Já estava de noite. E eu andava pela rua. Estava a maior tempestade.

De repente vejo um vulto...

Ótimo, estou tendo alucinações, que lindo!

De repente vi, bem na minha frente, uma bela alucinação. Na verdade, a alucinação mais linda que eu ja tivera.

 Era um homem pálido feito giz, tinha cabelos bronze desgrenhados que pareciam muito macios, olhos dourados hipnotizantes, lábios lindos, carnudos e muito vermelhos, era alto e forte, além de ter um cheiro... Não era cheiro de perfume, não sei o que era... Só sei que o cheiro vinha dele, e que era o melhor cheiro que já havia sentido.

 Mas alguma coisa dentro de mim pareceu me aletar que eu devia ter medo dele.

 Dei um passo para trás, assutada.

Como ele apareceu ali do nada?

 Ele me olhava de uma forma estranha, que me matava de medo. Parecia que queria me devorar - não no sentido malicioso, mas realmente devorar, como se fosse canibal.

 - Interessante...- o ouvi murmurar.

 Dei outro passo para trás e ele sumiu.

 Assustada, me virei para sair correndo dali, mas quando eu me viro...

- Como foi parar ai? Quem é você?- perguntei trêmula.

Ele parecia estar numa discurssão com ele mesmo.

- Não, eu não posso. Eu fiz essa escolha, não posso vacilar agora.- ele disse e então começou a se afastar.

Saí correndo, querendo fugir daquele lindo pesadelo.

 Mas estava chuvendo demais e como eu sou desastrada, caí.

 A alucinação parou momentaniamente, tão rapido que mal deu para perceber.

 Parecia que em um segundo ele se afastava com cuidado e, no mesmo, já estava parado, de olhos fechados.

 Nem deu tempo de me levantar - quer dizer, não deu tempo nem de piscar- e ele estava agachado ao meu lado, os dentes amostra. Mas não estava sorrindo, estava simplemente com os apavorantes dentes perfeitos e afiados amostra.

Percebi que ao meu redor o chão estava sujo de sangue, meu sangue.

 Ele rosnou e, então, se inclinou, como se fosse beijar meu pescoço, e cravou seu dentes afidos ali.

 Não dera nem tempo de pensar: lugar errado, hora errada.

 Comecei a gritar, doía, doía muito.

 Como resto de coerência que me restava, um pensamento horrível me invadiu.

 Ele era vampiro?

 E então eu não tivera sequer mais um segundo para pensar sobre isso, uma dor enorme tomou todo meu corpo, minha cabeça, eu não sentia meu coração.

 Estava comletamente atordoada, não conseguia pensar, pois sentia que estava sendo queimada viva. Parecia que meus ouvidos estavam sendo tampados fortemente por que eu não ouvia nem a chuva caindo, nem minha respiração ofegante, nem meus gritos desesperados.

- Alguém me ajude!- pensei ter gritado, mas não ouvi minha voz.- Estou sendo queimada viva! Alguém me salve! Por favor! Por favor! Isso queima! Ai! Alguém me ajude! Apague o fogo, apague o fogo! Me mate, apague o fogo! Minha cabeça está queimando, me ajudem!- ainda assim eu não conseguia me ouvir, nem conseguia sentir meus lábios se mechendo. Simplesmente tinha certeza de ter gritado.

- ALGUÉM ME AJUDE, POR FAVOR!

Não sentia, mas tinha certza de que estava me contorcendo inteira.

 Aquilo doía muito! Por que alguém não me ouvia e me ajudava? Ou pelo menos me matava? 

E aquele belo rapaz? Como fez com que eu sentisse tanta dor?

 Eu não conseguia pensar direito. Aquela escuridão estava me consumindo, achei que fosse sucumbir, mas continuava doendo como se estivesse nocalteada, mergulhada em ácido, pisoteada por toros, cerrada ao meio, atropelada e esmagada tudo ao mesmo tempo!

 A dor era horrível, e eu senti que havia algo que eu não entendia, algo que estava claro, bem na minha frente...