A Dança dos Ventos escrita por andreiakennen


Capítulo 3
Capítulo 3




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A Dança dos Ventos

 

História escrita para o Coculto, um Amigo Oculto de fanfics promovido pela comunidade Saint Seiya Superfics Journal.

 

Revisado por Vane

 

Para Érika

 

Capítulo III

 

 

Kanon e Ikki, que haviam sido soterrados pela explosão de areia repentina, se desenterram rapidamente usando o poder da cosmo-energia. O Gêmeo dourado tratou de esconder Mustef em um lugar seguro, enquanto Ikki já corria no encalço dos raptores do pequeno Shu, que gritava por socorro ao ser levado por homens encapuzados de preto.

 

Quatro destes mesmos homens, que empunhavam foices e tinham os rostos cobertos com máscaras metálicas no formato de cabeça de cachorro, praticamente se materializaram na frente de Ikki, tão rápidos foram os seus movimentos. Ikki nem viu quando foi atingido no estômago e arremessado na areia, onde foi novamente enterrado. Invocando sua cosmo-energia, conseguiu se levantar rapidamente e derrubar dois dos agressores com seu "Ave Fênix".

 

- Saiam da minha frente, vermes! – gritou para a outra dupla que se posicionara na sua frente para tentar interceptá-lo. Atrás dela, conseguia ver o grupo que levava Shu desaparecendo. O pouco vestígio de cosmo-energia que conseguia sentir vindo deles não era suficiente nem para deter o cavaleiro de mais baixo status do Santuário. Por isso, não entendia como conseguiam ser tão rápidos.

 

Mais uma vez, invocou a força de sua constelação protetora, e fazendo-a fumegar dentro de si, lançou seu "Ave Fênix" com o intuito de fazer evaporar de sua frente aqueles dois empecilhos. Enquanto a força de suas chamas se esvaía, procurou seguir o caminho por onde o pequeno Shu estava sendo levado. Estavam tentando afastá-lo do ponto de partida.

 

Ao longe, uma gargalhada feminina fora vocalizada de forma descompassada. A mulher, que estava sentada de pernas cruzadas sobre o topo das ruínas, achou graça em ver o jovem e destemido guerreiro de Athena correndo de um lado a outro no deserto e lançando golpes monstruosos a esmo.

 

- Homens, homens... De que adianta tanta força bruta, se lhes falta aquilo que é o mais importante: inteligência – ela sussurrou, aumentando o riso nos lábios colorizados num tom arroxeado.

 

De ambos os lados, a serva de Seth era refrescada por duas mulheres que moviam abanadores feitos de plumas coloridas. Sua vestimenta era tal como a da rainha Cleópatra, porém, menos colorida, composta somente por tons de roxo e preto que compunham um visual mais obscuro. O único tom brilhante na jovem vinha das jóias douradas que lhe adornavam o busto avolumado, os pulsos, os dedos, a cintura, as orelhas e o pescoço.

 

Ela escorreu os dedos de unhas cumpridas pela nuca e os embrenhou pelos longos fios ondulados da sua cabeleira negra, jogando-os para trás. Virou o pescoço para o lado, repousando o queixo sobre seu ombro esquerdo e fitando sugestivamente o homem que se aproximava a passos moderados.

 

- Pelo jeito, os deuses gregos são mesmo perversos, hã? Afinal, enquanto alguns são tão desprovidos de tudo... outros são, irritantemente, as junções da beleza e da perspicácia. Muita maldade... – ela riu com desdém, vendo o homem de vestimenta dourada se deter diante dela.

 

Seus olhos brilharam, transparecendo todo o seu interesse naquele belo ser. Então, ela saltou da elevação onde estava e ficou diante do cavaleiro, esperando que ele se aproximasse mais e se pronunciasse.

 

- Onde escondeu o menino? – Kanon a inquiriu, não dando importância ao comentário proferido por ela.

 

- Nossa... Tão seco – ela resmungou, puxando uma mecha do cabelo e enrolando-o com o dedo indicador. - Assim perde todo o encanto.

 

- Responda!

 

- Ah! – a mulher apontou para o decote que deixava à mostra parte dos próprios seios e respondeu: – Ele está aqui... Por que não vem pegá-lo?...

