Sos escrita por Maria Rodrigues


Capítulo 3
Capítulo 3




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         “Por Merlin! O que você está fazendo aqui?” as palavras de Potter pareceram afetar Malfoy de algum jeito. Um jeito que o Menino-Que-Sobreviveu não conseguiu decifrar. E Draco estava igualmente confuso. Harry estava aliviado, surpreso ou bravo? Eram várias as opções.

         “Protegendo sua bunda, Grifinório maldito.”

         Ambos estavam sentados em uma mesa do Starbucks, olhando cautelosamente para os lados, tentando prever um possível ataque. Estavam em área trouxa, mas nada era impossível para ex-Comensais da Morte e seguidores das Artes das Trevas.

         “Sua fuinha imunda. Não mudou nada, não é? Continua o mesmo orgulhoso. E continua achando que sou idiota, pelo jeito.” Harry estava nervoso, e todos olhavam para ele com medo de seus próximos movimentos. Se estivessem em Hogwarts, já estariam separados há tempos. Mas ninguém ali os conhecia, nunca iriam pensar que os dois pulariam em cima um do outro a qualquer momento. “Acha mesmo que vou acreditar que você está trabalhando pra Ordem? Não seja ridículo.”

         “Só por que você continua o mesmo hipócrita de antes, não quer dizer que eu continue também. Você é patético, Potter. Achou que eu fosse ficar feliz com as ações de meu pai que o levaram a estar preso em Azkaban? Não é algo que eu me orgulhe, seu idiota. Você continua sendo o maldito herói de sempre, não é? Seu-” Mas então os olhos de Malfoy se arregalaram, e ele se calou. Deu um longo suspiro, tentando evitar os olhos questionadores do outro. Achou que fosse cair de sua cadeira quando ouviu as palavras que saíram da boca do garoto cicatriz.

         “Me desculpe.” Draco deixou outro suspiro escapar enquanto observava os olhos verdes se fixarem aos seus cinzas. Estava se perdendo naqueles olhos. Precisava evitar qualquer contato com eles.

         Assentiu às desculpas do moreno, se levantando. Acenou com a mão, chamando o outro para o seguir.

         “Vamos, preciso estudar Matemática. Estou tendo problemas com isso. Química pelo menos é fácil, é como Poções. E Física é ridículo. Totalmente previsível.” Mas Harry não achava. Achava tudo bastante difícil. Não era burro, sabia disso. Mas se deixava dispersar com facilidade.

         “Oh. Odeio tudo isso. Apenas lanço um [i]Confundus[/i] nos professores após cada prova. É mais fácil.”

         Draco o olhou desaprovador. Não gostava de trouxas, mas os ficar azarando a todo momento não era algo que um Grifinório faria. Era?

         “Se é burro apenas aceite isso, Potter. Mágica não irá o fazer mais inteligente. Matérias trouxas até são fáceis. Só é preciso ler os livros.” E ali estava outro problema de Harry. Ler não era seu forte. Requeria muita atenção, e ele se distraia mais facilmente ainda quando estava lendo. Era cansativo e tediante.

        “Se é assim tão inteligente, vai me ensinar. E outra coisa, por que todos os garotos da escola te olham estranho? E quem é Brendon Khol?”

         Draco o olhou questionador. Estava curioso demais! Gostava quando o Grifinório apenas o ignorava, por que assim não teria que conversar. Não gostava de conversar, não mesmo.

         Suspirou fundo antes de começar seu relato.

         “Acho melhor começar a contar que é Brendon Khol. É, definitivamente, melhor. Bem, ele era um garoto normal, com notas acima da média, tinha uma vida sexual relativamente boa, mas tinha problemas com suas dívidas de drogas. Aparentemente, os Trouxas tem muitas maneiras de se entreter. Brendon por exemplo, fumava uma erva – conhecida como Crack - que o dava alucinações e que o matava aos poucos. Sem contar que a tal da droga era cara, e ele era apenas um adolescente, não haveria como pagar suas dívidas de vício. Então resolveram acabar com ele. Eu o encontrei morto enquanto o vigiava. Eu já havia considerado me transformar nele. Só que entenda, não sou um expert em Poção Polissuco como você.”

E aqui Harry teve que rir um pouco, mesmo com o olhar cortante que Malfoy o mandava. Então, pensou Potter, o Mestre de Poções prodígio tinha problema com Polissuco. Interessante.

