Após ter tido uma péssima noite de sono, levantei da cama e me olhei no espelho.
Estava uma morta viva, branquíssima, e o rosa do cabelo me deixou ainda mais anêmica, além de estar parecendo a juba de um leão que acabou de devorar sua presa. Se bem que, na verdade, eu sou a presa.
Estava um caco, dolorida, desgrenhada, e feia. Resolvi tomar um banho; a pior parte de se morar em São Paulo (capital) é que em dia de frio, se não estiver preparado, você se ferra.
-Ahh.... Que água fria!
Desliguei o chuveiro bem rápido, havia me esquecido que depois de tomar banho de madrugada, coloquei-o no frio.
Fala se a menina aqui não é sortuda?
Coloquei o chuveiro no quente, após o banho me sequei e troquei de roupa, coloquei uma saia e uma bota com uma jaqueta laranja e branca por cima. Acho que minha comprou, pois nunca a havia visto. (roupa)
Desci as escadas um pouco correndo, nunca me canso de fazer isso. Na cozinha estavam minha mãe e minha irmã.
-bom dia pessoas.
Disse com um sorriso no rosto.
-bom dia, e que belo dia de frio.
Moegi riu. E me olhou de alto a baixo, como se procurasse algo de errado.
-o que foi Moegi?
Ela deu uma pequena risada.
-nada, é que essa jaqueta não é sua.
Estava colocando o pão sobre a mesa, junto com o leite.
-então de quem é?_afinal não ficaria usando um casaco de qualquer um, vai saber por onde isso passou?
-é do Naruto, ele foi ao seu quarto ontem à noite. Disse que não queria que passasse frio quando chegasse.

Fiquei feliz por saber que era dele. Na verdade, eu precisava agradecê-lo por ter se prontificado a ir a minha casa junto com o avô.
Peguei os pães e o leite e então tomei meu café da manhã.

(Pov. Naruto)

