The Fog Fall escrita por Daymare
Um homem corpulento de um cheiro incrivelmente desagradável se aproximou do carro. Rato abriu espaço para o homem sentar. Oz torceu o nariz discretamente.
— Esse aí é o Dirceu — disse o homem que havia parado o carro — Há, ele é gente fina, cuidem dele. ‘Tão liberados.
Fritz ligou o carro. Não estava gostando daquilo. Carregar caronas nunca era coisa boa, principalmente daquele tipo, mas não podia fazer nada. Não demorou muito para pegar velocidade novamente e voltarem à estrada.
Estavam todos calados. Álvaro tentava suportar heroicamente o cheiro de Dirceu que intoxicava o ar. Onde diabos aquele homem havia se enfiado para estar fedendo tanto? Sentiu seu estômago remexer. Parecia que iria vomitar a qualquer instante.
— Hey, quem são vocês? — o silêncio foi quebrado por Dirceu. Seu hálito de bebida e mais alguma coisa que não conseguiram identificar invadiu o carro, e graças a Deus, sendo dissipado rapidamente pelo vento.
— Eu sou o Fritz e esse é o Oz. Do seu lado, ‘tão o Rato e o Dior.
— Ah, e o que o bando de malucos tá indo aprontar em Cupertown?
Álvaro poderia jurar que iria vomitar naquele exato segundo, assim que a segunda baforada de ar fétido invadiu suas narinas. Não estava bem, e aquele homem não estava ajudando nem um pouco em sua melhora.
— Estamos indo encontrar algumas pessoas. — Fritz respondeu sério. Oz mantinha a cabeça praticamente para fora da janela, para o bem de suas vias nasais e estômago.
— Há, eu ‘to indo resolver umas coisas também e...
— Ôô Fritz... — Rato interrompeu — Acho que o garoto vai vomitar...
Fritz deu graças a Deus por ter um motivo para parar o carro. Se as coisas continuassem como estavam, quem ia acabar vomitando ali seria ele mesmo. Pararam no acostamento, e mal Álvaro desceu e já colocou tudo o que tinha no estômago, ou seja, líquido estomacal, para fora. Os outros também desceram do carro para tomar um ar.
— Garoto, você definitivamente não está bem. — Oz comentou, colocando a mão na testa de Álvaro. — E parece febril também.
— Também, com uma coisa dessas na mão, eu também estaria... — Dirceu comentou, se referindo ao corte que o garoto sofrera.
— Como aconteceu isso? — Fritz perguntou, pegando o braço de Álvaro e avaliando a ferida. — Deve estar infeccionando pelo visto...
— Me cortei com vidro, lá no abrigo.
Fritz torceu o lábio. O corte estava considerável.
— Anda, vamos limpar essa bagunça aí. Ficar com sangue assim não é bom nesses tempos...
— Por quê?
— Lembra daquelas criaturas que eu te falei antes? Então. Elas sentem cheiro de sangue a metros de distância. E eu não quero correr perigo por sua causa. — e virou-se para Rato — O kit de primeiros socorros tá aí?
— Sim. E pronto para operar.
Fritz demorou o máximo que pode para limpar e fazer um curativo no corte de Álvaro. Não estava nem um pouco afim de voltar a dirigir com aquele homem fedido dentro do carro. Oz apreciava a vegetação desgastada, também sem a mínima vontade de voltar a viajar daquela forma.
— Vai demorar muito aí? — Dirceu perguntou visivelmente irritado, se aproximando de Álvaro e Fritz.
— Já estou acabando... — Fritz terminou de enfaixar a mão do garoto. Agora era inevitável não sair naquele momento.
Já era meio dia, porém ainda faltava muita coisa para chegarem à cidade. Álvaro já se sentia um pouco melhor. Novamente, estavam todos em um silêncio mórbido embalado apenas pelo som do motor e das rodas sobre o asfalto, o que não era tão ruim já que não precisariam de sentir o bafo de Dirceu novamente.
Fritz já ia começar a contar a história de quando ele fora esquiar pela última vez, porém as palavras nunca foram ditas. O carro bateu em alguma coisa, e com um estrondo andou para trás um pouco e parou definitivamente, com muita fumaça saindo do capô.
— No que batemos? — perguntou Rato, tentando identificar alguma coisa no meio do caminho.
— Não faço idéia. — Fritz apertava os olhos, tentando ver alguma coisa além do vidro que não seja o asfalto e... O que parecia uma estranha névoa pairando logo a frente — Estão todos bem?
