-se em meio às dunas de areia e correndo na direção dos dois cavaleiros que se digladiavam.

 

- Perfeito! O coelhinho saiu da toca! – ela comemorou ao perceber que não precisaria de esforço para procurá-lo e, com o uso do selo, conseguiu em um salto vencer a distância entre eles. – Chega de palhaçada, garoto! – gritou, apanhando o pequeno pelos ombros. – Agora você vem comi...

 

Nerfertiti não concluiu sua fala, pois o menino que achara ter capturado se desmanchou em areia na sua frente.

 

Sua mente raciocinou rápido; detectou a possibilidade de ter caído em uma armadilha. No entanto, não tinha mais tempo de reagir. E antes que conseguisse retirar as espadas do cinturão, foi atingida por um golpe na nuca.

 

- Não gosto de atacar por trás. Contudo... você não me deixou escolha.

 

- Mal... di... to... seja...

 

Ikki retirou os dedos que haviam adentrado a carne dela e a região do selo, e a mulher tombou na areia. O selo saiu do ferimento em forma de uma tinta negra, como se estivesse vivo. Escorreu abundantemente pela areia, até que desapareceu. Conforme aquela sujeira saía, o ouro, a pintura, a armadura, as roupas que a mulher usava também desapareceram, até que restou apenas uma jovem egípcia comum. O cavaleiro de bronze apanhou a mulher em seus braços e seguiu para as ruínas.

 

Lá, encontrou Shu, Mustef e Kanon, que tinha as duas mãos na cabeça.

 

- Até parece que estou de ressaca...

 

- Deve ser o preço a se pagar por ter ficado tanto tempo preso em uma ilusão.

 

- Como conseguiu vencê-la, Ikki?

 

- Eu percebi que meu golpe não fazia efeito nela, assim como o dela não fazia em mim. No entanto, eu havia caído na ilusão do pequenino Shu, porque ela não atinge a mente; na verdade, ele usa as areias para criar uma ilusão de ótica. Assim, ele conseguiu fazer uma réplica minha de areia para poder chamar sua atenção, enquanto a réplica dele chamou a atenção de Nefertiti. Aí o restante foi fácil: eu me escondi nas dunas, e quando ela se aproximou, eu a atingi em cheio.

 

- Eu cuido dela, Fênix – Mustef se propôs, apanhando a mulher do colo dele.

 

- Até que você não é tão ruim, cavaleiro – o menino admitiu, aproximando-se de Ikki.

 

- E você não é tão chato, Tampinha.

 

- Não sou Tampinha, eu sou um... – o menino parou de repente, sentindo algo queimar dentro de si.

 

- Shu... está começando – Mustef afirmou, ao ver a pequena faixa dourada delineando o horizonte.

 

Ikki, que estava de frente para o garoto, impressionou-se ao ver os olhos negros de Shu clarearem até ganhar um tom dourado.

 

Em seguida, o corpo de Shu foi elevado para os céus. Conforme o sol ia aumentando de tamanho no horizonte, os seus raios começaram a atingi-lo como se fossem fachos de um raio laser. Fênix assustou-se com o grito dele, e seu ímpeto foi fazer algo; porém, foi impedido pelo guardião, que se pôs na sua frente.

 

- O que pensa que vai fazer?

 

- Ele está gritando de dor! – exclamou indignado. - Ele pode morrer.

 

- Ele não vai morrer. Ele está sendo presenteado pelo poder do pai dele.

 

- Que porcaria de poder é essa...?

 

- Eu já disse, o poder de Rá é muito intenso para uma criança humana. É normal que ele sinta dores, mas é o destino dele; ele precisa suportar!

 

- Saia da minha frente! Se não vai fazer algo, eu irei!

 

- Ikki! – desta vez foi Kanon que, mais recuperado da dor de cabeça que o impedia até de pensar, tentou colocar juízo na cabeça do cavaleiro. – Não seja maluco, você não pode se intrometer no ritual!

 

- Eu não vou ficar vendo uma criança ser torturada na minha frente e ficar quieto, Kanon!

 

- Você prefere que os céus venham abaixo, então...

 

Ikki cerrou os punhos e engoliu sua raiva.

 

A criança retornou às areias, mas seus pés não tocavam o solo. Os olhos estavam dourados e desfocados; a face, vermelha; os cabelos, eriçados. Ele fez a reprodução de um selo, unindo os dedos indicadores e polegares e formando um losango.

 

Deste losango dourado, surgiu uma luz. E desta luz, Shu retirou uma adaga; com ela, cortou seus próprios pulsos.

 

Dali, subiu verticalmente o que parecia ser uma parede. Seu sangue foi se esparramando por aquela estrutura e transformando-se em microscópicos flocos de areia dourada que circundaram o pilar. Por um breve instante, Ikki e Kanon conseguiram visualizar o gigantesco pilar. A base começava ali, fincada na areia, e sua extensão seguia-se até perder-se de vista no céu. Era visível o quanto estava desgastado. Mas conforme a areia dourada que Shu produzia dançava em volta da estrutura gigantesca, esta ia se revitalizando como por mágica.

 

Tanto o cavaleiro de ouro quanto o de bronze entendiam aquele processo. O pilar provavelmente era vivo, e necessitava de sangue para ser restaurado. Exatamente como suas vestimentas sagradas.

 

Em questão de segundos, o pilar estava novo em folha, e novamente foi ficando transparente, até que desapareceu de vez.

 

O menino, que após terminar seu trabalho ficou admirando a estrutura pronta, desabou no chão. Ikki foi o primeiro a ir correndo ampará-lo. Retirou as duas bandanas em seus punhos e enfaixou os do menino, que abriu os olhos ainda dourados, e com o rosto vermelho, resmungou:

 

- Você gosta de ficar me pegando...

 

- Cale-se! – Ikki ordenou, irritado. – Está fraco.

 

- Eu fui capaz, não fui?

 

- Descanse... – ele o apanhou no colo.

 

- Não temos tempo para descansar - Kanon informou a Ikki. – Temos exatamente seis horas antes do meio-dia. Precisamos chegar aos outros pilares.

 

Ikki inspirou profundamente. Aquele pequeno não suportaria até o final daquela missão, e algo lhe dizia que Kanon e Mustef sabiam daquele detalhe. Uma criança normal jamais suportaria aquilo.

 

Sentiu seu peito se comprimir. Estava irritado, exatamente por sentir-se de mãos atadas e não poder fazer nada que pudesse amenizar o sofrimento de Shu.

 

- Eu fiz um bom trabalho, não foi, cavaleiro? - a criança lhe sussurrou. – Eu sou forte, não sou, mais forte que você...

 

- Claro que é, pequenino... – Ikki mentiu, sentindo o ardor em seu peito.

 

Suas missões não costumavam ser fáceis, mas aquela era sem dúvida uma das mais dolorosas.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Quero deixar um agradecimento especial à Juliane-chan e ao Akito-sou-sama, por serem praticamente os únicos acompanhando a fic e mesmo assim, fizeram o gesto carinhoso de recomendá-la.

Isso me deixa mais satisfeitas com esse trabalho, pois tenho fanfics que tem mais de trinta leitores e às vezes a história ganha uma única uma recomendação, quando não tem nenhuma.

Então, meu agradecimento sincero aos dois! E espero continuar contando com a review de vocês até o final. Agora o desfecho está perto, faltam só mais dos capítulos!

See you next!



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