-Naruto, acorda. Já é hora de se levantar.
-só mais cinco minutos, vô.
Cara eu tava no meio de um sonho maravilhoso com a Sakura-chan, quando o meu vô me acorda. Mas que...
-Anda Naruto. Você se esqueceu que dia é hoje?
-e que dia é hoje?
Que dia era hoje mesmo? Eu não me lembrava. Até que uma vaga lembrança me passou pela cabeça.
-é mesmo... Hoje é o dia em que você vai pedir a vovó Tsunade em namoro?
-Não Naruto. E a Tsunade nunca aceitaria.
- ora, então por que me acordou tão cedo?
Ele me olhou intrigado, nem liguei; me cobri novamente e ele tornou a retirar as cobertas. Merda, estava frio.
-Naruto, hoje é o dia em que você vai ficar em meu lugar na empresa. Ou se esqueceu que vou para Minas Gerais?
Olhei-o com desgosto, eu nunca quis essa empresa. Eu queria estudar, ver meus amigos, me formar em arquitetura. A gráfica poderia ficar muito melhor nas mãos da Hina-chan. Ela era responsável, e tinha jeito pra coisa. Eu era um destrambelhado, só não perco a cabeça por que está grudada.
-Por que a Hina não fica no meu lugar?
-porque ela acabou de perder o bebê, ou se esqueceu disso também? E o Hospital ligou...
-aconteceu alguma coisa com a Hinata?
-Naruto, fique calmo, eles são profissionais da saúde. Disseram que hoje às duas horas Hinata terá alta, e certamente você deverá buscá-la.
-mas não era só amanhã?
-era Naruto, era... Mas não é mais. E agora se arrume por que senão vou perder o voo.
Ele saiu do quarto e me levantei a contragosto. Fui direto para o banheiro tomar um banho e relaxar. Não dormi quase nada pela noite de ontem. Garotas gostam de dar sustos na gente.
Coloquei uma calça jeans azul, com algumas blusas por cima. Logo estávamos no aero porto. Estava com uma cara ótima aquele hambúrguer.
Aero moça-“Voo 55701 destino Minas Gerais, já está pronto para a decolagem, os passageiros, por favor, dirijam-se ao portão B”.
Ele realmente estava triste por ter que me deixar, afinal não tinha duas semanas que eu tinha voltado e ele já teria que trabalhar.
Eu também estava triste, nunca gostei de despedidas, mas dessa vez era diferente. Sei que na maioria das vezes são só as meninas que sentem isso, mas senti um aperto no coração em ter que deixá-lo ir.
-é Naruto, até daqui a alguns dias.
Minha voz travou na hora.
-...
-o que foi garoto? Perdeu a língua?
- não vô, é que... Sabe aquela coisa que as meninas têm quando alguém vai sair?
-felicidade?
-não, é um aperto... Naquele lugar.
-não me diga que quer ir ao banheiro?! Logo agora?
-não vô, não nesse lugar_ ergui o dedo indicador e apontei para meu coração._ é aqui vô.
Ele me olhou com um sorriso bobo, e me abraçou.
-é eu também te amo neto.
-se cuida lá, ta grandão?
Desfizemos o abraço e ele foi para o avião.
Saí do aero porto quando o avião dele decolou.
Lá fora o clima estava frio. O motorista do vovô estava me esperando.
-A onde o senhor quer ir, senhor Naruto?
Olhei-o e rapidamente lembrei-me do pai da Sakura.
-vamos à casa do Senhor Isuke.
-sim senhor.
Ele foi abrir a porta, mas disse que não era necessário. Ele sorriu, foi para o banco da frente e eu me sentei no banco de trás.
Cheguei à casa do Senhor Isuke, que por sinal, estava um pouco abandonada depois que se separou da mulher a qual teve Moegi.
O gramado estava meio marrom, um tanto mal cuidado, mas ele era de confiança.
Toquei a campainha. Logo se ouviram os passos apressados descendo as escadas, provavelmente vira o carro na frente.
Abriu a porta, um pouco afobado.
-Naruto, que prazer em revê-lo.
-o prazer é meu senhor Isuke.
-entre, por favor, sinta-se a vontade.
-claro.
Entrei na casa, realmente ele deixara a desejar por fora, pois dentro era muito bela. Sentei-me no sofá. Ele logo veio.
-muito bem. O que o rapaz deseja?
- saber das investigações. O que o senhor está fazendo que esteja demorando tanto?
Ele olhou para o chão. E então me encarou.
-Orochimaru é mais perigoso do que se imagina. Eu trabalhei para ele na época em que seu pai morreu Naruto. Eu fui o advogado dele nesse caso durante anos, e depois que percebi que ele também era culpado, ele e o sócio dele na época, eu saí de lá. Você sabe muito bem disso e...
-é eu sei, e é por saber disso que peço que o senhor ande mais rápido com isso.
-mas estou no ritmo mais rápido que consigo.
-deixe-me ser mais claro. Além de mim, de Hinata e de Jiraya estarmos em perigo tem mais alguém. Alguém que o senhor ama demais. Só que perdeu o contato, e quem sabe possa recuperá-lo.
Ele me fitou confuso, então se deu conta do que eu lhe dissera.
-Sakura está envolvida? Mas como... Como ela...
-ela esta mais envolvida do que o senhor imagina. Está correndo sérios perigos. E tudo por causa do...
Ele se levantou e apontou o dedo na minha cara.
-por sua causa. Nunca deveria tê-la deixado namorar com você menino.
Eu o olhei sério, me levantei calmamente e retirei o dedo indicador dele da minha frente.
-pra início de conversa, ela sabia dos riscos. Não era mais uma criança. Aliás, não é. E você pode ficar despreocupado. Eu não vou deixar nada acontecer a ela. Agora se você puder me mostrar o que conseguiu, eu agradeceria.
Ele foi para a parte superior da casa, demorou alguns minutos e desceu com alguns papéis nas mãos. Eu me sentei.
-está tudo aqui. Pode olhar, conferir e rever quantas vezes quiser. Não há provas concretas de que Orochimaru está por trás de tudo.
Eu peguei os papéis.
-pode resumir pra mim?
Ele me olhou com cara de reprovação, mas falou.
- em 2002, Orochimaru tentou conversar com seu pai. Certo?
-sim.
-pois bem. A empresa dele não estava falindo. Ele só queria unir as gráficas, pra poder expandir as empresas e criar filiais. A princípio não havia nada de mais na proposta. Qualquer um quer crescer e aumentar a produtividade. Mas o Seu pai já tinha dado a confirmação para o senhor Hiashi. Orochimaru não fez nada. Apenas disse que tudo bem. Eles apertaram as mãos e ele foi embora. Então ele se uniu a outra empresa. Só que ele não sabia que ela estava à beira da falência. Quando soube era tarde demais. Teve que rebolar pra manter as duas em pé. Ele e o dono da outra empresa ficaram tão obcecados em tirar a empresa da lama que não pensaram duas vezes em ir falar com seu pai. E dessa vez houve ameaça de morte. 
-mas o que eles ganham matando a gente?
- nada, é uma simples questão de vingança. Por algo que ninguém teve culpa. Algo que aconteceu por causa de uma burrice sem tamanho. Mas isso não prova nada, por que se ao menos tivéssemos testemunhas daquele dia.
-eu estava lá..
-mas só tinha seis anos garoto. Esses documentos mostram o desvio de dinheiro que aconteceu durante esses anos todos. As compras e vendas ilegais no mercado negro. Mas nada que prove concretamente que eles são os assassinos.
-hmm... isso complica um pouco as coisas.
- um pouco? Muito. Isso sim.
Me levantei e deixei os papéis na mesinha de sala.
-até logo, senhor Isuke.
-onde vai? Não vai levar os papéis?
Dei as costas para ele.
-Aonde eu vou não irei precisar deles.
Ele veio em  minha direção, abriu a porta.
- Naruto. Desculpe-me, por... Aquilo que eu te disse.
-não se preocupe; qualquer pai em seu lugar ficaria pirado. Você reagiu melhor do que eu esperava.
Ele abriu um sorriso de canto. Saí da casa e estava prestes a entrar no carro.
- Sei que ela está em boas mãos.
Olhei para trás e acenei. Entrei no carro e saímos da casa.