 

- Cuidado, Kanon! – Mustef, que se mantinha escondido, gritou para alertá-lo. - Ela pode prendê-lo em uma ilusão! Todos os seguidores de Seth têm esse poder. Essa ilusão é induzida por algum objeto e não é quebrada facilmente! Não olhe em nada que ela mostrar!

 

Kanon, que mantinha os olhos fixos no rosto da mulher, não precisava nem ouvir aquele tipo de advertência.

 

- Não precisa se preocupar, Mustef. Nós, os cavaleiros de Athena, não somos ludibriados tão facilmente por esse tipo de sedução barata.

 

O riso na face da mulher se apagou instantaneamente e seus olhos flamejaram ante o menosprezo do dourado.

 

- Como ousa? – ela esbravejou, torcendo os lábios em sinal de contrariedade - Eu sou Nefertiti e represento a mais bela das rainhas que o Egito já teve! Não venha bancar o...

 

O cavaleiro não permitiu que ela continuasse, pois a apanhou pelo pulso e apertando-o com força, exigiu:

 

- Diga-me onde está a criança e desfaça o feitiço no qual prendeu meu amigo, ou eu não a pouparei.

 

- Kanon, não se aproxime demais dela! Não faça contato físico também!

 

- Quê?!

 

- Tarde demais, verme! – ela informou, escancarando a boca em um grito de onde saiu uma rajada de um miasma roxo que encobriu a face de Kanon.

 

Em questão de segundos o dourado se viu deitado em um jardim de flores coloridas. O sol quente feria-lhe os olhos. Ergueu a palma da mão sobre sua face, fazendo sombra e evitando que a claridade continuasse a incomodá-lo. A preguiça o consumia; sentia uma sonolência agradável, que aumentava com o vento que roçava seus ouvidos e que fazia as pétalas das flores farfalharem.

 

Era paz. A mais pura e inabalável paz. Sua mente estava em branco.

 

Ele desejou, do fundo da alma, que o clima continuasse daquele jeito ameno até que ele pegasse no sono. Porém, ouviu uma voz chamá-lo e, xingando mentalmente aquele que tivera coragem de quebrar seu momento de paz, arqueou o dorso do chão e sentou-se. Sentiu uma breve tontura, mas logo se recompôs. Então, de costas para ele, pôde visualizar aqueles cabelos longos e tão azuis quanto os seus. Sorriu de lado, levantou-se e correu até ele. Sabia muito bem quem era.

 

- Saga! Irmão!

 

Mas enquanto corria na direção dele, as lembranças de quando fora aprisionado e abandonado por ele para morrer no Cabo Sunion invadiram sua cabeça. Não, Athena já havia purificado seu coração... Não odiava mais Saga. Não odiava aquele ser que era a metade gêmea dele. Amava-o. Sim, era nisso que tinha que acreditar. Não o invejava mais, nunca o invejara na realidade! Amava-o!

 

Mas quando deu por si, já estava sobre Saga, forçando as mãos sobre o pescoço dele, tentando esganá-lo.

 

- Pare, Kanon! Pare, por favor! Não me mate! – a voz de Mustef, que saíra do esconderijo para tentar ajudar o cavaleiro, era em vão. O guerreiro era extremamente forte. – Acorde, Kanon! Por favor!

 

- Desgraçado, você tentou me matar! Por quê, Saga! Por quê?!

 

- Tsc, tsc, tsc... – a mulher meneava a cabeça. - É por isso que os cavaleiros de Athena são tão patéticos. Sentimentais demais. Quanto mais dores e amarguras carregam dentro dos seus tolos corações humanos, mas fácil será destruí-los. Seth não tinha o que temer.

 

Nefertiti acariciou os cabelos da criança que se debatia nos braços de sua serviçal, e que resmungava com a boca abafada por uma das mãos da mulher.

 

- Viu, pequenino? Pediu ajuda às pessoas erradas. Agora, é hora de ir fazer uma visitinha a alguém especial.

 

Mas ao se virar para fugir, sentiu um risco fino atingir sua testa, e teve a tiara arrancada. Ela levou a mão à testa, e ao posicioná-la diante dos olhos viu sangue. Trêmula, tentou identificar seu agressor, mas não encontrou ninguém, nem as serviçais que a seguiam.

 

- Não entendo... – ela disse, assustada, dando dois passos para trás. - O que diabos me atingiu? Quem está aí? E cadê o moleque?!