“Enfim, com o garoto morto, não há como fazer mais. Então estou perto do meu fim como Agente Secreto.” Harry ainda tentava assimilar tudo quando o loiro voltou a falar. “E pelo visto o garoto tinha uma tendência a gostar de ambos os sexos, o que o fazia ser bastante popular no colégio. Todos acham que Brendon está caidinho pelo novo aluno, um tal de Harry Potter. Engraçado não é, como uma vigilância constante pode parecer romântica para os trouxas?” Malfoy deixou um riso de escárnio nos lábios, e então continuou sériamente. “E que idiota você pensa que é, pra nem ao menos fazer algo para esconder isto,” e apontou sua cicatriz “ou mudar de nome? Eu achei que fosse estupidamente corajoso Potter, não completamente ignorante.” E aí, foi a vez de Harry deixar um pequeno sorriso irônico nos lábios.

“Na verdade, era exatamente isso que eu achei você pensava sobre mim, Malfoy. Só nunca achei que fosse bater a cabeça em algum lugar e mudar de idéia repentinamente.” Harry então mostrou seu desapontamento, suspirando levemente. “Eu tentei escondê-la, mas os feitiços não continuavam. Era como se o feitiço se dissipasse depois de feito. E quanto ao nome, eu não poderia simplesmente inventar um. Os trouxas podem não ser tão inteligentes, mas iriam procurar algum vestígio sobre mim – e acredite, nem eles achariam normal alguém ter um nome que simplesmente não consta em documento algum.” O grifinório então juntou as sobrancelhas em preocupação. “Estranho foi a Ordem não ter tomado alguma providência sobre isso. Ou não ter me avisado sobre você.”

E então Draco corou, e Harry achou que o garoto ficava fofo daquele jeito. Lutou consigo mesmo para não corar só com o pensamento e conseguiu ao que ouviu o modo inseguro com que Malfoy começou a falar.

“Eles meio que... não sabem que estou... uhn, aqui.” Malfoy evitava qualquer contato com aqueles olhos que ao mesmo tempo odiava e admirava. Evitava encarar o olhar questionador e confuso que Potter provavelmente o estava mandando. Por que a verdade é que nem ele sabia realmente por que estava ali. E mesmo que soubesse, duvidava que o motivo fosse banal. Aquilo, o que quer que estivesse acontecendo, não era nada normal. Aqueles solavancos em seu peito eram por estarem em uma nova aventura, não eram?

“Como assim? Malfoy isso não-” O Eleito e sua grande boca não deixaram escolhas para o Sonserino.

“Cale a boca, está bem? Se acha que está indo bem sozinho, então eu irei embora. Só não me pergunte, eu não sei.” A mão na frente da boca de Potter voltou para seu lugar de origem, no bolso do casaco leve que Malfoy usava. “Bom, adeus então Potter.”

Se virou, esperando voltar para casa e dormir. Não, voltar para casa, tomar um banho gelado, e dormir. E ele iria passar horas pensando em não pensar em Potter, ou em achar motivos. Estava bem sem eles, muito obrigado.

“Fique.” Sentiu seu pulso ser agarrado com força, e parou. Parou por que o obrigaram, ele tratou de se lembrar mais tarde.

E então balançou a cabeça, afirmando.

“Certo. Não se meta em confusão, Testa Rachada. Amanhã passe antes da escola aqui – é meu endereço. Tenha uma ótima noite.” A última frase estava repleta de sarcasmo, e Draco riu para si mesmo ao se lembrar da cara do Grifinório, assim que percebeu que estava morando no mesmo prédio de Malfoy e não sabia. Ele, é claro, sabia desde que havia se mudado.

“Espere!” Harry correu atrás do outro, seu ombro tocando de leve o do outro. “Você é meu vizinho! Merlin, você não vai parar de me surpreender, não é?”

Draco achou que não. Esperava não parar, por que se Potter continuasse com a mão em seu ombro, se ele continuasse ali, sorrindo, ele não sabia do que era capaz de fazer.

“Acho que não.” Murmurou, cansado pelo dia que tivera. Precisava tanto dormir...

“Oi, você está bem? Malfoy?” O grifinório segurou ambos seus ombros e o olhava muito de perto. Perto demais, mas Draco não se importava. Já havia desmaiado. “Merda!”

Potter o segurou, tendo que abraçá-lo no ato. Não pensou - o que fazia com freqüência - e logo tirou a varinha do bolso do até então inimigo e aparatou.


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