Passei a tarde em casa. Não tive notícias de Justin, Stacy ou Rebecca, e estava me mordendo de curiosidade. O que Rebecca pretendia fazer, afinal? No mínimo seria uma montagem da voz de Stacy falando “eu odeio Justin Bieber”. Afinal, ela era meio fútil demais para pensar em algo realmente sério.

   O interfone tocou. Deixei que Lucas atendesse. Meu irmão só iria embora dali a duas semanas.

- Anna! – Ele gritou, levantei e desci as escadas. – É pra você. – Percebi que ele não estava muito contente e fui até a porta.

- Justin! – Quase gritei, assustada. – O que faz aqui? Não temos nenhum trabalho para fazer...

- Não é isso. – Ele parecia nervoso. – Já ligou a televisão?

Curiosa, fiz sinal para que ele entrasse e liguei a TV. Ele pegou o controle e colocou no MTV.

- Eu sempre soube que ficaríamos juntos. Ele é tão fofo. Quando eu era pequena, eu sempre quis beijar um golfinho. O Justin é meu golfinho. – Caí na gargalhada quando ouvi aquilo, depois vi uma foto de Stacy e engasguei.

- Rebecca mandou isso para a mídia. – Justin contou. – E alguns vídeos bem constrangedores de Stacy... Um deles mostra ela, já velha, pedindo um pôster meu em casamento. – Ele contou, me fazendo rir ainda mais. Stacy podia ter feito algo mais maligno, mas sem duvida alguma, ela fez algo engraçado. E, por mais tosco que fosse, quem é que daria as caras depois daquilo?

- Posso saber por que veio para cá? – Estranhei.

- Porque tenho mil fãs na porta de Rebecca e na minha porta, segurando alianças falsas, pôsteres e golfinhos de pelúcia. Rebecca contou a todos onde eu e ela moramos. E acho que contou onde Stacy mora. O primeiro lugar em que pensei foi sua casa...

Arqueei uma sobrancelha.

- Por quê? O que te garante que não vou sair e ligar para a imprensa para avisar que está aqui? Afinal, você deixou bem claro que não confia em mim.

- Anna. – Ele suspirou. – Desculpe, tá legal? Eu acredito em você, mas já ouvi cada desculpa para não irem aos meus shows. A maioria das desculpas vinham de Rebecca ou dos meus primos... Acabei me acostumando. Se você diz que foi por causa do seu irmão...

- Foi por causa do meu irmão. – Trinquei os dentes. – Olha, acho melhor você ir.

Eu estava ficando nervosa, ele estava se aproximando demais de mim, e de repente eu estava sentindo muito calor.

- Ir pra onde? – Ele sorriu e pousou os lábios em meu pescoço. Senti uma corrente elétrica correr em mim. – Pra cá? – Subiu do pescoço para minha bochecha, no canto de minha boca. Tremi.

- J-Justin. – Tentei chamá-lo. Então ouvimos alguém pigarrear e ele se afastou rapidamente. Olhei para o lado e vi Lucas, olhando para nós dois com uma fúria homicida.

- Quero você fora daqui, garoto. – Ele falou com Justin. – Não quero minha irmã com um cantorzinho qualquer.

- Lucas! – Repreendi, constrangida.

- Te vejo na escola. – Justin teve presença de espírito suficiente para não discutir. Ele se levantou e saiu. Virei para Lucas.

- Se você começar a agir como um superprotetor... – Comecei, irritada. – Não sou sua filha, entendeu? E eu posso muito bem contar para a mamãe tudo o que você faz no seu tempo livre.

Ele me olhou com raiva, mas não falou nada. Eu tinha uma arma contra ele. Mamãe não podia nem sonhar com todas as garotas que visitavam o apartamento dele...

Na manhã seguinte, fiquei com receio de ver Justin, mas acabou correndo tudo bem. Rebecca e Stacy não foram à aula, então não tive que ter medo de virar o novo alvo de Rebecca. E Justin e eu voltamos a conversar.

Ele só não chegou tão longe quanto lá em casa, o que foi uma pena, mas ao mesmo tempo pode ter sido bom. Imagino o que Rebecca faria contra mim...

No final da aula, Justin voltou a me surpreender.

- Quer sair na sexta à noite? – Ele perguntou, antes de ir embora. – Se seu irmão não for brigar com você, claro. Te pego na sua casa às oito.

Detalhe: Ele nem me deu tempo para responder. Foi mais uma intimação que um convite, e eu estava muito contente por isso. Quanto a Lucas, meu irmão...

Bem, quem disse que ele precisava saber?