 

- Você não achava mesmo que eu, o detentor do golpe "Espírito Diabólico de Fênix", ficaria preso em uma ilusão ridícula como essa por muito tempo, não é?

 

- Mas como...?

 

Inconformada, a mulher buscava respostas em sua mente.

 

O poder que lhe fora concedido pelo deus da Desordem era perfeito. Por meio do Olho de Seth implantado em sua nuca, era capaz de investigar qualquer coração humano, buscando dentro dele sentimentos impuros, negativos, frustrações. E a partir dessas informações, criava ilusões de ótica capazes de confundir a mente de seus oponentes, levando-os a matarem uns aos outros, ou até mesmo a cometer suicídio. Para tal, bastava tocar a vítima ou fazê-la manter contato visual com o ouro contaminado do seu corpo. Seth havia lhe dito que uma vez preso no feitiço, nenhum ser humano seria capaz de sair dele.

 

Contudo...

 

- Como conseguiu?! – ela gritou para o vulto que a fitava de longe. Mas não teve resposta. Cerrou os punhos com força, tentando amenizar a tensão que fazia queimar o selo em forma de olho desenhado em sua nuca.

 

O deus maligno havia proposto a ela ser sua esposa no novo mundo, caso ela conseguisse capturar o menino dos pilares. Logo ela, uma mera moradora de rua, ter sido escolhida para se tornar a esposa de um deus? Era muito mais do que ambicionara a vida toda. Riquezas, beleza, poder... Não era aquele maldito cavaleiro que seria capaz de destruir seus sonhos.

 

Juntou as duas mãos na nuca, e após proferir palavras em um dialeto antigo, libertou o selo atrás de si. O desenho deste se materializou sobre ela, e dele jorrou como cascata uma luz negra que a banhou, transformando suas vestes em uma armadura e fazendo com que duas espadas se materializassem em cada uma de suas mãos. Os cabelos dela se ergueram com o poder da estática que fluía pelo seu corpo; os orbes negros sumiram, deixando somente a órbita branca. Em fúria, ela uniu as duas espadas, que propagaram raios por todo o ambiente. Em seguida, direcionando o poder que fluía dela, apontou-as na direção do guerreiro de Athena.

 

Ikki saltou, desviando-se com dificuldade do golpe que seguiu para o deserto e explodiu em um caleidoscópio de luzes. Teve que agir rápido, pois o golpe seguinte veio em uma velocidade superior ao primeiro; tanto, que não pôde desviar por completo e acabou tendo sua perna esquerda atingida. Como imaginara, era uma corrente elétrica produzida por aquelas armas que, provavelmente, eram mais um presentinho de Seth.

 

Ao aterrissar no solo arenoso, Fênix sentiu a força da perna que fora atingida esvanecer. Mas não teve tempo de avaliar o estrago, pois uma nova investida da mulher vinha em sua direção e, imaginando que não seria capaz de desviar, resolveu atacar, lançando seu "Ave Fênix".

 

A junção dos dois golpes causou uma enorme explosão de fogo e raios.

 

Quando a areia que havia se levantado baixou, a mulher gargalhou ao constatar que vencera aquele round, já que Fênix estava caído ao longe. Adiantou-se para preparar um novo ataque e dar cabo de vez da vida do inconveniente guerreiro de Athena. Porém, para sua surpresa, teve suas duas mãos presas pela areia, que se ergueu em forma de serpente.

 

- Mas o que diabos está acontecendo?! Quantos desses malditos vermes eu terei que destruir?

 

- Você não vai matar os cavaleiros que vieram para me ajudar a cumprir minha missão!

 

Ikki, que estava tentando se levantar, admirou-se ao ver o pequeno Shu usando o mesmo poder que usara contra ele para prender a serva de Seth que tentava derrubá-lo. Ficou feliz com a coragem do pequeno, mas assustou-se com a atitude dele; afinal, eram eles – os cavaleiros de Athena - que estavam ali para protegê-lo, e não o contrário.

 

- Se afaste, garoto! Isso não é brincadeira para criança!

 

Mas a serva de Seth, que estava impossibilitada de contra-atacar usando as espadas, deu uma risada de lado. Ikki desconfiou.

 

Levantou-se aos tropeços, e correu para interceptar o golpe que vinha na velocidade da luz, em direção à reencarnação de Shu...

 

Continua...


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