(pov Naruto off)


(pov Sakura on)

Estava sentada no sofá assistindo televisão com Moegi, não havia nada pra fazer. Colocamos um filme de comédia, estouramos pipoca e colocamos calda de chocolate por cima da mesma. Ficou uma delícia. Pegamos alguns cobertores no meu quarto e sentamos no chão. O filme estava no início quando escuto chegar uma mensagem no meu celular.
SMS- “ to indo aí. Bjos minha flor”
    “Naruto”
Dei um sorriso. Sentei e me cobri. Não demorou muito para ouvir o carro estacionar em frente a casa. Levantei e fui abrir a porta.
-Sa-Sakura-chan, ta fri-io...
Ri dele, estava com blusas e tudo mais, mas ainda sentia frio.
-como pode sentir tanto frio assim Naruto?_ saí para fora e abri o portão, ele entrou correndo para dentro de casa.
-Sakura-chan_gritou ele lá de dentro_ diga para o João ir embora. O motorista. Não compensa ele ficar esperando.  Quando eu precisar ligo pra ele.
-claro._ gritei de volta_pode ir embora senhor João. O Naruto liga quando precisar.
-esse garoto não muda.
Ri para mim mesma concordando com o João.
Entrei em casa, já com frio, e corri para debaixo das cobertas. Da esquerda para a direita estavam, Moegi, Naruto e eu.
Ele até que tirou as blusas rapidamente.  Moegi acabou dormindo no sofá durante o filme.
-Moegi, por que você não vai pra sua cama.
Ela abriu os olhos meio sonolentos, mas não recusou minha ajuda em ir para o quarto. Coloquei-a na cama e a cobri. Levei o celular dela para o quarto dela, Konohamaru já havia enviado nem sei quantas mensagens.
Ela era a melhor irmã que eu poderia ter.
Fechei a porta do quarto e desci para a sala de estar. Naruto tinha colocado um outro filme, de romance. Acho que era “Ironias do amor”.
Escorei na bancada que tinha perto da entrada e fiquei observando-o, ficava tão meigo com a cabeça escorada. Retirei o casaco dele, o laranja, e fiquei só com a saia e  camisa feminina branca.
Às vezes me esquecia de como era estar amando.
Fui até ele a passos lentos e silenciosos, sentei-me ao seu lado e acariciei seus cabelos. Ele levantou a cabeça, que estava escorada no sofá, e a colocou na altura do meu coração.
-gosto de escutar ele batendo forte quando estou com você.
Fiquei corada, mas nem isso me fez deixar de abraçá-lo.
-eu te amo Naruto.
-eu também Sakura-chan.
Ele era uma criança passando por tanta coisa, e agora tinha esses homens. Por que ele sempre me negou a verdade?
Era sempre isso que eu me perguntava. Anos atrás quando perguntava do assunto, ele me enrolava. Agora tudo mudou.
-Sakura-chan, que horas são? 
-Não sei. Vou olhar no relógio da cozinha. Por que?
-preciso buscar a Hinata hoje.
-mas não era só amanhã?
-ela se recuperou bem, então liberaram mais cedo.
Levantei e fui para a cozinha. Eram 12:30.
-é meio dia e meio. Voce quer ficar aqui mais um pouco?
Ele me olhou e falou baixinho.
-querer eu quero, mas tenho que ir pra casa arrumar algumas coisas pra então buscar a Hinata e logo depois ir para a empresa.
-ah, tudo bem. Eu só achei que...
-desculpa Sakura-chan... é que ta tão corrido esses últimos dias.
- eu sei meu menino. Vai lá então. Liga pro João vir te buscar.
-acho melhor pedir um táxi, vai que ele ta descansando, não quero atrapalhar.
Abri um sorriso, segurei suas mãos e lhe dei um beijo.
- também acho. Eu ligo pro táxi tudo bem?
-sim.
Ele foi em direção às roupas que deixara no braço do sofá, e começou a colocá-las, sabia que quando saísse ficaria com frio.
Sentamos no sofá, esperando o táxi dele chegar, aproveitando enquanto não chegava. Estava quente dentro de casa, principalmente abraçada à ele. Logo depois de alguns bons 20 minutos, o táxi chegou.
Logo que Naruto saiu, percebi que ele não havia pego o casaco laranja.
-Naruto! Seu casaco.
Ele olha para trás e da um sorriso.
-ele é seu agora Sakura-chan.
Ele dá um aceno e entra rapidamente no táxi.
-seu bobo.
Fechei a porta e coloquei novamente o casaco. Não havia mais nada a fazer em casa. Com a greve na escola, todos arranjaram o que fazer, menos eu. Quando ouço baterem na porta.
-Quem é?
-Sakura sou eu, Ino.
Abri a porta.
-entre.
-com certeza, com o frio que esta.
-o que foi?
-vim ver se estava bem, depois de nem me dar bola hoje de madrugada te chamando.
-oque? Mas, como você... Naruto não é?
-é, ele me ligou querendo saber onde estava e fiquei preocupada de não estar em casa a uma hora daquelas. Não aconteceu nada de mais não é?
-não, além de alguns homens infernizarem minha vida, não.