Sos escrita por Maria Rodrigues


Capítulo 1
Capítulo 1




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   Química era uma coisa estranha, pensava o garoto. Era parecida com poções o que, na verdade, não ajudava muito. Já física ele nem tentava aprender, uma vez que ele passaria de ano lançando um simples Confundus nos professores. E esses momentos no ano eram os que ele mais esperava: estava proibido de usar magia, exceto nesses casos. Sentia falta de suas vestes bruxas; sua capa de invisibilidade era a única restante. Queria poder voltar para Hogwarts, mesmo que tivesse de aturar os Sonserinos. Queria sua Firebolt. Edwiges. Seus amigos. Sentia falta de Ron e Hermione, com quem só falava pelo correio trouxa. Sentia saudades dos professores, de Sirius, de Lupin, de Hagrid...

          Precisava parar de pensar. Precisava se acostumar a essa nova vida. Não queria, mas era necessário. Suspirou e notou mais olhares sobre si. Um mês e ele não havia falado com ninguém. Não era preconceituoso – por Merlin, sua mãe era nascida trouxa! -, só não queria ter nenhum contato ali. Não queria falar e perceber que não poderia perguntar sobre Voldemort e seus seguidores. Nem Lupin, com quem havia conversado pela lareira algumas vezes, o dizia mais do que o básico. Estavam em guerra, era óbvio. Até Bichento poderia desvendar isso. Odiava ser deixado de lado, mas não poderia permitir os outros ficarem em perigo ao se expor.

         O sinal tocou, anunciando o intervalo. Pegou o livro de capa preta que lia todos os dias e foi para o pátio. Alternava a atenção do livro com uma mordida em uma maçã ou um gole de água. Mas nunca, de jeito algum, esquecendo que estava em território trouxa, e que todo cuidado era pouco. Seu livro não era sobre futebol, ou críquet, ou qualquer coisa ridícula que envolvesse tanta brutalidade. Era sobre Quadribol, sobre a satisfação de voar a tantos metros do chão, tendo só como oponente o vento e alguns balaços. Certo, não era totalmente seguro, mas pelo menos não requeria muita esfregação entre jogadores.

         “O que você tanto lê?” perguntou um garoto de cabelos coloridos artificialmente que vinha o observando havia dias. Não queria responder, por que responder significaria mentir. Continuou quieto, a varinha escondida na manga do casaco. “Não sou idiota, sei que me ouviu e que não é mudo.”

         Harry apenas bufou.

         “Nada de mais.” Fechou o livro com força e se levantou para jogar seus restos no lixo.

         “Hey Potter!” se ouviu ser chamado, e apenas olhou para trás com um tédio aparente no rosto e postura. “Se precisar de alguma coisa...” viu o garoto dar de ombros, provavelmente não sabendo como completar a frase.

         Assentiu, tentando sorrir. Tentando não pensar quem quem normalmente o chamava assim. Tentando não lembrar do que tinha que esquecer.

          Voltou para a sala, não querendo ser atrapalhado mais uma vez. Levou um susto quando vários adolescentes entraram correndo de uma vez, se postando em cadeiras ao seu lado e não parando de falar por um segundo.

          Soltou um grunhido irritado, que fez todas as atenções virem para ele. Abriu seu livro novamente, pensando em como desejava não estar ali agora...

          Deslizou o livro para debaixo de seus braços, o fazendo encontrar a madeira escura de sua mesa para então apoiar sua cabeça nele e se entregar ao sono. Ao sono que ele havia proibido a si mesmo, com medo dos pesadelos que ainda o perturbavam. Medo ainda maior de aceitar toda sua culpa na morte de pessoas que tanto gostava. Por que ele ainda estava naquela fase de negação, onde a ficha ainda não caiu, e onde ele é a vítima. Sentiu uma súbita calma o atingir, o fazendo se entregar à tranqüilidade, o fazendo dormir...


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