Todos confirmaram e desceram do carro. Oz se aproximou da estranha névoa, colocando os dedos sobre ela e constatando que era sólida, para a surpresa de todos. Haviam batido nela.
— Parece... Parece uma espécie de barreira... Mas de onde veio isso afinal?
Fritz estava com a tampa do capô do carro aberta, olhando lá dentro.
— O cano do radiador ‘tá detonado. — Fritz coçou os cabelos loiros e ralos — droga, está muito longe para voltar a pé, e não tem jeito de seguir em frente.
— Ah, não me diga! — Dirceu disse furioso, dando um chute na estranha névoa. Isso não fez com que ela se alterasse. — É tudo culpa de vocês! Não sabem fazer merda nenhuma direito e...
— Ei! — interrompeu Álvaro — Tem uma casa ali. A gente podia pedir ajuda...
— Garoto, você é genial. — disse Fritz se pondo a andar em direção a casa. — Foi sorte mesmo ter te achado.
Todos foram atrás. Havia um homem sentado na porta, coberto de sangue, tirando a pele de um animal morto. A cena em si era grotesca. Não tinha cara de ser boa pessoa.
— Ei, o que querem aqui? — disse o homem assim que os viu.
— Nosso carro bateu em alguma coisa. Mais parece uma barreira invisível, para falar a verdade... Sabe o que é?
O homem deu uma risadinha.
— Isso é o que separa eles de nós.
Todos ficaram confusos.
—Como assim? —perguntou Oz
O homem apenas sorriu.
— Vejo que o carro de vocês quebrou... Sabem o que aconteceu com ele? As vezes eu posso ajudar.
— O cano do radiador estourou todo. — Fritz disse, encarando o animal morto e sem pele no chão.
— Ah, isso eu tenho aqui. Mas como tudo tem um preço...
Dirceu, irritado, sacou uma arma e a apontou para a cabeça do homem.
— O preço é, ou você arruma para nós o maldito cano, ou eu estouro os seus miolos.
O homem torceu o lábio.
— Tudo bem, tudo bem, estressadinho. Eu arrumo para vocês. Mas vou logo avisando. Não dá para atravessar aquela barreira ali não! A únicas opções que vocês tem é voltar ou encontrar outro caminho. O que eu acho meio difícil, porquê, pelo o que eu estou sabendo, está tudo bloqueado.
— Sabe algum outro caminho que nos leve à cidade de Cupertown? — perguntou Fritz, tentando ser camarada, já que Dirceu havia sido tão impertinente.
— Hn... Não. Mas vocês deveriam procurar o Lynch. Ele provavelmente deve saber alguma coisa.
— E onde achamos esse Lynch?
— Ah, isso eu também não sei dizer. Vocês vieram de lá, não foi? — o homem apontou para a estrada de onde eles haviam vindo.
— Sim, foi.
— Então. Praquela direção, tinha uns caras lá que devem saber.
— É o meu grupo, por quê? — disse Dirceu — Não sabemos nada desse tal de Lynch.
— Ah, você não sabe, mas eles devem saber. Aliás, você que deveria saber que aquele tipo de gente não confia em qualquer um.
Dirceu apontou a arma para a cabeça do homem novamente.
— Eu acho que um certo alguém deveria ficar calado.
—Calma, calma, gente... — disse Fritz. — Vamos consertar o carro e voltar para a cidade. Lá procuramos com mais calma.
— Mas... — disse o homem — está um pouco tarde para vocês saírem... Sabem que pegar estrada de noite é perigoso. Passem a noite aqui, e amanhã vocês vão para a cidade.
— Beleza. E obrigado, de qualquer forma... — agradeceu Fritz, coçando os cabelos loiros.
Álvaro desconfiou de alguma coisa na hora. De início o homem parecia hostil, e naquele momento estava até oferecendo abrigo? Com certeza tinha alguma coisa de errado ali. Mas, não poderiam arriscar uma viagem noturna daquela forma. Ficar ali, era a única opção que tinham.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Sim, finalmente saiu mais um capítulo da Fog Fall.
Essa fic está cheia de errinhos aqui e ali, que vou ler com calma e corrigir depois.
O nyah estragou a minha formatação, assim como fez quando eu fui atualizar a Mistress. Vou ver se corrijo isso depois usando outro navegador.
Enfim, é isso.