(Mandy)

   O período de quinta até domingo passou extraordinariamente rápido. Sério mesmo. Parecia um estalar de dedos. Quando me dei conta, era domingo.

   Suspirei vendo Mylle terminar de se arrumar. Começaríamos hoje.

- Pronta? – Perguntei, me sentando na minha cama, vendo-a prender os longos cabelos num rabo-de-cavalo.

- Não tenho muita opção, tenho? – Ela sorriu, e virou-se para mim. – Tô pronta.

- Não mesmo. Vamos.

    Sorri e, juntas, finalmente saímos de casa para ir trabalhar. Dessa vez, mais cedo porque íamos ficar naquele restaurante bem mais do que um turno…

- Mana… será que os rock star’s ainda cantam naquele lugar? - Mylle me perguntou, meditando, quando estávamos dentro do táxi.

   Demorei para responder por alguns minutos, me perguntando a mesma coisa. Depois daquele dia, depois daquela loucura, não voltamos mais àquele lugar. Mas vontade era o que não faltava…

- Sei lá, My – Murmurei, meditando. Talvez, numa folga, déssemos uma chegada ao tal lugar… eu ia dar uma olhada nas peças em destaque nos teatros da cidade. Se eles estavam ensaiando, iam se apresentar em algum lugar, e não havia melhor começo do que no teatro.

  Ficamos em silêncio até chegar ao restaurante. Lá descemos do táxi, pagamos o motorista e nos mandamos. Apesar de terem ido embora, Anita e Trish ficaram até as cinco, uma bela mão na roda. Agora, à noite, era nossa vez. Me peguei imaginando quais seriam as maiores diferenças.

- Vamo nessa? – Mylle me perguntou, ao entrar no restaurante.

- Opa – Sorri.

   Entramos no restaurante e fomos direto para os fundos, sem passar pelos clientes. Vimos os passarinhos que Lorens prometeu fritar um dia e entramos na cozinha. Demos de cara com Lorens.

- Bom dia Lolô – Mylle entrou tranquilamente. A imitei.

- Lolô é o cacete, vê se não começa! 

- Ih – Coloquei as bolsa em cima do balcão e analisei Lorens. Ela estava em um dia daqueles.

- Credo Lorens, que mal humor! – Mylle resmungou, espantada. – Que foi que eu te fiz, mulher?

  Lorens girou os olhos e nos jogou nossos aventais. Pegamo-nos no ar. Antes que eu perguntasse também o que havia acontecido, Lorens saiu marchando, irritada. Uma moça baixa de olhos castanhos entrou na cozinha.

- Olá! Sou Any Brown. Vocês devem Mylle Evans e Amanda Carter. É hora de começar, meninas. Vamos lá? – Ela sorriu.

  Sorrimos de volta e assentimos.

- Porque Lorens está tão mal-humorada? – Mylle perguntou, enquanto esperávamos os pedidos saírem.

- É porque à noite os universitários comem aqui, e… bom, eles nos cantam. Com certeza vai acontecer com vocês – Ela riu – Mas tem uma mesa, em especial, que ela odeia. Tem um rapaz que não a deixa em paz, e faz questão de ser atendido por ela. Os amigos dele se divertem com os foras que ela dá nele.

- Parece que esse turno é mais interessante – Eu arqueei uma sobrancelha.

- É. Tem mais jovens, então… Anita e Trish eram as favoritas – Any girou os olhos.

- Tenso – Mylle murmurou, pensativa.

- Olá garotas! – Jay nos chamou a atenção, empurrando as bandejas com os pedidos para nós. – Espero que gostem desse turno!

  Mylle e eu sorrimos.

- Hey Jay. Pode deixar – Maneei a cabeça.

   Bom, pegamos nossas bandejas e nos dirigimos às mesas. Eu era mesa 7, Mylle mesa 4, e Any mesa 5. Até aí, tudo bem. Pegamos nossas bandejas e fomos atender nossos pedidos. Quando entramos no ambiente, já vimos a maior diferença: o restaurante ficava muito mais cheio. Moças, rapazes… todas as mesas eram lotadas. Me surpreendi um pouco. Não pela quantidade de pessoas, mas pela faixa etária. Eu estava acostumada com pessoas mais velhas. Dos jovens que tinham ali o mais velho deveria ter 26, 27 anos. Era diferente.

- Uau – Murmurei baixinho, colocando os dois Milk-shakes de chocolate na mesa. Me afastei, mas escutei alguém chamar. Fui anotar os pedidos e, então, quando estava voltando, encontrei Mylle e Lorens colocando mais pedidos na abertura de pedidos. Coloquei o meu lá e, enquanto aguardávamos os pratos saírem, notei que Lorens estava pior.

  Suspirei.

- Hey Lorens. Qual o problema? – Perguntei, pacientemente.

- É, Lorens. Qual o problema? – Mylle estava curiosa.

- Olhe para a maldita mesa 1, apenas faça isso.

   Eu a obedeci e então o ar fugiu de meus pulmões.