Até que a morte nos separe

            Bianca não queria abrir seus olhos naquele momento. Jamais quis abri-los. Queria que quando amanhecesse estivesse ela no mesmo lugar em que ele esta agora. Paraíso. Viveram tantos momentos felizes e aqui a estava, chorando, lamentando e perguntando á Deus porque não ela no lugar dele. Mas Deus sabe o que faz, ela pensara.

            Conheceram-se por acaso numa cafeteira. Ele estava todo apressado que não viu a mulher na sua frente e derramou um pouco de café na camisa dela. Desculpando-se eles tiveram o primeiro contato visual. Aqueles belos olhos azuis não saíram da cabeça dela tão facilmente.

             Após o pequeno incidente na cafeteria se encontraram novamente, só que desta vez sem café derramado e sem a pressa dela. Estavam ambos numa livraria e se reconheceram. Ela não pode disfarçar a alegria e no intimo ela sentira como se um grande espaço vazio havia finalmente se completado. Então resolveram de se encontrar á noite para um jantar em um restaurante não tão chique e nem tão simples.

            Depois de vários e vário encontros, no total de 3 meses, ambos se encontravam apaixonados e finalmente o pedido foi feito.Namorados.Essa palavra ecoou na mente de Bianca enquanto levantava-se e ia em direção ao quarda-roupa pegar o vestido preto e um óculos bem escuros.

             Passaram-se mais 6 meses, e ele a pediu em casamento.Foi o dia mais feliz da vida dela.Casaram-se e era raro verem eles brigando.Quando completaram 5 anos de casados decidiram que estava na hora de terem filho. Um filho meu e dele, pensou Bianca enquanto jogava uma rosa vermelha no tumulo.

             Aquele maldito dia, o maldito dia em que finalmente brigaram, o dia em que uma tragédia aconteceu, o dia em que ele morreu. Estavam discutindo por coisa besta, ela simplesmente o vira com outra mulher e a mente humana o quanto é traiçoeira começou a inventar coisas. E quando foi questionar... Tudo saiu errado. Ela perdeu a calma e discutiram, discutiram; e ele saiu de casa. Foi quando ouviu o barulho estridente de um carro freando bruscamente e foi quando viu o corpo dele parado no meio da pista.

            Agora, aqui se encontravam como todos os anos. Deixou uma lagrima cair em cima do tumulo. A culpa sempre a acompanhava quando via visitá-lo ,a culpa por saber mais tarde que aquela mulher era uma agente de viagem e que ele planejava uma segunda lua de mel no aniversario de casamento deles. Isso a perseguiu pelo resto da vida e sempre se perguntava: “O que eu posso fazer para voltar no tempo? O que eu posso fazer para que você volte? “ Mas ela sempre sabia a resposta: “Nada.”

             Então aquela frase lhe fizera sentido pela primeira vez: Até que a morte os separe.